Quarta-feira, 31 de Março de 2010
As religiões, entendidas como crenças na existência de seres superiores ou forças criadoras do Universo, e que devem ser adorados e obedecidos, criaram suas doutrinas, cada qual com seus preceitos ético-morais e reverências às coisas sagradas.
As religiões geram, em seus seguidores, sistemas de pensamentos que levam a posicionamento filosóficos, éticos e metafísicos, influindo poderosamente na maneira individual e coletiva a seguir.
Assim, quanto mais próximas estiverem as doutrinas religiosas da Verdade e da realidade, melhores serão suas influências sobre seus adeptos.
Hoje, à luz da Revelação Espírita, sabemos que todas as grandes religiões do mundo, desde as mais remotas eras, tiveram, em seus fundadores, os missionários encarregados de orientar e ajudar parcelas da Humanidade a progredir em conhecimentos e sentimentos.
Mas o auxilio do Alto nunca ultrapassou a capacidade de entendimento absorção dos ensinos por parte daqueles aos quais era dirigido. Esse fato explica a linguagem figurada, sujeita a interpretações e estudos mais aprofundados a respeito dos textos religiosos antigos.
Moisés, Maomé Buda, Lao-Tsé e todos os demais enviados por Jesus, o Cristo – Governador da Terra – utilizaram linguagem inteligível à época em que cumpriram suas missões.
Entretanto, transformadas as condições do mundo em que atuamos e deixaram suas mensagens e ensinos, pelo progresso natural, pelas modificações dos usos, costumes e leis humanas, pelos descobrimentos científicos e pela evolução geral do Planeta e de seus habitantes, é necessários que se interpretem os textos antigos dos livros sagrados das religiões em suas significações legitimas.
As interpretações literais de textos escritos há milênios, sem os cuidados naturais para se buscar a significação real, levam a enganos e erros como decorrências normais.
Essas considerações visam focalizar paradoxos que se observam no seio de determinadas religiões, os quais se tornam incompreensíveis ou inexplicáveis perante a finalidade visada pelos princípios religiosos, que é o da elevação dos sentimentos e dos conhecimentos da criatura humana.
Referimo-nos ao fanatismo, ao radicalismo e ao fundamentalismo que se observam em determinados movimento religiosos, gerando consequências negativas e diversificadas no seio de grande parte da Humanidade.
O fanatismo é o procedimento, a qualidade e o caráter intolerante e cego religioso.
Entusiasmado e apaixonado pelas ideias que aceitou, é incapaz de examinar qualquer pensamento, principio, ou ideal que não estejam estritamente contidos na sua doutrina. Sua vida de relação se faz extremamente difícil em face de sua presunção de superioridade com referencia a tudo que o cerca.
Próximo do fanatismo encontra-se o radicalismo daqueles cuja opinião ou comportamento os tornam inflexíveis, mesmo diante de evidências e provas contrárias ao ponto de vista que aceitaram.
Fanatismo e radicalismo são males que se enraízam nos movimento religiosos, principalmente protestantes, com graves prejuízos para os invigilantes que os aceitam e para aqueles que com eles se relacionam.
Aos prejuízos das interpretações do Velho e Novo Testamento somaram-se os equívocos das igrejas denominadas cristãs, com suas estruturas e hierarquias tradicionais, criando as organizações religiosas que se desviaram do Cristianismo autentico, resultante dos ensinos do Cristo de Deus.
A interpretação que se deu as palavras céu, inferno, anjos, demônios, penitencia, dia do juízo e tantas outras constantes dos Evangelhos, na sua letra, sem considerar que Jesus se dirigia a pessoa de pouco entendimento e que sua linguagem, tinha tantas vezes, sentido figurado para ser entendida, levou as doutrinas católica e protestante e erros e enganos evidentes.
CÉU E INFERNO, por exemplo, não podem ser configurados lugares determinados ao gozo eterno ou ao sofrimento eterno das almas, como entendem as igrejas, mas sim estado da alma, resultantes de seus pensamentos e ações no bem ou no mal.
PENITÊNCIA não deve ter o sentido de simples castigo pelo mal feito, mas sim o de arrependimento, sem prejuízo da retificação necessária.
ANJOS OU ESPÍRITOS que já se encontram em avançados estágios evolutivos, mas que iniciaram sua trajetória como seres simples e ignorantes e não como criaturas especiais como o Criador.
DEMÔNIOS são espíritos que se desviaram, comprazem-se no mal, mas que terão oportunidade de se redimir, dentro da lei de Deus, que é justa e equitativa com toda a Criação.
O JUÍZO FINAL não é um julgamento especial em um tempo indefinido dentro da eternidade, mas sim as consequências dos atos e pensamentos de cada ser pelo automatismo das leis divinas, às quais todas as criaturas estão sujeitas.
O fundamentalismo resultante da interpretação literal, quando se junta à força do poder temporário, conduz os povos, raças e nações à violência e as guerras, como ocorreu no passado e ainda acontece (veja matarias de jornais protestantes invadem e quebram centro espíritas)
O fundamentalismo, o utilitarismo, o subjetivismo e o materialismo são desvios perigosos de vivencia e de interpretações infelizes, com consequências sérias para que os aceita, contra os quais estão sempre presentes a mensagem do Cristo e a Doutrina Consoladora por Ele prometida e enviada.
Terça-feira, 30 de Março de 2010
"...porque o Pai é maior do que eu"
Tentaremos, com este estudo, mostrar que esta questão é importante para nós, os cristãos. Se tivermos a Jesus como o próprio Deus é-nos difícil seguir seus ensiinos, exemplificados em suas ações, pois tudo o que fez não servirá para nós como modeelo de como fazer ou agir, visto ter partido de um ser que tudo pode, seria algo inatingível para nós, os mortais. Por outro lado, com o conhecimento que vamos adquirindo através de estudos vemos, como iremos demonstrar, uma perfeita consonância com os missionáários divinos de religiões não cristãs, e com isto a crença em nossa religião fica bem abalada. E se ao contrário o colocarmos na condição de hornern, ficaria muito mais fácil seguir seus exemplos, pois de igual para igual encontraaremos forças para aplicar os seus ensinos.
Mas afinal, quando Jesus foi considerado Deus? Desde o início do Cristianismo? O que pensavam seus discípulos sobre o assunto? O que o povo e Ele mesmo pensava?
Para respondermos estas perguntas, priimeiramente, iremos recorrer ao Evangelho.
a) O que o povo pensava:
Mateus 16, 13-14: "Tendo chegado à reegião de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou aos discípulos: Quem dizem por ai as pessooas que é o filho do homem?" Responderam:
"Umas dizem que é João Batista, outras que é Elias, outras enfim, que é Jeremias ou alguns dos profetas".
Mateus 26, 67-68: "Então, cuspiram no seu rosto e cobriram-no de socos. Outros lhe davam bordoadas. E lhe diziam: "Mostra que és profeta, Ó Cristo, advinha quem foi que te bateu?"
João 7, 40-41: "Muitos daquela gente que tinham ouvido essas palavras de Jesus afirmaavam: "Verdadeiramente ele é o profeta".
João 9, 17: "Perguntaram ainda ao cego:
"Qual é a tua opinião a respeito de quem abriu os olhos?" Respondeu: "É um profeta",
b) O que os discípulos pensavam
Lucas 24, 19: "Jesus de Nazaré foi um proofeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e do povo".
Atos 2, 22: "Homens de Israel, escutai o que digo: "Jesus de Nazaré foi o homem creedenciado por Deus junto a nós com poderes extraordinários, milagres e prodígios. Bem saabeis as coisas que Deus realizou através dele no ílielo de vós. "
c) O que dizia Jesus:
Lucas 13, 33: "Entretanto devo continuar meu caminho hoje, amanhã e no dia seguinte, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém",
João 8, 40: "Procurais tirar-me a vida a mim que sou homem, que vos digo a verdade que de Deus ouvi",
Marcos 6,4-5: "Mas Jesus Ihes dizia: "Um profeta só deixa de ser honrado em sua pátria, em sua casa e entre seus parentes. E não podia ali fazer milagre algum". (Argumento que utilizou para justificar porque Ele não fez milagres em Nazaré).
Observamos, assim, que o povoe os seus discípulos acreditavam que Jesus era um profeta, o que foi confirmado pelo próprio Jesus. Na passagem de João, 14,12-13, ele diz: "Eu vos afirmo e esta é a verdade: quem crê em mim fará as obras que eu faço. E fará até maiores, porque vou ao Pai, e o que pedirdes ao Pai em meu nome eu farei, para que o Pai seja glorificado no filho".
Se seguirmos a linha de raciocínio que Ele seja Deus, nós também seríamos deuses, pois segundo suas próprias palavras, poderíamos fazer o que ele fez e até mais. Vemos que não há como considerá-lo Deus. A base central desta linha de pensamento, que ele era Deus, basicamente vamos encontrá-la em João 10, 30: "Eu e o Pai somos um". Com isto chegaram à conclusão de que se o Pai é Deus e Jesus sendo um com o Pai, por conseguinte também seria Deus. Conclusão digamos apressada e incoerente, pois não pegaram o sentido da frase, apegaram-se à letra,
Mas porque não tiveram a mesma linha de pensamento nesta outra passagem de João (17, 20-23): "Não rogo somente por eles, mas também por todos aqueles que hão de crer em mim pela sua palavra. Que todos sejam um! Meu pai, que eles estejam em nós, assim como tu estás em mim e eu em ti. Que sejam um, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e que os amaste como tu me amaste".
