Quinta-feira, 30 de Setembro de 2010

DOS PECADOS CAPITAIS

O conceito atual de pecado nasceu com a Teologia; sua formação filológica deriva do latim: pecatum, are, o que expressava o ato de cometer faltas contra o deus na Terra, seu imperador (romano), ou contrariar os desígnios dos poderes supremos dos deuses no céu.

Evidentemente, o homem-deus (atualmente assimilado como a figura do Papa), imperador absoluto, embora dispusesse da admiração do seu povo – por vezes, idolatria, também ódio – e ditasse normas religiosas tal como o fazia com leis de governo, sentia-se incapaz de punir os que houvessem transgredido preceitos que se restringissem a conceitos íntimos, como os religiosos. Então, era preciso estipular um castigo ou pena, a fim de que o transgressor não ficasse impune, castigo esse que se revestisse do mesmo cunho religioso. Menos embaraçoso, portanto, legar tais poderes punitivos ao deus do céu.

E assim, posteriormente, a Teologia regulamentou o assunto; dessa forma, o pecado passou a ser um ato contraditório à vontade de Deus, vontade essa traduzida nos cânones e relativos àqueles que ferissem suas estipulações morais, leis e dogmas impostos, principalmente os correlatos com a Revelação do Criador. Não convinha descobrirem as farsas.

E quando a Igreja se fixou definitivamente como Estado, então, estendeu o pecado aos atos atentatórios ao Poder estatal.

A doutrina Racionalista do Natural ismo acabou por fazer reduzir o pecado à mera consequência natural e necessária de nossa capacidade inteligente, acrescida da limitação de suas forças, tolhida, ainda, pela vontade humana. Difícil de se entender? Mas é isto. Dir-se-ia que se peca por não se ter capacidade de evitar o erro, capacidade essa que se originaria da inteligência humana. Assim, os povos inteligentes não mais pecariam, motivo por que essa doutrina prega a cultura racional como meio de disciplina e desenvolvimento da capacidade inteligente da criatura.

A Igreja conjugou a lei da hereditariedade, que é exclusivamente biológica, à transmissão genética do pecado; pecamos porque herdamos os erros de nossos antepassados; em compensação, nossos descendentes pagarão pelos nossos erros, justificando, assim, mesmo que se desconheçam os motivos, o sofrimento aparentemente injustificável, conciliando, dessa forma, a bondade divina com a dor humana; e simultaneamente, arrazoa a causa da dor e a justiça da criação, matando dois coelhos de uma cajadada.

E vem a lenda do pecado original sob o que todos os humanos pagam. Acrescentar-se-ia a ele os pecados individuais pelas transgressões às leis divinas, impostas pela Religião. E cada acréscimo transmite concomitante e cumulativamente aos herdeiros sanguíneos. O sofrimento de cada um dos sucessores genéticos seria descontado no débito de faltas, como uma forma de crédito, como a compensação bancária, cômoda e prática, para justificar o lema do aqui se paga o que aqui se faz, sem ser preciso que se aceite a reencarnação.

Quando – e se o sofrimento suplantasse os erros – o homem estaria completamente ressarcido de todos os pecados? Como a humanidade erra mais do que resgata, dentro desse contexto familiar que, por sorte, não tem juros nem correções monetárias, as penas serão intermináveis. E, com isso, lucra a casta sacerdotal que ministra a salvação individual de cada fiel.

Rebelando-se contra essa tese surge o grupo dos protestantes, liderados por Lutero, na Alemanha e por Calvino, na França, mais tarde seguidos por outras seitas e Igrejas evangélicas que preferiram adotar o lema da nova corrente, onde “Jesus Cristo” teria sofrido o martírio na cruz e derramado seu sangue para resgate dos homens; basta, pois, crer nele para se salvar. Dois proveitos no mesmo bocado: justificariam o sofrimento de um deus-homem, adorado, puro e que não teria pecados, amarrando o crente à salvação pela crença.

E tudo isso parece a eles muito mais lógico do que admitir que cada qual trouxéssemos de vidas pretéritas seus lastros de faltas e imperfeições pelos próprios atos, para corrigi-los numa nova encarnação. Mais lógico e mais justo, o que é pior.

O batismo entra de permeio, pois representa a sagração do senhor, afastando do ser humano o pecado original. Seria, pois, de se esperar que o que fosse batizado estivesse salvo, ao menos da imprudência de Eva, só que os humanos, com tal ato ou mesmo sem ele, continuam cultuando a prática da maçã oferecida pela serpente, olvidando os preceitos do Senhor.

Mas, como para todos os males há remédio, viria à confissão e o arrependimento salvador acompanhado da unção ministerial divina – no caso da Igreja romana – para restituir o bom caminho ao pecador. Os demais evangélicos aceitam o resgate do novo pecado pela confirmação do batismo; outras correntes acham que a confissão pública resgata tudo; para algumas, exige-se do penitente o recolhimento espiritual e tudo se resume numa questão de fé. O crente seria salvo, apenas, pela fé.

Também, não lhe dão outra oportunidade... E daí, nada valeria ter seguido sua religião. As leis da Criação jamais são observadas para que tais preceitos se estribem em algo concreto.

Já Lutero dizia: a – Peca, mas crê!

E quem não tiver fé ou não souber como arranjá-la, está perdido: não adianta boas ações, o amor ao próximo, às obras, nada enfim, porque não teve fé. Fé no tabu do dogma.

Nas civilizações mediterrâneas da Ásia Menor, na região que serviu de berço a Jesus, a noção ou conceito do pecado prendia-se mais ao adultério, grande preocupação do homem com relação à mulher, frise-se bem, adultério da mulher; o homem não cometia tal crime porque, na maioria de suas tribos, era permitido ter mais de uma esposa, até quantas pudesse sustentar. Pelo que se deduz, este pecado nada mais é do que a vaidade do homem ferida.

Destoavam dessa linha os masdeístas; nos ensinamentos de Zoroastro e na sua filosofia, atribuía-se o pecado do adultério à maléfica influência de Ahriman, que tentava as mulheres a traírem seus maridos para caírem em sua sedução.

Na Índia, sob influência bramânica, o maior pecado era contrariar os princípios de casta estabelecidos. Buda, ao abolir esses princípios, restabeleceu uma nova filosofia onde glorifica o arrependido dos seus maus atos. No Hinduísmo já não aparece senão os ensinamentos de Krishna transmitidos por Yésu (e que é a mesma filosofia de Jesus) que fala dos pecados como atentado à própria vida. Nasce, então, a primeira ideia de pecado capital.

Os chins idolatravam um só Deus, na antiguidade, e julgavam que só esse Supremo Senhor teria o poder de julgar o que era certo do que fosse errado, separando o que se fizesse de bom daquilo que fosse mau; por esse motivo, achavam que o certo era fazer o que lhes aprouvesse, e Deus que escolhesse o que melhor lhe agradasse.

Deve-se indiretamente a Shin-Tó esse preceito. Há nisso uma grande influência de Confúcio, quando dizia que o homem responderá pelo que fizer e arcará com o ônus perante o Criador.

A filosofia grega, altamente influenciada pela doutrina do velho Egito, aparece aqui, inda mais uma vez preponderantemente, como a grande influenciadora da estrutura na concepção do pecado adotada pela Eclesiastes e é baseada, ainda, na cultura helênica, que se fundamentou a Igreja para ditar as sua leis do pecado.

Segundo a tese dos pensadores gregos, o pecado estaria dividido em dois grupos ou categorias: o venial e o mortal. Venial era pecado perdoável e no qual a criatura não pagava pela falta senão com a consequência de o ter cometido. Já os mortais, pela própria definição, eram implacáveis, cobrando, até, com a própria vida, o erro daquele que os praticasse.

 

Pecado capital – Influências

Vamos encontrar no velho Egito de Osíris (*) uma influência capital na posição helênica porque, segundo se indica, já antes da civilização grega, os ensinamentos reformulado s por Akenaton e Nefertíti chamavam a atenção de seu povo para a prática de atos fatais. Ainda aqui, como até hoje, eram sete esses ditos atos, como sete são os pecados capitais.

Por outro lado, se os veniais fossem práticas que não atingisse a outrem, o infeliz que cometesse um deles, arcaria, sem maiores competências, com o dito cujo.

A título de ilustração, vejamos os conhecidos como capitais:

A gula – leva à morte porque quem come demais está sujeito a ter uma perturbação digestiva fatal.

Comer é um ato exclusivamente necessário para matar a fome e alimentar o corpo, nunca um motivo exagerado de prazer. Prima-se, evidentemente, por acepipes e comidas que saibam ao paladar, dando ao que se alimenta, pelo sabor, o prazer de comer. Porém, comedidamente e essencial a seu sustento, nada mais do que isso. O paladar – com ajuda do olfato –, um dos sensórios naturais do organismo, foi-nos dado pela Criação para escolhermos o que será ingerido. Comer demasiadamente é que pode ser fatal.

Todavia, é um direito de seleção, comer prazerosamente o que lhe saiba ao paladar. Penitências que provoquem fome é que são altamente condenáveis.

A luxúria – condutora dos prazeres mundanos, que torna a prática do sexo como puro motivo de desvario, acaba levando aquele que a pratica a um melancólico fim pelo enfraquecimento, pela indolência, pela troca da atividade essencial à sobrevivência em favor das sensações que, ao fim de tudo, degenera e tira as funções primordiais e vitais do luxuriante.

O prazer sexual, evidentemente, deve ser restrito ao casal, ao seu reequilíbrio diário, às suas funções fisiológicas rigorosamente dosadas dentro das leis biológicas. O que se condena é o prazer orgíaco.

A soberba – Orgulho, arrogância ou presunção é, sem dúvida, um péssimo atributo da criatura humana que a possua. Leva-o aos atos mais loucos; algumas pessoas para se embelezarem, outras para mostrarem superioridade e poder, enfim, capazes de motivar a criatura a atos funestos que acabem fazendo com que sucumbam ante suas atitudes. E o principal l motivo disso tudo é íntimo: querer se suplantar para ser superior aos demais. É como aquele que quer correr mais do que seu carro permita: acaba numa curva, em acidente fatal. Os duelos fazem parte da presunção. E além deles, outros atos congêneres.

Foi incluída entre os capitais porque pode levar a consequências quais.

A mesquinhez – comumente conhecida como avareza, capaz de inibir os sentimentos de vida, é certo que leve o indivíduo à morte na falsa tentativa de resguardo ao julgar que seja somente seu os bens mundanos que possua. Na maioria dos casos trata-se de um apego excessivo a eles que dominam sua ideia a ponto de não enxergar mais nada senão o sentido de guardar e resguardar aquilo de tenha como seu, porém, esquecendo-se de que, com o desencarne, afora o que aprendeu, todos esses bens, fruto da sovinice, ficam na Terra e o usufruente não terá tido oportunidade de acumular os bens do espírito que permitam que seja “rico” no Além. A falta de grandeza e de generosidade faz com que o indivíduo esqueça do fator primordial da sua salvação, que é a caridade. E a pessoa morre pela disputa de um bem puramente terreno.

A cólera e a inveja – Formam um grupo único, embora sejam caracteres distintos que levam o mastozoário racional a pelear com seu semelhante numa luta quase sempre fatal, segundo filosóficas palavras de um autor anônimo de almanaque de algibeira.

A cólera pode levar o rancoroso ao desfecho da vida porque interfere diretamente no funcionamento cardíaco, podendo alterar-lhe as reações a ponto de serem funestas. A raiva desmedida, ou seja, sem limites, também não encontra limite nas funções orgânicas que, não só disparam uma dose senão letal, muito próxima, de adrenalina, provocando, além disso, um terrível abalo emocional. E os sensores são o centro da vida biopsíquica.

A cobiça é irmã gêmea da ira, porque também causa problemas similares na reação orgânica do invejoso, daquele que deseja o que não é seu e se revolta por não o ter. Aí, cai no princípio da ira.

Ambas, portanto, capitais.

A preguiça - Segundo a velha filosofia egípcia, ela seria a mãe de todos os vícios e pecados. O ócio e a inatividade são altamente responsáveis pelas ações da criatura humana na busca de atitudes indignas porque só nelas encontrará uma forma de romper sua apatia e vencer sua estática, lamentavelmente, de forma desastrosa. Por que capital, é que não ficou esclarecido.

 

Um pouco de História – Quando a Igreja foi importada por Constantino, o Grande, nascido em Naísso, data ignorada, filho de Constâncio, que foi imperador romano por um ano, em 305, aquele preferiu, abinitio, o domínio pela cultura; o exemplo grego lhe era marcante. Derrotando Maxêncio, seu antecessor e sucessor do pai, tomou o Poder no ano 312 e em implantando o Cristianismo como Religião do Estado, oficializou-a por obrigatoriedade. Em 313, o Édito de Milão estabeleceu a liberdade de Religião, ante as pressões e insatisfações gerais, liberando o culto aos deuses pagãos, muito mais difundido no império que os ensinamentos trazidos por Pedro, o fundador da Igreja dita cristã romana. À frente desse movimento encontrava-se o tribuno Caius Licinius que, no ano 325, foi afastado por Constantino, convocando o Concílio de Nicéia onde foi restabelecido o Cristianismo como religião obrigatória do povo romano.

