Nos dias 7 a 9 de maio, Varsóvia sedia reunião da Coordenadoria da Europa do Conselho Espírita Internacional. Na oportunidade tambem ocorre seminário do CEI com participação de Divaldo Pereira Franco. A EDICEI lançará livros em vários idiomas. Em seguida ao evento, o secretário-geral do CEI, Nestor Joao Masotti e o diretor Antonio Cesar Perri de Carvalho atenderão compromissos doutrinários, respectivamente, na França e Portugal, e, em Londres.
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Jejum. —Pano novo. — Odres velhos. — Vinho novo. — Vinho velho
MATEUS: V. 14. Então, vieram ter com ele os discípulos de João e lhe perguntaram: Porque os fariseus e nós jejuamos frequentemente e os teus discípulos não jejuam? — 15. Jesus lhes respondeu: Podem acaso chorar os filhos do esposo quando o esposo está com eles? Dia, porém, virá em que o esposo lhes será tirado; eles então jejuarão. — 16. Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, por isso que aquele esgarçaria uma parte da roupa e lhe aumentaria o rasgão; — 17, e não se deita vinho novo em odres velhos, porque os odres se quebram, o vinho se derrama e os odres ficam perdidos; ao passo que, deitando-se vinho novo em odres novos, um e outros se conservam.
MARCOS: V. 18. Alguns discípulos de João e alguns fariseus que costumavam jejuar vieram e perguntaram a Jesus: Porque os discípulos de João e os fariseus jejuam e os teus discípulos não jejuam? — 19. Jesus lhes respondeu: Os filhos das núpcias podem acaso jejuar enquanto o esposo está com eles? Não podem jejuar, enquanto têm consigo o esposo. — 20. Mas, dia virá em que o esposo lhes será tirado; eles então jejuarão. — 21. Ninguém cose um remendo de pano novo em roupa velha, porquanto aquele arrancaria uma parte desta e tornaria maior o rasgão. — 22. Ninguém põe vinho novo em odres velhos, porquanto o vinho quebraria os odres, se derramaria e os odres ficariam perdidos; vinho novo em odres novos deve ser posto.
LUCAS: V. 33. Então, disseram-lhe: Porque é que os discípulos de João, assim como os fariseus jejuam frequentemente e fazem orações, enquanto que os teus comem e bebem? — 34. Jesus lhes disse: Podeis obrigar os filhos do esposo a jejuar, enquanto o esposo está com eles? — 35. Dias virão em que o esposo lhes será tirado; eles então jejuarão. — 36. Fez-lhes também esta comparação: Ninguém prega remendo de pano novo em roupa velha, porque o novo rompe o velho e assim o pedaço de pano novo não convém à roupa velha. -37. Do mesmo modo, ninguém deita vinho novo em odres velhos, porque, se fizer isso, o vinho novo rebentará os odres, se derramará e os odres ficarão perdidos. — 38. O vinho novo deve ser posto em odres novos, porque assim tudo se conservará. — 39. E não há quem, bebendo vinho velho, prefira o novo, pois que diz: o velho é melhor.
Todas as explicações que aqui cabem, para a compreensão do fim que Jesus objetivava com o ensinamento que deu de modo velado, entendem com o futuro espírita.
Os homens eram a roupa velha que, remendada impensadamente, teria sido destruída. Eram os odres velhos, impróprios para recipientes de um licor ativo que, fermentando, os despedaçaria.
Vós, espíritas, sois os odres novos nos quais o vinho novo é despejado abundantemente. Guardai-o como preciosidade e ele dará em vós bom produto; envelhecerá nos odres, melhorará e restituirá a força, a saúde e a vida aos que vierem bebê-lo.
O termo — "esposo" — pelo qual o Mestre se designava a si próprio, era tomado às idéias, às tradições e aos costumes hebraicos, pela consideração dispensada aos Hebreus que se casavam. Ora, sendo o chefe desta doutrina, que vos tem amparado apesar de todos os vossos desvios, Jesus era considerado como o mancebo puro que depõe a coroa nupcial, a fim de assumir o governo da família que constituiu para si.
Os filhos, os amigos do esposo são expressões sinônimas pela significação, indicando os que mais ligados e mais caros eram ao esposo.
Procurai compreender bem, segundo o espírito que vivifica e não segundo a letra que, agora, mata, procurai compreender, em espírito e em verdade, estas palavras que Jesus dirigiu aos discípulos de João e aos fariseus:
"Podem os filhos, os amigos do esposo jejuar, enquanto com eles está o esposo? Não podem jejuar, enquanto o esposo está com eles. Mas, dias virão em que o esposo lhes será tirado. Eles então jejuarão."
A presença de Jesus entre os discípulos os mantinha na senda que deviam trilhar. Não precisavam, pois, submeter-se a privações expiatórias. Mas, o futuro se distendia aos olhos do Mestre e ele antevia os abusos, os transviamentos que não tardariam a perverter a sua igreja, os seus filhos, isto é, à humanidade e os que tomariam a si a continuação da obra dos apóstolos e dos primeiros cristãos.
Antevia, portanto, necessária a expiação como meio de reparação. E o jejum material era, entre os Hebreus, o emblema da expiação.
O jejum de que Jesus falava e que os homens teriam de praticar nos tempos que se seguiriam ao desempenho da sua missão terrena não era o jejum material que os discípulos de João e os fariseus praticavam. Não; Jesus aludia às expiações a que os homens teriam de submeter-se, para reparar suas faltas; aludia ao jejum moral. O jejum material constituía entre os Hebreus um ato expiatório, destinado a reparar os erros leves da vida. Teve sua razão de ser (como daqui a pouco explicaremos), numa época em que só as leis materiais podiam dominar a matéria.
Consiste o jejum moral no remorso das faltas graves que cometeis todos os dias para com Deus, transgredindo suas leis, deixando de praticar o amor e a caridade, entregando-vos ao orgulho, ao egoísmo, à inveja, vícios que muitas vezes não chegais mesmo a lobrigar no fundo de vossos corações, tão grande é a vossa cegueira, tanta a confiança que cada um de vós deposita em si próprio. Ah! jejuai, mortificando vossas almas para que se purifiquem. Bom é o jejum, mas o jejum moral. Ele é útil à alma culpada, pois que a expurga das impurezas.
Esse jejum, único que o Senhor exige, consiste em a criatura não se submeter nunca aos seus maus instintos, por mais agradável que isso lhe seja, em infligir voluntariamente a si mesma humilhações; quando tenham por fim o adiantamento de seus irmãos, ou constituam para eles um exemplo; em não se entregar a ato algum de culposa leviandade; em não se dar a excessos de qualquer natureza.