Não seria o caso de dizer então que os discípulos eram deuses? Em outras passagens, Jesus se coloca na condição de subordinado a Deus, prestando-lhe obediência e cumprindo-lhe a vontade, ora, quem é subordinado está sob ordens de alguém que lhe é superior, vejamos:
João, 4,34:"Jesus afirmou:"Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou a levar a cabo a sua obra". João, 5,19:"Eu vos afirmo e esta é a verdade: o Filho nada pode fazer por si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazer". João 5,30:"Não posso fazer nada por mim mesmo, julgo segundo o que ouço; e o meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou".
João 6, 37-38: "Tudo o que o Pai me dá, virá a mim e não jogarei fora o que vem a mim, porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou".
João 7, 28: "Se me amásseis, vos alegraríeis de que eu vá ao Pai, porque o Pai é maior do que eu".
Nessa última passagem, é bem taxativa a superioridade do Pai sobre Jesus. Não há como contestar.
A questão da divindade de Jesus, rejeitada por três concílios, dos quais o mais importante foi o de Antioquia (269) foi, em 325, prooclamado pelo de Nicéia. Após a declaração de que Jesus era Deus, vem para encaixá-lo o dogma da Santíssima Trindade. Mas somos levados a crer, que esta trindade nada mais foi que uma cópia da base fundamental de outras religiões, bem mais antigas que o Cristianismo. Podemos citar as que constam do Livro "O Redentor", de Edgard Armond:
Brahma, Siva e Vischnu - dos hindus
Osiris, Isis e Orus - dos egípcios
Ea, Istar e Tamus - dos babilônios
Zeus, Demétrio e Dionísio - dos gregos
Orzmud, Arimam e Mitra - dos persas
Voltan, Friga e Dinas - dos celtas
Achamos muito interessante o estudo do Dr. Paul Gibier (O Espiritismo o faquirismo ocidental) em que ele coloca: "Uma das analogias mais notáveis do catolicismo, não com o Budismo, mas com Bramanismo, encontra-se em uma das encarnações de Vischnu (filho de Deus) sob a forma de Krischna.
Krischna, que alguns autores escreviam Christna ou Kristna, foi concebido "sem pecado", seu nascimento foi anunciado por profecias numerosas e muito antigas. Sua mãe Devanaguy, o concebeu por obra de um Espírito, que lhe apareceu sob os traços de Vischnu, segunda pessoa da trindade Hindu. Segundo a tradição Hindu e o "Bhagavedagita", anunciando uma profecia que ele destronaria seu tio, o tirano de Madura, este último mandou encarcerar sua sobrinha Devanaguy, que foi libertada por Vischnu; então o tirano mandou assassinar em todos os seus estados as crianças do sexo masculino nascidas na mesma noite em que Krischna veio à luz (grifo do oriiginal). Mas o menino foi salvo por milagre, e, 3.500 anos mais ou menos antes de nossa era, ele pregava a sua doutrina. Depois de converter os homens, morreu de morte violenta às margens do Ganges, segundo ordens de Brahma (Deus, o Pai), para realizar a redenção dos homens, como lhes fora prometido."
Parece que tudo se encaixa na tradição cristã a respeito de Jesus, talvez até fosse necessário, considerando a cultura da época, torná-lo um Deus para que as pessoas pudesssem acreditar em seus ensinos, entretanto, achamos que para os dias de hoje isto poderá causar mais incrédulos, por uma coisa bem simples: é que o homem moderno coloca a raazão e a lógica com base para acreditar ou não em algo, e agindo assim também em relação à crença religiosa terá uma fé inabalável.
Com relação a Jesus, poderemos afirmar com absoluta certeza que era um ser superior a nós humanos, sem, entretanto, chegar a ser um Deus, principalmente pelos seus ensinos e exemplos de vida, virtudes essas que serão o nosso passaporte para o "Reino dos Céus", pois somente através dele é que chegaremos ao Pai, conforme suas palavras: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão através de mim".
O espírita não deve ter a preocupação de converter quem quer que seja. Deve, isto sim, preocupar-se em informar tudo sobre a Doutrina, desde que lhe solicitem informações. Deve, na medida de seus conhecimentos, dar explicações baseadas na lógica doutrinária aos problemas e aflições que seu semelhante lhe apresentar. Nunca, porém, dizer: "faça assim, que você vai melhorar". Dar ao semelhante as informações simples e corretas, que poderão ser utilizadas por ele em benefício próprio; se ele quiser. Se a pessoa que nos pede informações e dados achar que nossa resposta - a explicação da Doutrina - não lhe serve, é um direito que não devemos, nem podemos, tomar-lhe. A responsabilidade de melhorar ou piorar de vida é intransferível; cabe a cada indivíduo. Ao espírita cabe tão-somente fornecer às pessoas os elementos necessários à tomada consciente dessa responsabilidade; daí para a frente, o trabalho é do próprio indivíduo.
Jesus, quando ensinava à multidão em geral ou a pessoas em particular, nunca disse: "não faça isto, que lhe acontecerá aquilo". Sempre propunha parábolas, que são as melhores formas de estimular o raciocínio e de não ferir o livre-arbítrio de ninguém. Dizia, por exemplo: "havia uma pessoa que agiu desta ou daquela forma e lhe aconteeceu isto ou aquilo". Cada um que vestisse a carapuça. Cada qual que fizesse as analogias, se colocasse no lugar do cidadão referido na parábola, e tomasse as decisões que melhor achasse acertadas para o seu caso. O desfecho daquele procedimento. Jesus já lhe havia dito pela parábola. Cabia ao ouvinte agir. Jesus nunca o impediria de proceder como melhor lhe aprouvesse. Entretanto, após ouvir a parábola, o ouvinte já estava informado das conseqüências: se continuasse no caminho errado, seria muito mais responsável. "Não foi por falta de aviso", como se costuma dizer aos amigos que erram.
A divulgação espírita deve, portanto, preocupar -se em informar, esclarecer. Não deve se preocupar com quantidade, mas com qualidade. Não deve ir buscar ninguém que não esteja interessado no Espiritismo, mas fazer todo o possível para esclarecer aqueles que vão ao seu encontro. Nunca fugir às explicações diante daqueles que procuram o Espiritismo, nunca se preocupar em perder tempo com aqueles que não se interessam em ouvir nada sobre a Doutrina. "Não dar pérolas aos porcos" é também um ensinamento evangélico. Os porcos nunca saberão o que fazer com as pérolas; é um presente muito requintado para quem só se preocupa em comer. E que não escolhe a qualidade da comida; contenta-se até com detritos. Não perder tempo, entretanto em convencer alguém, enquanto muitos estão à nossa espera, ansiosos para ouvir explicações, para serem consolados pelo ensinamento evangélico.
O orador espírita deve também preocupar-se em levar sua mensagem para a média das pessoas. Não muito elevado, mas também não muito rasteiro para não confundir as inteligências que estão exatamente lutando para sair do lodo. Ter o bom senso para avaliar a capacidade de apreensão e compreensão do auditório, é responsabilidade de todo orador espírita. Não falar muito em citações evangélicas, ipsis literis, mas utilizar a essência de tais citações, aplicando fatos de nossos dias, a eventos ligados à vida da média do auditório.
Pois é preciso ter em mente penetrar o entendimento dos ouvintes daquela época; sua essência é perene e universal, mas sua vestimenta, a forma, é transitória e mortal - morre com a mudança dos costumes. Deve, portanto, o orador "vestir" a essência evangélica com motivos atuais e próximos de todos os seus ouvintes. Do contrário, a palestra soará falsa, soará de uma erudição ridícula. É o caso de falarmos, por exemplo, na linguagem bíblica, com todos os "vós" e os "ides". Numa palestra informal, essa preocupação gera frases ridículas.
Se a multidão vem até um Centro Espírita, é importante saber o que realmente ela quer. Tomar nas mãos o material que ela nos oferece; o material de suas preocupações e aflições. E, assim, jogar inicialmente a tábua para aquele que está se afogando a fim de trazê-lo à margem. A seguir, se o candidato ao afogamento estiver realmente interessado, ensiná-lo a nadar, pois todos terão de aprender a nadar para vencer as correntes do rio da Vida. Mas, muitos não se sentem "maduros" para entrar na escola de natação; preferem sofrer mais algumas experiências de afogamento. Porém devemos estar sempre prontos a lhes jogar a tábua mais uma vez e, também, mais uma vez a lhes respeitar o livre-arbítrio.
Segunda-feira, 29 de Março de 2010
Recebemos, via e-mail, um texto intitulado “Se Jesus fosse espírita!”, com doze proposições para um questionamento sugerido pelo seu autor.
Iremos fazer algumas considerações sobre elas, para que fique claro que, quase todos os que buscam combater o Espiritismo, nada sabem sobre ele, e mais, não conseguem ter uma visão abrangente dos ensinamentos de Jesus, aceitando tudo que consta da Bíblia, como sendo a mais pura verdade, sob o argumento de ser ela totalmente de “inspiração divina”.