Os dogmas religiosos foram oficializados e dentre eles o dos pecados mortais, assim considerados porque matam a alma do homem. Em síntese, matam espiritualmente a criatura. Havia saber nisso, apenas, o erro estava na imposição porque, pelas leis universais, a reforma está em cada um e não na obrigação de realizá-la.

Das penitências

É uma autopunição. O indivíduo procura castigar-se pelas faltas cometidas ou não cometidas, mas que lhe sejam imputadas pelos princípios religiosos. Algumas delas revestem-se de um ridículo extraordinário, como a dos que não se lavam, ou dormem sobre pedras, os que se colocam em posições de “sacrifício”, os que se alojam ao lado de monturos, ou de Maria Alacoque, hoje cantada em prosa, verso e música, que chegou ao extremo de pôr na boca os dejetos de uma desintérica, por ser agradável a Jesus, segundo ela, a penitenciar-se de máculas.

Subir escadarias de joelhos, carregar troncos em cruz para louvar a caminhada ao Calvário, cingir espinhos à cabeça passou a ser corriqueiro. Os que pratica m penitência são criaturas que pensam que, assim agindo, agradam a Deus. Na verdade, estão cometendo, talvez, um dos maiores erros, que é o de abreviar a vida com certos atos prejudiciais à saúde.

A penitência data da pré-história, desde o tempo da adoração o aos deuses da caverna, no ritual do fogo, onde, além de imolações, os Espíritos manifestantes através dos sacerdotes exigiam que, além do holocausto, os livres dessa condenação se impusessem a sacrifícios em honra ao culto. Davi escreveu os Psalmos da Penitência que retrata a posição das mesmas perante seu povo. Os costumes levaram os sacerdotes em geral a recomendar ao pecador que se martirizasse a fim de olvidar o pecado ou dele se afastar. Considerava-se, então, a virtude da penitência capaz de purificar o ímpio a ela sujeito.

Com o advento da Igreja romana, a penitência passou a ser um sacramento ministrado pelos padres ou pelos bispos com o fito de dar ao fiel confesso a remissão. Para isso, era preciso levar o pecado ao campo transcendental do espírito, a fim de mais intimamente ligá-la à religião. Se encarasse o problema pelo lado biológico, a religião em si não teria domínio suficiente para bitolar seus crentes, principalmente porque a massa humana deixa-se levar muito mais facilmente pelo temor ao transcendente, ao desconhecido, do que pela lógica das consequências ou pela razão.

Conhecedores disso, os sacerdotes sentiram, desde logo, que o caminho, não só para afastar o crente do erro como ainda para mantê-lo deveras fiel aos costumes, era agir dessa forma.

E aí, coerente com sua filosofia, parece que o Espiritismo seja a única, senão uma das poucas doutrinas que preferem o ensino pelo conhecimento e a reforma pela razão, deixando ao destino de cada um o sacrifício pela cobrança natural da vida, sem penitências, evidentemente.

Aceita-se, todavia, o conceito de que hajam pecados capitais porque, de fato, essas sete infringências acarretam gravames ou podem levar a pessoa à morte, porém, nada com relação ao fato de que possa desagradar a Deus. Deus com melindres! Os grandes prejudicados são os que cometem tais “pecados” em face das suas consequências capazes de os levar aos mais desvairados desatinos. Ele próprio traça seu destino futuro.

É o vício da alma que se leva gravado no espírito para outra vida plasmado no perispírito, decorrente dos danos que tenham causado, e que, como tal, ter-se-á que responder por ele.

As observações indicam que a maldade estará sempre recalcada em um dos sete pecados capitais; os grandes crimes são levados a cabo em face d os sentimentos mesquinhos perfeitamente enquadrados neles.

Pecar, portanto, é cometer ato em dissonância com os bons preceitos e costumes, que fira o seu semelhante, que provoque a dor e o sofrimento, quer nos outros, quer no próprio; é a ação indigna que macula a alma, que mancha o caráter e deturpa os sentimentos. É um entrave ao progresso.

Então, sem dúvida, o pecado existe; o castigo é certo, não porque Deus puna o ímpio, porém, porque, como mostra a tradicional filosofia de Galileu, quem pratica o ato, responde por ele, tendo que absorver, de retorno, toda a energia correlata com a que emitiu na sua prática. E essa absorção, também aqui, é que define a dor e o sofrimento, em síntese, o resgate.

 

Carlos Imbassahy – obra: E... Deus Existe?

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(*) O autor, no seu livro Lendas de Osíris, inclui a lenda dos sete pecados capitais, tradicional dos tempos desse mítico pastor.

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA


“Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas e uma delas se extravia, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou? E se acontecer achá-la, em verdade vos digo que se regozija mais por causa desta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Assim não é da vontade do vosso Pai que está nos Céus que pereça nenhum desses pequeninos.”
(Mateus, XVIII, 12-14 – Lucas, XV, 3-7.)

Esta imaginosa parábola parece ser o solene protesto da má interpretação que os sacerdotes têm dado à palavra do Cristo. Não há muito, escreveu-nos um padre romano ser estultícia negar as penas eternas do Inferno, quando nos Evangelhos encontramos, no mínimo, quinze vezes a confirmação dessa eternidade; e conclui que ela não é ensino da Igreja, mas ensino do próprio Evangelho.
Jesus previa certamente que seus ensinos e pensamento íntimo seriam desnaturados pelos homens constituídos em agremiações religiosas, e quis, de certa forma, deixar bem patente aos olhos de todos que Ele não poderia ser Representante de um Deus que, proclamando o amor e a necessidade indispensável do perdão cara remissão dos pecados, impusesse, aos filhos por Ele criados, castigos infindáveis, eternos.
A parábola mostra bem claramente que as almas transviadas não ficarão perdidas no labirinto das paixões, nem nas furnas onde medram os abrolhos. Como a ovelha desgarrada, elas serão procuradas, ainda mesmo que seja preciso deixar de cuidar daquelas que atingiram já uma altura considerável, ainda mesmo que as noventa e nove ovelhas fiquem estacionadas num local do monte, os encarregados do rebanho sairão ao campo em procura da que se perdeu.
O Pai não quer a morte do ímpio; não quer a condenação do mau, do ingrato, do injusto, mas sim a sua regeneração, a sua salvação, a sua vida, a sua felicidade.
Ainda que seja preciso, para a regeneração do Espírito, nascer ele na Terra sem mão ou sem pé entrar na vida manco ou aleijado; ainda que lhe seja preciso renascer no mundo sem os olhos, por causa dos “tropeços”, por causa dos “escândalos”, a sua salvação é tão certa como a da ovelha que se havia perdido e lembrada na parábola, porque todos esses pobres que arrastam o peso da dor, os seus guias e protetores os assistem para conduzi-los ao porto seguro da eterna bonança.
Leitor amigo: quando vos falarem os sacerdotes, de Inferno eterno, perguntai-lhes que relação tem a Parábola da Ovelha Perdida com esse dogma monstruoso, que desnatura e inutiliza todos os atributos divinos.

Cairbar Schutel
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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Quarta-feira, 29 de Setembro de 2010

LICENÇAS PERNICIOSAS

O homem do mundo que é possuidor de sensatez, na convivência mundana usa mas não abusa, concorda mas não convive, ensina mas não impõe, discorda mas não se inimiza, diverge mas não dissente, mantendo em todos os momentos uma diretriz de equilíbrio que o torna verdadeiro cidadão. Compreende que a sua saúde interior resulta do comportamento que se aplica na convivência com os seus pares.
O homem cristão, cultor sincero do Evangelho de Jesus cristo, compreende em maior profundidade os compromissos que lhe assinalam a rota e por isto mesmo sabe que é livre, mas não tem licença de se comprometer com as vinculações negativas da vida, que lhe cumpre superar. Diante das licenciosidades que lhe abrem portas convidativas ao acesso, mantém uma atitude digna, discreta, sem envolver-se nas fantasias que levam à indigência espiritual e compelem ao aniquilamento dos ideais superiores da vida. Sente-se escravo da verdade, por isso não mente. Compreende que a saúde é fator primacial da vida, portanto, luta contra a doença. No báratro das violações que se multiplicam, galvanizantes ou douradas, percebe o lado negativo das concessões agradáveis que levam à sensualidade - bafio pestilencial de morte que entorpece o sentimento e perturba a razão. - Abstém-se de enrodilhar-se nas malhas constritoras do mal que urde toda uma série de aflições e vexames e terminam por destruir o que há de mais elevado no ser. Coloca-se em salvaguarda contra as facilidades morais que anestesiam os centros do discernimento, por mais favoráveis se lhe apresentem, ou mesmo que se trate de um cabedal glorioso de transitória posição de relevo no mundo. Resguarda-se contra os vícios sociais, os pequenos crimes que são as matrizes dos grandes fracassos espirituais. Afirma os seus valores legítimos, não pelo envilecimento da personalidade, porém através da manutenção dos requisitos que o tornam verdadeiramente digno de ser respeitado e imitado. Não aquiesce diante da mentira, da inveja, da embriaguez, da concupiscência, da calúnia, dos tóxicos, estabelecendo uma normativa de comportamento que lhe constitui a couraça de segurança, ao mesmo tempo abrindo as portas da liberdade por onde avança resoluto, na marcha que o conduz para a paz.
Enquanto medram as licenciosidades, que vão, a pouco e pouco, dominando o homem e a sociedade hodiernos, o cristão verdadeiro sabe que a sua segurança é Deus, seu melhor amigo é Cristo, seu roteiro de saúde é o Evangelho, sua definição é o Bem, sua metodologia é a Caridade, sua salvação é o Amor.
Sem qualquer pieguismo ou manifestação de covardia moral, estabelece um estado de paz interior que os conflitos e as convulsões de fora não conseguem invalidar.
Caracteriza-se a degenerescência de um povo, a queda de uma comunidade pela incursão aberrativa das permissividades morais que neles se instalam. Quando combalem os valores éticos, desmoronam-se os alicerces da vida humana.
Verdade é que muitas vezes se tornam legais as excrescências do caráter humano. Apesar disso jamais se tornam morais.
Aqueles que compactuam com as licenciosidades douradas são também criminosos que se unem para os homicídios recíprocos da vida interior. Enquanto vibram, estonteantes, em sensações enganosas, as expressões do prazer, na atualidade do sexo que tresvaria, vão fazendo do homem um feixe de instintos animalizantes e da mulher um objeto de uso indiscriminado. Sem desejar referir-nos aos grandes comprometidos da História, não podemos sopitar referências a alguns deles, como Cláudio e Messalina que, não obstante a posição relevante à testa do Império Romano, entregavam-se à exaustão dos sentidos, culminando pela alucinação do desejo infrene e da degeneração mental; Justiniano e Teodora - esta última uma atriz arrancada do bordel para o primeiro ponto de destaque da comunidade - exerceram lamentável influência, inclusive na Religião... Mais recentemente Paulina Bonaparte que, tendo o irmão à frente do Império Francês, entregou-se à volúpia insana do prazer até o total aniquilamento das forças... E quantos outros?!...
Seria difícil eleger os grandes prevaricadores e as coquetes da contemporaneidade. É verdade que a mulher envilecida em seus sentimentos, pelo rebaixamento na sexualidade, ascende em posição social, despertando inveja, provocando ciúmes, mas, no íntimo, é uma infeliz, vitimada em si mesma. Espírito sofrido, que foi ludibriado nos seus anseios mais profundos, jornadeia nas luzes enganosas da glória, que logo se apagam, sem contar com um braço amigo que lhe conceda dignidade e apoio quando as carnes trôpegas perderem o momentâneo viço, e o fulgor dos olhos apagar a sua luminosidade. Poderá estar ajaezada e adereçada de gemas de alto custo, todavia sempre experimenta o travo profundo da soledade e o ácido tormentoso do sacrifício sem amor. Se lhe veio das carnes um filho, órfão de pai vivo, terá que segurá-lo em transe de dor, num misto de mágoa, amor e agonia tão profunda quão devastadora. Se derrapa na miséria econômica, que muitas vezes precede ou sucede à moral, passa combatida, combalida, com a ferida aberta do sentimento ultrajado, onde o veneno da insensatez humana aumenta cada vez mais a pústula, tornando-a mais dolorosa. Ninguém dela se apieda. Desculpam o cômpar que contribuiu para a sua queda, mas não a ela que tombou. Em verdade, poucos lembram de que a sua queda se consumou porque u´a mão anônima e acovardada empurrou-a pela escada abaixo da indignidade, constrangendo-a a recolher-se na própria vergonha.
Os vícios, que são frutos dos distúrbios da emotividade, da insegurança e das ambições desnorteadoras deste século de misérias e de glórias, de despudor e de renúncias, objetivam o saciar do egoísmo na sua multiface de paixões.
Não vos deixeis enredar nas malhas bem entretecidas das ações destrutivas dos vícios, por mais simples que vos pareçam!
A barragem poderosa que sustém as águas, arrebenta-se, quando uma pequena infiltração lhe mina as resistências. As pirâmides colossais levantaram-se pedra sobre pedra. A escada da degradação dos costumes começa no primeiro passo para baixo e não encontra fundo, porque, quem cai moralmente e se deixa derruir, tomba sempre um degrau a mais.
Detende vosso passo e erguei vosso sentimento!
O melhor conselheiro do ser é a consciência tranqüila.
Inutilmente procurar-se-ão psicoterapeutas, analistas, medicações, se não se erradicarem do sentimento profundo as marcas dos crimes perpetrados contra a consciência pessoal ou coletiva.
Analisai o Evangelho, comprometendo-vos com ele e, livres como sois, não useis da vossa licença para destruir a oportunidade da atual reencarnação.
O Apóstolo Paulo gritava com emoção que era escravo do Cristo; João da Cruz, o místico espanhol, entregando-se totalmente ao Mestre Galileu, tornou-se o protótipo do senhor de si mesmo, e Teresa d'Ávila, que com ele compartia as excelências espirituais, escreveu emocionada: "Me muero, por que non muero", a sofrer, porque não morrer para ela constituía verdadeiramente uma forma de morte.
O homem que encontra Jesus e que O segue rompe a grilheta que o ata aos vícios dissolventes, sempre nocivos ao coração.
Avançar com o espírito estóico no rumo da felicidade íntima, através da retidão do caráter e da preservação dos costumes, é a diretriz que vos chega, com o objetivo de edificardes, no mundo, uma humanidade melhor, onde todos encontraremos a verdadeira paz hoje ou amanhã.