Não julgueis seja muito penoso para o homem viver tranqüilamente diante de Deus. Basta-lhe estar com a sua consciência em paz e satisfeita, para ter a força e a saúde do corpo.
De onde provém, senão dos excessos de toda ordem a que sujeitais vossos corpos, a degeneração das raças humanas? Que é o que produz o apoucamento das vossas inteligências, senão o arrojo desavergonhado das vossas idéias, senão o desejo imoderado de saber prematuramente mais do que lhe deva ser dado?
Formais uma sociedade — vivei em sociedade. Sede bons, amorosos e, assim, dignos de ser amados. Não procureis o luxo material que enerva, nem adquirir inconsideradamente a ciência que desvaira.
Jesus não pretendeu impor e não impôs a obrigação do jejum material, disse-o ele próprio.
"O que mancha o homem não é o que lhe entra no corpo, porquanto isto não lhe vai ao coração, mas aos intestinos e daí ao lugar secreto. O que mancha o homem é o que lhe sai do coração; são os maus pensamentos, as más palavras, as ações más, os vícios que degradam a Humanidade, as infrações da lei de Deus consignada no Decálogo e nestas palavras que encerram toda a lei e os profetas: — amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo."
Os mandamentos humanos relativos ao jejum material, prescrevendo a privação de alimentos ou só permitindo, em determinadas épocas e em determinados dias, certas espécies de alimentos, foram e são inúteis para o homem de inteligência e de coração. Jamais o Senhor lhe impõe a obediência a tais mandamentos. Entretanto, tiveram sua razão de ser. A observância desses preceitos, por mais ridículos que sejam em si mesmos, foi um freio posto aos excessos da gula e da luxúria, numa época em que somente as leis materiais podiam dominar a matéria. Sujeitando o corpo a um regime rigoroso, diminuíam-se-lhe as forças animais e continham-se assim muitos abusos.
Mantendo as prescrições materiais do jejum e da abstinência, a Igreja romana se conservou contemporânea dos escribas e dos fariseus. Sim, ela impõe um fardo pesado, que já não é necessário. Não quis caminhar com a Humanidade e hoje se acha distanciada desta. Mas, tudo voltará aos seus eixos, porque Deus o quer e suas vontades são imutáveis.
Os v. 16 e 17 de Mateus, 21 e 23 de Marcos, 36 a 39 de Lucas encerram, como dissemos ao começar estas explicações, alegorias espíritas. Aos homens daquele tempo e às gerações que se seguiram até aos vossos dias, precursores da era nova, se referia Jesus, quando falava da roupa já velha à qual não convinha pôr um remendo de pano novo; quando falava dos odres velhos dos quais o vinho novo, rebentando-os, se escaparia, ficando um e outros perdidos. Quer isso dizer que aqueles homens eram incapazes de receber, aceitar e conservar a nova revelação que, assim, ficava reservada para os tempos vindouros, para quando chegasse o momento de cumprir-se esta sentença: "a letra mata e o espírito vivifica"; para quando os séculos e a reencarnação, que é meio de expiação, de reparação e de progresso, houvessem preparado as inteligências e os corações de maneira a fazer deles odres novos capazes de conservarem o vinho novo.
Materiais, ignorantes, obstinados nos seus preconceitos e tradições, os homens daquela época teriam sido esmagados pelo peso de um fardo para eles onerosíssimo, tê-lo-iam alijado dos ombros, ou teriam cegado pelo brilho de tão viva luz. Convinha-lhes primeiramente a linguagem da parábola, o regime da letra, sujeita a interpretações humanas e materiais, a fim de que os necessários esforços e as constantes lutas do pensamento preparassem o advento do espírito.
"O vinho novo deve ser posto em odres novos, porque assim tudo se conserva."
Constituem o vinho novo os ensinos dos Espíritos do Senhor, que vêm dispor as coisas de modo a que tenham fim o mundo moral do erro e da mentira, a vossa fraqueza e a vossa ignorância; que vos vêm explicar, tornar compreensível e desdobrar, em espírito e em verdade, a lei simples e sublime de Jesus, tirando da letra o espírito, escoimando-a das falsas interpretações que lhe deram e que a alteraram ou desnaturaram, impedindo-a de produzir seus frutos.
Os odres novos são os verdadeiros espíritas que recebem e praticam esses ensinamentos; são os Espíritos que, purificados e esclarecidos pelo Espiritismo, farão rebentar o velho odre, incapaz de resistir à fermentação das idéias novas.
O odre velho existe em vossos dias. São aqueles que, cegos e interesseiros, bebendo em fontes impuras ou falsificadas, procuraram, procuram e ainda procurarão entravar a obra da regeneração humana, a formação da Igreja do Cristo, cujo templo é o vosso planeta e à qual todos os homens se tornarão fiéis (Judeus e Gentios) pela prática da lei do amor e da caridade.
A igreja que os homens fizeram tem que ser transformada, vós o sabeis. Preparai, pois, espíritas, os materiais que hão de servir para a reedificação, a fim de que os obreiros do Senhor encontrem talhadas as pedras, quando for tempo de levantar o edifício.
O vinho novo e o odre novo se conservarão pela nova fé, nova no sentido de que avançará por estrada muito diversa da que segue a igreja que tendes.
"Não há quem, bebendo vinho velho, prefira o novo, pois que logo dirá: o velho é melhor."
Compreendei bem o sentido alegórico destas palavras de Jesus, que, veladamente, se referia à era nova que começa.
O vinho velho que deve ser preferido é o que já se despojou de todos os corpos estranhos, é aquele cuja fermentação o livrou de todas as impurezas, é aquele que, posto em odres novos, nestes envelheceu.
Quando, pois, vós outros da nova geração houverdes deixado fermentar nos vossos corações os desdobramentos, que trazemos, da doutrina de Jesus, podereis dar a vossos irmãos, para que o saboreiem, o vinho velho, que será preferido ao novo.
Se sois odres novos, recebei o vinho novo tal como em vós o despejam os Espíritos do Senhor. Não deixeis que se altere, vicie, corrompa, obstando à fermentação que vos purificará as almas de suas leveduras. Toda doutrina não conforme à lei de amor e de caridade que o Cristo pregou e ainda manda pregar; os erros em que se esforçam por vos mergulhar os cegos ou interesseiros, erros que são vinho novo adulterado, falsificado, a fermentar nalguns cérebros, enlouquecendo-os — eis o que impediria o vinho novo de envelhecer, ou o alteraria, viciaria e corromperia em vós, arrastando-vos a atos de demência.
