Quinta-feira, 28 de Outubro de 2010

VELÓRIOS

Diante do corpo de alguém que demandou a Pátria Espiritual, examina o próprio comportamento, a fim de que não te faças pernicioso, nem resvales pelas frivolidades, que nesse instante devem ser esquecidas.
O velório é um ato de fraternidade e de afeição aos recém-desencarnados que, embora continuem vinculados aos despojos, não poucas vêzes permanecem em graves perturbações.
Imantados à organização somática, da qual são expulsos pelo impositivo da morte, que os surpreende com o "milagre da vida", não obstante em outra dimensão, desesperam-se, experimentando asfixia e desassossegos de difícil classificação, acompanhando o acontecimento, em crescente inquietude.
Raras pessoas estão preparadas para entender o fenômeno da morte, ou possuem suficientes recursos de elevação moral a fim de serem trasladadas do local mortuário, de modo a serem certificadas do ocorrido em circunstâncias favoráveis, benignas.
No mais das vêzes, atropelam-se com outros desencarnados, interrogam os amigos que lhes vêm trazer o testemunho último aos despojos carnais, caindo, quase sempre, em demorado hebetamento ou terrível alucinação...
Em tais circunstâncias, medita a posição que desfrutas nos quadros da vida orgânica, considerando a inadiável imposição do teu regresso à Espiritualidade.
*
Se desejas ajudar o amigo em trânsito, cujo corpo velas, ora por êle.
No silêncio a que te recolhes, evoca os acontecimentos felizes a que êle se encontrava vinculado, os gestos de nobreza que o caracterizaram, as renúncias que se impôs e os sacrifícios a que se submeteu... Recorda-o lutando e renovando-se.
Não o lamentes, arrolando os insucessos que o martirizaram, as aflições em rebeldia que experimentou.
O chôro do desespero como as observações malévolas, as imprecações quanto às blasfêmias ferem-nos à semelhança de ácido derramado em chagas abertas.
De forma alguma registres mágoas ou desaires entre ti e êle, os vínculos da ira ou as cicatrizes do ódio ainda remanescentes.
Possivelmente êle te ouvirá as vibrações mentais, sem compreender o que se passa, ou sofrerá a constrição das tuas memórias que acionarão desconhecidas fôrças na sua memória, que, então, sintonizará contigo, fazendo que as paisagens lembradas o dulcifiquem - se são reminiscências felizes - ou o requeimem interiormente - se são amargas ou cruéis - fomentando estados íntimos que se adicionarão ao que já experimenta.
A frivolidade de muitos homens tem transformado os velórios em lugares de azêdas recriminações ao desencarnado, recinto de conversas malsãs, cenáculo de anedotário vinagroso e picante, sala de maledicências insidiosas ou agrupamento para regabofes, onde o respeito, a educação, a consideração à dor alheia, quase sempre batem em retirada...
E não pode haver uma dor tão grande na Terra, quanto a que experimenta alguém que se despede de outrem, amado, pela desencarnação!
*
Sem embargo, o desencarnado vive.
Ajuda-o nesse transe grave, que defrontarás também, quando, quiçá, êsse por quem oras hoje seja as duas mãos da cordialidade que te receberão no além ao iniciares, por tua vez, a vida nova...
Unge-te, pois, de piedade fraternal nas vigílias mortuárias, e comporta-te da forma como gostarias que procedessem para contigo nas mesmas circunstâncias.
*
"Deixai que os mortos enterrem os seus mortos". Lucas: capítulo 9º, versículo 60.
*
"Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo". Evangelho Segundo o Espíritismo - Capítulo 5º - Item 21, parágrafo 5.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Florações Evangélicas. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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Quarta-feira, 27 de Outubro de 2010

VENENO LIVRE

Pede você que os Espíritos desencarnados se manifestem sobre o álcool, sobre os arrasamentos do álcool.

Muito dificil, entretanto, enfileirar palavras e definir-lhe a influência. Basta lembrar que a cobra, nossa velha conhecida, cujo bote comumente não alcança mais que uma só pessoa, é combatida a vara de ferro, porrete, pedra, armadilha, borralho, água fervente e boca de fogo, vigiada de perto pela gritaria dos meninos, pela cautela das donas de casa e pela defesa do serviço municipal, mas o álcool, que destrói milhares de criaturas, é veneno livre, onde quer que vá, e, em muitos casos, quando se fantasia de champanha ou de uísque, chega a ser convidado de honra, consagrando eventos sociais. Escorrega na goela de ministros com a mesma sem-cerimônia com que desliza na garganta dos malandros encarapitados na rua. Endoidece artistas notáveis, desfibra o caráter de abnegados pais de família, favorece doenças e engrossa a estatística dos manicômios; no entanto, diga isso num banquete de luxo e tudo indica que você, a conselho dos amigos mais generosos, será conduzido ao psiquiatra, se não for parar no hospício.
Ninguém precisa escrever sobre a aguardente, tenha ela o nome de vodca ou suco de cana, rum ou conhaque, de vez que as crônicas vivas, escritas por ela mesma, estão nos próprios consumidores, largados à bebedeira, nos crimes que a imprensa recama de sensacionalismo, nos ataques da violência e nos lares destruídos. E se comentaristas de semelhantes demolições devem ser chamados à mesa redonda da opinião pública, é indispensável sejam trazidos à fala as vítimas de espancamento no recinto doméstico, os homens e as mulheres de vida respeitável que viram a loucura aparecer de chofre no ânimo de familiares queridos, as crianças transidas de horror ante o desvario de tutores inconscientes e, sobretudo, os médicos encanecidos no duro oficio de aliviar os sofrimentos humanos.
Qual! Não acredite que nós, pobres inteligências desencarnadas, possamos grafar com mais vigor os efeitos da calamidade terrível que escorre, de copinho a copinho.
É por isso talvez que as tragédias do alcoolismo são, quase sempre, tratadas a estilete de sarcasmo. E creia você que a ironia vem de longe. Consta do folclore israelita, numa história popular, fartamente anotada cm vários países por diversos autores, que Noé, o patriarca, depois do grande dilúvio, rematava aprestos para lançar à terra ainda molhada a primeira vinha, quando lhe apareceu o Espírito das Trevas, perguntando, insolente:
- Que desejas levantar, agora?
- Uma vinha - respondeu o ancião, sereno.
O sinistro visitante indagou quanto aos frutos esperados da plantação.
- Sim - esclareceu o bondoso velho -, serão frutos doces e capitosos. As criaturas poderão deliciar-se com eles, em qualquer tempo, depois de colhidos. Além disso, fornecerão milagroso caldo que se transformará facilmente em vinho, saboroso elixir capaz de adormecê-las em suaves delírios de felicidade e respouso...
- Exijo sociedade nessa lavoura! - gritou Satanás, arrogante.
Noé, submisso, concordou sem restrições e o Gênio do Mal encarregou-se de regar a terra e adubá-la, para o justo cultivo. Logo após, com a intenção de exaltar a crueldade, o parceiro maligno retirou quatro animais da arca enorme e passou a fazer adubagem e a rega com a saliva do bode, com o sangue do leão, com a gordura do porco e com excremento do macaco.
À vista disso, quantos se entregam ao vício da embriaguez apresentam os trejeitos e os berros sádicos do bode ou a agressividade do leão, quando não caem na estupidez do porco ou na momice dos macacos.
Esta é a lenda; entretanto, nós, meu amigo, integrados no conhecimento da reencarnação, estamos cientes de que o álcool, intoxicando temporariamente o corpo espiritual, arroja a mente humana em primitivos estados vibratórios, detendo-a, de maneira anormal, na condição de qualquer bicho.