Nunca os vemos analisar a Bíblia sem uma forte dose de fanatismo, que, somado a um sectarismo religioso, procuram buscar passagens isoladas para justificar os seus pensamentos, esquecendo-se de que, se a Bíblia for totalmente de inspiração divina, nela não poderá haver erro algum, sob pena de colocarmos Deus como falível ou incoerente.
Como os fariseus de outrora, querem sempre se apresentar como seguidores de Jesus. Entretanto, desafiamos a quem quer que seja a nos mostrar uma prova bíblica sequer, em que Ele tenha combatido qualquer pensamento religioso de sua época. Muito ao contrário, sempre demonstrou um respeito muito grande para com todos. Veja que, mesmo diante de uma adúltera, não pronunciou nenhum julgamento, indo até mesmo contra os preceitos religiosos vigentes, já que a legislação mosaica ordenava que se apedrejasse aquela mulher até a morte.
E hoje, estamos às voltas com os fariseus modernos que, como os de outrora, querem que se cumpra a Lei Mosaica, alegando “estar escrito”.
Vamos, agora, analisar os questionamentos:
1 - Em João 9, quando perguntado acerca de por que o homem nascera cego, ele teria respondido "ele está pagando pecados de vidas passadas".
Se as deformidades e doenças de nascença não forem por causa dos “pecados” de vidas passadas, por qual motivo, dentro de um senso de justiça, as pessoas nascem deformadas ou doentes? Qual a explicação lógica e racional para isso? Se “a cada um segundo as suas obras” é a base da justiça divina, onde estavam as obras destes deserdados, já que nasceram assim? Pecado original não serve como resposta, pois a única coisa que ele poderia é ser, apenas, “muito original”. A responsabilidade dos atos é de quem os pratica, ou seja, ela é totalmente individual.
Narra João (5,1-18) um interessante episódio acontecido com Jesus. Diz ele que junto à porta das ovelhas, chamado em Hebraico Betesda, existia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos. Entre eles havia um homem que estava enfermo há trinta e oito anos e que foi curado pela ação de Jesus. Posteriormente, Jesus o encontra no templo e lhe disse: “Olha que já estás curado, não peques mais, para que não te suceda cousa pior”.
A afirmativa de Jesus não deixa nenhuma sombra de dúvida que a causa da doença daquele homem foi conseqüência de seus “pecados”. Mesmo que, pelo texto, não dê para saber se este homem era enfermo de nascença ou não, isso pouco importa, já que é irrelevante, pois, em qualquer circunstância, todos nós estamos sujeitos à lei de causa e efeito, ou vulgarmente chamada de carma.
Mas, voltando ao caso do cego de nascença, analisemos a pergunta feita a Jesus: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” Ora, por lógica só podemos admitir uma pergunta desta para quem acredita que os erros do passado podem influir no presente, e, no caso em questão, como ele nasceu cego, os seus erros foram cometidos antes do seu nascimento, ou seja, numa vida anterior. Se essa idéia estivesse errada Jesus teria dito primeiramente que: Não existe nenhum pecado antes do nascimento, isso é fantasia, pois nós temos uma só vida.
Bom, agora vejamos a resposta de Jesus à pergunta: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”. O que quer dizer, no caso deste cego, que a deficiência não foi por causa de pecado anterior, mas para que Ele, Jesus, o curasse, ou seja, manifestassem nele as obras de Deus. Quem quiser compreender a missão desse cego, terá que ler os acontecimentos subseqüentes à cura, narrados nos versículos 13 a 41, onde vemos os fariseus (sempre eles, não importa a época) confrontar com aquele ex-cego sobre quem lhe tinha feito a cura, principalmente por ela ter sido feita num sábado.
2 - Ao invés de curar os leprosos, cegos, surdos e coxos, diria que é o "karma" que eles têm que levar.
A missão de Jesus era trazer a mensagem de Deus aos homens E não tinha como objetivo a cura de ninguém, nem de leprosos, cegos, surdos e coxos, até mesmo porque não curou a todos, mas houve a necessidade de produzir alguns fenômenos, cujo objetivo era despertar no povo o interesse para a mensagem que trazia. Vejam que, mesmo apesar de fazer alguns prodígios, muitos ainda não acreditaram nele. E já pensaram se não fizesse nada?
3 - Ao invés de dizer "vinde a mim os cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo que é suave...", ele teria dito "agüentai com paciência o vosso karma".
Quem realmente segue a Jesus, se conforma diante de seu exemplo, pois, apesar, de sofrer sem merecer, Ele se resignou diante da vontade do Pai, cumprindo tudo o que se havia predito sobre Ele.
Entretanto, Jesus não disse tudo claramente, até mesmo se justificou: “Por isso lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem entendem” (Mt 13, 13). É o que realmente acontece com todos os fanáticos religiosos, que ouvem mas não entendem nada.
Por outro lado, citamos o que Jesus disse em outra oportunidade: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora;” (Jo 16, 12). Significando que Ele não disse tudo que deveria dizer, pois não tinham evolução espiritual para entender.
4 - A história do rico e Lázaro teria sido diferente. Abraão (talvez nem fosse Abraão, uma vez que este estaria provavelmente reencarnado) teria dito ao rico para esperar um pouquinho que ele teria outra chance.
Não adianta ficar pegando tudo ao pé da letra, lembrem-se de que Paulo, há muito tempo atrás, já nos recomendava: ...porque a letra mata, mas o espírito vivifica (2 Cor 3, 6). Esta passagem citada é uma parábola, não há como tomá-la no sentido literal, caso contrário, teremos que admitir que Abraão é Deus, pois Lázaro foi, depois de morto, para o seio dele. Também, teremos que aceitar que todos os ricos irão para o “inferno” e todos os pobres, ou pelo menos os cobertos de chagas e lambidos pelos cães, irão para o “céu”. Entretanto, podemos concluir, com certeza, que todos nós seremos punidos ou recompensados pelas ações que praticarmos (a cada um segundo as suas obras).
Quanto ao termo “inferno” este, se refere a um lugar no interior da Terra, para onde supunham que iriam os mortos. Essa idéia estava associada à sepultura. E pensavam que, quem iria para lá, não sairia jamais. Como não analisam o significado da palavra à época das ocorrências bíblicas, interpretam erradamente várias passagens. A idéia de um inferno eterno, por exemplo, não é mais aceita hoje, a não ser como sendo um período longo, mas que tem fim.
Todavia, certos líderes religiosos ainda a mantêm, com o objetivo de aprisionarem as pessoas mais simples, pois é mais conveniente a eles que elas fiquem amedrontadas, e sejam, assim, mais facilmente manobradas por eles, em defesa de seus interesses - entre eles os polpudos dízimos -, à moda do que fazia a Igreja no passado, embora esta tenha tido uma certa razão, pois a mentalidade das pessoas no passado era mais atrasada, o que a levava a agir erradamente de boa fé. Em outras palavras, conhecia-se menos de Bíblia no passado do que se conhece hoje.
Vejam a passagem: “Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, de eternidade a eternidade, e todo o povo diga: Amém” (Sl 106, 48). A eternidade, se não fosse temporária, não poderia haver mais de uma só. E, no entanto, como estamos vendo, o texto fala em mais de uma.
5 - Teria dito a Nicodemos "isto mesmo, você terá que voltar ao ventre materno, mas em outra vida pela reencarnação".
A resposta de Nicodemos a Jesus: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?”, é o perfeito entendimento de Nicodemos sobre a afirmação de Jesus da necessidade de nascer de novo, ou seja, entendeu muito bem que seria nascer fisicamente de novo. Entretanto, só não sabia como isso ocorreria. Se não fosse o nascer de novo (ou seja, reencarnar) ele teria dito: não é disso que estou falando, mas ao contrário, reafirma o fato acrescentando: “Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo”. Para completar o raciocínio sobre a questão da reencarnação, juntaremos a resposta dada por Jesus aos seus discípulos sobre a pessoa de João Batista: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é o Elias que estava para vir. Quem tem ouvidos (para ouvir) ouça” (Mt 11, 13-14). Como se vê, Jesus afirma categoricamente que João Batista é mesmo o espírito Elias nele reencarnado.
6 - A transfiguração teria sido com Moisés e João Batista (reencarnação de Elias), e não com Moisés e o próprio Elias.
Para que se possa compreender a manifestação do Espírito Elias, é necessário que se tenha estudado o Espiritismo com profundidade, não como acontece com a maioria dos que querem nos combater, pois só lêem, nunca estudam. Assim, sabemos que possuímos um outro corpo de matéria quintessenciada chamado perispírito, identificado pelo apóstolo Paulo como o corpo espiritual. É através dele que um espírito se manifesta. Entretanto, o que não sabem nossos opositores é que ele é maleável, podendo tomar a forma que o espírito queira, desde que, para isso, tenha conhecimento ou evolução para o fazer. Em vista disso, podemos manifestar com qualquer um dos corpos que tivemos em outras vidas.
O que muitos ainda não entendem é que o nosso corpo, após a morte, é espiritual e não material, embora possa ter a forma deste.