Dai o exemplo a vossos irmãos pela prática dos ensinos dos Espíritos do Senhor e da lei de Jesus que eles vos explicam em toda a verdade.
Solidários e ligados pelos laços da caridade e do amor recíproco, preparai o advento da fraternidade universal. Então, emocionados e atraídos por esse exemplo, vossos irmãos dirão: o velho é melhor.
Sim, porquanto o velho será realmente velho, embora muitos o considerem novo. O que vos pregamos hoje não é a mesma lei que Jesus vos deu a conhecer? Que é o que intentamos senão fazer-vos voltar atrás em busca desse vinho que, há mil e oitocentos anos, espera que os homens o saboreiem?
Ele é novo no sentido de que está hoje apropriado, pela nova revelação, aos vasos que o devem conter.
Ovelha desgarrada. — Dracma perdida
MATEUS: V. 12. Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas e uma delas se desgarra, ele não deixa as outras noventa e nove nos montes para ir procurar a que se desgarrou? — 13. E se acontece que a encontre, em verdade vos digo que essa ovelha lhe dará mais alegria que as outras noventa e nove que não se extraviaram. — 14. Assim, não é da vontade de meu pai que está nos céus que pereça um só que seja destes pequeninos.
LUCAS: V. 1. Os publicanos e os pecadores se aproximaram de Jesus para ouvi-lo. — 2. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este homem recebe os pecadores e come com eles. — 3. Jesus então lhes propôs esta parábola: — 4. Qual dentre vós aquele que, tendo cem ovelhas e perdendo uma, não deixará as outras noventa e nove no deserto, para ir procurar a que se perdeu até achá-la? — 5. E que, encontrando-a, não a carregará nos ombros cheio de alegria? — 6. Esse tal, voltando a casa reúne seus amigos e vizinhos e lhes diz: Congratulai-vos comigo, pois achei a minha ovelha que se perdera. — 7. Eu vos digo que, igualmente, mais alegria haverá no céu por ter um pecador feito penitência do que por causa de noventa e nove justos que não precisam fazer penitência. — 8. Ou, qual a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma, não acende a sua candeia, não varre a casa e não procura com cuidado a moeda até a encontrar? — 9. Uma vez que a encontre, ela reúne suas amigas e vizinhas e lhes diz: Regozijai-vos comigo, pois encontrei a dracma que havia perdido. — 10. Do mesmo modo, haverá, eu vos digo, grande júbilo entre os anjos de Deus por um pecador que faça penitência.
O pensamento que ditou a parábola da ovelha desgarrada é o mesmo do da dracma perdida. Visam o mesmo fim os ensinamentos que resultam de ambas. Somente a da dracma perdida objetivava especialmente os pobres a quem Jesus falava.
Ele viera em socorro dos que fraquejavam, ou que, apavorados com os obstáculos do caminho, retrogradavam. O pai de família cuida com ternura do filho doente e o coração se lhe alvorota de ventura quando o vê restabelecido.
Foi o que fez o filho bem-amado do pai, durante a sua missão terrena. Era o que fazia antes que descesse a desempenhar essa missão, desde que o homem surgiu no vosso planeta, a cuja formação ele presidiu e do qual é o protetor, o governador, o senhor. É o que continuou a fazer depois do desempenho daquela missão e faz ainda agora, por intermédio dos Espíritos do Senhor, dos enviados do pai, dos missionários, encarnados e errantes, que, sob a sua direção, sempre trabalharam e trabalham pelo progresso da humanidade terrena.
Todos os seus cuidados, todo o seu amor se hão concentrado e concentram nas suas "ovelhas". Mas, sobre as que sofrem, sobre as que um mau "pastor" deixou se perdessem, é que mais ativamente se exerce a sua vigilância. Ele as procura, fala para que lhe elas escutem a voz e grande é a sua alegria quando a sua voz amorosa consegue ecoar no coração daquele que se "perdera". Oh! então, o bom pastor corre para a ovelha que respondeu ao seu chamamento e, tomando-a nos braços, a reconduz ao aprisco, para que não mais se aparte do "rebanho".
Compreendei bem o sentido e o alcance destas palavras de Jesus:
"Eu vos digo que igualmente mais alegria haverá no céu por ter um pecador feito penitência, do que por causa de noventa e nove justos que não precisam fazer penitência. — Do mesmo modo haverá, eu vos digo, grande alegria entre os anjos de Deus, por um pecador que faça penitência." Jesus, aludindo à alegria de encontrar a ovelha desgarrada, não procura desviar do bom caminho os "justos". Entendei por "justos", não os que jamais fraquearam, porquanto não há, encarnadas no vosso planeta, criaturas que nunca tenham cometido faltas, mas os que deixaram de fraquear, ou, melhor, os que fazem esforços sérios, constantes e porfiados por não mais fraquejarem.
Muitos há que, não compreendendo o sentido e o alcance dessas palavras do Mestre, lhes imputam o defeito de concorrerem para destruir o amor do bem naqueles que se esforçam por manter-se na senda do bem, com o lhes apresentarem o culpado que se arrepende como mais precioso do que o justo.
Não, elas exprimem tão-somente o carinho de Deus para com todas as criaturas, carinho que lhe faz experimentar frêmitos de alegria sempre que volta ao redil uma ovelha desgarrada.
Estas últimas palavras "carinho que lhe faz experimentar frêmitos de alegria, etc." — são simbólicas. O Senhor, pela sua infalível previdência, sabe sempre que todos vós voltareis ao seu seio, assim como sabe quando voltareis. Conseguintemente, aquela alegria, aqueles frêmitos de alegria devem antes ser atribuídos aos Espíritos encarregados de vos reunir. Vós, que tendes tido algum de vossos filhos gravemente enfermo, não experimentastes, quando o vistes curado, transportes de ventura e de reconhecimento a Deus, transportes a que jamais os outros filhos deram lugar? E todavia não consagrais àquele mais amor do que a seus irmãos.
Dado que ele venha a crescer denotando tendências más, enquanto que os irmãos se conservam no bom caminho, não concentrareis todos os vossos esforços, toda a vossa solicitude nesse filho que poderia transviar-se, perder-se, segundo a maneira de ver do mundo? E, se os vossos esforços forem coroados de êxito, dizei-nos : não experimentareis grande alegria? Contudo, não lhe consagrais mais amor do que aos outros. É que as dificuldades vencidas, as vitórias alcançadas aumentam o valor da obra realizada.