FRANCISCO DO MONTE ALVERNE
(Mensagem psicotônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião da noite de 22-11-1978, no Centro Espírita "Caminho da Redenção", em Salvador-BA.)
Revista Reformador – Fevereiro 1978
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 02:14

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O CRISTIANISMO E AS SEITAS CRISTÃS - PARA HELENA APRENDER

 

Breve histórico

Quintus Horatius Flaccus – que se notabilizou pela sua literatura poética na velha Roma – nasceu em Benúsia (65 a.C.) e veio a falecer em Apúlia, oito anos antes do calendário atual, com 57 anos vividos.

Foi um entre os diversos protegidos de Mecenas. Destaca-se por suas Odes e pela diversificação literária, desde a sátira até os ensaios; no campo religioso temo-lo em Letras Sacras e celebrizou-se por suas cartas, onde a mais famosa é a Epístola aos Pisões, importante família do Lácio – gens Calpurnia –,constando, até, que nele teria se inspirado Paulo de Tars (sem o “o”) para escrever as suas.

Numa de suas cartas ao Senado Romano, Horácio refere -se a um jovem judeu da Galiléia que se intitulava rei, só que afirmava que “meu reino não é deste mundo” e que vinha sublevando as colônias do Oriente Próximo – a Palestina – para tornar-se livre pela Verdade.

Muita coincidência?

Horácio teria ignorado seu nome, ou, posteriormente, segundo uns, fora omitido de suas descrições.

Adulteração de documentos já data daquele século. De alguma forma, aquele agitador citado por Horácio teria logrado seu intento já que, quase um século após, os documentos registram o fato de que deflagrou a revolta dos hebreus, obrigando Tito, o filho do então Imperador Vespasiano a retomar Jerusalém.

Horácio via sua previsão realizar-se, surgindo como artifício de tudo o mítico filho de Deus; só não coincidem as datas bíblicas com as históricas. Atualmente, a própria Igreja já admite que o sacerdote encarregado de armar o calendário em função de Jesus teria errado; primeiro passo. Mas, ainda assim, teria ele nascido em 5 a.C., pelas correções, quando, há doze anos antes Horácio se referia provavelmente a ele de outra forma completamente distinta da que a Bíblia descreve, embora esta seja, apenas, a expressão de seus compiladores.

Lamentavelmente, para o idólatra que tem este livro como palavra de Deus, a verdade histórica será uma blasfêmia e, em detrimento dela, prefere aceitar a incoerência que os textos encerram. É a infalibilidade. Os que deificam Jesus, ainda, são um grande entrave à busca da verdade dos acontecimentos: preferem-no assim, fictício e ilusório, mas, miraculosamente revestido do manto divino, portando o cetro do Criador.

Outro importantíssimo autor romano foi Titus Livius (59 a.C. – 19 d.C.), natural de Pádova e que viveu na intimidade de Augusto César, sendo preceptor de Claudius. Vários autores garantem que a data e local do nascimento desse historiador romano são desconhecidos; desencarnou em Roma presumivelmente com 70 anos bem vividos e a ele são atribuídos 142 volumes dedicados à sociedade romana, suas conquistas e sua civilização, desde a Gália (França) às colônias do Índico. No Tratado Histórico e Social de Roma, sua grande obra, fala de certo personagem da Galiléia conhecido como o Messias Prometido pelos profetas e que teria sido o mestre de Pedro, o cristão das catacumbas.

Contudo, duas coisas importantes são preponderantes para que se tenha melhor posição; a primeira delas é o nome de Jesus que, antes da adoção do Cristianismo se chamava Josuah (ou Yoshua) Bem Yussif. A segunda: Nazareth ainda não existia, à época, como cidade, portanto, nem procede chamar Jesus de Nazareno, nem dar à sua mãe o título de Maria de Nazareth.

O que a Geografia registra é o povoado de Nashra, pertencente a uma das doze tribos de Israel, a de Zabulon, décimo filho de Jacó, situada nas montanhas palestinas onde teriam vivido José e Maria, pais de Jesus. Esta cidade veio a ser conhecida posteriormente ou denominada pelos europeus com o nome de Nazaré.

Aí, ainda, as descrições históricas não coincidem com as da Bíblia.

Curiosamente, da sua grande coleção de trabalhos restam apenas 69 volumes históricos e tudo indica que os demais, inclusive o que se refere ao Messias, teriam sido destruídos pelo incêndio da Biblioteca Eclesiástica Romana que inspirou Umberto Ecco a escrever seu famoso romance “O Nome da Rosa” e que foi transformado em filme.

Também, os registros históricos da passagem de Pedro pela cidade Eterna são precisos e tudo o mais que encerra a vida inicial dos cristãos; mais uma vez, a descrição bíblica da vida de Jesus é que apresenta discrepâncias, lamentavelmente.

Isto não significa dizer que Jesus não tenha existido; pelo contrário, lança a certeza de que os interesses religiosos da época sobrepujaram a verdade e disso nasceu uma lenda mítica onde um deus nascido na Terra teria os poderes Superiores da Criação e a Igreja (que era o próprio Estado romano) seria sua lídima representante para salvação e glorificação dos povos ou dos que a seguissem. Si non è vero, è bene trovato

.

A origem dos nomes e dos princípios

Conforme Caius Plinius Secundus, naturalista e escritor latino nascido no ano 23 da era cristã, o termo Christus, i da segunda declinação seria de origem sânscrita, como se sabe, linguagem na qual Vjyasa, autor indiano do Bagavad-Ghita escreveu suas obras, e significa “Nosso Senhor” ou nosso guia espiritual, segundo as concepções religiosas atuais.

Isto contraria a ideia de que o termo Cristo seja de origem grega, da palavra Krestos (em latim seria Krystus) – ungido –, e que daria, provavelmente, se real, uma palavra da quarta declinação, Chrystus, us, segundo os doutores em ortoépia filológica, o que mostra que essa origem é forjada.

Já Joseph Ernest Renan (1823-92), filólogo e historiador francês, nascido em Tréguier, tendo feito inicialmente o noviciado para o sacerdócio, quando se aprofundou na filologia hebraica, perdeu a oportunidade de seguir a vida eclesiástica pelo seu ímpeto polêmico: escreveu sua famosa obra em oito volumes intitulada Histoire des Origines du Christianisme (1863-89) que foi tida como verdadeira reformulação do pensamento bíblico porque discutia o valor histórico do Novo Testamento através da crítica a seus textos, o que gerou terríveis polêmicas.

Antes já ele fora criticado por ter trazido da Alemanha para a França, um misto de parte religiosa e parte positivista, a Doutrina do Racionalismo, considerada heresia, à época.

Seus argumentos são irretorquíveis e só um fanático será capaz de contestá-lo, por isso, é de se admirar que alguns que outros espíritas ainda prefiram seguir a imposição eclesiástica – da qual não se libertaram – pela adoração a textos impuros que admitir a lógica da razão, como se isto ferisse a lisura religiosa e desrespeitasse o Cristo imposto.

Louis Jacolliot (1837-90) – outro espúrio para os cânones –, famoso escritor francês nascido em Charolles, conhecido e citado principalmente pelos seus romances de aventuras, mas abjurado pela Santa Madre Igreja por causa da sua famosa obra Les fils de Dieu, que, curiosamente, é sempre excluída de suas referências bibliográficas, diz:

– Le Christianisme que ne fut suivant l’opinion des gnostiques, qu’une renovation des mystères de La haute Asie, qui a empruté à la religion des brahmes son rédempteur Christna (sic), toutes sés cérémonies, et la trinité.

O texto mereceu de meu pai a seguinte tradução: “O cristianismo, na opinião dos gnósticos não foi senão uma renovação dos mistérios da alta Ásia que copiou da religião dos brâhmanes o seu redentor Crishna (ou Krshna), todos os seus sacramentos, todas as suas cerimônias e a trindade. – Obra “Os Filhos de Deus” pág. 102

Então, se formos ler “O Avatar de Crishna”, mesma obra, pág. 335 em diante, a nossa convicção será capaz de se abalar e não fora a palavra dos Espíritos e os exemplos e a segurança com que os demais luminares falaram do nosso Mestre, seríamos capazes de afirmar que tudo não passa de uma ficção legendária extraída da gênese hindu, que data de quatro mil e oitocentos anos antes da nossa época.

Ainda Jacolliot quem escreve, já traduzindo (pág. 208):

– O insucesso dos missionários de todos os cultos, católicos ou protestantes (cristãos), vem de que eles não puderam trazer à Índia nenhuma verdade moral, filosófica ou religiosa que não fosse, de muitos séculos, registrada no livro, gravada nas pedras do altar ou inscrita na fronte dos pregadores.

O que se presume – e é o eterno engodo humano – é que os antigos jamais supuseram que seus conhecimentos pudessem vir a ser descobertos. Aconteceu na Grécia, quando fizeram no Olimpo a residência dos deuses, recentemente, a escolha do planeta Marte para base de lançamento dos discos voadores e de uma civilização superior e também, a cópia das lendas hinduístas escritas em sânscrito, língua que ninguém conhecia na Europa.

Sânscrito significa “escrita sagrada ou transcendental” – Sanskhrito – não se devendo confundir kritó (escrita em bramanês) com krypton (do grego, oculto); aquele era o idioma nobre da Índia, só falado pelas castas superiores e iniciados no sacerdócio, daí distinguir-se dois dialetos, digamos assim, o védico e o épico, ou clássico. No védico havia termos considerados de sacra formação que falavam do Poder Superior e foi o que Vjyasa usou para escrever toda sua obra.

Este idioma opunha-se ao prácrito – língua popular – ou linguagem vulgar.

Hoje há tradução de trechos da obra de Vjyasa, até em português e qualquer Enciclopédia dirá que este autor, do século XVI a.C. teria vivido cinqüenta lustros – o Matusalém asiático – dedicados às letras e aos princípios instituídos da sua era. Sua obra divide-se em três categorias: os Vedas, os Brahmanes e os Puranas.

Nos Vedas – ciência das revelações – encontramos a explicação da causa da vida, escrita sob a forma de poema, e das existências, a formação do mundo e a vontade superior da Criação. Divide-se nos seguintes tomos: Riga, Sama, Iadju, o Livro das Preces e o Artava, o mais recente dos Vedas, considerado, até, posterior à sua época.

Para explicá-los encontramos uma série de obras – como se fosse uma cabala com sua hermenêutica – dentre elas os Brahmánas (não confundir com brâhmanes), o Upanichad, destacando-se o mais antigo deles que é o Mahab-Harata – epopéia escrita pelo próprio Vjyasa onde descreve a vinda do filho de Deus à Terra. E aqui é que começa a verdadeira história do Cristianismo, a ponto de se dizer que este nada mais é do que o Hinduísmo grosseiramente adaptado ao Judaísmo.

Parece que, até mesmo as enciclopédias fazem uma terrível confusão a respeito do orientalismo hindu, por isso, nunca é demais fazer-se um resumo do assunto, para que se entenda a provável origem do Cristianismo.