E, por que a maioria dos espíritos se manifesta geralmente no último corpo, perguntamos? É justamente por não ter conhecimento de como funcionam as leis do plano espiritual, e como sua mente está impregnada da imagem de seu último corpo, inexoravelmente o perispírito tomará a forma dele. Mas esse não foi o caso do espírito João Batista, que era já de alto nível, e pôde, pois, assim, assumir, com seu perispírito, a aparência do seu corpo anterior, ou seja, o de Elias. E assim aconteceu, porque o episódio envolveu um encontro entre personalidades do Velho Testamento, representando a Lei Antiga, com as do Novo Testamento, representando a Nova Lei: Jesus, Tiago, Pedro e João. E merece destaque o fato de Jesus ter-se comunicado com espíritos de mortos, quebrando a Lei de Moisés. E o mais importante da Transfiguração é justamente essa comunicação, e não tanto o brilho das veste de Jesus, com o que tentam encobrir tal comunicação, que é espírita.
7 - Ele não teria sido batizado, uma vez que não existe batismo no espiritismo.
Perguntamos: Considerando que Jesus foi circuncidado no oitavo dia após nascer, por que os meninos de hoje não o são? Se o batismo é algo importante, por que Jesus não batizou ninguém? Será que o autor está falando em batismo da água ou do fogo, do Espírito? Não vemos em quase todas as correntes religiosas praticarem o batismo da água. Entretanto, João Batista fala que: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. O batismo de fogo (dor e sofrimento) representa a purificação do nosso espírito pela Lei de causa e efeito intimamente ligada à Lei da reencarnação.
8 - Ele não teria contado a história das ovelhas e dos bodes em Mateus 25, uma vez que não existe juízo eterno nem fim dos tempos na doutrina espírita.
Ora, nessa passagem existe o prêmio para os que praticaram a caridade, representada pela assistência prestada aos necessitados, o castigo para os que não a fizeram. Assim, concluímos que a “salvação” não está em dizer que crê que Jesus é o Senhor e Salvador, ou que só pelo fato de uma pessoa pertencer a determinada corrente religiosa, está na prática do amor ao semelhante. Quando nós conseguirmos praticar o amor profundo ao nosso próximo, espontaneamente, aí sim, já estaremos evoluídos, podendo passar pela “Porta Estreita”, onde não é fácil passar, e recebemos o prêmio merecido. E será que esses tais difamadores nossos já passaram por essa "Porta Estreita", dando pouca importância para a prática da vontade do Pai, em que tanto insistiu Jesus?
Não dizemos que não haverá juízo. Existe sim, pelo menos em dois momentos. O primeiro ocorre toda vez que, pela morte, retornamos ao mundo espiritual, quando o nosso Juiz é a nossa própria consciência. O segundo, de tempos em tempos, quando o planeta Terra estiver para ascender à uma categoria superior. Nessa ocasião, os espíritos encarnados e desencarnados, no dizer do Evangelho, vivos e mortos, que não se tiverem sintonia vibratória com essa nova categoria, serão lançados “nas trevas exteriores”, ou seja, em mundos primitivos, “onde haverá choro e ranger de dentes”.
Quanto a questão do castigo eterno já falamos. Entretanto, podemos acrescentar: é vontade de Deus que todos sejam salvos ou não? (Mt 18, 14).
“Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas cousas aos que lhe pedirem?” (Mt 7, 11). Gostaríamos de que você, meu caro leitor, pensasse um pouco e respondesse: Você daria um lugar de sofrimento eterno irremediável, para seu filho? Não? Imagine, então, se Deus o daria? E será que os amigos do mal, da maldade, terão uma vontade superior à do Pai, que quer que todos sejam salvos?
9 - Ele não teria dito que é Deus tantas vezes e teria repreendido Tomé, quando este disse "meus Senhor e meu Deus", dizendo "não Tomé, não me chame de Deus, eu sou apenas um espírito de luz".
Um absurdo deste só pode ter sido dito por quem não tem o menor conhecimento do que Jesus disse, pois em nenhuma ocasião Ele disse que era Deus, mas apenas, Filho de deus, o que nós também somos. Jesus não disse na oração que nos ensinou Pai – Meu, mas, Pai-Nosso. E sempre se colocou em situação de inferioridade, afirmando que veio cumprir a vontade daquele que o enviou. Por outro lado, queria ver onde está na Bíblia a profecia que diz que Deus viria à Terra? Todas as profecias atribuídas a Jesus, dizem que Ele seria um Messias, ou seja, mensageiro, portanto sendo um mensageiro de Deus, não poderia ser o próprio Deus. Ademais, a palavra Senhor é polêmica na Bíblia, sendo juntamente isso uma das causas das confusões sobre Jesus e Deus.
Entretanto, existe uma passagem interpretada incorretamente onde Ele afirma: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30), significando que comungava a mesmas idéias de Deus, até mesmo porque não cansou de afirmar que estava cumprindo a vontade de Deus. Outra passagem deverá ser levada em conta, para um melhor entendimento desta, vejamos: “Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim” (Jo 17, 22-23). Poderemos dizer então que, se pela passagem anterior afirmamos que Jesus é Deus, por essa poderemos aceitar que também nós o somos, pois que, igualmente, devemos ser um só com Jesus e o Pai.
Quanto à passagem onde Tomé diz: Senhor meu e Deus meu! Duas explicações possíveis de se fazerem, ainda. Uma, que como não tinham até então nenhuma prova contundente de que alguém voltara do “mundo dos mortos”, ao ver Jesus ali, isso lhe causou uma forte impressão, e, na sua opinião, pensou que esse fato só poderia ocorrer com um Deus. Outra, a mais provável é que é apenas uma exclamação, como acontece normalmente, quando estamos diante de um fato extraordinário e dizemos: Meu Deus!
10 - Ele teria dito ao malfeitor na cruz em Lucas 23.42-43 "posso até me lembrar de você no meu Reino, mas você vai ter que reencarnar para pagar seus pecados".
Faremos aqui três colocações.
A primeira é que se tomam tudo que consta da Bíblia como verdadeiro, como explicar as narrativas a respeito do “bom ladrão”: Mateus (27, 44) diz: “E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele”, fato confirmado por Marcos (15, 22): “Também os que foram com ele crucificados o insultavam”, mas estranhamente, João, que estava ao pé da cruz, portanto uma testemunha ocular, nada disse sobre isso, apenas cita que dois outros foram crucificados junto com Jesus. Lucas, diferente de Mateus e Marcos, diz sobre o diálogo de Jesus com o ladrão.
A segunda é que se nós lermos atentamente essa passagem, veremos que o tal de “bom ladrão” nem sequer se arrependeu dos crimes que praticou, somente reconheceu que ele e o outro, por justiça, mereciam a condenação, e que Jesus não merecia ser condenado. E, então perguntamos qual a justificativa para o “prêmio”? Por outro lado, onde fica o “a cada um segundo suas obras”? Jesus foi alguma vez contraditório com algo que disse anteriormente? Ademais, Ele disse que ninguém deixará de pagar até o último centavo, e o tal de bom ladrão não deveria pagar o que fez? E será que existe mesmo bom ladrão, bom pecador?
A terceira, é que poderia bem ser uma questão de pontuação. Vejamos a resposta de Jesus da seguinte forma: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”, de sentido muito bem diferente da que consta normalmente nas Bíblias: “Em verdade te digo, (que) hoje estarás comigo no paraíso”. E sobre isso, também, perguntamos se Jesus foi para o paraíso naquele mesmo dia?
11 - Ele não freqüentaria as sinagogas dos judeus, mas os muitos médiuns dos povos pagãos ao redor de Israel.
Jesus era judeu, por isso é que freqüentava as sinagogas. O autor estará aceitando a mediunidade como uma realidade, já que diz que os povos pagãos tinham médiuns? Mas, dizemos mais ainda que em todos os povos e em todas as religiões os encontramos. Só tiveram nomes diferentes, foram chamados de profetas ou reveladores. Vejam a narrativa em 1 Sm 9, 9, quando Saul, ao procurar a jumentas que seu pai, Quis (algumas traduções dizem Cis), tinha perdido, aceita a sugestão de um servo para buscar “um homem de Deus”, justificando que tudo o que ele prediz acontece: (Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia: Vinde, vamos ter com o vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente.) E só acrescentarmos que, hoje, chamamos os videntes e os profetas de médiuns, palavra criada por Kardec, justamente, para designar essas pessoas.
Moisés não aprovava a o uso da mediunidade indiscriminadamente, mas apenas para os que a utilizavam para coisas elevadas, pois em relação a Eldade e Medade, ele afirma: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta”, isso após um dedo-duro, sempre aparece um, dizer que os dois estavam profetizando fora do acampamento.
12 - Os ensinamentos dele estariam repletos de exortações a fazermos contatos mediúnicos.
Anteriormente foi citada a passagem da transfiguração, onde se questionava a respeito da reencarnação. Mas uma coisa muito importante, como dissemos, evitam falar, ou seja, o contato de Jesus e seus três discípulos médiuns especiais entre os Apóstolo, Tiago, Pedro e João com dois espíritos: Moisés e Elias. Passam a passos largos dela. De fato este episódio é um dos que mais provam os contatos mediúnicos, pois Jesus em pessoa entra em comunicação com os espíritos Moisés e Elias, junto ao monte Tabor. Como Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (Jo 14, 12). E, assim, estamos com Jesus, não fazendo nada mais do que Ele, também, fez. E lembrem-se de que ele pediu aos três discípulos que guardassem silêncio provisório sobre aquela transgressão da Lei de Moisés!