Os que dizem que aquelas palavras de Jesus concorrem para destruir o amor do bem nos que se esforçam por manter-se na senda do bem, com o lhes apresentarem o culpado que se arrepende como mais precioso do que o justo, esses não compreendem nem o sentido, nem o alcance de tais palavras.
Não, cada um obtém sempre de conformidade com as suas obras. Mas, a nós, Espíritos encarregados de vos reunir, Espíritos aos quais Jesus dava a designação de "anjos de Deus", a nós que velamos sobre vós, como sobre as ovelhas vela o pastor, que fazemos os maiores esforços por vos arrebanhar sob as vistas do Mestre, a nós nos é permitido o júbilo quando encontramos uma ovelha que se perdera e que conduzimos ao aprisco.
Jesus disse e nós o repetimos: Não é da vontade de meu pai que está nos céus que qualquer destes pequeninos pereça. Nenhuma criatura do Senhor permanecerá afastada dele. Todas, mais cedo ou mais tarde, virão reunir-se a seus pés. Diante de vós se desdobra a eternidade. Trabalhai por conquistar o lugar que vos está reservado na vida eterna. Quanto mais depressa o obtiverdes, tanto mais rapidamente entrareis nessa existência de felicidade, onde tudo é atividade, caridade, amor, ciência e progresso.
Se os "príncipes da Igreja" houvessem querido compreender as palavras de Jesus, não teriam insistido na "eternidade das penas" nem na "queda dos anjos", queda que lhes serviu de base para o dogma da condenação eterna. É um duplo erro, nascido da letra que mata e condenado pelo espírito que vivifica. É um duplo erro que o progresso das inteligências e a consciência moderna já condenaram como uma monstruosidade, uma falsidade, em face da onipotência, da justiça, da bondade e da misericórdia infinita de Deus; de Deus, o supremo ser, o criador do universo, o soberano Senhor, pai de todos e de tudo o que existe; de Deus, cujo amor universal, infinito, abrange todas as suas criaturas ; de Deus, que olha com paternal afeto tanto para o Cão, como para o rei da terra. É um duplo erro que a nova revelação vem condenar, em nome de Jesus, por intermédio dos Espíritos do Senhor, órgãos do Espírito da Verdade.
N. 206. Dizem alguns: Na parábola da ovelha perdida e encontrada, na alegria do pastor que acha de novo a ovelha que ele tomara sob sua guarda e à qual ama, alguma coisa há de comovente; ao passo que a alegria da mulher, que encontra novamente a dracma que havia perdido, é um sentimento todo material, que pouco interesse inspira. Com o primeiro assunto se comporia um quadro encantador, o que não se conseguiria com o segundo.
Os que assim se expressam não compreendem o pensamento de Jesus, nem o fim que ele colimava. Deveriam refletir e procurar compreender, antes de criticar a palavra do Mestre.
Jesus, como já dissemos, falava aos pobres, não o esqueçais. O pensamento principal, dominante, na parábola da dracma perdida, corresponde ao sentimento que domina a classe pobre, para a qual a mais insignificante quantia tem uma grande importância, pelas dificuldades que aos dessa classe se deparam para obtê-la, sendo-lhes preciso ganhá-la penosamente. O sentimento material que, naquela parábola, é apenas o seu instrumento, tem grande interesse, porquanto ele visa tornar compreensível à classe pobre que tudo que estiver perdido, do ponto de vista espiritual, deve ser procurado com ardor igual ao que a anima a procurar uma moeda de pequeno valor e deve causar, quando encontrado, alegria igual à que produz o achar-se a moeda que se perdera.
Assim, o arrependimento por haver desprezado as virtudes e, conseqüentemente, por haver cultivado os vícios, que as substituíram, constitui para o homem o meio e o caminho pelos quais "tornará a encontrar" o que perdeu. Esse arrependimento fará ainda com que ele se sirva do que havia perdido e que de novo encontrou para alimentar sua alma, a fim de que progrida moral e intelectualmente.
Oh! então, para nós, Espíritos do Senhor, "anjos de Deus", na frase do Mestre, grande será a alegria! Quanto temos procurado a dracma perdida! quanto somos felizes por a termos encontrado e podermos dizer aos homens: Filhos, que tanto amamos, ainda temos nas mãos a fonte do alimento que sustenta, não o corpo perecível, mas a alma imortal, temos com que vos alimentar, fortificar, engrandecer, até que estejais bastante fortes para chegardes a Deus.
Falam de quadros e não podem admitir a alegria da mulher que torna a encontrar a parte, que havia perdido, de seus haveres! Olhai a pobre mãe cercada de míseros filhinhos e cujo marido vai regressar do trabalho exausto de fadiga. Como lhe há de ela dizer que uma das dez dracmas, tão penosamente ganhas, esperança e meio de sustento da família, se perdeu? Impossível. A mãe valorosa não se deixa abater pelo desânimo. Procura, procura por fim acha a dracma perdida, instrumento do bem-estar de seu marido e de seus filhinhos. Que alegria poderá ser maior do que a sua? Pois não tem ela de novo com que dar ao marido e aos filhos, durante todos aqueles dias para os quais a moeda ganha assegurará a alimentação, o pão que os sustentará e fortificará?
Homens, olhem para vosso mundo. O que estão fazendo deste planeta senão um celeiro de iniquidades onde a maldade, a dor e o sofrimento campeiam por todos os lados? Não percebeis que estais apenas erguendo muralhas ao teu derredor, onde vossos espíritos se agitarão em agonia no futuro?
Onde o amor a Deus?! Na moeda e nas riquezas que a exploração de seu nome pode proporcionar? Pobres criaturas que perambulam pelas avenidas da vida sem rumo certo, envolvidos pelas sombras da insensatez.
Vossas mentes se transtornaram pela luxúria, pelo prazer desvairado e alucinado, pelas facilidades e imediatismos que homens mundanos e espíritos inferiores nutriram em vossas almas.
A cada um segundo suas obras e eis que a miséria, a fome, o crime, vos assaltam os lares, construídos tantas vezes sob alicerces frágeis de ilusões e fantasias.
Julgais então que o que vês é tudo? Oh não, a colheita está apenas começando. Todo o mal que plantaste durante décadas está agora sendo colhido por vós mesmos. São os frutos apodrecidos da má semeadura.
Vossa juventude se perdeu, escravizou-se junto ás drogas, vossas crianças crescem desorientadas, carentes de exemplos edificantes. Vossos idosos jazem nas cátedras do esquecimento acreditando-se realmente inúteis para a sociedade devido aos vossos pensamentos hipnotizantes, mesquinhos e egoístas.