Francisco Cândido Xavier. Ditado pelo Espírito Irmão X.
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 13:00

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Terça-feira, 26 de Outubro de 2010

CULTO AOS MORTOS

 

Resultante da ignorância, o culto dos mortos entre os povos primitivos se espalhou pelas múltiplas Civilizações da antiguidade, gerando em consequência, lamentáveis processos de desregramento religioso, que derrapavam, quase sempre, em dolorosos conúbios obsessivos. Entidades primárias e viciosas, utilizando-se das paixões vigentes, exigiam selvagens sacrifícios de vidas humanas, que o tempo se encarregou de suprimir...

Os holocaustos desta e daquela natureza foram sofrendo variações por impositivos do progresso, até assumirem conceituação metafísica, transmudando a mecânica da forma para a essência do espírito sacrificial. Concomitantemente, estabeleceu-se o intercâmbio entre os dois mundos: o dos encarnados, e o dos desencarnados, que retornavam com as mesmas características da personalidade desenvolvida antes do túmulo, exteriorizando as emoções e as sensações compatíveis ao estado de evolução de cada um.

Nos santuários dos Templos, nas Escolas de iniciação, nos "Mistérios", os mortos sempre assumiram papel preponderante, traduzindo os desejos dos "deuses" - "deuses" que se faziam crer - conduzindo, não raro, em em consequência, o pensamento humano às nascentes da vida, e elucidando os enigmas do ser, as diretrizes dos destinos e os impositivos da dor...

Filósofos e heróis, conquistadores e reis, magos e sacerdotes do passado mantiveram, dessa forma, longo comércio com o Mundo Espiritual em inolvidáveis diálogos, dos quais ressumavam a essência da vida verdadeira, a imortalidade, a comunicabilidade e a reencarnação do Espírito...

Com Jesus, no entanto, os chamados mortos receberam o necessário respeito, ocupando o devido lugar. Seus encontros com os libertos da carne, mencionados no Evangelho, são memoráveis, inconfundíveis. E a ética decorrente desse convívio, vazada na elevação moral e na renúncia, no amor e na caridade, constitui, ainda hoje, a linha de equilíbrio e base de segurança para a vida.

Depois d'Ele, Allan Kardec, o Missionário francês, de Lyon, foi investido pelo Alto com a inapreciável condição de desvelar a vida além da sepultura, facultando o renascimento do Cristianismo nos espíritos e nos corações, e abrindo nobres ensanchas para o intercâmbio com as Esferas Espirituais.

Os próprios Imortais aquiesceram em elucidar os enigmas humanos com a divina permissão, ampliando enormemente os horizontes do entendimento sobre a vida imperecível, após o decesso orgânico. Porque a Terra necessitasse de inadiável despertamento para as realidades do Espírito, os Embaixadores dos Céus mergulharam no corpo e renasceram nos diversos campos do pensamento e da investigação, colaborando com tirocínio lúcidos e comprovações indubitáveis da continuidade da vida após a morte.

Luminares do Reino mantiveram comunhão com os homens, através da mediunidade dignificada, repetindo a mensagem do Cordeiro de Deus aos corações amargurados e contribuindo com farta cópia de revelações novas. Não mais a morte. Em toda a parte exulta a vida. Ninguém se aniquila na morte. Muda-se de estado vibratório sem que se opere mudança intrínseca naquele que é considerado morto.

Morrer é, também, reviver. Mortos estão, em realidade, aqueles que têm fechados os olhos para a vida e jazem anestesiados na ilusão, deambulando, em hipnose inditosa, entre viciações e engodos. Cada ser é, além do corpo, o que cultivou na indumentária carnal. Nem melhor nem pior do que era. As construções mentais, longamente atendidas, não se apagam dos painéis espirituais ao toque mágico da desencarnação, tampouco o culto da personalidade, os hábitos infelizes, se rompem de imediato, graças ao bisturi miraculoso da morte.

Morrer e viver nas vibrações materiais são contingências que dizem respeito a cada um. Por essa razão, em memória dos teus mortos queridos, que vivem, não lhes açules as paixões subalternas com oferendas de ordem material. Já não necessitam dos mimos enganadores nem das demonstrações exteriores do mundo da forma. Têm agora outro conceito, compreendem melhor o que foram, como poderiam e deveriam ter sido, e lamentam, se não souberam conduzir a experiência pelas nobres linhas da elevação moral.

Respeita-lhes a memória, mas desvincula-os das coisas transitórias. Ama-os, e liberta-os das evocações dolorosas do vaso carnal. Ajuda, através da tua valiosa dádiva de amor, os que se demoram ao teu lado experimentando aflições e desesperos. Transforma as flores débeis que logo fenecem em pães de esperança, que sustentarão vidas em quase extinção.

Apaga os círios de parca luminescência e acende a luz da caridade, pensando neles, para que as lâmpadas de misericórdia que coloques em outras vidas possam transformar-se em claridade sublime nas consciências deles. Mitiga a sede, diminui a fome, alfabetiza, enseja o medicamento, fomenta a concórdia, distribui a esperança, divulga a paz, recordando aqueles a quem amas e que partiram para o mais além, e chuvas de bênçãos cairão sobre eles, abençoando-te também.

Não os pranteies em desesperos, não os exaltes em qualidades que não possuem. Recorda-os na saudade e mantêm-nos na lembrança do carinho, sabendo por antecipação que um dia virá em que jornadearás, também, na direção desse Mundo em que eles se encontram, voltando a estar ao lado deles, sendo feliz outra vez.