Brahma, ao contrário do que se afirma, não é o Deus; representa o Poder da Criação, o que é muito diferente de ser o “Criador”; como tal, é a essência de tudo, de onde vem e advém a vida e emanam as reações, como sentimento e que mais.

Assim se formaria o Trimurti, com Brahma, Vichnu, o Espírito conservador do Universo e Xiva (Çiva ou Shiva), a fecundidade, responsável pelo bem e pelo mal, pela existência em si. Isto mostra que existe sempre uma trilogia que acabou dando Pai, Filho e Espírito Santo.

Vjyasa ainda se refere ao Avatára (hoje avatar), encarnação de Deus em Vichnu.

Nos Puranas – que é uma coleção de tomos considerados distintos –, encontra-se a instrução religiosa para os excluídos pela lei brahmânica do direito de ler (o sânscrito), estudar e conhecer os mistérios da Criação. Enfim, a doutrina para o povo.

Separadamente encontra-se o “Pandava”, termo patronímico dos sucessores de Pandu, condenados a renascer para resgatar as suas faltas – eram cinco os filhos putativos de Pandu. – Assim, os que seguissem os maus exemplos de Pandava estariam condenados à sua mesma sorte. Esta nada mais é do que a essência da filosofia palingenética que também será encontrada nas obras dos pensadores chineses.

Concluindo, também no Cristianismo tem-se o conhecimento eclesiástico dos que são encarregados de pregar essa doutrina, os mistérios que não podem ser revelados – ou conhecidos pelos fiéis não iniciados, por comprometedores – sob alegação de que é assunto superior, o pré-estabelecimento dos fundamentos doutrinários, por dizer, os dogmas, e finalmente, o culto. Como se vê, nada difere.

 

A origem das lendas

A Índia, ao velho tempo, dividia-se no que se pode chamar de principados ou Radjapunas, governados, sob forma imperial, pelo Radjah (ou rajá). Atualmente são 17 estados que falam a mesma língua, o hindi, que se diversifica em dialetos, todos, demonstrando a mesma etimologia. Por ser o país mais densamente povoado, possui as duas religiões de m aior número de adeptos, o Hinduísmo e o Budismo, este, muito conhecido no ocidente por sua corrente Zen de influência nipônica.

O Bhagavad-Ghitá (canto da bem-aventurança) teve sua primeira tradução parcial feita pela senhora Hélena Petrovna Blavatsky, quando misturou seu orientalismo com as correntes teosóficas de San Mantin e Swedenborb, criando o dito Ocultismo. Ela foi prudente em só traduzir aquilo que não causasse celeuma, motivo por que os ocidentais não tiveram acesso a certos conhecimentos que comprometeriam profundamente o Cristianismo adotado, em suas histórias.

No terceiro livro das histórias – que não foi traduzido – é que se encontra a narração da vinda de Yésu, encarnação do Krishna anunciado pelos Iniciados (leia-se médiuns) na Sabedoria Suprema da Criação de Brahma e sua vida terrena em oitava encarnação.

 

1ª lenda – Os iniciados anunciam a oitava vinda do Krishna à Terra.

Como se vê, os hindus não tinham a pretensão de se julgarem os únicos privilegiados com os ensinamentos do Cristo – ou Krishna –, Guia do planeta em que habitavam.

Foi dito aos homens que viria entre eles o novo Enviado que nasceria entre eles para trazer os ensinamentos superiores; a narrativa é um pouco (ou bastante) confusa, mas dá conta de que o Rajá de Ragipur, ao saber que era anunciada tal vinda, tomou todas as providências para saber de quem se tratava e, talvez, por isso, não foi dito quem seria. A própria mãe o ignorava, o que fez com que o Rajá mandasse imolar todas as crianças que nascessem por aquela época. E conta:

Quis a sorte, porém – porque esta era a Vontade brahmânica – que sua emanação se dignificasse na véspera do nascimento e só nesse dia teria a mulher escolhida sagrada pela Criação, recebendo em seu ventre o sopro divino da fecundação de Brahma para que o filho nascesse no corpo de um bebê humano.

Como tal, foi escolhida uma mulher virgem.

Foi então providenciado para que esta mulher se encaminhasse ao estábulo – lugar sagrado na Índia – da purificação e lá nasceu Yésu, a oitava encarnação de Krishna que trazia em si o espírito de Vishnu e o Poder de Brahma, a Criação. O Pai, o Filho e o Espírito Santo, em linguagem e compreensão atual.

Escolhida a manjedoura porque na Índia é limpa e segura; porque nela habitam os animais sagrados – os bois –. Já na Palestina, teríamos um bostal da pior categoria onde o judeu jamais deixaria que lá nascesse, sequer, o filho de uma prostituta, pois tinham (e têm) pela maternidade um respeito absoluto.

 

2ª lenda – que fala da perseguição e do retiro.

Não podendo identificar o dia do nascimento do Enviado de Brahma, quis o Rajá que ele fosse exterminado, a fim de que não ferisse seu poder superior, mandando dizimar os recém-nascidos. Mais uma vez, os sacerdotes (chamemo-los assim, por falta de melhor termo) atuaram para que Yésu e sua mãe se retirassem para local ignorado, onde o novo Enviado teria sua formação terrena para poder cumprir sua missão. Posteriormente foi esclarecido que mãe e filho se recolheram ao Himalaia onde transcorreriam trinta e três anos até que completasse o ciclo da perfeição.

Tudo é muito coincidente, há que se convir, mas, se se levar em conta que as lendas do Hinduísmo foram escritas quinze séculos antes do nascimento de Jesus, não se pode dizer que as mesmas tenham sido forjadas na história evangélica . Pelo contrário, o que se pode admitir é que as lendas da Índia é que seriam consideradas subversivas aos interesses do Cristianismo.

Coincidência ou transcrição? Ou será que a História se repetiu?

Da existência de Jesus ninguém pode duvidar. Dos acontecimentos, não se tem provas.

 

3ª lenda – da revogação das castas.

Como se sabe, antes da instituição do Hinduísmo a religião brahmânica, em consonância, já naquele tempo, com o poder do Estado, dividia o povo em quatro castas sociais, sendo elas:

Brâmanes – a primeira delas, dos potentados, compreendendo primeiramente, os superiores religiosos (sacerdotes), senhores do poder da criação e que ditavam as leis do povo e os sacrifícios; seguiam-se os nobres e livres, arianos de origem, os chefes de estado e os senhores que detinham o poder, todos, tidos como superiores.

Xátrias – Os guerreiros, compondo a casta imediatamente inferior, contudo, com idênticos privilégios.

Vaixás – a terceira e última casta com credenciais de existência; compreendiam os agricultores, os criadores de gado, os comerciantes e os abastados que, com suas rendas, não só podiam pagar os tributos impostos pelos governantes como ainda tinham condições de viverem com certo conforto financeiro.

Além dessas três castas existia o que hoje chamaríamos de plebe e que eram os sudras, sem direito à vida eterna, tidos pelos tâmeis como sendo os párias da sociedade, cujos privilégios se resumiam à vida presente. Estes, quando morriam, eram considerados como findos.

O tâmul é a mais culta das línguas dravídicas, ou seja, asiáticas, falado pelos tâmeis, povo que hoje habita o Sri Lanka.

Yésu, após sua iniciação nos templos do Himalaia, veio à sociedade dizer que todos eram iguais, criados por Brahma e que, como tal, não podia existir diferença de castas; os privilégios sociais eram devidos ao mérito de cada um, porém, por ser um pária, quando morresse teria o mesmo destino que um brâhmane, ou seja, seria julgado pelos seus atos.

E as castas foram reformuladas, surgindo, assim, o Hinduísmo que, em resumo, baniu os privilégios, sob alegação de que, se tudo foi criado pelo Mayá de Brahma, nada pode gozar de privilégios fora dos que ostentam na existência terrena.

Mayá é a energia criadora de Deus.

Como se vê, se, de fato, Jesus vem a ser a reencarnação de Yésu o u não, seus princípios filosóficos das existências são rigorosamente idênticos.

Seguir o Cristo é nos orientarmos pelos desígnios de nosso Guia Supremo (terreno) em todos os tempos, porque, a cada passo, os mesmos ensinamentos, desde a pré -história, são rigorosamente pregados aos homens.

 

A análise da prudência

Do mesmo modo que há católicos-espíritas, (catoritas) isto é, aqueles que praticam a eucaristia, confessam-se e aceitam a salvação pela Igreja, mas procuram os pais-de-santo para se aconselharem, também pode-se encontrar o espírita-católico (espiritólico) que aceita a reencarnação, o médium, a intercomunicação com o além e os ensinamentos dos Espíritos mas que continuam presos aos princípios eclesiásticos, para os quais Jesus é muito mais que o Mestre Supremo na Terra, responsável pelo seu progresso, um deus ao qual devemos eterna reverência e respeito e que se afrontaria contra aquele que ousasse contestá-lo.

Para estes, qualquer consideração em contrário, não passa de blasfêmia; não levam em conta que Jesus, um luminar, jamais se ofenderia com qualquer opinião a seu respeito, porque ele está acima das vaidades humanas. E o evangelho é tido como sua palavra suprema.

No seu egoísmo, é uma tendência natural da criatura achar que o seu Guia espiritual seja o único e verdadeiro. Melhor do que todos. É, sem dúvida, uma aberração assim pensar, mas impossível tirar da imaginação do crente que adora e divinifica seu Senhor.

Ora, pois, para se considerar bom cristão, tem que se ter Jesus como Salvador e a Imagem do Criador na Terra. Os outros missionários seriam mero acaso na decorrência social da vida.

Perante o Espiritismo, de acordo com os ensinamentos espirituais, Jesus existiu como homem, sem corpo fluídico, sem ficções, sem divergências encarnatórias, foi o grande missionário que nos trouxe os ensinamentos do Cristo (guia do planeta) e, como tal, abriu o conhecimento da filosofia de vida à civilização ocidental, a quem legou seus ensinos no que tange às coisas divinas. Devemos a ele a Boa Nova, o conhecimento dos princípios da Criação e tudo mais que os orientais já sabiam através de seus enviados.

Se Jesus foi o Cristo ou se foi seu enviado, ou como afirmam outros, o seu médium, seja como for – o que não faz a menor diferença –, veio iluminar uma época e trazer a palavra do Alto a um povo que a fazia por ignorar. Se a civilização ocidental é a que se diz cristã, não lhe segue os verdadeiros ensinamentos, citando-o, apenas, como Mestre. Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, declara que Jesus é um dos seres angélicos, responsáveis pelo planeta.

O que se pode ter em conta é que existe uma corte espiritual de Mentores de elevadíssima formação, acima do que possamos imaginar, encarregada de guiar o planeta para dar cabo à tarefa de encaminhar as criaturas que nele se encarnam. E Jesus pontifica entre eles, sem dúvida.

Pelo Hinduísmo, poder-se-ia concluir que Cristo Guia nosso Mestre e responsável pela orientação na Terra dos homens que devam ter seu progresso através de reencarnações neste planeta, se fez sempre presente através de enviados que nascem e trazem sempre o mesmo ensinamento acrescido dos conhecimentos a que o homem possa alcançar. Segundo uns, Yésu teria sido o oitavo e Jesus o nono ou décimo. E os outros?

Escreve, ainda, Geoffrey Watson, em citação de Morri s Sullivan, que uma corrente indiana defende a tese reencarnacionista de que Krishna teria nascido em Yésu, seu corpo para pregar o espírito divino da criação, unindo, da mesma forma, outra trindade numa só pessoa. Diz ele, ainda, que, com isso, a hipótese de Jesus ser o Cristo não é nenhuma inovação, apenas, a repetição de um dogma de determinada corrente hinduísta. Este não fala de outras encarnações.

Provavelmente o legendário Osíris, ou quem tenha orientado o povo egípcio àquele tempo, tenha sido o primitivo já que, historicamente, tudo indica seja o primeiro dos grandes enviados, anterior, até mesmo, a Kung-Fu Tséu (Confúcio). Buda pode ter sido o intermediário, pois viveu entre um e outro. Ou Sócrates, apontado a Kardec, segundo seus arquivos particulares, por determinada Entidade, como presidente da falange do Espírito de Verdade e, neste caso, o próprio Jesus. (Tese defendida por Dr. Pena Ribas)

E por que não?

Contudo, não nos esqueçamos de que todas essas considerações, curiosas e coincidentes, são especulações para estudo e não tábula rasa, sem discussões, tidas e havidas como absolutas.

Seria uma grande injustiça o privilégio de determinados povos sobre os demais terem eles tido o único e verdadeiro enviado do Kris, Krishna ou Cristo, inclusive, de acordo com o que pregou o próprio Jesus, o que justificaria, até mesmo, sua reação perante a vida e o sofrimento que enfrentou: estaria ante mais uma de suas missões.