Algumas vezes, argumentam, nesta passagem, que Elias não teria morrido, que ele foi arrebatado ao céu, mesmo apesar das citações: “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” (1 Cor 15, 50) e “ninguém subiu ao céu, senão quem de lá desceu, a saber, o Filho do homem” (Jo 3, 13)., e “todos voltarão ao pó” do Livro de Gênesis. Mas ao concentrarem suas vistas em Elias, se esquecem que com ele apareceu também Moisés, com quem, ao que nos consta, não aconteceu nada disso, morreu e foi enterrado, normalmente. Assim, quem aparece é o espírito que animou a personalidade conhecida como Moisés. Ademais, a Bíblia não diz em nenhuma parte que Elias não morreu. Mas, podemos concluir que morreu, sim, depois daquele episódio, tomando por base aquelas outras afirmações bíblicas acima citadas.
Concluindo, achamos interessante como algumas pessoas pensam que os Espíritas são um bando de idiotas que não sabem interpretar a Bíblia. Estima-se que a maior concentração de pessoas que possuem curso superior está no meio Espírita, não que o Espiritismo tenha preferência, se podemos nos expressar assim, por elas, mas porque, normalmente, é nelas que se encontram os indivíduos que pensam pelas próprias cabeças, e de modo racional estuda a Bíblia, e não aceitando imposição de idéias bestas de pessoas que se julgam infalíveis (que pretensão!) e donas da verdade. Os Espíritas são, pois, os que buscam a verdade, pouco se importando de qual lado ela se encontra. E, por isso mesmo, lêem tudo, já que não temem nada, principalmente se tiverem, pela Ciência, lógica e bom senso, que mudar de opinião a respeito de qualquer coisa que seja, pois não estão sujeitos a dogmas, mas à verdade.
Mas respondendo ao questionamento inicial, podemos afirmar, ainda, que:
Se ser espírita é acreditar na lei de causa e efeito (carma), como Jesus, também, acreditou nela, podemos afirmar que Ele era um Espírita.
Se ser espírita é acreditar na reencarnação, podemos afirmar que Jesus era um Espírita, pois nunca a condenou, mas afirmou de modo contundente, além de proferir muitas idéias que a sugestionam.
Se ser espírita é acreditar na comunicação com os mortos, sem sombra de dúvidas, podemos aceitar que Jesus era um Espírita, já que Se comunicou com eles.
Se ser espírita é acreditar na mediunidade, podemos afirmar que Jesus, ao participar dum episódio mediúnico, provou ser um Espírita.
Se ser espírita é acreditar no progresso do Espírito, podemos afirmar que Jesus era um espírita, pois foi ele que recomendou “Sede perfeitos como é perfeito o Pai Celestial”.
Assim, meu caro leitor, tire as suas próprias conclusões sobre essa questão, pois a nossa você acabou de ler.
Fev/2002
Bibliografia
Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo Cristão -, 1994.
A Face Oculta das Religiões, José Reis Chaves, Ed. Martin Claret, SP, 2001.
A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, José Reis Chaves, Ed. Martin Claret, SP, 2001.
O Espiritismo é a doutrina viva do Evangelho.
Se, porventura, ele se desviar de sua tarefa de libertar consciências, em tocar corações, deixará de cumprir com o que dele se espera, através de seus seguidores.
A verdade deve chegar ao cérebro pelas portas do coração, conhecimento exclusivamente teórico pode induzir a criatura a terríveis equívocos.
Devemos ter medo de saber antes que saibamos amar.
Por este motivo, não convém que o espírita, preservando o próprio equilíbrio, se afaste do serviço cotidiano na Casa Espírita, onde ele terá oportunidade de colocar à prova o que verdadeiramente tem assimilado da Mensagem que nos cabe vivenciar.
O excesso de intelectualismo, em detrimento dos valores do sentimento, ou seja, o muito conhecer e o pouco amar, costuma ser uma tragédia para o espírito.
O carma de quem se complica pela inteligência é pesado demais! ...
FCX
"90 % DAS MULHERES DESISTEM DO PROCESSO CONTRA O AGRESSOR."
Dia destes uma amiga me confidenciou que estava preocupada, pois tudo que digo nos livros ou nas paalestras acaba se transformando em realidade. Disse a ela: fique tranqüiila, alegre-se até; pois tudo que está em andamento é para melhor: uma bela faxina. Não sou arauto de catástrofes nem tenho o dom da premonição; as colocações obedecem a um mínimo de observação primária, reflexão e dedução lógica - coisas bem básicas, ao alcance de qualquer um. Claro que o ideal seria uma transição amena e inteligente de um mundo de provas e expiações para regeneração. Mesmo no que se relaciona ao aumento das agressões físicas o processo em si não é de todo negativo, ocorre que as máscaras estão caindo uma após outra.
Lendo a notícia: as notificações a respeito de agressões a mulheres aumentaram mais de cem por cento no primeiro semestre de 2008 com relação a 2007. Isto está relacionado á previsão de aumento da violência física causada pela nossa ainda forte tendência á agressividade que submetida aos impulsos se materializam como ocorrrências; ainda mais reagimos a estímulos do que agimos com consciência. Conforme colocamos em artigos correlatos: a aceleração nestes dias turbulentos está colocando em evidência nossa tendência bipolar. Luz e sombra vão travar um intenso combate na intimidade de nossa alma - nossa capacidade de contenção vai desabar; colocando á mostra a real condição de evolução espiritual de cada um ... Uma previsão básica para os próximos meses: multipliquem tudo isso por dez (talvez não, pois os homens já estão conseguindo chorar ... ).
A Lei Maria da Penha, criada no dia 7 de agosto de 2006, já mandou para atrás das grades muitos homens que agridem mulheres. Mas, pasmem, essa lei aumentou em apenas 20% o índice de denúncias - a maior parte das agressões fica acobertada pelo medo. Pior: mais de 90% das denunciantes não leva adiante o processo, desejam apenas dar um susto nos maridos ou companheiros; simploriamente acham que o "cara" vai ficar com medo ou vergonha de agredi-las (agressão física) novamente. O que leva essas mulheres a continuar suportando todo tipo de humilhação, ameaças e agressões? A dependência sentimenntal e financeira (esta está diminuindo, pois segundo as últimas estatísticas quase 60% das famílias brasileiras são mantidas economicamente pelas mulheres). A maior parte dessas mulheres possui filhos com seus agressores, são de baixa renda e sem estudo. Elas têm medo de passar fome se colocarem o chefe de família na cadeia.
As características mais comuns dos agressores são o machismo e a dependência química: medicamentos, álcool e drogas. Claro que a Lei ainda da não é aplicada de forma plena, isso se explica pelo estilo de formação da sociedade brasileira; pois de policiais a juízes o conceito machista ainda predomina e até em crimes covardes como o estupro a vítima passa por humilhações até no momento de prestar queixa.
Neste artigo vamos apenas brincar de gerar dúvidas e questionamentos; atirando para o alto, carapuças; que veste quem deseja e quer. Nada de receitas nem soluções.
Quem se conduz pela crença de vidas sucesssivas, sabe que todos viveremos as experiências necessárias à evolução do Espírito em ambos os sexos. Ontem mulher hoje homem, caso nos atraapalhemos nessa matéria viveremos a experiência da dualidade. A lei de causa e efeito ou retorno é indiscutível; para quem quiser negá-la: boa viagem para mundos desconhecidos ...
Qual a importância da Lei Maria da Penha?
Ela é boa ou ruim? O que aconteceria se ela fossse aplicada ao pé da letra hoje? Será que muitos homens teriam de ficar trancafiados e que suas mulheres os visitassem apenas para satisfazer necessidades? Será que a culpa nos casos de agresssão é apenas da falta de qualidade evolutiva dos homens? Que tal inserir no histórico da agressão se a mulher estava na TPM? (TPM é doença ou problema de evolução espiritual? - já colocamos essa dúvida em artigos. E se nos casos de agressão fosse feita uma análise dos motivos pregressos. Imagine um "cara" que nunca foi ensinado a respeito das diferenças entre comportamento de homens e de mulheres e trabalhar sob a ação de um chefe que o maltrata, fazendo um trabalho que odeia e que ao chegar em casa para se refazer depois de tantos empurrões para conseguir lugar na condução; é obrigado a ouvir uma ladainha de maritaca a respeito de tarefas que competiam à outra parte fazer. Como silenciar a fera? Na pancada?
Não é preciso ser adivinho para afirmar que as agressões às crianças e mulheres devem aumentar; pois as condições de vida e de trabalho não sinalizam mudanças positivas. Claro que muito pode ser feito na área dos direitos humanos como a recente "Lei Seca"; pois se realmente aplicada, ao menos os acidentes de trânsito e as agressões às mulheres de classe média vão diminuir. Já para restringir o número de agressões nas classes mais pobres seria preciso disciplinar a venda de bebidas ou fechar os bares após as 22 horas como foi feito na cidade de Diadema; claro que não haverá vontade política nem clima social para atitudes desse tipo; dessa forma, nós devemos nos preparar para um aumento da violência social e familiar. Tudo bem, esses agressores devem ser punidos com prisão. Mas, e quando eles saírem, terão se formado em "bandidagem" na cadeia? Conseguirão arrumar emprego? Provavelmente nunca mais; pois as empresas têm acesso aos antecedentes dos candidatos. Voltarão felizes para casa? A relação familiar vai melhorar? - Só se acreditarmos em conto de fada. Realmente a situação é preocupante ou deveria ser.