E como dispões ainda de tempo para preparar a sua viagem de retorno à Pátria Espiritual, organiza-te emocionalmente, entregando tua vida à Providência Divina e vivendo de tal forma do corpo que, em chegando o momento da desencarnação, não te detenhas atado às mazelas nem às constrições do vasilhame carnal.

"Se alguém guardar a minha palavra, nunca, jamais, provará a morte." - João, 8-52

O respeito que aos mortos se consagra não é a matéria que o inspira; é, pela lembrança, o Espírito ausente quem o infunde. Cap. XXIII, ítem 8.

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 09:58

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O CULTO DOS MORTOS NA VISÃO E'SPÍRITA


Este culto aos mortos num dia determinado, com a visita aos cemitérios e oferendas remonta aos tempos antigos e tem a sua origem nos cultos pagãos de adoração aos Deuses.

Com a ascensão da Igreja Católica, na época Romana, à categoria de religião oficial, no reinado de Constantino Magno no ano de 321, houve que fazer cedências e assimilar a cultura latina e a de outros povos que praticavam rituais e procediam a festivais nos cemitérios, em homenagem aos antepassados.
Dessa assimilação surgiram as próprias concepções de Céu, Inferno e Purgatório na religião dos cristãos que, para além de crer na ressureição dos corpos no dia do juízo final, passaram a cultivar o hábito de orar aos seus mártires, visitando-os nos cemitérios.
A partir do século XIII, a Igreja instituiu o dia 2 de Novembro como o Dia de Finados.
Um pouco por todo o lado este culto é praticado, apenas variando nas datas: na China comemora-se o Festival do Fantasma Faminto durante o Outono; no Japão o Festival das Lanternas (Obon) acontece entre 13 e16 de Julho; mesmo o termo Halloween parece ser uma corrupção do termo católico “Dia de Todos os Santos”, praticado nos festivais dos antigos povos celtas na Irlanda, cujo Verão terminava a 31 de Outubro.
Mais tarde, este costume foi transferido para os Estados Unidos, através da imigração Irlandesa.

Veja aqui:
No Espiritismo não há um dia especifico para recordar e homenagear os entes queridos, pois todos os dias do ano são bons para o fazermos e eles, que continuam vivos, embora noutra dimensão, agradecem as nossas lembranças sinceras, qualquer que seja o local onde elas se dêem.
Se estiverem felizes, regozijar-se-ão com o amor que lhes dedicamos e com a saudade que sentimos; se ainda se encontrarem algo perturbados (por desencarne recente ou violento, por exemplo), mais reconhecidos ficarão, pois a nossa prece lhes levará consolo e alívio, abrindo janelas luminosas para o auxílio que se lhes faz necessário.
Pouco se importarão se os visitamos ou não nos cemitérios, pois sabem que aí apenas se encontram os despojos carnais que lhes serviram para mais uma etapa de evolução e que, causa de sofrimento nos derradeiros tempos, abandonaram com alegria. Se lá comparecem é para mais um reencontro com os que ainda se encontram na terra e que mantêm o culto das sepulturas.
Conto-vos uma situação concreta que acompanhei de muito perto, ocorrida há 20 anos.
Tendo desencarnado havia pouco mais de um ano, o marido duma pessoa minha conhecida, manifestou-se mediunicamente, dando todas as informações que lhe foram solicitadas para a sua correcta identificação. Quando a esposa lhe perguntou se precisava de alguma coisa, todos ouvimos surpreendidos o pedido que lhe foi endereçado, com algum humor, característico da sua personalidade, enquanto na terra.
Pediu a entidade encarecidamente à esposa que deixasse de ir ao cemitério todos os dias, informando que ele já lá não estava, porque não era o seu lugar preferido. E que ainda por cima a esposa o “obrigava” a acompanhá-la diariamente, porque ele tinha receio de que a assaltassem pelo caminho.
A esposa vivia na Costa da Caparica e o cemitério distava alguns quilómetros da vila; ela percorria o caminho a pé e este não é de facto muito seguro. Quem conhece a zona, sabe do que falo.
Como se vê, a nossa visão facilmente se altera, quando aportamos ao mundo espiritual e percebemos que afinal não estamos mortos, mas mais vivos do que nunca com o Futuro imenso pela frente e oportunidades infinitas de reparação de nossos erros passados; abandonamos crenças ilusórias e passamos a valorizar todas as boas acções que praticámos, nesta ou em vidas passadas, de esperanças renovadas.
Se queremos homenagear os nossos “mortos”, recordemo-los nos momentos bons e troquemos uma ida ao cemitério, ou mais uma missa, por uma acção caridosa em seu nome e isso lhes será mais útil e recebido como uma prova do amor que lhes continuamos a dedicar. Até um novo reencontro, pleno de alegria.

Vejamos o que nos dizem os Espíritos, através de Kardec:
321. O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?
“Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”
a) - Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?
“Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento.
323. A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?
“Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”
"O Livro dos Espíritos"
PARTE 2ª - CAPÍTULO VI
retirado de http://ideiaespirita.blogspot.com/2007/10/o-culto-dos-mortos-na-viso-esprita.html
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 05:21

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Domingo, 24 de Outubro de 2010

A VERDADE DE CADA UM

É inadmissível, que nos dias atuais, às vésperas do 3º milênio, quer através da imprensa escrita, falada e televisiva, vejamos "fiéis" de determinadas religiões desenvolverem verdadeiras batalhas contra profitentes de outras crenças. Alguns, para alcançarem seus objetivos - aniquilar o inimigo - não titubeiam em lançar mão dos argumentos mais descabidos, até mesmo da mentira, se necessário for. Aqui comigo penso: se os religiosos, que pregam o entendimento, o perdão e paz, agem dessa maneira, imaginem os demais ...

Não há nenhum constrangimento em que sejam expostas as mazelas do próximo nos programas de TV, para depois então, mostrar a "religião salvadora". A dor e os problemas das pessoas são tratados como "produtos" na busca de conversões, num "marketing" proselitista sem pudor nem antecedentes, verdadeiro comércio da fé.

É lamentável que os homens "ainda sejam tão crianças no entendimento", como no dizer de São Paulo, perdendo tempo com discussões improdutivas, que não conduzem a lugar algum. Esquecem-se, que mais importante do que o rótulo é o conteúdo; mais importante que as aparências, são as atitudes. Depois, cada um tem o direito - inclusive assegurado pela Constituição do nosso país -,  no que diz respeito às crenças e cultos, de seguir o caminho que bem entender, de acreditar no que bem quiser.

Por uma questão de respeito à liberdade de pensamento, temos o dever de aceitar o posicionamento religioso dos outros; se não por isto, pelo menos por educação. Afinal, o preconceito e a discriminação já fizeram milhões e milhões de vítimas ao longo da história da humanidade.