O que não se admite é a fé cega. Ter Jesus como único e supremo é ignorar o resto do mundo, pensar que a injustiça teria punido os demais sem lhes dar o direito de seguirem o caminho certo, principalmente aos que viveram anteriormente à sua vinda ao mundo e, pior, negar a razão e as suas próprias palavras.

Há, ainda, uma corrente espiritualista que tem Jesus como o enviado ao nosso mundo, vindo de outro planeta superior, habitado, em missão, como Mestre, para ajudar-nos em nosso progresso espiritual. Um desses defensores é Pietro Ubaldi, no seu último livro, intitulado “Cristo”. A esse respeito há uma série de interpretações e considerações, alguns tentando explicar seu martírio, como uma necessidade para exemplo; outros esclarecem que seria resgate de seus últimos débitos trazido do mundo de origem. Na verdade, o que se afigura é que, o grande sofrimento de Jesus foi ver que a humanidade ainda não estava preparada para recebê-lo e entender-lhe as palavras, bem como o exemplo. O resto, as dores corpóreas, para ele, devem ter sido insignificantes.

O Espiritismo é universalista, este é um ponto fundamental; defende o direito de cada um e acha que o seu mérito está em suas ações e não em sua ideologia; o Cristianismo bíblico é restritivo e exclusivista, negando o direito aos demais, mesmo que perfeitos em suas ações, de se agraciarem com as benesses divinas se não o seguirem pela sua Igreja. Neste caso, o importante não é agir corretamente nem praticar os ensinamentos do bem, é ser de sua Igreja, independente da conduta que leve. Pratique o mal, mas salve-se na crença!

Foi contra isto que os ensinamentos dos Espíritos, legados a Kardec, se insurgiram. Está na hora de se tomar uma posição definitiva de liberdade e esta só será possível quando se conhecer a Verdade.

 

Carlos Imbassahy – obra; E... Deus Existe?

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:17

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Terça-feira, 28 de Setembro de 2010

COMPORTAMENTO PRECONCEITUOSO

O processo antropossociopsicológico do indivíduo é realizado com imensa dificuldade, em razão do impositivo de vencer os hábitos enfermos que o retêm nas etapas vencidas, e que lhe constituem vigorosas travas à aceitação e adaptação aos novos comportamentos. Como decorrência, o desenvolvimento intelectivo, tecnológico, científico dá-se com mais facilidade e repercussão do que aquele de natureza moral, por proceder da libertação dos atavismos viciosos que produzem as sensações de prazer e de gozo, em detrimento da harmonia que deve viger no ser que se ilumina.

O brilho intelectual produz a jactância que proporciona a soberba e a presunção, desenvolvendo no ser imaturo uma falsa superioridade, que observa as demais pessoas como sendo pigmeus culturais que não merecem consideração ou oportunidade, em razão do seu nível de conhecimentos não acadêmicos, como se a sociedade se erguesse sobre os alicerces da ilusão cultural e do predomínio do poder temporal que todos perseguem como maneira de ocultar os próprios conflitos, descarregando-os no desdém dirigido àqueles que são considerados fracos e submissos.

Quando se trata de valores morais e espirituais, normalmente a visão dos refugiados nos gabinetes da pseudossabedoria presunçosa, sempre distante das massas que despreza, é a de que esses valores são tidos como equipamentos próprios para vestir a ignorância e mascarar os limites intelectuais em que se demoram.

Em todas as épocas o intelectualismo zombou da pequenez daqueles que não tiveram oportunidade de proporcionar brilho à mente, embora trabalhando em favor do progresso sociológico e moral da Humanidade, sendo desconsiderados nas suas realizações enobrecedoras.

Nada obstante, seres brilhantes e ricos de sabedoria como Racine ou Voltaire, Rousseau ou Clemenceau, Montaigne ou Auguste Comte, Descartes ou Rossini, Flaubert ou Chateaubriand, Debussy ou Renoir, ou Sartre, apenas para recordar alguns gênios, devotaram-se à compreensão das necessidades humanas, observando e apoiando as idéias revolucionárias pelo seu conteúdo libertador, embora não sendo deles, desse modo construindo a sociedade progressista e dignificada pelas virtudes e pela eloquência dos seus valores morais e espirituais...

Têm sido esses eminentes pensadores e outros tantos cientistas e investigadores dos fenômenos da vida, artistas e sábios, santos e apóstolos, como Pascal, Pasteur ou Broca, Charcot ou Pierre Curie, Rouget de Lisle ou Massenet, Jeanne d’Arc ou Vincent de Paul, Degas ou Gide, que compreenderam os fenômenos humanos e entregaram-se com dedicação total ao ministério de construir a sociedade da esperança, da beleza, do conhecimento e do amor, a fim de que todos os homens e mulheres do mundo tivessem os mesmos direitos ao sonho e à realidade, à saúde e à alegria, à vivência do bem na Terra livre do terror, do sofrimento e da miséria...

Dentre os grandes missionários franceses representantes da inteligência superior da evolução, Allan Kardec destacou-se como cientista e apóstolo, educador e missionário de Jesus Cristo, apresentando o Espiritismo, no clímax do enflorescimento cultural na França e no mundo, como sendo a filosofia ética e moral mais bem urdida durante o século XIX para servir de paradigma cultural e social ao pensamento que mergulhava no materialismo dialético e mecanicista, histórico e agressivo, fomentador de guerras e de desgraças, em nome da soberania ideológica dos seus líderes apaixonados e de algumas nações enlouquecidas...

Concomitantemente, ocorrendo a separação natural que eclodiu nas academias, colocando as religiões totalitárias nos seus devidos lugares, sem que se imiscuíssem nos negócios do Estado e no comportamento das investigações a respeito do ser humano, da vida e do Cosmo, surgiu, com Allan Kardec, a doutrina libertadora de consciências, capaz de proporcionar a fé raciocinada apoiada na experiência dos fatos, avançando com as conquistas da Ciência nos seus diversos campos de investigação, propondo novos e felizes conceitos perfeitamente de acordo com os avanços culturais e filosóficos de então.

Desdenhado pela presunção de alguns magister dixit, o Espiritismo serviu de campo de experimentação para Charles Richet, Gabriel Dellanne, Osty, Geley, Mme. Bisson, na França, e no mundo para Crookes, Lombroso, Aksakof e toda uma elite de homens e mulheres comprometidos com a verdade e não com os interesses mesquinhos da prepotência humana um tanto irracional.

Jean Jaurés, por exemplo, tornou-se mártir por defender a França do compromisso de entrar na guerra de 1914, sendo assassinado covardemente pelos defensores da hecatombe, e, à semelhança de outros mártires dos direitos humanos e da liberdade, ofereceu-se para a preservação da vida, enquanto a sua foi sacrificada...

Resultado de profundas observações no campo da mediunidade, na França das liberdades democráticas e das conquistas da beleza e da sabedoria, essa nobre Doutrina lentamente foi transformada em campo para inqualificáveis comportamentos, quais os de exploração da ignorância por falsos médiuns e fantoches da indignidade, travestidos de espíritas... Os farsantes, aproveitando-se da respeitabilidade do Espiritismo, sendo alguns portadores de mediunidade atormentada ou dirigida por Espíritos vulgares, zombeteiros e mistificadores, passaram explorando a ingenuidade da clientela aturdida, contribuindo para a desmoralização, no país, da obra gloriosa e libertadora da Codificação...

Por outro lado, pessoas aflitas, que se lhe vincularam aos postulados renovadores, não tiveram a coragem de despir-se das indumentárias nefastas do orgulho, da presunção, e apropriaram-se do nome respeitável do Espiritismo para o adaptar a conceitos e doutrinas outras, que lhes pareciam simpáticas, numa mixórdia compatível com as suas necessidades de sucesso, ora discordando da parte religiosa, momentos outros da científica e até mesmo da filosófica, para criarem grupos de investigadores, alguns inescrupulosos, gerando contínuas e lamentáveis discórdias na grei.

Por outro lado, a partir da Guerra Franco-prussiana de 1870-1871 e as que a sucederam, o país ficou assinalado pelo sofrimento, e o mau exemplo de alguns religiosos, que fugiram dos deveres de amparar as ovelhas dos seus rebanhos, geraram a animosidade a todo e qualquer movimento portador de propostas ético-morais e de religiosidade doutrinária, ampliando a área do materialismo e do existencialismo, de modo que o imediato passou a dominar as mentes e a emocionar os sentimentos.

– Viver por viver é gozar – passou a ser normativa existencial de milhões de pessoas, não apenas na França, mas em todo o mundo.

À medida que as comunicações e o intercâmbio de idéias tornaram- se mais fáceis e presentes em todos os momentos, a ânsia do ser humano pelas informações e a busca desordenada pelos acontecimentos trágicos, em mecanismos de fuga da realidade e de transferência dos conflitos, estimularam o surgimento e a manutenção de comportamentos alienados uns, frios outros, inquietos ainda outros mais...

Nesse comenos diminuiu a divulgação dos postulados espíritas, na veneranda e moderna Gália, apesar da presença digna e ativa de trabalhadores dedicados à seara da luz, ficando, porém, o campo antigo trabalhado pelos pioneiros à mercê das pragas da indiferença e da desconfiança dos presunçosos intelectuais que passaram a considerar o Espiritismo pelas informações errôneas, ao invés de mergulharem nos conteúdos extraordinários da filosofia profunda, sustentada pelos fatos extraordinários defluentes das seguras comprovações da imortalidade, da justiça divina, da reencarnação...

O Espiritismo é uma doutrina que não pode ser penetrada por meio de leituras superficiais, aliás, como sucede com toda ciência experimental, exigindo reflexões cuidadosas em torno dos seus conteúdos iluminativos, da sua moral assentada nos ensinamentos de Jesus Cristo, conforme Ele os enunciou, e não conforme foram adaptados às paixões de grupos e de teólogos amargurados e déspotas, formando greis fanáticas e perversas.

Libertando o Evangelho da letra que mata e facultando o conhecimento do espírito que vivifica, a sua é a missão de esclarecer e de proporcionar condutas saudáveis, mediante a mais elevada ética de que se tem notícia, aplicando a justiça social, favorecendo todos os indivíduos com as mesmas oportunidades de dignificação mediante o trabalho, a educação, o repouso, a construção da solidariedade e o respeito aos direitos de pensamento e ação igualitariamente para todos.

Não havendo sido fruto da elaboração de um homem, antes, porém, resultado de uma proposta firmada pelos expoentes da filosofia universal, que atravessaram os penetrais da morte e retornaram vivos, confirmando a sua e a nossa imortalidade, fixa-se no mecanismo da mediunidade, que lhe constitui o instrumento de comprovações, favorecendo aqueles que buscam entendê-lo com textos de insuperável beleza sobre os mais diversos conhecimentos históricos e lógicos dos tempos passados e dos atuais e com as belas perspectivas em torno do futuro.

Desdenhado, porém, pelos multiplicadores de opinião e pelos intelectuais de gabinete, que jamais se permitiram sair das suas celas douradas para a convivência com a massa de sofredores de que o mundo está referto, ou mesmo com os portadores das chagas morais virulentas das enfermidades mal disfarçadas, que são os tormentos interiores, não encontra ressonância, exceto esporadicamente quando algo abala a opinião pública pela sua grandeza ou miséria, nas páginas dos veículos da mídia escrita ou comentários edificantes na comunicação radiofônica, televisiva, na virtual, no abençoado e formoso campo cultural da veneranda França...

Os fatos são imperiosos, escreveu Cromwell Varley, ao tornar-se espírita, e não existe nada mais brutal do que um fato, proclamou Broussai, defendendo as pesquisas científicas do seu tempo.

A formação cultural francesa é cartesiana, enfrentando sempre a razão e contestando tudo quanto suporte a demonstração científica e o debate cultural.

O Espiritismo foi trabalhado pelos seres imortais dentro desses parâmetros vigorosos e, por essa razão, suplantou a intolerância com que o atacaram acadêmicos e religiosos partidaristas, populares ignorantes, enfrentando a revolução das doutrinas psicológicas que passaram a confirmar-lhe indiretamente os conteúdos psicoterapêuticos, os avanços da Física e da Astronomia, da Medicina e da Antropologia, demonstrando a robustez dos seus ensinamentos sem alterar um paradigma sequer, mantendo-se tão atual neste momento, quanto o esteve ao ser publicado, há mais de um século e meio...

A indiferença francesa ao Espiritismo, ainda confundido por alguns jactanciosos como sendo uma seita, apesar do seu caráter científico, portador de moral elevada e profundamente cristã, sua ética socraticoplatônica e todo o acervo de sabedoria, não deixa de ser chocante.

A atitude científica é sempre a de pesquisar, tendo o direito de discrepar, combater ou confirmar as metas a que se propõe, nunca, porém ignorar o que se encontra à disposição e ao alcance de quem se permita a experimentação.

Esse comportamento, porém, é transitório e passará, queiram ou não os ditadores da cultura e os sábios de ocasião, porque ninguém pode deter a força do progresso nem a marcha do conhecimento que atingirá o Infinito, decifrando todas as incógnitas que ainda aturdem a mente e afligem os sentimentos.