Até quando a venda cobrirá vossos olhos? Acreditais então que permanecendo com ela Deus vos julgará inocente e vos isentará das consequências de Ter permanecido tanto tempo na escuridão quando a luz do Evangelho te alcançava as vistas e convidava-te a viver sob as claridades do Teu amor? Não podeis mais fingir-vos crianças inocentes e ingênuas. Sereis inevitavelmente descobertos e desmascarados, acreditem nisso.
Ninguém está isento de sofrer pela própria rebeldia. Somente os mais incautos depositam confiança neste tipo de pensamento e mesmo para esses chegará o momento propício do despertar, através das sacudidas da dor. Invigilância é sinônimo de possíveis perdas e sofrimentos. Atentem mais do que nunca para a advertência do Cristo que lhes solicitou orar e vigiar para que não venham a sucumbir no minuto seguinte.
As vozes dos seres que atravessaram os portais da morte vêm falar-vos aos corações e preveni-los.
Os campos estão repletos de ervas daninhas e a foice da justiça divina já está preparada para lança-las ao fogo.
Que vejam os que tiveram olhos de ver e ouçam os que tiverem ouvidos de ouvir.
Espírito Luís. 1864
Várias vezes já nos perguntaram por que não respondemos, em nosso jornal, aos ataques de certas folhas, dirigidos contra o Espiritismo em geral, contra seus partidários e, por vezes, contra nós. Acreditamos que o silêncio, em certos casos, é a melhor resposta. Aliás, há um gênero de polêmica do qual tomamos por norma nos abstermos: é aquela que pode degenerar em personalismo; não somente ela nos repugna, como nos tomaria um tempo que podemos empregar mais utilmente, o que seria muito pouco interessante para os nossos leitores, que assinam a revista para se instruírem, e não para ouvirem diatribes mais ou menos espirituosas.
Ora, uma vez engajado nesse caminho, difícil seria dele sair, razão por que preferimos nele não entrar, com o que o Espiritismo só tem a ganhar em dignidade. Até agora só temos que aplaudir a nossa moderação, da qual não nos desviaremos, e jamais daremos satisfação aos amantes do escândalo.
Entretanto, há polêmica e polêmica; uma há, diante da qual jamais recuaremos: é a discussão séria dos princípios que professamos. Todavia, mesmo aqui há uma importante distinção a fazer; se se trata apenas de ataques gerais, dirigidos contra a Doutrina,sem um fim determinado, além do de criticar, e se partem de pessoas que rejeitam de antemão tudo quanto não compreendem, não merecem maior atenção; o terreno ganho diariamente pelo Espiritismo é uma resposta suficientemente peremptória e que lhes deve provar que seus sarcasmos não têm produzido grande efeito; também notamos que os gracejos intermináveis de que até pouco tempo eram vítimas os partidários da doutrina pouco a pouco se extinguem. Perguntamos se há motivos para rir quando vemos as idéias novas adotadas por tantas pessoas eminentes; alguns não riem senão com desprezo e pela força do hábito, enquanto muitos outros absolutamente não riem mais e esperam.
Notemos ainda que, entre os críticos, há muitas pessoas que falam sem conhecimento de causa, sem se darem ao trabalho de a aprofundar. Para lhes responder seria necessário recomeçar incessantemente as mais elementares explicações e repetir aquilo que já escrevemos, providência que julgamos inútil. Já o mesmo não acontece com os que estudaram e nem tudo compreenderam, com os que querem seriamente esclarecer-se e com os que levantam objeções de boa-fé e com conhecimento de causa; nesse terreno aceitamos a controvérsia, sem nos gabarmos de resolver todas as dificuldades, o que seria muita presunção de nossa parte. A ciência espírita dá os seus primeiros passos e ainda não nos revelou todos os seus segredos, por maiores sejam as maravilhas que nos tenha desvendado. Qual a ciência que não tem ainda fatos misteriosos e inexplicados? Confessamos, pois, sem nos envergonharmos, nossa insuficiência sobre todos os pontos que ainda não nos é possível explicar. Assim, longe de repelir as objeções e os questionamentos, nós os solicitamos, contanto que não sejam ociosos, nem nos façam perder o tempo com futilidade, pois que representam um meio de nos esclarecermos.
É a isso que chamamos polêmica útil, e o será sempre quando ocorrer entre pessoas sérias que se respeitam bastante para não se afastarem das conveniências. Podemos pensar de modo diverso sem, por isso, deixar de nos estimarmos. Afinal de contas, o que buscamos todos nessa tão palpitante e fecunda questão do Espiritismo? O nosso esclarecimento. Antes de mais, buscamos a luz, venha de onde vier; e, se externamos a nossa maneira de ver, trata-se apenas da nossa maneira de ver, e não de uma opinião pessoal que pretendamos impor aos outros; entregamo-la à discussão, estando prontos para a ela renunciar se demonstrarem que laboramos em erro. Essa polêmica nós a sustentamos todos os dias em nossa Revista, através das respostas ou das refutações coletivas que tivemos ocasião de apresentar, a propósito desse ou daquele artigo, e aqueles que nos honram com as suas cartas encontrarão sempre a resposta ao que nos perguntam, quando não a podemos dar individualmente por escrito, uma vez que nosso tempo material nem sempre o permite. Suas perguntas e objeções igualmente são objeto de estudos, de que nos servimos pessoalmente, sentindo-nos felizes por fazer com que nossos leitores os aproveitem, tratando-os à medida que as circunstâncias apresentam os fatos que possam ter relação com eles. Também sentimos prazer em dar explicações verbais às pessoas que nos honram com a sua visita e nas conferências assinaladas por recíproca benevolência, nas quais nos esclarecemos mutuamente.
REVISTA ESPÍRITA Novembro de 1858, pags. 443 a 445
Livro “A Gênese” Cap. XI
O princípio da reencarnação é uma conseqüência necessária da lei de progresso. Sem a reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam há mil anos; acrescentemos que nenhuma conexão haveria entre elas, nenhuma relação necessária; seriam de todo estranhas umas às outras. Por que, então, as de hoje haviam de ser melhor dotadas por Deus, do que as que as precederam? Por que têm aquelas melhor compreensão? Por que possuem instintos mais apurados, costumes mais brandos? Por que têm a intuição de certas coisas, sem as haverem aprendido? Duvidamos de que alguém saia desses dilemas, a menos admita que Deus cria almas de diversas qualidades, de acordo com os tempos e lugares, proposição inconciliável com a idéia de uma justiça soberana. (Cap. II, n.º 10.)