Solução?
O único caminho é a educação baseada em Jesus e seus ensinamentos.
Com certeza a Lei Maria da Penha, somada às aquisições do Estatuto da Criança e do Adolescente nos ajudarão a atingir uma Nova Era; desde que os executores dessas leis não sejam pessoas que apenas executem as normas sem prazer no que fazem.
Antes de terminar quero lembrar aos leitores que há uma Lei da Vida que deve ser compreendida, sejamos vítimas ou algozes da Lei Maria da Penha: todas as agressões em pensamento serão punidas pelo Divino Juiz - nossa própria consciência. Fica o alerta: é preciso vigiar cada dia mais nossos impulsos e tendências, pois ninguém está imune a perder a cabeça quando menos espera. Demorei a entender em verdade uma das afirmações de Jesus que diz mais ou menos o seguinte:
No final dos tempos, aquele que pouco tem vai perder tudo e aquele que muito tem vai conquistar mais ainda - parece injusto se observarmos pela ótica das coisas materiais, mas se observarmos pelo lado das conquistas espirituais, fica mais fácil entender. Imagine uma pessoa com 40% de paciência já adquirida - nestes tumultuados dias de hoje perderá tudo em pouco tempo, tantas são as contrariedades, problemas e dificuldades
- mas, outra pessoa que já tivesse uns 60% usaria essas mesmas dificuldades e contratempos para aumentar e fortalecer sua paciência.
Jornal Espírita
Domingo, 28 de Março de 2010
“Nesse mesmo dia, dois dentre eles caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios, conversando ambos de tudo quanto se tinha passado. E aconteceu que quando eles falavam e conferenciavam a seu respeito, Jesus veio unir-se a eles e caminhava ao lado deles, mas seus olhos estavam como que fechados, a fim de que eles não pudessem reconhecê-lo, Ele lhes disse:
Sobre o que conversais e por que estais tristes?
“Um deles, chamado Cleofas, tomando a palavra lhe disse: Sois tão estrangeiro em Jerusalém que não sabeis o que se tem passado ali naqueles dias? O quê? lhes disse ele. Eles responderam: Sobre Jesus Nazareno, que foi profeta poderoso diante de Deus e de todo o povo, e de que modo os principais dos sacerdotes e os nossos senadores o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, esperávamos que fosse ele quem resgatasse Israel, e, entretanto, depois de tudo isto, eis já o terceiro dia que estas coisas sucederam. Por outro lado certas mulheres, das que conosco estavam, nos encheram de pasmo, tendo ido de madrugada ao túmulo; e não havendo achado o seu corpo, voltaram, declarando que tinham visto anjos, os quais diziam estar ele vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo, e acharam que era assim como as mulheres haviam dito, mas não o viram. Então ele lhes disse: ó insensatos e tardios de coração, para crer em tudo quanto os profetas disseram! Não era preciso que o Cristo sofresse todas as coisas e que entrasse assim na sua glória? E começando por Moisés e depois por todos os profetas, ele lhes explicava o que tinham dele dito as Escrituras. E quando estavam perto da aldeia para onde iam, ele deu mostras de que ia mais longe — mas eles o forçaram a parar, dizendo: ficai conosco, porque é tarde e o dia está na sua declinação; e entrou para ficar com eles.
“Estando com eles à mesa, tomou o pão, abençoou e, tendo partido, lhes deu.
Ao mesmo tempo se lhes abriram os olhos e eles o reconheceram; mas ele desapareceu diante deles. Então disseram um ao outro: Não é verdade que sentíamos abrasar-se-nos o coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?
“Levantando-se no mesmo instante, voltaram para Jerusalém, e acharam juntos os onze apóstolos e os que com eles estavam reunidos, os quais diziam: É verdade que o senhor ressuscitou e apareceu a Simão? “E os dois contaram também o que lhes havia acontecido em caminho e como reconheceram Jesus no partir do pão.
“Enquanto assim conversavam, Jesus apresentou-se no meio deles e lhes disse: A paz esteja convosco; sou eu, não temais. Mas na perturbação e espanto de que se achavam possuídos, eles julgavam ver um Espirito.
“E Jesus lhes disse: Por que vos perturbais? E por que se sugerem tantos pensamentos em vossos corações? Olhai para as minhas mãos e para os meus pés e reconhecei que sou eu mesmo; tocai-me, e considerai que um Espírito não tem carne nem osso, como vedes que eu tenho.
“Depois de ter dito isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas como não acreditavam ainda tão cheios estavam de alegria e admiração, ele lhes perguntou: “Tendes aqui alguma coisa que se coma? Eles lhe apresentaram uma posta de peixe e um favo de mel. Comendo Jesus diante deles tomou o resto, lhes deu e disse-lhes: Eis o que eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que tudo quanto estivesse na Lei de Moisés, nos Profetas, nos Salmos, se realizasse. Ao mesmo tempo lhes abriu o espírito a fim de que entendessem as Escrituras e disse: é assim que está escrito e é assim que era preciso que o Cristo sofresse, e que ressuscitasse dentre os mortos, no terceiro dia, e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados em todas as nações, principiando de Jerusalém.
Ora vós sois testemunhas destas coisas. E eu vou enviar-vos o dom de meu Pai que vos tem sido prometido; entretanto, demorai na cidade até que sejais revestidos da força lá do Alto.”
(Lucas, XXIV, 13-49.)
Magnifica narrativa! Quem poderá negar-lhe a veracidade e o sucesso que causou aos povos daquele tempo tão estupenda manifestação?
Era passado o sábado gordo, o Sol brilhava no firmamento em caminho do poente; caminhavam dois homens em busca de Emaús, e no caminhariam relembrando as cenas sanguinolentas verificadas no Gólgota; a morte do inocente, a tirania de Herodes, o servilismo de Pilatos, Anás e Caifás, os sumos sacerdotes; a degradação e a indiferença de uns e a malevolência de outros; a perversão da opinião pública que preferiu Barrabás a Cristo! Caminhavam sob a impressão pungente da morte dolorosa que se dera àquele em que eles viam a redenção de Israel, quando Jesus redivivo lhes aparece, com eles conversa e, censurando a insensatez com que interpretavam as Escrituras, acompanha-os e se lhes mostra, no partir do pão, quando se achavam prontos para a ceia!
“Insensatos e tardos de coração” — embora discípulos do Nazareno — não podiam, sem que se lhes abrisse o entendimento, compreender as verdades reveladas pelos profetas ou médiuns, precursores da Boa Nova Cristã.
Mas a crença na Verdade não os havia ainda libertado do erro; voltaram os dois para Jerusalém, onde se uniram aos onze apóstolos e ao narrarem a aparição do Senhor a Simão, e como o reconheceram ao partir do pão, eis que Jesus no meio deles se apresenta, envolvendo-os nos eflúvios de sua Paz: Pax vobis; ego sum, nolite timere. Paz seja convosco: sou eu, não temais.
Julgando ver um ser impalpável, idêntico aos Espíritos de diversas categorias que, é certo, tinham visto muitas vezes, assustaram-se, mas Jesus, que já tinha subido ao Pai e do Supremo Criador recebera a Palavra, segundo a qual deveria tornar-se não somente visível, mas ainda tangível àqueles que deviam secundar os seus pés, ordena-lhes que o toquem e considerem que “os Espíritos que lhes têm aparecido não são de carne e osso”.
Era mesmo difícil aos futuros Apóstolos do Cristianismo acreditarem na materialização de Espíritos, fato que, provavelmente, até aquele momento somente três entre eles haviam observado.
O Amado Filho de Deus não se agasta com a falta de compreensão dos doze e prefere dar-lhes provas convincentes da Verdade anunciada: Tendes aqui alguma coisa que se coma? Eles apresentaram-lhe uma posta de peixe e um favo de mel, e Jesus comeu diante deles.
Destarte ficaram preparados para receber o DOM que lhes fora prometido, ordenando-lhes o Mestre que demorassem na cidade até que fossem revestidos da Força do Alto.
O fogo de Pentecostes ainda não tinha baixado do Céu, mas o cumprimento da profecia de Joel ia ter o seu início.
Os Apóstolos precisavam receber o batismo de fogo do Amor de Deus; no Cenáculo ia ter lugar a mais importante sessão espírita que a História relembra. Os médiuns de variedades de línguas, de prodígios, de maravilhas iam ser desenvolvidos e os DONS de Curar, da Fé, da Palavra, da Escrita, da Ciência, de Discernir os Espíritos iam ser concedidos aos Discípulos para o exercício de sua elevada missão.
Sábado, 27 de Março de 2010
Se considerar contradições já é difícil, imagine, em tal caso, tolerar verdadeiros absurdos que podemos encontrar no livro dito sagrado.