O Espiritismo se propõe a construir a nova sociedade humana em a qual o sofrimento deixará de afligir e as manifestações da barbárie, tais como as injustiças sociais, a violência, as arbitrariedades, os crimes hediondos e o desrespeito pela vida cederão lugar ao equilíbrio e à beleza, ao conhecimento enobrecido e ao amor, à saúde e à arte, à dignificação da criatura e à consideração afetuosa pela mãe Terra, que nos tem servido de lar desde os primórdios da nossa evolução.

Auguramos, sinceramente emocionado e confiante, que esses formosos e bem-aventurados tempos logo chegarão, porquanto já se encontram em acercamento, proporcionando, por antecipação, alegria e bem-estar, ventura e plenitude.

                                                                                                                               Victor Hugo

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 11 de maio de 2010, na residência de João e Milena Rabelo Júnior, em Paris, França.)

Reformador Setembro 2010

 

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:55

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Segunda-feira, 27 de Setembro de 2010

OBESSÃO JÁ É RECONHECIDA PELA MEDICINA

A Obsessão Espiritual como doença da Alma, já é reconhecida pela Medicina

Em artigos anteriores, escrevi que a Obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito.
No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social.

Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do ser humano e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: mente corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: biológico, psicológico e espiritual. Desta forma, a Obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID -O Código Internacional de Doenças- que permite o diagnóstico da interferência espiritual obsessora.

O CID 10, item F.44.3 – define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença. Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos -nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura- bem como na interferência de um ser desencarnado das trevas, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios. O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria – DSM IV – alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina da USP, o Dr.Sérgio Felipe de Oliveira, médico, coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade.
Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.
Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas. Em minha prática clínica, a grande maioria de meus pacientes, que são rotulados pelos psiquiatras de “psicóticos” por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico.
Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o ser integral.
Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

Por conta disso, escrevi um artigo em meu site, cujo título é “Terapia Médica e Terapia Espiritual: Por que dividir se podemos somar” , a importância de agregarmos as duas abordagens terapêuticas.
Neste aspecto, a Terapia Regressiva Evolutiva (TRE) – A Terapia do Mentor Espiritual – Abordagem psicológica e espiritual breve, canalizada por mim através dos Espíritos Superiores do Astral, foi criada; não para substituir a medicina, mas, sim, complementá-la. Melhor explicando: a medicina cuida do organismo físico e a TRE da alma, do espírito. Essa é a minha esperança, que as duas possam um dia caminhar lado a lado, formando uma parceria e quem sai ganhando é a população.

Caso Clínico:
Por que nunca namorei, não consigo me firmar, ter um relacionamento duradouro?
Mulher de 31 anos, solteira.

Veio ao meu consultório querendo entender o por quê de nunca ter namorado, ter tido um relacionamento duradouro.
Apesar de ser uma mulher bonita, não despertava interesse nos homens. E, quando despertava esporadicamente, só apareciam homens casados e estrangeiros, mas logo se desinteressavam e sumiam de sua vida.
Sentia também muita tristeza e não conseguia dormir no escuro.
Na academia de ginástica, com freqüência, via uma sombra, uma forte impressão de ter alguém atrás dela.

Na 1ª sessão de regressão, ao pedir à paciente atravessar o portão (é um recurso técnico utilizado nessa terapia, que funciona como um portal da espiritualidade, e que separa o passado do presente, o mundo espiritual do mundo terreno), ela me relatou:

“Vejo uma névoa esbranquiçada, cerrada (ao atravessar o portal, é freqüente os pacientes regredirem trazendo lembranças de uma vida passada em forma de cenas, imagens, névoas esbranquiçadas, acinzentadas ou escuras – que correspondem, respectivamente, às regiões intermediárias do astral superior e inferior).
Estou pairando, flutuando… Vejo um homem nitidamente, usa uma túnica branca, que lembra a figura de Jesus Cristo. Ele também usa barba e cabelos compridos. Na verdade, eu o vi antes de atravessar o portal. Vi também uma imagem feia, assustadora -era o rosto de um homem-, depois sumiu (nessa terapia, o obsessor espiritual dos pacientes, costuma se manifestar mostrando o rosto ou partes dele; um olho ou um par de olhos)”.

- Pergunte ao homem de túnica branca quem é ele, peça para se identificar – sugiro à paciente.
“Ele diz que é o meu mentor espiritual (ser desencarnado diretamente responsável pela nossa evolução espiritual, também chamado de anjo da guarda pela Igreja Católica, e guia espiritual pelo Candomblé e Umbanda).
O meu mentor espiritual estava me dizendo que ia me levar a um lugar e aí apareceu outra imagem, um olho de um rosto feio… mas desapareceu. Agora ele fala que vai me levar onde preciso ir (pausa).
Vejo uma estrada escura… Ele me diz: ‘É isso que você precisa saber’.
Na estrada deveriam estar passando carros, mas está vazia e é noite.
Parece ser uma rodovia… agora ele me chamou para ir com ele novamente, diz que vai me mostrar outra coisa (pausa).
Parece um acidente… e tem uma mulher. Ela usa um lenço na cabeça, mas não está nessa rodovia. Eu a vejo em outro lugar. Ela chora de desespero… parece que perdeu alguém, acho que foi nesse acidente.
Eu vejo também um carro prata todo destruído, contorcido. Ela perdeu alguém nesse acidente”.

- Busque saber quem ela perdeu – peço à paciente.
“É o filho dela… e continuo vendo a rodovia”.

Na segunda sessão de regressão, antes de iniciarmos, a paciente comentou que a cena daquela rodovia não saiu de sua cabeça, ainda via nitidamente aquelas imagens. Comentou também que quando dirige tem a tendência de correr bastante. As pessoas sempre falaram que ela corria muito, mas ela nunca admitiu. No entanto, ao sair da primeira sessão de regressão, quando estava dirigindo, percebeu pela primeira vez que realmente corria bastante.

Ao regredir a paciente relatou:
“Vejo novamente aquela névoa esbranquiçada. Estou no meio dela… vejo o meu mentor espiritual. Ele sorri e me diz: ‘Vamos, você precisa se curar! Aquele acidente foi você que provocou em vida passada’.

- Pergunte ao seu mentor por que você provocou esse acidente? – Peço à paciente.
“Vejo dois carros naquela rodovia correndo em sentido oposto, com os faróis altos.
Eu corria demais, era noite naquela rodovia (pausa). Agora eu e o meu mentor espiritual estamos num caminho, tem mato dos dois lados. Está amanhecendo… a gente caminha olhando para o chão de terra (pausa).
Apareceu a imagem de uma morena, cabelos compridos. Vejo-a de mãos dadas com uma pessoa… é um rapaz, aparece cabisbaixo para mim. Eu não o conheço (na verdade, a paciente não o reconhece por conta do ‘véu do esquecimento’ do passado que a impede de lembrar a experiência dessa existência passada).
Ele veste uma camiseta preta, calça jeans, tem cabelo liso, tem entre 20 e 25 anos. Esse rapaz está deitado nesse chão de terra, com os olhos fechados.
Estou em pé, próximo da cabeça dele.
Ele está deitado e não se mexe, nesse lugar de mato onde o meu mentor espiritual me levou. Eu vejo o corpo dele em preto e branco e a imagem do local é colorida. (pausa).
Agora vejo-o de bruços; sinto (paciente intui) que ele está ferido, mas não vejo sangue”.

- Descubra quem é esse rapaz – peço à paciente.
“O meu mentor me responde: ‘Ele era noivo, tinha planos e você os interrompeu. Aquela senhora de lenço na cabeça que você viu na primeira sessão de regressão era a mãe dele.
Portanto, foi esse rapaz que morreu no acidente, na colisão de carros. A moça que você viu de mãos dadas com ele era a sua noiva, eles iam se casar (pausa)’.
Dr. Osvaldo, eu ouço o rapaz me dizendo que preciso pagar por isso. O meu mentor diz que preciso me arrepender pelo que fiz, e que a minha cura depende disso. Esclarece que esse rapaz, meu obsessor espiritual, me acompanha onde quer que eu vá. É ele que está provocando o meu insucesso amoroso, porque não se conforma por ter tirado a vida dele no acidente de carro dessa vida passada. Ele está caído no chão, mas vejo o rosto dele olhando para mim com ira.
O meu mentor espiritual me diz que nesse acidente saí ilesa, não me aconteceu nada. Diz também que esse rapaz estava sem cinto de segurança e, com isso, foi arremessado para fora de seu carro e caiu nesse mato, que fica à margem da rodovia. Ele ia ser médico e era filho único. A mãe dele ainda hoje cultua (reza) a sua imagem”.

- Pergunte ao seu mentor espiritual em que época ocorreu esse acidente – peço à paciente.
“Ele diz que foi duas vidas antes da atual. Fala que antes de ocorrer o acidente, estava dirigindo o meu carro em alta velocidade, mexendo no rádio e, com isso, acabei me distraindo”.

- Você era homem ou mulher nessa vida passada? – Pergunte ao seu mentor espiritual.

“Ele diz que era homem, e que eu estava embriagado, por isso estava correndo demais. Portanto, as causas do acidente foram a velocidade em excesso, a distração e a embriaguez (pausa).
O rapaz está me dizendo que me quer para ele porque se sente sozinho, pois perdeu o amor dele”.

- Pergunte se o seu mentor espiritual tem mais alguma coisa a lhe dizer – peço à paciente.
“Ele diz novamente: ‘Você precisa se arrepender, esse rapaz quer que você fique sozinha, igual a ele’.
Ele esperou a sua encarnação atual para fazer isso, e a mãe dele alimenta o seu espírito”.

- Como ela faz isso? – Peço à paciente para perguntar ao seu mentor.
“Mantendo a sua ira, a vontade de se vingar de mim… vejo-a num quartinho rezando. O meu mentor diz que na vida anterior à atual, eu ainda reencarnei como homem. Então, esse rapaz esperou que eu viesse como mulher na vida atual porque como não podia ter a sua noiva de volta, me quis para substituí-la.
Portanto, ele sabia que na encarnação atual eu iria sofrer tanto quando ele se ficasse sozinha, sem nenhum namorado”.
Ao final desta sessão pedi para que ela fizesse a oração do perdão para esse rapaz.

Na sessão seguinte (terceira e última), a paciente comentou que em dois momentos, quando estava fazendo a oração do perdão, levantou as mãos -em imposição- irradiando a luz dourada de Cristo para esse rapaz, mas sentiu suas mãos tremerem e os braços pesados, como se alguém estivesse impedindo a irradiação.
Num outro momento, sentiu que não era ela que estava lendo a oração. Esclareci dizendo à paciente que é comum ao ler a oração do perdão, o obsessor espiritual participar da oração.

Na última sessão, ao regredir, a paciente me relatou:
“Vejo novamente aquele névoa branca, visto uma túnica dourada, estou descalça, com a mesma aparência física da vida atual (pausa).
Vejo agora um jardim vasto, bem verde, com gramados, não têm árvores, é dia, tem sol. Eu me sinto bem, é um lugar bonito (pausa).
Vejo um homem, mas ele está bem longe, não consigo me aproximar dele”.

- Veja quem é esse homem – pergunto à paciente.
“O meu mentor espiritual me diz que esse rapaz é um presente, que ele está destinado a mim (é comum também nessa terapia, além da regressão de memória, o mentor fazer uma progressão, ou seja, uma revelação futura, caso ache necessário). Mas afirma que só depende de mim me aproximar desse rapaz.
Ele me esclarece que não estou conseguindo me aproximar desse rapaz porque tenho que fazer a minha parte, que é guiar o meu obsessor espiritual à luz. Diz também que o obsessor espiritual está se sentindo mais calmo, mas que preciso continuar com a oração do perdão.
Reforça me dizendo: ‘Você precisa se arrepender’.
Eu lhe pergunto de que forma posso me arrepender… como se dá isso?
Ele fala que o arrependimento vem da alma, e que vou sentir isso. Quando me arrepender do fundo de minha alma, de meu coração, tudo vai mudar em minha vida e que só assim, definitivamente, vou me libertar de meu obsessor”.

- Pergunte ao seu mentor de onde vem à sua tristeza – peço à paciente.
“Ele diz que essa tristeza em grande parte vem do obsessor, mas vem de mim também”.

- Pergunte-lhe por que você dúvida; se tudo isso não é imaginação sua, uma fantasia… (paciente me perguntou no final da sessão anterior se tudo o que trouxe até agora, como conteúdo da regressão, não era uma fantasia, produto de sua imaginação).
“Ele diz que no fundo sei que tudo isso não é uma fantasia, e que não é de hoje que ele conversa comigo (pausa).
Concordo com ele, realmente escuto uma voz dentro da minha cabeça que fala comigo. Eu achava que era algo do meu pensamento”.