Admiti, ao contrário, que as almas de agora já viveram em tempos distantes; que possivelmente foram bárbaras como os séculos em que estiveram no mundo, mas que progrediram; que para cada nova existência trazem o que adquiriram nas existências precedentes; que, por conseguinte, as dos tempos civilizados não são almas criadas mais perfeitas, porém que se aperfeiçoaram por si mesmas com o tempo, e tereis a única explicação plausível da causa do progresso social. (O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, caps. IV e V.)
Pensam alguns que as diferentes existências da alma se efetuam, passando elas de mundo em mundo e não num mesmo orbe, onde cada Espírito viria uma única vez.
Seria admissível esta doutrina, se todos os habitantes da Terra estivessem no mesmo nível intelectual e moral. Eles então só poderiam progredir indo de um mundo a outro e nenhuma utilidade lhes adviria da encarnação na Terra. Desde que aí se notam a inteligência e a moralidade em todos os graus, desde a selvajaria que beira o animal até a mais adiantada civilização, é evidente que esse mundo constituí um vasto campo de progresso Por que haveria o selvagem de ir procurar alhures o grau de progresso logo acima do em que ele está, quando esse grau se lhe acha ao lado e assim sucessivamente? Por que não teria podido o homem adiantado fazer os seus primeiros estágios senão em mundos inferiores, quando ao seu derredor estão seres análogos aos desses mundos? quando, não só de povo a povo, mas no seio do mesmo povo e da mesma família, há diferentes graus de adiantamento? Se fosse assim, Deus houvera feito coisa inútil, colocando lado a lado a ignorância e o saber, a barbaria e a civilização, o bem e o mal, quando precisamente esse contacto é que faz que os retardatários avancem.
Não há, pois, necessidade de que os homens mudem de mundo a cada etapa de aperfeiçoamento, como não há de que o estudante mude de colégio para passar de uma classe a outra. Longe de ser isso vantagem para o progresso, ser-lhe-ia um entrave, porquanto o Espírito ficaria privado do exemplo que lhe oferece a observação do que ocorre nos graus mais elevados e da possibilidade de reparar seus erros no mesmo meio e em presença dos a quem ofendeu, possibilidade que é, para ele, o mais poderoso modo de realizar o seu progresso moral. Após curta coabitação, dispersando-se os Espíritos e tornando-se estranhos uns aos outros, romper-se-iam os laços de família, à falta de tempo para se consolidarem.
Ao inconveniente moral se juntaria um inconveniente material. A natureza dos elementos, as leis orgânicas, as condições de existência variam, de acordo com os mundos; sob esse aspecto, não há dois perfeitamente idênticos. Os tratados de Física, de Química, de Anatomia, de Medicina, de Botânica, etc., para nada serviriam nos outros mundos; entretanto, não fica perdido o que neles se aprende; não só isso desenvolve a inteligência, como também as idéias que se colhem de tais obras auxiliam a aquisição de outras. (Cap. VI, nos 61 e seguintes.) Se apenas uma única vez fizesse o Espírito a sua aparição, freqüentemente brevíssima, num mesmo mundo, em cada imigração ele se acharia em condições inteiramente diversas; operaria de cada vez sobre elementos novos, com força e segundo leis que desconheceria, antes de ter tido tempo de elaborar os elementos conhecidos, de os estudar, de os aplicar. Teria de fazer, de cada vez, um novo aprendizado e essas mudanças contínuas representariam um obstáculo ao progresso. O Espírito, portanto, tem que permanecer no mesmo mundo, até que haja adquirido a soma de conhecimentos e o grau de perfeição que esse mundo comporta.
Que os Espíritos deixem, por um mundo mais adiantado, aquele do qual nada mais podem auferir, é como deve ser e é. Tal o princípio. Se alguns há que antecipadamente deixam o mundo em que vinham encarnando, é isso devido a causas individuais que Deus pesa em sua sabedoria.
Tudo na criação tem uma finalidade, sem o que Deus não seria nem prudente, nem sábio. Ora, se a Terra se destinasse a ser uma única etapa do progresso para cada indivíduo, que utilidade haveria, para os Espíritos das crianças que morrem em tenra idade, vir passar aí alguns anos, alguns meses, algumas horas, durante os quais nada podem haurir dele? O mesmo ocorre se pondere com referência aos idiotas e aos cretinos. Uma teoria somente é boa sob a condição de resolver todas as questões a que diz respeito. A questão das mortes prematuras há sido uma pedra de tropeço para todas as doutrinas, exceto para a Doutrina Espírita, que a resolveu de maneira racional e completa.
Para o progresso daqueles que cumprem na Terra uma missão normal, há vantagem real em volverem ao mesmo meio para aí continuarem o que deixaram inacabado, muitas vezes na mesma família ou em contacto com as mesmas pessoas, a fim de repararem o mal que tenham feito, ou de sofrerem a pena de talião.
O delegado João Alberto Fiorini vem fazendo um trabalho exemplar de pesquisa científica na área da reencarnação, coletando casos e evidências em todo o país, e submetendo-as a análise criteriosa.
O delegado João Alberto Fiorini – cujo trabalho foi apresentado na edição anterior de Espiritismo & Ciência – continua desenvolvendo seu trabalho de pesquisa científica na área da reencarnação, levantando uma série de casos que, na pior das hipóteses, representam enigmas interessantes e que merecem maior atenção.
Já apresentamos a linha principal dessa pesquisa, e agora vamos observar mais de perto alguns dos casos com os quais o pesquisador entrou em contato.
Fiorini se envolveu numa série de investigações, a princípio tentando identificar impressões digitais de seres encarnados com as impressões daqueles que já desencarnaram. Ele está convicto de que será impossível encontrar duas impressões exatamente iguais, mas as possíveis semelhanças encontradas podem indicar um caminho interessante para a pesquisa.
Da mesma forma, outros sinais corpóreos – como marcas de nascença e outros traços marcantes – podem ser uma indicação segura para a pesquisa de reencarnação.
Nesse sentido, o delegado levantou alguns casos interessantes, nos últimos meses. Um desses casos ocorreu em Alagoas – os nomes dos envolvidos não serão citados – e envolve o senhor J., desencarnado em 1997, e seu neto, nascido em 1999. O pai da criança resolveu entrar em contato com Fiorini devido a um sonho que teve. No sonho, apareceu-lhe um velho amigo de seu pai, e ele aproveitou para lhe perguntar sobre seu genitor. A resposta foi que o senhor J. “estava se preparando para voltar”, ou seja, reencarnar. Nessa época, sua esposa sequer estava grávida.