A Idade Média ficou para trás, graças a Deus. Os tempos das "cruzadas" e da "santa inquisição", quando  tentavam impor "verdades" à custa de ferro e fogo, fazem parte apenas de um período obscuro e lamentável da nossa historicidade.

Os habitantes da Terra, lá para o final do 3º milênio, custarão a acreditar que um dia, homens foram escravos de outros homens; que existiu segregação racial nos Estados Unidos, motivo de vergonha para a maior "democracia" do mundo; que uns, por terem nascidos judeus, foram perseguidos e dizimados pelo Reich alemão; que outros, por serem arábes, foram vistos com desconfiança; que na Irlanda, católicos e protestantes, travaram uma guerra secular, sangrenta e desumana, pela disputa do poder em nome do Cristo. E, que ainda se achavam civilizados ...

Chega! É preciso que alguém grite, chamando todos a uma profunda reflexão, revendo conceitos e valores. De que valeram - é bom que se pergunte - os exemplos de Jesus, Buda, Krisna, Francisco de Assis e tanto outros iluminados que passaram pela Terra? De que valeram os sacrifícios de Ghandi, Martin Luther King e outros que ofereceram voluntariamente a própria vida em nome dos direitos humanos, de uma sociedade mais justa e da paz? De que têm valido os ensinamentos vivos que nos foram legados por Albert Schweitzer (evangélico), Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce (religiosas católicas) e por Chico Xavier (espírita), todos desenvolvendo incansáveis tarefas humanitárias?

Numa entrevista concedida à Revista Planeta, um dos grandes pensadores dos nossos dias, Frei Leonardo Boff, cita uma frase creditada ao Dalai Lama, líder espiritual do Tibet que, acredito, pode ser uma luz a clarear o entendimento dos religiosos ortodoxos: "A melhor religião é a que te faz melhor."

Entretanto, cada um quer ser dono da verdade, se possível, com exclusividade reconhecida. E, isso, convenhamos, é uma tola presunção de quem quer impor seus pontos de vista. Quem tenta convencer ao outro é aquele que ainda não conseguiu convencer a si mesmo.

Geralmente, os que já percorreram o caminho e já atingiram o objetivo, são serenos, justos, e neles, a humildade é um estado natural. Não criticam nem julgam, porque têm a consciência de que aqueles que vem atrás, mesmo tropeçando e caindo, também chegarão ao objetivo desejado, independente do caminho que tenham escolhido. Sabem, que a Luz não se impõe - é conquista de cada um.

Nem mesmo Jesus, em toda a sua sabedoria, quando questionado por Pilatos, se arriscou a definir a Verdade, preferindo silenciar. Talvez, porque a Verdade não deva ser conceituada, mas sim, vivenciada em toda a sua plenitude, através de uma busca incessante, de um constante caminhar, como no dizer de Sérgio de Souza Carvalho, em o Mestres da Terra: "O caminho dever ser percorrido e não discutido. A compreensão vem do fazer e não do falar:"

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" - afirmou Jesus - mas, não a definindo, deixou claro que cada um terá que encontrar sua própria Verdade, escolher sua trajetória particular para poder atingi-la. Assim, a coragem libertará o medroso; a cura libertará o doente; a educação libertará o ignorante; a reparação da falta libertará o criminoso; a esperança libertará o pessimista; a hulmidade libertará o orgulhoso e, desse modo, cada um encontrará a "sua verdade", ao seu modo, tempo e lugar. Portanto, ninguém tem o direito de querer "impor" a sua verdade - ou o que julga ser verdade -, a quem quer que seja.

Se ainda não somos sábios o suficiente para fazermos nossas as palavras de Sócrates, "Só sei que nada sei", ao menos sejamos educados, respeitando as convicções de cada um. É o mínimo exigido pelo bom senso.

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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A LENDA DO ESCONDERIJO SEGURO

Aconteceu em tempos já distantes...
Observando o comportamento irregular das criaturas humanas, a sua ingratidão e contínua rebeldia, Deus resolveu reunir a Corte Celeste, a fim de apresentar sua opinião pouco favorável aos seres inteligentes que, invariavelmente utilizavam do conhecimento e da razão para protestar, exigir, reclamar contra tudo e todos, demonstrando irritabilidade e desconsideração para com a Paternidade Divina.
Ante a expectação geral dos anjos, arcanjos, querubins e potestades, o Senhor explicou que desejava ensinar aos homens e mulheres terrestres uma forma condigna para O buscarem.
Todos sabiam que Ele residia no Paraíso, cujo endereço era muito conhecido, e para onde se dirigiam suas queixas e desgostos, raramente a gratidão e o amor. Assim, Ele estava pensando, pelo menos por um período, transferir-se da sua morada, para um lugar onde fosse difícil de ser encontrado. Isso seria uma espécie de férias que Ele desejava experimentar e uma advertência para os filhos ingratos.
Concedera-lhes os predicados do pensamento e da lógica, a fim de que pudessem examinar as belezas existentes no Cosmo, presentes em mil expressões terrenas e, não obstante, na maioria das vezes, esses atributos eram utilizados para o desregramento, a agressividade e a insensatez.
Todos os membros da Corte Celeste concordaram plenamente com a proposta divina e ficaram mais surpresos ainda, quando o Senhor lhes pediu sugestão sobre um lugar na Terra ou próximo dela onde pudesse ocultar-se temporariamente.
Após larga reflexão, um serafim muito honrado pediu vênia para falar, e propôs:
- Acredito que a Lua seria um excelente lugar para repouso. O silêncio que paira na sua superfície é grandioso, e dali a observação do planeta terrestre faz-se tão bela quanto emocionante. Sugiro, portanto, que o Criador a eleja como Vossa próxima residência.
Todos os membros da excelsa assembleia concordaram com a sugestão tomada com sorrisos de júbilo.
Mas, o Supremo Senhor, após meditar, redarguiu, preocupado:
- Eu posso prever o futuro, e graças a essa capacidade, vejo o ser humano chegando ao satélite terrestre e colocando ali os seus símbolos. Se lá eu estiver, nessa oportunidade, será muito mais difícil ter que suportar o atrevimento desses visitantes, que certamente não me deixarão em paz.
Um grande silêncio se abateu sobre todos, ante a desolação estampada na face do Excelso Pai.
Um arcanjo, que era tido como um dos mais sábios, pediu licença, e expôs:
- Os oceanos são ainda grande mistério para os humanos, e o Triângulo das Bermudas apresenta uma fossa muito profunda, inalcançável. Sugiro que ali seja estabelecida a Vossa residência.
Parecia estar resolvida a questão, quando o Supremo Chefe respondeu com tristeza:
- O ser humano é capaz de tudo. Posso prever um futuro não muito distante, no qual, se utilizando de equipamentos sofisticados e valiosos, ele descerá às maiores profundezas oceânicas, e, encontrando-me lá, tentará perturbar-me com a sua petulância e imprudência.
Estava-se num grande impasse, quando um anjo modesto, quase desconsiderado, pediu licença para opinar.
Ele dizia pertencer ao Terceiro Mundo, onde havia muitos pobres, os quais, sempre se ajudavam, procurando diminuir as dificuldades que enfrentavam reciprocamente.
As Entidades mais elevadas, ante o inusitado acontecimento, olharam-no quase com piedade, pensando no que poderia sugerir um modesto anjo encarregado da limpeza do Paraíso!
Mas Deus, por misericórdia, olhou na direção do interlocutor e, com muita ternura, interrogou-lhe:
- Se tens alguma ideia, dize-nos. Em que lugar pensas que me poderei ocultar, a fim de não ser afligido pelos seres humanos?!
Eu sugiro, Senhor - redarguiu o anjo humilde, que vos oculteis no coração da própria criatura humana, porque ali somente chegarão aqueles que muito se esforçarem para alcançar a própria evolução, e esses, quando a conseguirem, respeitar-vos-ão, entoando hinos de louvor à Vossa Majestade.
Houve uma comoção que tomou conta de todos, que passaram a aplaudir o modesto servidor angelical.
E, a partir daquele momento, Deus passou a residir no coração do ser humano, somente sendo encontrado por aqueles que realizam a viagem interior, auto-iluminando-se e amando profundamente ao seu próximo. Até hoje esse é o lugar preferido por Ele...