- Pergunte ao seu mentor espiritual como você pode diferenciar o que é pensamento seu de um pensamento que vem dele – pedi à paciente.
“Ele responde que é através dos sentimentos; portanto, diz que eu sinto quando é ele. Esclarece que quando é o meu pensamento, não tem um diálogo. E quando é ele, há um diálogo muito claro, inconfundível”.

- Por que então você questionou na terapia se foi uma fantasia, uma imaginação esse diálogo com ele? – Pergunto à paciente.
“Ele diz que é porque ainda não tinha despertado a minha consciência. Mas afirma que agora eu despertei”.

- Pergunte ao seu mentor se devemos ou não continuar com o tratamento – peço à paciente.
“Ele diz que não precisa, foi o suficiente, pois o que tinha que saber nessa terapia eu soube. Agora sei de onde vem o meu problema. Ele está se despedindo, indo embora”.

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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Domingo, 26 de Setembro de 2010

UMA VISÃO ESPÍRITA DO HOMOSSEXUALISMO SEM O DISSIMULADO PURISMO CRISTÃO

As múltiplas experiências humanas pela reencarnação e os repetidos contatos com ambos os sexos proporcionam ao espírito as tendências sexuais na feminilidade ou masculinidade e este reencarna com ambas as polaridades e se junge, às vezes, contrariado aos impositivos da anatomia genital e ao da educação sexual que acolhe em seu ambiente cultural. Consoante essas experiências tenderá para qualquer das duas opções e o fará nem sempre de acordo com sua aspiração interior, que poderá ser inversa ao que determina o meio socio-cultural.

Emmanuel ensina na obra "Vida e Sexo" que o "Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas." (1) Além disso, há vários fatores educacionais que poderiam contribuir para despertar no indivíduo as tendências sepultadas nas profundezas de seu inconsciente espiritual. E, ainda que desempenhe papéis de acordo com a sua anatomia genital, e que seu psiquismo se constitua de acordo com sua opção sexual, poderá ocorrer que se desperte com desejos de ter experiências com pessoas do mesmo sexo. Tal ocorrência poderá lhe tumultuar a consciência caracterizando, por aquele motivo, um transtorno psíquico-emocional.

A convivência do espírito com o sexo oposto ao que adotou em cada encarnação, bem como aquelas em que exerceu sua opção sexual, irão plasmar em seu psiquismo as tendências típicas de cada polaridade. Explica Emmanuel: "A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação."(2)

Na questão 202 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos Espíritos: "Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?" "Isso pouco lhe importa", responderam os Benfeitores, "o que o guia na escolha são as provas por que haja de passar"(3), esclareceram os Espíritos.

A genética tem tentado encontrar genes que explicariam a homossexualidade como sendo desvio de comportamento sexual. A psiquiatria tenta encontrar enzimas cerebrais que poderiam influenciar no comportamento sexual. Alguns sexólogos, explicam que é uma preferência sexual. Mas a sede real do sexo não se acha no veículo físico, porém na estrutura complexa do espírito. É por esse prisma que devemos encarar as questões relacionadas ao sexo. "A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos". (4)

Não podemos confundir homossexualismo com desvio de caráter, até porque os deslizes sexuais de qualquer tendência têm procedências diversas. Suas raízes genésicas podem vir de profundidades íntimas insondáveis. "A própria filogênese(5) do sexo, que começa aparentemente no reino mineral, passando pelo vegetal e ao animal, para depois chegar ao homem, apresenta enorme variação de formas, inclusive a autogênese[geração espontânea] dos vírus e das células e a bissexualidade dos hermafroditas"(6), para alguns pesquisadores justifica o aparecimento de desvios sexuais congênitos.

Com a liberação sexual e a ascensão do feminino na sociedade contemporânea, a tolerância ao homossexualismo aumentou, permitindo que uma grande quantidade de pessoas que viviam no anonimato se expressasse naturalmente. Chico Xavier explica, de forma clara, o seguinte: "Não vejo pessoalmente qualquer motivo para criticas destrutivas e sarcasmos incompreensíveis para com nossos irmãos e irmãs portadores de tendências homossexuais, a nosso ver, claramente iguais às tendências heterossexuais que assinalam a maioria das criaturas humanas. Em minhas noções de dignidade do espírito, não consigo entender porque razão esse ou aquele preconceito social impediria certo numero de pessoas de trabalhar e de serem úteis à vida comunitária, unicamente pelo fato de haverem trazido do berço características psicológicas e fisiológicas diferentes da maioria. (...)Nunca vi mães e pais, conscientes da elevada missão que a Divina Providencia lhes delega, desprezarem um filho porque haja nascido cego ou mutilado. Seria humana e justa nossa conduta em padrões de menosprezo e desconsideração, perante nossos irmãos que nascem com dificuldades psicológicas?" (7)

A Doutrina Espírita é libertadora por excelência. Ela não tem o caráter tacanho de impor seus postulados às criaturas, tornando-as infelizes e deprimidas. A energia sexual pede equilíbrio no uso e não abuso ou repressão. A Doutrina Espírita não condena a homossexualidade, contrariamente, recomenda-nos o respeito e fraterna compreensão para com os que têm preferências homoafetivas. Muitas vezes, pode até ser alguém tangido pelo apelo permissivo que explode das águas tóxicas do exacerbado erotismo, somado aos diversos incentivadores pseudocientíficos da depravação, que podem estar desestruturando seu sincero projeto de edificação moral, através de uma conduta sexual equilibrada.(8) Por isso mesmo, não pode ser discriminado, nem rejeitado, pois, como admoesta Jesus, "aquele dentre vós que não tiver pecados, que atire a primeira pedra" ... (9)

Como já vimos com Emmanuel no início desta exposição, não há masculinidade plena, nem plena feminilidade na Terra. Tanto a mulher tem algo de viril, quanto o homem de feminil. Antigamente, a educação muito rígida e repressiva contribuía para enquadrar o indivíduo ambisséxuo, em seu sexo natural.

Assumir a homossexualidade não significa mergulhar em um universo de atitudes extremadas e desafiadoras perante seu grupo de relacionamento familiar ou profissional, "mas fazer um profundo exercício de auto-aceitação, asserenar-se por dentro, a fim de poder reconhecer perante si mesmo e todo seu círculo de amigos e parentes que vives uma situação conflitante. O verdadeiro desafio é a construção interna para superar os desejos. E não estamos aqui referindo-nos exclusivamente a desejo sexual e sim a toda espécie de desejos que comandam a vida das criaturas." (10)

Emmanuel enfatiza que: "O mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie [homossexual], somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade devidos às criaturas heterossexuais."(11) O homossexualismo não deve, pois, ser classificado como uma psicopatia ou comportamento merecedor de discriminação ou medidas repressivas. O homossexual, especialmente o "transexual", merece toda a nossa compreensão e ajuda, para que ele possa vencer sua luta de adaptação ao novo sexo adquirido com o renascimento.

Outra questão extremamente controvertida, para muitos cristãos, é a possibilidade da união estável [casamento] entre duas pessoas do mesmo sexo. Ante a miopia preconceituosa do falso purismo religioso da esmagadora maioria de cristãos supostamente "puros", isso é uma blasfêmia. Isto torna o tema bastante complexo, e não ousaríamos opinar com a palavra definitiva. [estamos abertos a discussões] Porém, após refletir bastante sobre o assunto e, sobretudo, tendo como alicerce as opiniões de Chico Xavier, entendemos que a união estável [casamento] entre homossexuais é perfeitamente normal. Sim!

Só conseguiremos entender melhor a questão homossexual depois que estivermos livres dos (pré)conceitos que nos acompanham há muitos milênios. Arriscaríamos afirmar que a legalização do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo é um avanço da sociedade, que estará apenas regulamentando o que de fato já existe.

Seria lícito a duas pessoas do mesmo sexo viverem sob o mesmo teto, como marido e mulher? A propósito, vasculhando fontes sobre esta mesma indagação encontramos em Folha Espírita a resposta de Emmanuel : "A esta indagação o Codificador da Doutrina Espírita formulou a Questão 695, em O Livro dos Espíritos, com as seguintes palavras: ’O casamento, quer dizer, a união permanente de dois seres, é contrário a lei natural?’ Os orientadores dos fundamentos da Doutrina Espírita responderam com a seguinte afirmação: ’É um progresso na marcha da humanidade.’ Os amigos encarnados no plano físico com a tarefa de sustentar e zelar pelo Cristianismo Redivivo, na Doutrina Espírita, estão aptos ao estudo e conclusão do texto em exame." (12)(grifamos)

Tanto o homossexual como o heterossexual devem buscar a sua reforma interior, não cedendo aos arrastamentos provocados pelos impulsos instintivos e sensuais. Lembremos, o que é ilícito ao hétero, também o é ao homossexual. Ambos precisam "distinguir no sexo a sede de energias superiores que o Criador concede à criatura para equilibrar-lhe as atividades, sentindo-se no dever de resguardá-las contra os desvios suscetíveis de corrompê-las. O sexo é uma fonte de bênçãos renovadoras do corpo e da alma"(13)

Mister, portanto, reconhecer que ao serem identificados os pendores homossexuais das pessoas nessa dimensão de prova ou de expiação, é imperioso se lhes oferte o amparo educativo pertinente, nas mesmas condições que se administra instrução à maioria heterossexual da sociedade.

Acreditamos, por fim, que estas idéias poderão levar, a quantos as lerem, a meditar, em definitivo, sobre o assunto , lembrando que o homossexualismo transcende em si mesmo à simples questão da permuta sexual.


Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com  
Site: http://meuwebsite.com.br/jorgehessen  

FONTES:
(1) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.
(2) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.
(3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. Feb, 2000, perg. 202
(4) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.
(5) Filogenia (história evolucionária das espécies) opõe-se à ontogenia (desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a maturidade para a reprodução.)
(6) Disponível em acessado em 21/04/06
(7) Publicada no Jornal Folha Espírita do mês de Março de 1984
(8) A recomendação do Espiritismo para o respeito e a compreensão para com os irmãos que transitam em condições sexuais inversivas (homossexualismo) ocorre em função do sentimento de fraternidade ou caridade que deve presidir o relacionamento humano, mas igualmente pelo fato de que nenhum de nós tem autoridade suficiente para condenar quem quer que seja, pois todos temos dificuldades morais e/ou materiais graves que precisam de educação.
(9) João, cap. VIII, vv. 3 a 11
(10) Disponível em acessado em 21/04/2006
(11) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.
(12) Publicada no Jornal Folha Espírita do mês de Julho de 1984.
(13) Xavier, Francisco Cândido. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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DIVERSIDADES DA RAÇA HUMANA - NASCIMENTO DO HOMEM

O LIVRO DOS ESPÍRITOS
53. O homem surgiu em muitos pontos do globo?
“Sim e em épocas várias, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças. Depois, dispersando-se os homens por climas diversos e aliando-se os de uma aos de outras raças, novos tipos se formaram.”
a) - Estas diferenças constituem espécies distintas?
“Certamente que não; todos são da mesma família. Porventura as múltiplas variedades de um mesmo fruto são motivo para que elas deixem de formar uma só espécie?”


NASCIMENTO DO HOMEM
A raça humana surgiu em diferentes pontos da Terra e, em épocas variadas, invadiu o solo terreno em busca de lugares adequados para a sua sustentação biológica, bem como para se apresentar sob diferentes forMas, mas sendo o mesmo homem, com a função primordial de subir despertando seus talentos em estado de sono, no centro d'alma. Observa a filogenia das espécies e notarás as variações das coisas e dos seres viventes, na procura do mais perfeito, que a razão te dará a resposta. Tudo é movido para a frente; tudo empreende jornada procurando a luz e melhorando as próprias condições físicas, morais e espirituais. Esta é a lei que sustenta a harmonia da criação e, certamente, é vontade de Deus.
As raças surgiram por afinidade a determinadas regiões, e ali trabalharam e cresceram, entretanto, nunca uma raça foi entregue ao seu próprio destino, como se fossem o espaço e o tempo que cuidassem das suas necessidades. Deus é Pai bondoso e santo! Todas as raças, desde o princípio, foram tuteladas por falanges de Espíritos angélicos, que cuidaram e cuidam das suas ascensões. Eles são os benfeitores que não se esquecem dos seus tutelados, que dão mais assistência aos homens do que estes possam imaginar. Procuram por todos os meios para colocá-los nas escolas, onde poderão ser educados e instruídos e se empenham, com todos os esforços, para que a humanidade reconheça a sua filiação espiritual.
Ninguém está só nos caminhos do mundo. Em quaisquer circunstâncias, estás acompanhado por entidades espirituais, de acordo com tuas intenções, porém, mesmo que os sentimentos atraiam companhias inferiores, o comando da Luz não te perde de vista, e na hora exata te chama à realidade, induzindo-te para diretrizes elevadas, por meios que eles conhecem serem os melhores. Mesmo que a marcha seja árdua, ninguém se perde. Todos, algum dia, aquecerão no peito o sol do entendimento, onde nascerá o Cristo dizendo: A paz seja convosco! E encontraremos Deus dentro de nós.
As diferenciações das raças não fazem espécies distintas, como as diferenciações de nomes e sabores das laranjas não fazem com que elas percam a designação de laranja. As raças foram feitas para se mesclarem, e essa disposição foi entregue aos homens. É pois, a tua parte. E nesse cruzamento surge a fraternidade e o respeito entre todos, como também o perdão e o amor.
O comércio, que hoje se estende por todas as nações da Terra, é para que os homens se confraternizem e sintam o mesmo valor em outras raças, aquele direito por que lutam, a fim de o preservarem, em benefício próprio. É bom que vejamos que a natureza não se esqueceu de guardar valores na superfície e no seio do solo de uma nação, que não outra não existe; que propiciou faculdades de trabalho a determinadas raças, coisa que outras encontram dificuldades de execução. Pelo princípio do assunto que tocamos, podes deduzir outras coisas. E tudo isso, para que se processassem as trocas, muito comuns entre os povos, e com isso, a convivência altamente necessária ao despertamento do amor ao próximo, tão falado no Evangelho e necessário à paz das nações!
O homem nasceu em diversos pontos do globo; todavia, são todos irmãos, filhos do mesmo Deus. Não podemos nem devemos fugir do nosso dever para com os nossos semelhantes, porque não podemos viver sem eles. Façamos qual o ar e as águas que servem todas as nações do mundo com o mesmo interesse de ser útil, repetindo quantas vezes forem necessárias, esse ato de caridade. Assim deve ser o nosso empenho.