Alguns dias depois, sua irmã também teve um sonho no qual uma voz lhe avisava que “o próximo a nascer na família será o senhor J.”. A criança nasceu na data referida, e apresentou alguns sinais interessantes que podem, de fato, indicar um caso de reencarnação.
Quando o senhor J. tinha cerca de 18 anos, sofreu um acidente com uma espingarda de chumbo para caça, que disparou em sua mão direita. Apesar dos chumbos terem sido retirados, um permaneceu na junta do polegar direito, provocando uma deformação, que ele sequer se incomodou em tentar corrigir.
Mais tarde, já em idade avançada, tentou uma cirurgia – sem sucesso – de modo que seu polegar ficou permanentemente curvado para a palma da mão. O que chamou a atenção de todos foi que, alguns meses após o nascimento da criança, ficou comprovado que ela apresentava a mesma característica que o avô no polegar direito, ou seja, este era levemente curvado para a palma da mão.
Outro detalhe também chamou a atenção de Fiorini ao investigar o caso. Antes do senhor J. falecer, ele teve um aneurisma cerebral, do lado parietal esquerdo do cérebro, o que paralisou todo o lado direito do corpo. Seu neto apresenta sinais de ser canhoto, o que levanta a possibilidade de que o aneurisma tenha influenciado o perispírito. Claro que isso não comprova um caso de reencarnação, mas é mais uma evidência que vem se somar às demais levantadas.
Digitais
Na linha das impressões digitais, João Alberto Fiorini também teve acesso a um caso no Ceará, envolvendo a senhora M.L., desencarnada em 1989, e sua possível reencarnação, o menino J.V., nascido em 1999. Nesse caso, as impressões digitais das duas pessoas foram colhidas e submetidas a exame datiloscópico.
A história chegou ao conhecimento de Fiorini por meio de um grupo espírita cearense, e teve início quando a jovem F.A., que vivia na companhia de uma família desde sua infância, ficou grávida. As pessoas da família ficaram surpresas, entendendo que aquele ser não estava para vir ao mundo por acaso, mas por determinação espiritual.
O passo seguinte, portanto, foi ter acesso aos irmãos instrutores espirituais e solicitar informações a respeito da situação. A resposta deles foi que se tratava, na verdade, da reencarnação da citada senhora M.L., também relacionada à família, e que havia desencarnado há poucos anos. Essa senhora teria uma necessidade de se reajustar com a Lei Divina e, dessa forma, renasceu em um corpo masculino, pois somente assim poderia cumprir adequadamente sua missão.
Uma primeira avaliação das impressões digitais foi realizada, constatando-se que elas são do mesmo padrão. O delegado Fiorini também apresentou as digitais para uma avaliação independente da primeira, e o resultado foi que elas “apresentam coincidências em seu tipo fundamental”, ou seja, têm o mesmo padrão datiloscópico. O perito também comprovou que tanto a desencarnada quanto o encarnado possuem o mesmo número de linhas − doze − nas digitais.
Mais uma vez, é preciso que se diga que não se trata de uma comprovação científica de reencarnação, mas sim, de mais uma evidência levantada nesse sentido. Fiorini destacou que é impossível existir duas impressões exatamente iguais, mas as semelhanças podem ser significativas, e esse trabalho de coletar casos semelhantes vem se somar ao de outros pesquisadores, como o dr. Hernani Guimarães Andrade, e o dr. Ian Stevenson, que há anos vem coletando relatos de crianças que falam sobre vidas passadas, em todo o mundo.
Marcas no Corpo
Fiorini foi convidado por uma família de Avaré, São Paulo, para investigar um caso que teve origem em 1971. Na época, um homem de 31 anos de idade foi vítima de um disparo acidental de arma de fogo, vindo a falecer. A família disse que, após vinte anos, ele teria renascido como seu neto, e que existiam fortes indícios nesse sentido.
“A partir daí”, diz João Alberto, “passei a efetuar várias perguntas de praxe, além de estudar minuciosamente o inquérito policial, bem como suas peças complementares como certidão de óbito, auto de levantamento de cadáver, laudo de exame de corpo de delito, auto de exame do instrumento do crime e, por fim, um exame cardiológico chamado de ecocardiografia, o qual muito me chamou a atenção”.
Pelo exame do auto de levantamento de cadáver, Fiorini percebeu que o calibre da arma em questão era 6.35mm. Coincidentemente, o exame cardiológico da criança apresentava uma fissura interventricular medindo 6mm no ventrículo esquerdo do coração. Ou seja, o calibre da arma era quase o mesmo da fissura no coração. Posteriormente, a criança, que hoje já tem 11 anos, faria uma cirurgia de correção para fechar o orifício interventricular.
Mais que isso, Fiorini também solicitou um exame datiloscópico das impressões do falecido e da criança, e o resultado foi que as impressões eram quase idênticas, de tal forma que foram necessários vários dias para se encontrar pequenas diferenças entre elas. “Não tive mais dúvidas”, diz Fiorini. “Estava diante de uma situação com fortíssimas evidências de reencarnação, embora o tempo de intermissão fosse de vinte anos”.
Inicialmente, o caso foi tido como de um suicídio, mas no relatório da autoridade policial, é dito que a esposa da vítima é de opinião que ocorreu um disparo acidental da arma, uma vez que, na oportunidade, o marido não apenas estava calmo como também fazia planos para o futuro, pensando em adquirir a casa onde residiam.
Esses casos podem somar-se a uma série de outros semelhantes, acumulando evidências fortes no sentido de comprovar a reencarnação, desde que sempre analisados com o critério científico rigoroso proposto pelo delegado João Alberto Fiorini.
Comprovando a Reencarnação
Gilberto Schoereder
Ainda não foi possível comprovar a reencarnação através das impressões digitais, mais a excelente idéia já esta sendo aproveitada por João Alberto Fiorini e, em breve, é possível que tenhamos novidades nesse campo.
As técnicas para se investigar e comprovar possíveis casos de reencarnação já são conhecidas no meio espirita . Nos últimos anos, João Alberto Fiorini, delegado de Polícia atuando na Agência de Inteligência do Paraná, vem desenvolvendo um novo método, especialista em impressões digitais, ele entende que é possível confirmar um caso de reencarnação utilizando essa forma de pesquisa cientifica.
Esse caminho começou a ser seguido em 1999. Na época, João Alberto se recuperava de uma cirurgia realizada em São Paulo e teve a oportunidade de ler um artigo publicado num jornal, em 1935, escrito por Carlos Bernardo Loureiro. A matéria foi reproduzida no jornal da Federação Espirita do Estado de São Paulo e se referia a um menino que já havia falecido há dez ou quinze anos. O autor da matéria era um dos grandes estudiosos do assunto na época e gostava de comparar impressões digitais.