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: A Lenda do Esconderijo Seguro. Ditado pelo Espírito Selma Lagerlöf. LEAL.
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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Sábado, 23 de Outubro de 2010

REFLEXÕES SOBE A MORTE

Cidadão da eternidade, o homem convive, simultaneamente, com o mundo físico e o espiritual. Durante o sono, verifica-se a separação provisória entre a alma e o corpo. Enquanto este dorme, o Espírito semiliberto, envolto em seu corpo fluídico, ou perispírito, pode adentrar o mundo invisível, em excursão de aprendizagem ou em tarefa de ajuda aos mais necessitados nos dois planos da vida.

Na morte, porém, a libertação é definitiva: a vida, no corpo espiritual, desabrocha intensa e livre, pois "semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual"(I Cor.15:44). Por outro lado, o nascimento na Terra é como uma morte para o Espírito: este é encerrado em um "túmulo de carne", no dizer de Léon Denis. O mesmo se infere do conselho de Jesus ao homem que queria segui-Lo: "A outro disse: - Segue-me". "Mas ele disse: - Senhor, permite-me que eu vá primeiro sepultar meu pai" - "Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o reino de Deus"(Lc, IX:59-60)

É evidente que Jesus não censurava a preocupação piedosa do filho: providenciar o sepultamento de seu pai. A lição que se infere dessa passagem evangélica é que a vida real, intensa e bela, é a vida espiritual, natural ao ser; havia, pois, urgência em proclamá-la.

Toda morte é um renascimento: o despertar da vida em sua plenitude. Assim como morre a feia lagarta para surgir a borboleta multicor, assim também desagrega-se o invólucro material para libertar o Espírito que, em sua roupagem diáfana, flutua rumo ao verdadeiro lar, em busca de novos compromissos.

No dia de Finados, uma multidão de pessoas comparece aos cemitérios, cumprindo a tradição do culto aos mortos. As necrópoles ficam em festa, numa profusão de flores e velas, com direito à cobertura da mídia. Respeitamos aquele que assim o fazem; no entanto somos levados a refletir sobre o fato à luz dos ensinamentos da Doutrina Espírita.

Não é no silêncio frio das sepulturas que vamos encontrar os nossos entes queridos que partiram. Dos tristes despojos, muitas vezes, resta apenas pó. Não raro, os amores por que choramos e vamos procurar no cemitério estão ao nosso lado, velando por nós. Às vezes sofrem e perturbam-se, angustiados com o nosso sofrimento.

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta : (323) - "A visita ao túmulo proporciona mais satisfação ao Espírito do que uma prece feita em sua intenção? Obtém a seguinte resposta:" A visita ao túmulo é uma maneira de se manifestar que se pensa no Espírito ausente: é a exteriorização desse fato. Eu já vos disse que é a prece que santifica o ato de lembrar; pouco importa o lugar, se a lembrança é ditada pelo coração."

Convocados pelo pensamento, os finados comparecem ao triste local, em atenção aos seus familiares e amigos que lá se encontram. Tal, porém, poderia ser feito no recesso do lar, quando, em demonstração de saudade e carinho, fosse-lhes oferecido um ramalhete de flores envolvidas pela cariciosa vibração de uma prece.

 
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 13:44

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A DIFERENÇA

A reunião alcançava a parte final. E, na organização mediúnica, Bezerra de Menezes retinha a palavra.
O benfeitor desencarnado distribuía consolações, quando um companheiro o alvejou com azedume:
- Bezerra, não concordo com tanta máscara no ambiente espírita. Estou cansado de tartufismo. Falo contra mim mesmo. Posso, acaso, dizer que sou espírita-cristão? Vejo-me fustigado por egoísmo e intolerância, avareza e ciúme; cometo desatenções e disparates; reconheço-me freqüentemente caído em maledicência e cobiça; ainda não venci a desconfiança, nem a propensão para ressentir-me; quando menos espero, chafurdo-me nos erros da vaidade e do orgulho; involuntariamente, articulo ofensas contra o próximo; a ambição mora comigo e, por isso, agrido os meus semelhantes com toda a força de minha brutalidade; a crítica, o despeito, a maldade e a imperfeição me seguem constantemente. Posso declarar-me espírita com tantos defeitos?
O venerável orientador espiritual respondeu, sereno:
- Eu também, meu amigo, ainda estou em meio de todas essas mazelas e sou espírita-cristão...
- Como assim? - revidou o consulente agitado.
- Perfeitamente - concluiu Bezerra, sem alterar-se. - Todas essas qualidades negativas ainda me acompanham... Só existe, porém, um ponto, meu caro, que não posso esquecer. É que, antes de ser espírita-cristão, eu fazia força para correr atrás de todas elas e agora, que sou cristão e espírita, faço força para fugir delas todas...
E, sorrindo:
- Como vê, há muita diferença.
 