Miramez
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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Sábado, 25 de Setembro de 2010

A MULHER CANANEANA - PARA HELENA APRENDER

MATEUS: capítulo 15º, versículo 21. Partindo daí, Jesus se retirou para os lados de Tiro e de Sidônia. — 22. E uma mulher cananeana, vindo dessa região, lhe bradou: Senhor, filho de David, tem piedade de mim; minha filha está sendo cruelmente atormentada pelo demônio. — 23. Jesus não lhe respondeu uma só palavra e seus discípulos, aproximando-se, lhe rogaram: Faze o que ela pede, a fim de que se vá embora, pois vem gritando no nosso encalço. — 24. Ele respondeu: Não fui mandado senão para as ovelhas perdidas da casa de Israel. — 25. A mulher afinal se aproximou dele e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me. — 26. Ele lhe respondeu: Não convém pegar do pão dos filhos e dê-lo aos cães. — 27. Replicou-lhe ela: Sim, Senhor; mas os cãezinhos comem ao menos as migalhas que caem das mesas de seus amos. — 28. Disse então Jesus: Mulher, grande é a tua fé: seja-te feito como desejas. E no mesmo instante lhe ficou a filha curada.

 

MARCOS: capítulo 7º, versículo 24. Dali partindo foi Jesus para os confins de Tiro e de Sidônia; entrou numa casa desejando que ninguém o soubesse, mas não pôde ocultar-se; — 25, por isso que uma mulher, cuja filha se achava possessa de um Espírito impuro, tanto que ouviu dizer achar-se ele ali, entrou e se lhe prostrou aos pés. — 26. Ela era gentia e de origem siro-fenícia. Suplicou-lhe que expulsasse da filha o demônio. — 27. Jesus lhe disse: Deixa que primeiro se saciem os filhos; pois não se deve tomar do pão dos filhos para dá-lo aos cães. — 28. Ela, porém, respondeu:

É verdade, Senhor, mas os cãezinhos, debaixo da mesa, comem ao menos as migalhas das crianças. — 29. Ele então disse: Vai, que, por efeito do que acabas de dizer, já o demônio saiu de tua filha. — 30. Ao regressar a casa, verificou ela que o demônio sairá de sua filha, achando-se esta deitada no leito. (101)

 

Nesta passagem dos Evangelhos, uma apreciação se nos oferece da marcha do Cristianismo e da do Espiritismo, que lhe vem concluir a obra.

 

Como daí se vê, Jesus, que era e é todo amor e caridade, não repeliu verdadeiramente aquela mulher, nem lhe falou daquele modo por não pertencer ela à nação judia. Fê-lo para dar uma lição aos homens, mostrando-lhes que, por muito afastada a criatura das crenças cristãs, a fé em Deus pode operar o “milagre” que lhe ela peça. Que fora o que impelira a mulher cananeana a apelar para o Mestre, senão a confiança que depositava na sua missão divina? Quem lhe inspirou a resposta que deu ao Senhor, senão a fé viva de que se achava possuída, a confiança sem limites que Ele lhe inspirava?

 

O que daí podemos e devemos concluir logicamente é que obteremos tudo o que pedirmos com fé e perseverança, embora nem sempre o seja em condições que os nossos sentidos grosseiros logrem apreciar no momento. Muitas vezes, as graças que imploramos de um ponto de vista humano só na eternidade produzirão seus frutos.

 

O episódio de que tratamos constituiu uma lição de que necessitavam os homens daquela época e, em particular, os Judeus, e também os de agora, especialmente os católicos romanos, protestantes que se julgam com o privilégio de formar, eles sós, a família divina, de ser os únicos verdadeiros filhos do Pai celestial.

 

Essa não é a doutrina ensinada e exemplificada por Jesus, que considerava e considera “filhos” todos os que, sejam quais forem suas nacionalidades e seus credos, procuram sinceramente a verdade e se esforçam por trilhar as sendas da justiça, da caridade, do amor, da fraternidade.

 

Aos olhos do Senhor, os homens não são nem cristãos, nem católicos, nem judeus, nem muçulmanos, nem pagãos, nem heréticos, nem protestantes, nem espíritas e nem ortodoxos. Eles se dividem apenas em submissos à lei divina e em rebelados contra ela. Todo aquele que, em verdade, se esforce por caminhar nas veredas do Senhor, é filho do “pai de família”.

 

Nós outros, os espíritas, tampouco podemos considerar-nos, pelo só fato de o sermos, os únicos filhos verdadeiros. Mas, por já compreendermos melhor quais os que assim podem ser chamados, devemos desejar com ardor merecer esse título e esforçar-nos por usar dignamente dele, para o que precisamos ter fé forte e vivaz; ter a coragem das nossas opiniões e dos nossos atos, não transigindo jamais com a nossa consciência.

 

O pão que recebemos, destinado aos “filhos”, devemos distribuí-lo abundantemente com os “cãezinhos” que, famintos, pedirem lhes seja permitido partilhar do alimento sagrado: o “pão de vida e de verdade”.

 

Mas, para isso, cumpre tenhamos, além de fé viva, ativa e produtiva, que nada teme, amor fecundo, abnegação completa, absoluto esquecimento das ofensas, caridade sem limites, certos de que o perdão e o benefício ocultos valem cem vezes mais do que os que se ostentam ou reclamem agradecimentos. Precisamos, enfim, ter cheios os nossos corações das virtudes que conduzem à perfeição.

 

Procedendo desse modo, mais tarde ou mais cedo veremos dar-se, com os incrédulos, os materialistas, ou sábios orgulhosos, os escribas, os fariseus e os príncipes dos sacerdotes, que nos tempos hodiernos repelem a revelação nova, como já repeliram a palavra do Cristo e a de seus apóstolos, o mesmo que se deu outrora e se tem dado em todas as épocas: serem queimados no fogo do remorso e passarem pelas torturas e sofrimentos morais, pelas expiações, reparações e provas correspondentes à sua obstinação no erro, e se convencerem, finalmente, das verdades reveladas e exemplificadas pelo Divino Cordeiro Imaculado.

 

A nós espíritas, agraciados com as revelações de que são portadores ao mundo os Espíritos do Senhor, que nos importa o ridículo a que procuram lançar-nos os insensatos que, em última análise, só dão atenção e apreço ao que podem explorar a bem de seus interesses materiais; que se furtam ao estudo e à experiência e se constituem juizes em causa própria, para sempre e somente condenar o que desconhecem e ignoram, por se não terem dignado de ler os autos?

 

 (101) Atos, 3º, 25, 26; 13º, 46. — Romanos, 15º, 8.

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 22:26

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Quarta-feira, 15 de Setembro de 2010

ESPIRITISMO X ESPIRITUALISMO - DOUTRINA DIFERENTES

 

"Fé inabalável só o é a que pode encarar frente-a-frente à razão em todas as épocas da Humanidade". Allan Kardec

Frequentemente sou abordada por pessoas que questionam acerca das diferenças entre Espiritismo e Espiritualismo. Perguntam, ainda, se ambas as doutrinas não seriam a mesma coisa.

Em verdade, a maior parte das questões formuladas não é pronunciada exatamente dessa maneira. Muitos indagam se sou ‘espírita kardecista’ ou se sou ‘espírita de mesa branca’. Tem também os que desejam saber se no Centro Espírita onde desenvolvo minhas tarefas fazemos trabalhos de macumba ou reuniões mediúnicas públicas. E por aí vai. As perguntas são as mais variadas e a maioria delas reflete um grande desconhecimento do público sobre o tema.

Importante frisar que essa confusão não acontece apenas nos meios não religiosos. Ela é muito frequente entre os espiritualistas que em sua maioria não conhecem as bases filosóficas da doutrina à qual pertencem.

Obviamente, não é à toa que tal fenômeno ocorre. São fatores históricos que geraram tais confusões que, aliás, parecem ser de senso-comum, uma vez observada à naturalidade com que muitos afirmam que todo culto afro-católico é uma doutrina espírita, o que não é verdade. Kardec, quando elaborou o prefácio da obra viga mestra (O Livro dos Espíritos), afirmou que para coisas novas deveriam existir palavras novas. Foi aí que definiu a palavra Espiritismo e Espíritas (ou espiritistas) para diferenciar a Doutrina e seus seguidores das de outros movimentos religiosos.

Umbandistas não são Espíritas, nem cartomantes ou qualquer pessoa que desenvolva atividades ligadas às “mancias” (cristalomancia, quiromancia, etc.).

Isso não desmerece em nada as doutrinas espiritualistas – apenas dá conta de colocar cada coisa em seu devido lugar. Quem estuda as obras de Kardec e segue tal doutrina é Espírita. Simples assim.

Não existe a palavra kardecismo, visto que Kardec não fundou nada, a Doutrina não é dele, mas sim dos Espíritos. Ele contribuiu com suas colocações lúcidas e organizou as informações vindas do Plano Mais Alto. Também não existe mesa branca: nos Centros Espíritas temos todos os tipos de cores de mesa e nem sempre as toalhas que as revestem são brancas. Também não realizamos reunião mediúnica pública - entendemos, através de nossos estudos, que tais reuniões devem ser privativas.

Também não acendemos velas, nem realizamos sacramentos, tais como casamentos ou batizados.

Não cultuamos imagens de santos, nem tomamos banho com sal grosso.

Não carregamos “figas”, tampouco patuás, fitinhas ou amuletos.

Vale frisar que também não consideramos tais práticas perniciosas, apenas não fazem parte da Doutrina Espírita e, portanto, um verdadeiro espírita deverá evitá-las, sem condenar as pessoas que delas se valem, de acordo com suas crenças particulares. Aqui o objetivo nunca será discriminar qualquer forma de religião, fazer proselitismo ou pregar o Espiritismo como sendo a maior ou a melhor das religiões. O que é preciso creio eu, é situarmos as coisas, pois esta confusão serve de munição para aqueles que atacam esta religião.

Espiritualismo é a doutrina ou sistema que admite a presença, no homem e no mundo em geral, do elemento espiritual. Desse modo, a maior parte das religiões são espiritualistas, uma vez que creem na existência da dualidade corpo e alma. O Espiritualismo é o oposto do materialismo, que afirma não existir nada além da matéria.

Espiritismo, contudo, significa Doutrina dos Espíritos. Ou seja, há um parentesco significativo entre ambas, mas não são a mesma coisa. Aliás, posso afirmar que elas apresentam práticas bastante diferentes.

O Espiritismo compreende alguns pontos que o afastam do Espiritualismo das religiões tradicionais. São eles: a crença na reencarnação; a descrença na doutrina das penas eternas; a crença na pluralidade dos mundos habitados e a crença na comunicabilidade dos Espíritos através da mediunidade. Além disso, para o espírita o estudo necessita ser constante e a busca por sua melhoria íntima idem.

Resumindo: todo Espírita é Espiritualista, mas nem todo Espiritualista é Espírita.

Sugiro ao caro leitor, caso se interesse pelo assunto, que leia as obras “O Que é o Espiritismo” de Allan Kardec e “O que não é o Espiritismo” de José Carlos Leal.

O tema é amplo e merece um olhar mais atento, principalmente em nosso país, onde há um número considerável de pessoas simpatizantes de ambas as doutrinas.

Claudia Gelernter

Publicado no Recanto das Letras em 10/11/2007

 

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 18:11

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