Uma vez mais evocamos a isenção e a sensatez para a averiguação dos pontos seguintes:
A PERSONALIDADE DE DEUS
Em corroboração mútua, a Bíblia e os homens traçaram uma personalidade para Deus próxima às fraquezas humanas, levando ao pé da letra o que diz o seguinte trecho:
Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher ele os criou. Gênesis, 1:27
Desde então, descreveram-nO cheio de ira, ciúme, orgulho, vaidade e propenso ao arrependimento, à fadiga e à vingança. Atributos esses que é peculiar a quem não tem constância — em resumo: um deus imperfeito.
Instigado por esses instintos, Javé age com mão de ferro contra os “inimigos” — sim, Jeová tinha inimigos! — a até mesmo contra os eleitos, não raro, com requintes de crueldade.
Um exemplo: a Arca da Aliança era uma peça sagrada, que somente deveria ser tocada pelos sacerdotes autorizados. Ocorre que, em um translado, deu-se um incidente:
Mas, ao chegar na eira de Nacon, Oza estendeu a mão para a arca do Senhor e segurou a, porque os bois tinham escorregado. Então o Senhor inflamou-se de ira contra Oza e feriuo por causa da sua temeridade, de modo que ele morreu ali mesmo, junto da arca de Deus. II Samuel, 667
PROPÓSITOS DE DEUS NA TERRA
Iavé representa aos israelitas o mesmo que os deuses do Olímpio à Grécia, bem como ocorria em outros povos e respectivas mitologias, com a diferença de ser no singular — único: o Senhor dos exércitos, protetor do povo abençoado e justiceiro da Terra.
O propósito comum é estabelecer o domínio terreno a Israel:
O Senhor dos Exércitos está conosco, nosso refúgio é o Deus de Jacó.
Salmos, 46:12 (*)
Agora, Senhor Deus, cumpre para sempre a promessa que fizeste ao teu servo e à casa de Israel.
Faze como disseste! Então o teu nome será exaltado para sempre, e dirão: ‘O Senhor dos Exércitos é o Deus de Israel’. E a casa do teu servo Davi permanecerá estável na tua presença. II Samuel, 7:2526
É o rei Davi o interlocutor do Senhor no trecho supracitado.
Repare que ele pede (ou exige?) o cumprimento da promessa de Jeová e (condicionado?) a isso, garante que (no futuro) o seu povo glorificará o nome do Senhor.
Atentem para essa passagem:
Com a ira do Senhor dos exércitos, incendiou-se a terra, o povo virou lenha deste fogo. Ninguém poupa seu irmão: morde à direita e continua com fome, morde à esquerda e não fica satisfeito, devorando cada um a carne do irmão.Isaias, 9:1819
Que coisa, não?!
Vingança! Vingança! Vingança!
Por isso, diz o Senhor, o Deus dos exércitos, o Herói de Israel: “Ah! Vou rir dos meus inimigos, vingar-me dos adversários! Isaias, 1:24
(*) Em algumas traduções a numeração desse Salmo é 45 e a do versículo é 11.
EXTREMISMO
Nas minúcias, a lei de Jeová é mais que rigorosa: é extremista — talvez, por causa das Suas tendências humanas. O fato é que, analisando-a friamente, concluiremos haver incompatibilidades profundas. Prossiga!
O terceiro mandamento da Lei de Deus é tomar o sétimo dia da Criação como data santa e exclusiva para oração (Êxodo 20, 810).
Era pra ser o sábado, mas depois foi transferido para o domingo – sem o consentimento da Bíblia. Deus escolheu errado o dia?
Dizem que é em homenagem à ressurreição de Jesus, registrada num domingo. Mas o próprio Jesus não disse que “não veio destruir a Lei, mas cumpri-la”?
Se ele mesmo não mudou a data, por que fizeram isso depois de tantos séculos?
Até aí, vá lá...
Impressionante o rigor da lei Sabbath! Observem:
Guardareis o sábado, porque é sagrado para vós.
Quem violar será punido de morte. Se alguém nesse dia trabalhar, será eliminado do meio do povo.Êxodo, 31:14
— O que fazer com os bombeiros, os médicos, os taxistas, e todos os profissionais que trabalham no dia do Senhor? Devem ser executados?
Para os pais que não suportarem a rebeldia de um filho a Lei prescreve o seguinte alvitre:
Se alguém tiver um filho desobediente e rebelde, que não quer atender à voz do pai nem da mãe e, mesmo castigado, se obstinar em não obedecer, os pais o conduzirão aos anciãos da cidade, até o tribunal local, e lhes dirão: “Este nosso filho é desobediente e rebelde. Então todos os homens da cidade o apedrejarão.
E assim eliminarás o mal de teu meio e, ao sabê-lo, todo o Israel temerá. Deuteronômio, 21:1821
Também deve ser morto o filho que amaldiçoar seus progenitores:
“Quem amaldiçoar o pai ou a mãe será punido de morte; amaldiçoou o próprio pai e a própria mãe: é réu de morte. Levítico, 20:9
— Eis a legitimação da pena de morte, embora um dos mandamentos seja: “Não matarás”.
A sentença também é cabível para todos os homossexuais:
Se um homem dormir com outro, como fosse com mulher, ambos cometem uma abominação e serão punidos com a morte: seu sangue cairá sobre eles. Levítico, 20:13
— Homofobia transparente!
Essa mesma fatal recomendação é aplicada às mais diversas situações. Sem embargo, num gênero, em especial, ela se salienta:
Se um homem tomar como esposa ao mesmo tempo a filha e a mãe, é uma infâmia. O homem e as duas mulheres serão queimados, para que não haja entre vós infâmia semelhante. Levítico, 20:14
— Veja só que nesse caso, deve morrer o agressor e as vítimas. É bem verdade que há a possibilidade de as duas se entregarem por livre desejo, porém, o mais comum é que o macho se imponha às mulheres.
De qualquer forma...
O homem que tiver relações sexuais com um animal será punido de morte; deveis matar também o animal. Se uma mulher se aproximar de um animal para copular, matarás a mulher e o animal. Os dois serão mortos: seu sangue cairá sobre eles. Levítico, 20:15
Quer dizer: a vítima, o animal inocente, também paga pelo erro.
A Bíblia prega a intolerância religiosa? Analisemos:
Se, em teu meio, em algumas das cidades que o Senhor teu Deus te dá, houver um homem ou uma mulher que pratique o que desagrada ao Senhor teu Deus, transgredindo sua aliança e seguindo outros deuses para segui-los e prostrar-se diante deles, diante do sol ou da lua ou de qualquer astro do exército do céu — coisas que não ordenei — logo que te chegar a notícia, investigarás cuidadosamente o caso. Se for de fato verdade que se cometeu tal abominação em Israel, levarás às portas da cidade o homem ou a mulher que cometeu tal maldade e os apedrejarás até à morte. Deuteronômio, 17:25
E o código diz ainda que o castigo deve se estender a toda cidade, em que nem os bois e as vacas devem escapar, quando homens saírem para seduzir os israelitas (Deuteronômio, 13:15).
Tomemos por exemplo, o que deveria acontecer a Samaria, uma cidade infiel:
Samaria vai pagar, pois revoltou-se contra o seu Deus. Ela cairá à espada, seus filhos serão esmagados, as grávidas terão os ventres rasgados! Oséias, 14: 1 (*)
— Intolerância religiosa, a exortação à guerra santa, cruzadas, inquisição, etc.!!!
Em Números, 31, lemos uma descrição minuciosa de uma carnificina assustadora que Jeová comanda sobre os midianitas. Suas cidades foram saqueadas e totalmente destruídas, matando a homens, mulheres e crianças, com uma exceção apenas:
As meninas, porém, que não tiveram relações com homem, conservai-as vivas para vós. Números, 31:18
Aliás, promessa de recompensa comum às vitórias militares, na antiguidade, era a de posse de virgens.
O Deus da vida, usado para justificar guerras e guerras!
Estando Eglon sentado em seu quarto privativo de verão, no andar superior, Aod se aproximou. “Tenho uma mensagem de Deus para ti”, disse Aod. Quando o rei se levantou do trono, Aod estendeu a mão esquerda e apanhou do lado direito o punhal, que lhe enfiou no ventre. Juízes, 3:2021
* * *
(*) Em algumas traduções, esse capítulo 14 é apenas continuação do anterior. Logo, o trecho estaria em: Deuteronômio, 13:16.
E quando não, o próprio Espírito de Deus se apossa dos homens, como Sansão, para matar e matar:
Então o espírito do Senhor apoderou-se de Sansão.
Ele desceu a Ascalon, matou ali trinta homens (...). Juízes, 14:19
Adiante, o mesmo espírito do Senhor faz Sansão matar mais mil.
Ao chegar a Lequi, os filisteus vieram ao encontro dele com gritos de guerra. Então, o espírito do Senhor apoderou-se dele e as cordas sobre os braços tornaram-se como fios de linho a queimar no fogo, e as amarras das mãos se desfizeram. Havia ali uma queixada de burro recém morto.
Ele estendeu a mão, agarrou a e com ela matou mil homens. Juízes, 15:1415
O detalhe aqui é que o herói Sansão cometeu um ato imundo perante a lei de Israel, que é o de tocar um cadáver animal.