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Momentos de Ouro. Ditado pelo Espírito Irmão X.
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 09:22

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Quarta-feira, 13 de Outubro de 2010

DA TEOGONIA À CORTE CELESTIAL

 

No século V antes de Cristo a Grécia viveu seu esplendor como berço da civilização mediterrânea e até hoje, a Idade de Péricles é um marco desta cultura. Durante esse tempo, desenvolvia -se um conceito religioso que é tido como politeísta, contudo, que muito pouco diverge de certos regimes religiosos que se intitulam monoteístas.

A mitologia grega, influenciada pela cultura do Antigo Egito, apresenta de comum com o monoteísmo um deus único, supremo, chamado Zeus, que habitava o Olimpo – corte divina. – Presidia, reinava ou imperava posto que até hoje ainda não se escolheu ao certo o regime teocrático. De Zeus para Deus, uma simples troca de letra.

Acontece que tal corte divina ainda se compunha de outros áulicos que, por se tratar de entidade superiores, também eram considerados deuses no fito único de não os confundir com as criaturas humanas, estas mortais, aqueles com poderes menores que Zeus, obviamente, todavia, investidos de predicados superiores aos de uma vulga r criatura.

Nosso caso não é o de abordar especificamente a cultura helênica, contudo, sendo ela a base dos estudos teogônicos, forçosamente será o fundamento comparativo mais indicado. Assim, podemos dizer que também no monoteísmo existe muita seita com personagens divinificadas, como os santos para a Igreja Católica, etc., pequenos deuses em atributos semelhantes aos do Olimpo.

O Olimpo era o monte mais alto da Tessália, na Grécia, que os atenienses conheciam, e suficientemente inacessível para que nenhum homem o atingisse àquela época desprovida dos alpinistas atuais. Com isso, ninguém lá ia bisbilhotar suas intimidades, resguardando assim a privacidade do local para que nele se instalasse comodamente uma corte divina sem a impertinente curiosidade do indiscreto ser humano. Não havia lugar mais bem indicado para nele instalarem Zeus e sua corte.

O monte grego, pois, tornava -se indevassável de forma que lá poderia ser ficticiamente colocada qualquer coisa que ninguém iria verificar; salvo algumas cabras monteses, possivelmente atribuídas às cocheiras e criações divinais, só os pássaros das grandes alturas sobrevoavam a região.

Deve-se o conhecimento da teogonia às obras do poeta grego Hesíodo, traduzidas do idioma antigo por Ghérard para o francês.

A cultura grega era tanta e tão vasta que Roma, ao ocupar a península Ática, em vez de fazer valer sua cultura sobre os dominados, acabou -se curvando ante o valor dos subjugados e assimilou seus conhecimentos, nascendo, então, a nova fase intelectual do poderoso Império Romano; para não dizer que a cópia era fiel, resolveu traduzir os nomes dos diversos deuses ou compará-los: foi assim que Zeus foi assimilado a Júpiter, ou melhor, este último ganhou o mesmo status. E outros mais, pelo relacionamento, como Vênus e Afrodite, Marte e Ares, etc.

Acontece, todavia que o homem, na sua busca incessante, começa a atingir pontos até então inacessíveis geograficamente, dentre eles a morada dos deuses, desmascarando a lenda e a credulidade a seu respeito fazendo-as cair em descrédito. Tornava-se, pois, necessário encontrar urgentemente uma nova habitação para colocar as divindades adoradas pelos homens.

Enquanto isso, as fases de transição se sucedem; Roma continua imperando no ocidente; os sábios ensinos de Jesus começam a chegar da Galiléia trazidos pelos próprios soldados invasores. Parece que o destino daquele império poderoso é sempre o de ter que importar cultura e crença, pois seu povo, mergulhado em orgias e prazeres, nunca deu ao mundo uma capacidade intelectual filosófica marcante.

Primavam por grandes reis e guerreiros, dentre eles a hierarquia dos doze Césares, conquistadores até nas letras. Caio Júlio, o César intelectual da dinastia, descrito em um poema épico – De Belo Gálico – falando de suas conquistas. Todavia, Roma possuiu o maior tratado ou código de direito que é o exemplo, ainda hoje, para os de todo mundo.

Por essa época, já na era cristã, mais de um século após a vinda de Jesus à Terra (por volta do ano 140), nasce na Grécia, ainda a Grécia como berço das civilizações antigas, um sábio matemático e astrônomo chamado Clavdius Ptolomeus, o africano oriundo da Ptolemaida Hérmia – que, por vezes, é confundido com o Ptolomeu macedônio, fundador da dinastia dos lágidas e que deu uma série de reis egípcios, dentre eles Soter II, dito Ptolomeu X, contemporâneo do astrônomo.

A Ptolomeus deve-se o primeiro catálogo de estrelas, embora todo errado como tudo o que dele adveio. Apresenta a teoria geocêntrica do Universo que serviu aos cristãos para criar a lenda do Céu-Inferno-Purgatório. Estava novamente Deus colocado em outro “Olimpo”, desta feita bem mais inacessível que o do monte grego.

Estamos nos prendendo um pouco à História para mostrar como os dogmas e os conceitos religiosos sempre estiveram intimamente ligados à cultura e ao conhecimento de cada época na qual tenham sido implantados.

A “Almagesta”, tratado de Astronomia do sábio grego com o catálogo estelar e a teoria do geocentrismo, foi devidamente aprovada no ano de 150 D.C. pelo imperador romano Antonino Pio cuja importância histórica foi mais a de ter educado Marco Antônio para ser seu sucessor do que mesmo ter sancionado um tratado astronômico na dupla acepção da palavra.

Posto que aprovado pelo imperador todo poderoso das terras romanas, incluindo Grécia, colônias africanas e territórios europeus ocupados, o estudo de Ptolomeus passou a ser oficial e consagrado mais que qualquer bula papal para os católicos; por esse motivo, ficou estabelecido que a Terra seria o centro do Universo e no seu interior o fogo q ue brotava pelas bocas vulcânicas e que, segundo os religiosos, seria a labareda das penas eternas em substituição às terras ilhadas do Estige da mitologia grega.

Só faltava Caronte e sua barca num rio de lava vulcânica.

Por fora, como ainda não era devidamente conhecida, em vez da atmosfera, a suposição da existência de camadas envoltórias formando o éter (do grego: aithér – etéreo), e quanto mais distante do globo mais etéreo. Envolvendo tudo isso tinha o limbo – nome até hoje empregado para definir a periferia dos astros, quase em desuso, porém conservado para especificar a graduação dos transferidores, principalmente os dos aparelhos ópticos – local para onde os religiosos resolveram mandar as almas em tempo de espera e que não tinham o direito de entrar diretamente no Paraíso Celeste a fim de aguardarem seu julgamento.