Fiorini sabia que não é possível existirem duas impressões digitais iguais, mas ainda assim, ele levou a sério e resolveu estudar mais : fazer uma pesquisa para saber se não haveria qualquer possibilidade de se encontrar duas impressões semelhantes.
" Eu já era Espírita " , explica João Alberto , " mais ainda não tinha feito qualquer pesquisa cientifica ".
"A partir daí, comecei a fazer um estudo profundo sobre impressões digitais pesquisando tudo o que poderia existir em livros brasileiros e norte-americanos na área da medicina ".
A pesquisa levou-o a conversar com membros do conselho de dermatologia do Paraná e a conhecer o trabalho do Dr. Agnaldo Gonçalves, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Assim ficou sabendo porque as pessoas tem impressões digitais, impressões palmares e as linhas nas mãos e nos pés.
Em seu livro " Anais Brasileiros de Dermatologia ", o Dr. Gonçalves diz que os desenhos formados nas mãos e pés estariam ligados a genética, variando de mão para mão, de raça e de sexo . " Se você verificar as impressões digitais das mulheres ", informa Fiorini " vai ver que ela tem uma tendência maior à presilha, que é um tipo de desenho " . Mas uma parte da formação dessas linhas – e não se sabe quanto ao certo – pode estar relacionada aos movimentos do feto no útero.
Mesmo no caso dos gêmeos univitelinos, as impressões digitais são diferentes".
PESQUISA
Segundo uma pesquisa realizada anteriormente em Cambridge, Inglaterra, Fiorini também observou as digitais de homossexuais. O estudo inglês havia mostrado que os homossexuais apresentavam características de impressões no polegar direito que se aproximavam das características femininas. Com uma pesquisa realizada principalmente com travestis, o pesquisador brasileiro comprovou que as digitais apresentavam a presilha de uma digital feminina, conhecimento que serviu para seus estudos posteriores.
O normal é que os homens não apresentem a presilha, mais sim o verticilo, outro tipo de desenho. Então ele se perguntou, por que os homossexuais não teriam o verticilo. A situação não fazia muito sentido, cientificamente falando. Ele também observou as digitais de mulheres criminosas que deveriam apresentar presilha.
Mas, ao estudar os sinais, percebeu que a incidência maior era o verticilo – a característica masculina . "Isso me surpreendeu muito " diz Fiorini " e comecei a ver nas impressões digitais algo a que as pessoas não deram muita importância, como se não tivesse interesse científico".
Vendo pelo lado espiritual, explica Fiorini, uma pessoa ao desencarnar, fica de 0 a 250 anos no plano espiritual. Em outras palavras, ela tanto pode reencarnar rapidamente, quanto pode demorar um tempo mais longo; mas, o mais comum é que essa reencarnação ocorra dentro de um período de 40 a 70 anos. Se imaginarmos que uma mulher morre e retorna rapidamente em mais ou menos dois anos, porém ocupando o corpo de um homem, ela virá então trazendo ainda as características femininas. Assim, segundo João Alberto, a questão envolvendo homossexualidade nada tem a ver com desvio de personalidade como muitas pessoas ainda insistem em dizer, mas esta relacionada com a vida anterior e com o fato da reencarnação ocorrer muito próxima . "Eu cheguei a essa conclusão " ele conta. "Eu sou o único que está levando a pesquisa para esse lado. O Dr. Hernani Guimarães Andrade também já pesquisou, mas ele fala apenas do tempo de intermissão. "Eu vou além, entendendo que essas impressões digitais não se alteram quando o espírito reencarna".
METODOLOGIA
A seqüência lógica dos estudos e pesquisas do Dr. João Alberto Fiorini foi entrar em contato com o Dr. Hernani Guimarães Andrade, Presidente do Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas - em Bauru São Paulo - a quem Fiorini considera um dos maiores cientistas do mundo em assuntos de reencarnação. Ele também é um nome muito respeitado por parapsicólogos, não apenas do Brasil, mas de todo o mundo.
Outro ponto de apoio para suas investigações foi o exaustivo trabalho do Dr. Ian Stevenson, que já investigou mais de três mil possíveis casos de reencarnação.
Baseando-se em depoimentos de crianças, Stevenson (de reputação internacional) começou a coletar depoimentos de crianças de todas as partes do mundo, sempre que elas se referiam a sua existência numa encarnação anterior.
Stevenson e sua equipe coletavam esses depoimentos, arrumavam as informações que as crianças forneciam sobre suas possíveis vidas passadas e iam ao local em que elas teriam vivido para comprovar ou não essas informações.
Os resultados obtidos foram tão impressionantes que grande parte da comunidade cientifica ficou abalada em suas convicções e noções, até então restritas sobre o tema reencarnação.
A pergunta que o Fiorini fez ao Dr. Hernani foi se era possível um espírito retornar com a mesma digital. Ele respondeu que acreditava ser possível, se a pessoa volta com marcas, sinais, cicatrizes e até mesmo doenças, por que não com as mesmas impressões digitais ?
Conversando com ele, estabeleceu um método de pesquisa que consiste em procurar crianças, geralmente entre quatro anos de idade, que tenham o costume de afirmar que viveram em outro lugar, em outra época, que tiveram determinado tipo de ações ou conheceram certas pessoas. Isso ocorre pelo fato do perispírito dessas crianças não estar adaptado ao corpo somático, adaptação que só irá ocorrer aos sete anos. Se o tempo de intermissão for muito curto - geralmente no Brasil essa reencarnação se dá de dois até oito anos – essas crianças começam a falar sobre suas vidas passadas.
Fiorini recomenda aos pais de filhos pequenos – com até cerca de oito anos de idade – que fiquem atentos às informações que essas crianças fornecem sobre suas supostas vidas anteriores. Sempre que não se force a criança a falar sobre o assunto, mas que anote detalhadamente toda e qualquer informação que ela "deixe escapar".
Ocorre que as crianças, até essa idade, ainda estão muito ligadas ao mundo espiritual de onde vieram – explica o perito – Portanto, as lembranças de suas vidas anteriores ainda estão muito vivas em seu consciente. Com o passar do tempo essas lembranças vão se apagando do consciente e transferindo-se para o inconsciente.
Ele sugere, ainda, que nos casos em que se desconfie que uma criança seja reencarnação de determinada pessoa conhecida, que se busque reunir o maior número possível de evidencias: foto, fichas médica e dentária, e - principalmente - documentos em que constem as impressões digitais do falecido. Gilberto Schoereder
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