E o Senhor de Israel, segundo a Bíblia, não tolera frouxidão.
Condenou um indivíduo que se recusou a ferir um profeta:
Então um do grupo dos profetas, por ordem do Senhor, disse a um companheiro: “Fere-me!” Mas ele não quis feri-lo.
“Por que não quiseste ouvir a voz do Senhor”, disse o primeiro, “um leão te matará quando te afastares de mim”. Afastando-se ele um pouco, um leão veio-lhe ao encontro e o matou. I Reis, 20:3536
— Incitação à violência!
Nem mesmo as crianças são ignoradas pela ira do Senhor:
Daí, Eliseu subiu a Betel. Pelo caminho, uma turma de meninos saiu da cidade, e zombaram dele, dizendo: “Sobe, careca! Sobe, careca!” Voltando-se, viu-os e os amaldiçoou em nome do Senhor. Saíram então dois ursos da floresta e despedaçaram quarenta e dois deles. II Reis, 2:2324
— Absolutismo inexplicável! Caçoada e impertinência própria da meninice. Se se fosse punir a puerilidade dos dias correntes...
A Verdade Sobre A Bíblia...
L. Neilmor is
MÚSICA: ENYA
HOJE ESTOU: ESPIRITA
Os preocupados vivem entorpecidos no hoje por quererem controlar, com seus pensamentos e com sua imaginação, os fatos do amanhã.
As tarefas evolutivas executadas por nós na Terra fazem parte de um processo dinâmico que levará nossas almas ainda por inúmeras encarnações. A Vida não tem outro objetivo senão o de doação, de proteção e de recursos, para que possamos atingir uma estabilidade íntima que nos assegure a clareza e a serenidade mental, elementos imprescindíveis que nos facilitarão o progresso espiritual.
Se acreditamos, porém, que nossa felicidade ou infelicidade venha de coisas externas, do acaso ou das mãos de outras pessoas, estaremos dificultando nosso crescimento e amadurecimento interior.
A criatura que atingiu a lucidez espiritual já adquiriu a capacidade de compreender a eficiência com que a Natureza age em todos nós. Ela se conduz no cotidiano pacificada e serena, pois percebeu que está constantemente ganhando recursos da Vida Excelsa, mesmo quando atravessa o que consideramos “transtornos existenciais”. Ao mesmo tempo, aprendeu que, por mais que se preocupe, a reunião de todas essas preocupações não poderá mudar coisa alguma em sua vida.
“... O Espírito na escolha das provas que queira sofrer (...) escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa.” (1)
A Providência Divina agindo em nós faz com que saibamos exatamente o que precisamos escolher para nosso aprimoramento interior. Para que a consciência da criatura tenha uma boa absorção ou uma sensível abertura para o aprendizado é preciso que adquira senso e raciocínio, noção e atributos, todos extraídos das suas provas e expiações, ou seja, das diversas experiências vivenciais.
Ainda encontramos nesta questão: “uns impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações (...) outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder (...) muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contato com o vício.”
Por que então a nossa desmedida preocupação com o destino dos outros? Por que tentamos forçar as coisas para que aconteçam? As almas estão vivenciando o útil e o necessário para o desenvolvimento de suas potencialidades naturais e divinas. Podemos orientar, amar, apoiar, ajudar, mas jamais achar que sabemos melhor como as coisas devem ser e como as criaturas devem se comportar.
No entanto, é importante não confundirmos preocupação com prudência ou cautela. A previdência e o planejamento, para que possamos atingir um futuro promissor, são desejos naturais dos homens de bom senso.
Na realidade, preocupação quer dizer aflição e imobilização do presente por causa de um suposto fato que poderá acontecer, ou ainda uma suspeita de que uma decisão poderá causar ruína ou perda.
A preocupação excessiva com fatos em geral e com o bem-estar das pessoas está alicerçada, em muitas ocasiões, em um mecanismo psicológico chamado “autodistração”.
Os preocupados têm dificuldade de concentração no momento presente e, por isso, fazem com que a consciência se desvie do foco da experiência para a periferia, isto é, vivem entorpecidos no hoje por quererem controlar, com seus pensamentos e com sua imaginação, os fatos do amanhã.
Esse desvio da atenção é uma busca deliberada de distração do indivíduo; é uma forma de impedir a si próprio de ver o que precisa perceber em seu mundo interior.
Quando dizemos que nos preocupamos com os outros, quase sempre estamos nos abstraindo:
— das atitudes que não temos coragem de tomar;
— das responsabilidades que não queremos assumir;
— das carências afetivas que negamos a nós mesmos;
— dos atos incoerentes que praticamos e não admitimos;
— dos bloqueios mentais que possuímos e não aceitamos.
Deslocamos todos os nossos esforços, atenção e potencialidades para socorrer, proteger, salvar, convencer e aconselhar nossos “companheiros de viagem”, olvidando muitas vezes, propositadamente ou não, nossa primeira e mais importante tarefa na Terra: a nossa transformação interior.
É incontestável que a preocupação jamais nos preservará das angústias do amanhã, apenas colocará obstáculos às nossas realizações do presente.
Não devemos nem podemos forçar mudanças de atitudes nas pessoas. Em realidade, só podemos modificar a nós mesmos. Nosso livre-arbítrio nos confere possibilidades de uso particular com o fim específico de retificarmo-nos, porém não nos dá o direito de querer modificar os outros.
Acreditamos, ainda assim, que temos o poder de exigir que os outros pensem como nós e que podemos interferir nas manifestações dos adultos que nos cercam. Por mais queridos que nos sejam, não nos é lícito dissuadi-los de suas decisões e posturas de vida.
Cada um se expressa perante a existência como pode. Assim, suas criações, desejos, metas e objetivos são coerentes com seu grau evolutivo. Qualquer tipo de coação em um modo de ser é profundo desrespeito.
Confiemos na Paternidade Universal que rege a todos, visto que preocupação, em síntese, é desconfiança nas Leis da Vida. Não nos compete determinar ou dirigir as decisões alheias, nem mesmo temos o direito de convencer ninguém ou censurar as opções de vida de quem quer que seja.
Por que condenar os atos e as atitudes de alguém que o próprio “Criador do Universo” deixou livre para decidir? Por que sofrer ou preocupar-se com isso?
(1) Questão 264 – Que é o que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer?
“Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder; muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar; pelas paixões inferiores que uma e outros desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contato com o vício.”
As dores da alma - Hammed
Sexta-feira, 26 de Março de 2010
Qual era o culto dos cristãos na Igreja Primitiva? Que responda o apóstolo Paulo, na l Epístola aos Coríntios. Nas suas instruções para a celebração da ceia, (XI: 17-34), Paulo nos mostra que esta era simbólica e memorial. Não se tratava propriamente de uma ceia, mas de uma cerimônia religiosa, e os participantes já deviam ter tomado em casa o seu alimento, para não perturbarem a reunião. Comia-se o pão e bebia-se o vinho. Um pequeno pedaço de pão e uma pequena taça de vinho, em memória do Senhor. Veja-se a advertência do vers. 34: "Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo".
A cerimônia simbólica de pão e de vinho não era privativa dos cristãos. Os próprios cananitas a usavam, a ceia maçônica primitiva se constituía dela, e as religiões idólatras a praticavam para os pagãos; o pão representava a deusa Ceres e o vinho o deus Dionísio.
Para os cristãos, o pão representava a matéria e o vinho o espírito. A união do espírito com a matéria produzia a "comunhão", que tanto pode ser a encarnação do espírito quanto a incorporação, o nascimento do ser humano ou a união de espírito como o profeta para a transmissão da comunicação mediúnica.
Os profetas eram chamados "pneumáticos", na expressão grega do texto, que quer dizer: cheios de espírito. Havia dois tipos de espíritos: os de Deus, que eram bons, e os do Mundo, que eram maus. A respeito das comunicações, Paulo é incisivo:
"A manifestação do espírito é concedida a cada um, visando a um fim proveitoso".
Reunidos os pneumáticos à mesa, em ordem, não se devia permitir o tumulto. Paulo avisa:
"Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem". Do Cap. XI ao XIV, Paulo ensina como se fazia a reunião "pneumática" da Igreja Primitiva, e essas regras são as mesmas das sessões mediúnicas de hoje.
O dogmatismo desfigurou a pureza do texto, através de interpretações errôneas ou capciosas. Mas, apesar disso, o texto conserva o sentido verdadeiro, mesmo nas traduções atualizadas. As citações acima são da tradução de Almeida, na recente edição da Sociedade Bíblica do Brasil, na qual foi introduzida a palavra "médium". O estudo das expressões de Paulo nessa epístola, à luz dos estudos históricos e em confronto com todo o contexto escriturístico, mostra que os apóstolos e os cristãos primitivos faziam sessões espíritas. E mostra mais: que nessas sessões, como nas atuais, manifestavam-se espíritos bons e maus; aqueles, dando instruções e estes, necessitando de orientação espiritual. Para esconder sua verdade, foram necessárias as "pesadas e estreitas cadeias" de que fala o rev. Haraldur Nielsson em seu livro O Espiritismo e a Igreja.
Visão Espírita da Bíblia J. Herculano Pires
MÚSICA: enya
HOJE ESTOU: espirita