E, finalmente externo a tudo, como envolvente máxima, a abóbada celeste de estrelas fixas, onde imperaria a paz e a tranqüilidade do Universo, morada ideal para se alojar o novo Deus substituto de Júpiter destituído de sua corte ou destronado com a queda da inviolabilidade de sua antiga residência.

A única diferença é que subtraíram a divindade dos demais deuses, no entanto eles continuaram a existir sob as mais diversas formas, como anjos, arcanjos, querubins, etc.

De qualquer forma, perdurava a idéia de um Deus único supremo com seu acompanhamento na corte celeste, respeitando-se já então militarmente influído pelos costumes romanos, os poderes e hierarquias das divindades.

O termo latino Deus, dei para diferenciar a nova autoridade religiosa de Júpiter, o deus do Olimpo, veio também do grego Théos por adaptação fonética ao idioma falado em Roma. Ainda, segundo Virgílio, “o guia” (vesperdeo).

Por essa época o império romano estava entregue a Constantino, o Grande (277 -337 d.C.) e representava, sem dúvida, a maior potência do ocidente pelo seu poderio bélico. Por influência de seus assessores, ele impôs a Igreja de Pedro aos seus domínios, como religião oficial do Estado; foi assim que o Cristianismo passou a ser praticado livremente e mais do que isto, como obrigação, somente que, educado sob os princípios pagãos, aquele Império só poderia se adaptar a conceitos vinculados aos moldes pagãos, tomando o nome de Igreja Romana.

O Cristianismo, como veremos adiante, por si, nada mais era do que o Mosaísmo readaptado pelos preceitos que Jesus legou em sua passagem e pelas interpretações que deles deram seus instituintes denominados evangelistas. De saída, sofreu sua primeira mutilação: a de ser imposto pela força e não pela razão.

A nova Igreja tomou força, arregimentou sociedades e, para melhor governar seus fiéis, adquiriu forma hierárquica. Apenas de Cristo – como passou a tratar Jesus –, derivara o nome, de resto, era a tirania e a opressão em estilo pagão muito ao gosto da moral ( mor, moris – costume) romana.

Este néo-cristianismo ressurgido adaptou o Ser Divino do Novo Testamento ao Ser Supremo do paganismo para que melhor pudesse ser compreendido, possuindo um aspecto humano – até barbas lhe impuseram – mesmo no caráter. E para dar mais ênfase ao Judaísmo transformado em Cristianismo, copiaram lendas das seitas asiáticas, sob influência do Hinduísmo, criando a idéia da santíssima trindade do Trimúrti – composto de Brahma, Vix’nu e Çiva – que, por adaptação de personalidades, transformou-se em Deus Pai incriado, Cristo Filho homem na Terra personificado por Jesus e a alma divina da Criação que é o Espírito Santo, amém!

Contudo, se verificarmos bem, veremos que são quatro e não três, a saber: Nosso Senhor – o Deus criador; Jesus – o filho amado, feito homem na carne; Cristo – o Krishna, guia supremo do planeta; completado pelo Espírito Santo (amém!). Confusão esta nascida da idéia de que a Terra, centro do Universo, seria a única preocupação de Deus, no caso, o próprio Cristo.

Estava assim resolvido o sério problema para deificar nosso Guia e não ferir as estruturas da época. E como os recursos da Astronomia de então eram parcos e não permitiam se desvendasse o céu, melhor escolha não houvera que colocar a nova morava divina e sua corte celeste ou celestial no ultra –limbo idealizado por Ptolomeus e que era assaz indevassável. Contudo, ainda nesta concepção perdura a ideia de que os poderes destes seres celestiais, quais deuses mitológicos, são supre mos e intangíveis pela capacidade humana; pode-se dizer que isto representa o reflexo de toda uma cultura marcante que perdurava e ainda perdura na imaginação do povo.

Copérnico (Nicklauss) o astrônomo polonês, com sua teoria heliocentrista (1501) e posteriormente Galileo Galilei, nascido em Piza (1564), com sua indiscreta luneta desvendando o cosmo e com o seu estudo de Mecânica Celeste (1609) reafirmando as teses heliocentristas vieram comprometer seriamente a cômoda situação estabelecida em face dos estudos ptolomaicos.

Tal como os alpinistas fizeram com a corte do Olimpo, desta feita, desalojaram a corte celeste do zimbório, deixando-a desabrigada e sem outro lugar apropriado para que se instalasse sem as curiosas observações humanas comprometedoras e destruidoras de dogmas, bem como pudesse se livrar do alcance da nova invenção – a luneta – do sábio italiano.

Ambos só não foram queimados vivos pela Santa Inquisição porque um desencarnou antes e outro, enclausurado, deixou-se desdizer sem nada contestar.

Apesar desse ato coercivo, a Igreja Cristã que adotara o cânone habitacional de Deus baseado nos estudos de Ptolomeus, teve que se reformular e, sabiamente, decidiu que Céu-Inferno-Purgatório seria meramente um estado de espírito da criatura, não sem antes punir ambos os hereges, como já foi dito.

Evidentemente, a idéia de que a condenação ao Céu ou ao Inferno seria um estado de espírito, não há que contestar, afastada a hipótese de penas eternas e bem-aventuranças supremas concedidas a critério de sacerdotes tão humanos como os fiéis.

E dessa forma, chegamos à Era atual: tem-se dito que o avanço da Ciência cada vez mais encurrala os dogmas religiosos. Engano tredo! Pois a religião é que tem sido a maior vítima dos cientistas, porque sempre estabeleceu seus critérios baseados nos parcos conhecimentos humanos, onde reside seu erro, tentando adaptar o conceito religioso a cada descoberta científica, como no caso do geocentrismo.

Para encobrir sobremodo a falta de conhecimentos, considerando -se que a Religião não poderia ser falha, já que emana diretamente de Deus, a solução foi admitirem os dogmas: verdades que não se discutem.

Nossa Ciência está muito longe da Verdade Universal e, por isso, induz sua rival e companheira no erro; assim, ao criar-se um dogma, ele passa a ser inconteste ante a falta de segurança e amparo que possa lhe dar o conhecimento humano sobre o qual venha a se estabelecer.

Só que Deus não se mete nessas questões. Apesar disso, Ele e sua corte encontram -se, no momento, sem residência; talvez esse seja o motivo, como saída, em criarem-Lhe novos atributos tornando-O onipresente, incriado e como tal, habitaria todo o Universo que é o seu corpo material; é Infinito e Perfeito, como tal, não se restringe a um Universo possivelmente finito.

E aí começam a surgir as incoerências.

Quanto à sua perfeição, Leibniz escreveu um tratado para justificar a criação de uma obra imperfeita e não conseguiu, ainda, convencer os filósofos laicos. Contudo, o que até então está deveras pegando, no conceito cristão, é o dogma da Santíssima Trindade: como revogá -lo sem modificar a situação divina de Jesus?

Surge, assim, um novo problema bem mais intrínseco do que a posição que Deus possa ocupar no Universo ou que mais: – será que todo esse cosmo foi criado exclusivamente para que se colocasse o homem (obra prima da Criação) num minúsculo planeta de um reduzido e insignificante sistema solar perdido em uma galáxia que longe está de ser a maior do espaço sideral? Será ainda, que, nesse infinito perdido na eternidade do Evo, não exista nenhum outro mundo habitado? Se for para dar esse privilégio exclusivamente ao homem por que não o colocar em um astro melhor?

E muitas outras perguntas e indagações relativas à Criação existem, que nem os dogmas da Religião nem a capacidade intelectiva da Ciência podem esclarecer, muito menos os devaneios filosóficos.

De fato: não podemos ser a obra prima de Deus!

Carlos Imbassahy – obra E.. Deus Existe?

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 14:45

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Terça-feira, 12 de Outubro de 2010

DESUNIÃO E DIVERGÊNCIAS

 

Nem sempre divergência significa desunião. Se é verdade que as divergências ou discordâncias algumas vezes já comprometeram a união entre pessoas e grupos, não se deve dar a este fato a extensão de uma regra geral, pois é apenas um episódio discrepante. Onde há duas pessoas frente a frente sempre há o que ou em que discordar. Seria impossível a existência de um grupo humano, por menor que fosse, sem um pensamento discordante, sem uma opinião contrária a qualquer coisa. Entre dois amigos, como entre dois irmãos muito afins pode haver divergência frontal ou inconciliável em matéria política, religiosa, social etc., sem que haja qualquer “arranhão” na amizade. Discutem, discordam, assumem posições opostas, mas continuam unidos.

 

Justamente por isso e pelo que observo na vida cotidiana, não creio que seja necessário abafar as divergências ou evitar qualquer discussão, ainda que em termos altos, simplesmente para preservar a união de um grupo ou de uma coletividade inteira. Seria o caso, em última hipótese, de acabar de vez com o diálogo e adotar logo um tipo de vida conventual. O diálogo é uma necessidade, pois é dialogando que trocamos idéias e permutamos opiniões e experiências. Uma comunidade que não admite o diálogo está condenada, por si mesma, a ficar parada no tempo. Cada qual naturalmente deve preparar-se ou educar-se espiritualmente para discutir ou divergir sem prevenções ou ressenti­mentos. O fato de não concordarmos com a opinião de um companheiro neste ou naquele sentido ou de não adotarmos a linha de pensamento de uma instituição deve ser encarado com naturalidade, mas não deve servir de motivo (jamais!) para que mudemos a maneira de tratar ou viremos as costas a alguém. Seria o caso de perguntar: e onde está o Evangelho, que se prega a todo momento?... Como falar em Evangelho, que é humildade e amor, e fugir a um abraço sincero ou negar um aperto de mão por causa de uma divergência ou de um ponto de vista?

 

Então, não é a divergência aqui ou ali que porventura “cava o abismo da desunião”, é a incompreensão, o personalismo, o radicalismo do elemento humano em qualquer campo do pensa­mento. Já ouvi dizer mais de uma vez que os espíritas são desunidos por causa das divergências internas. Sinceramente, não acompanho este ponto de vista. Acho que não há propriamente desunião, mas apenas desencontro de idéias, fora dos pontos cardeais da Doutrina. Somos uma comunidade composta de gente emancipada e, por isso mesmo, o campo está sempre aberto ao estudo e à crítica. Certos observadores gostariam, por exemplo, que o Movimento Espírita fosse um “bloco maciço sem nenhuma nota fora do conjunto. É uma pretensão utópica, pois não há um movimento religioso, político ou lá o que seja sem alguma voz discordante, aqui ou ali.

 

Tomava-se como referência, até bem pouco tempo, a “unidade monolítica” da Igreja Católica. Unidade relativa, diga-se de passagem. E o que se vê hoje? O fracionamento cada vez mais acentuado. Os grupos conservadores, porque se batem pela manutenção da Igreja tradicional, estão enfrentado os grupos renovadores, partidários de modificações estruturais; grupos que querem a Igreja fora da política estão em conflito com os grupos que querem justamente uma Igreja participante no campo político. Há, portanto, demanda de alto a baixo, com pro­gramas de reforma na teologia, como na administração e na disciplina eclesiástica. Logo, a Igreja não oferece hoje a unidade doutrinária que nos apontam às vezes, como modelo. E o Protestantismo, que é outro grande movimento religioso, não se divide em denominações e seitas, com características diferentes entre si? Batistas, presbiterianos, adventistas, congregacionistas etc. Não desejo criticar procedi­mentos religiosos, pois todos os cultos são respeitáveis, mas estou anotando fatos.

Voltemo-nos para mais longe, fora da faixa ocidental, e lá está o Budismo, também um movi­mento expressivo. Não cabe, aqui, discutir se o Budismo é ou não religião. Seja como for, ocupa um espaço considerável, mas também se ramificou. Existe, hoje, pelo menos mais de uma escola budista. O Positivismo, que viera da França, teve muita força no Brasil, mas não se manteve íntegro, pois o grande bloco se desmembrou entre científicos e religiosos no século passado. Sobrevive, hoje, uma religião sem Deus, sem cogitação acerca da vida futura, mas um culto ritualizado, com sacerdócio.

 

Muitos discípulos de Augusto Comte não queriam, de forma alguma, que o Positivismo se transformasse em religião e, por isso, eram chamados de científicos, ao passo que muitos outros absorveram logo o Positivismo como Religião da Humanidade. E realmente implantaram um culto religioso no Apostolado Positivista. Logo, também o Positivismo não conseguiu sustentar um padrão uniforme.

O fenômeno que se observa no meio espírita é muito diferente.

 

Sempre houve divergências, mas não se quebrou a unidade doutrinária, que é fundamental. O Espiritismo continua a ser um só, inconfundível, não se dividiu em diversos espiritismos. Há, entre nós, opiniões discordantes em determinados aspectos, porém, os princípios são os mesmos, não se alteraram. Não formamos sei­tas nem correntes à parte, apesar das divergências. Então, não há motivo para que estejamos vendo desunião onde há simples­mente desacordo de idéias.

 

 

Fonte: Reformador – junho, 1989

PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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