Terça-feira, 30 de Novembro de 2010
“Queridos filhos. Que Deus, nosso bondoso Pai, possa fortalecer vosso ânimo em torno da realização do nobre trabalho de divulgar a Doutrina da Verdade. Vendo-vos na luta árdua com a ignorância e contra a idolatria de vivos que predomina em vosso meio, fico tocado de compaixão e venho dizer-vos que deveis ter paciência com vossos irmãos, dominados pelo espírito mundano que neles alimenta amor próprio e vaidade.
Segui realizando a obra do Bem, conforme vos apresenta o Consolador Prometido, na obra revelada ao mundo pelo codificador do Espiritismo. Ensinai aos que buscam a seriedade das práticas, mostrando-lhes a gravidade do momento.
Não vos deixeis envolver pela influência maléfica que por todo o Movimento Espírita cria bolsões de falsas alegrias e gloríolas. A esses supostos mestres faltam os caracteres do verdadeiro cristão. Não é preciso ir longe para compreenderdes a demência que os envolve. Fascinados por Espíritos pseudo-sábios, oradores, escritores e dirigentes deslumbrados não conseguem enxergar suas inadequadas condutas. Conhecereis as árvores pelos frutos, ensinou o grande Professor da humanidade. E que frutos são esses que se apresentam? Engrandecimentos? Elogios desmedidos? Trocas públicas de amabilidades? Valorização de títulos? Cegos, eis o que são. Esquecem-se de que os verdadeiros espíritas se distinguem pelo altruísmo, abnegação e pela total negação do sentimento de personalidade.
Encontros e congressos têm sido promovidos sem que deles sejam retiradas qualquer coisa que provoque nos seus frequentadores, mudanças reais no seu mundo moral. Em alguns casos, os discursos são mera expressão da cultura, que os bons memorizadores podem guardar na mente com facilidade. Homens que profetizam com palavras do próprio coração. Falta-lhes um espírito de verdade vibrando na intimidade da alma.
O momento que viveis demanda cautela. Vós, trabalhadores, estejais cuidadosos com vossas obrigações. Vigiai e orai para que os Espíritos imperfeitos não venham interferir naquilo que fazem em nome do Criador. Orientai-vos pelas instruções da Doutrina codificada, pois ela é o alicerce que futuramente sustentará o edifício do novo mundo. Sois poucos, bem o sabemos, mas somos muitos que, enviados de Deus, seguimo-vos os passos.
Vós, freqüentadores das casas e simpatizantes da Doutrina Espírita, acautelai-vos, pois entre os que se dizem espíritas, muitos o são apenas de nome. Imaturos, encontraram no movimento dos espíritas, as condições necessárias para utilizá-lo como pedestal onde edificam altares ao próprio ego. Não confieis em todos os que se dizem seguidores de Allan Kardec. Não depositeis confiança irrestrita nesses que vos falam em nome da caridade com falas mansas, para melhor serem aceitos. Acima de tudo, verificai se esses espíritas são de Deus. Se falam deles próprios ou dos homens que idolatram, não lhes dêem ouvidos. Assim procedem para conquistar os fracos de coração.
Só quem fala pelo espírito de Deus e pelo espírito de Jesus está a serviço do Bem. Desconfiai, porque no mundo moderno existem muitos profetas de aparências. Não vos entregueis a eles. Prossigais com vossas vidas, estudando o Evangelho e permitindo-lhe operar na vossa intimidade, as mudanças necessárias para elevar-vos na senda do progresso. Meditai profunda e calmamente nos ensinamentos revelados em O Livro dos Espíritos. Com eles, aprendereis a discernir o bom do mau grão.
Vosso mundo se envolve a cada dia em desajustes profundos. Não, não há castigos do bom Deus. O que acontece na verdade, é a colheita de uma semeadura ruim, feita por longos períodos de distanciamento da lei natural. Não se pode viver em equilíbrio se não se pratica a Lei do Amor e da Caridade. Praticai, pois, o Bem indistintamente e instrui-vos uns aos outros como a irmãos.
Não vos compactueis com os hipócritas, que se comprazem em longos discursos decorados e em receber honrarias de homens. Como disse o Senhor, eles já receberam o seu galardão. Pagarão caro pela insanidade de envolverem os mais simples em ilusões e fantasias.
Que das regiões superiores da Vida, possam cair bênçãos a todos os que seguem a Doutrina dos Espíritos com a devida seriedade e cautela, divulgando-a ao povo carente. Estaremos ao vosso lado, dando-vos sustentação para vencer as dificuldades comuns a esse tempo de transformações.”
Espírito: Um Espírito Protetor
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
Segunda-feira, 29 de Novembro de 2010
O narcisismo é desvio de comportamento que perturba o ser humano colhido pelos conflitos que não consegue diluir. Também pode ser resultado de alguma frustração que leva o paciente ao retorno ao período infantil.
Auto-apaixonando-se, o narcisista se atribui valores e direitos que a outrem não concede, tornando-se o epicentro dos próprios e dos interesses gerais.
À medida que se lhe agrava o distúrbio, aliena-se do convívio social saudável, acreditando que não tem muito a lucrar com a atenção e os cuidados que poderia direcionar às outras pessoas.
Esse comportamento, às vezes, é sutil, agravando-se na razão que se lhe fixam no imo a presunção, a ausência de autocrítica, embora a severidade com que analisa a conduta alheia, utilizando-se de palavras ásperas e julgamento severo como transferência daquilo de que inconscientemente se faz merecedor.
Ao tomar essa atitude, libera a consciência de culpa e mais se enclausura na torre de marfim da prosápia em que se movimenta.
Essa insegurança psicológica, que se converte em auto-afirmação exibicionista, conspira contra a saúde mental do ser.
Em razão dessa deficiência emocional, quando portador de mediunidade atrai Espíritos zombeteiros que o inspiram, comprazendo-se os mesmos em levar ao ridículo aquele com quem sintonizam, sem que a vítima se dê conta da gravidade da patologia obsessiva em que tomba.
Não se apercebendo da parasitose que se lhe instala, passa a acreditar quase que exclusivamente nas comunicações de que se faz instrumento, competindo com qualquer outro que, aparentemente, lhe ameace a projeção.
Mantém boa moral, é conservador e exigente na conduta, porém a tomada na qual se encaixa o plugue obsessivo encontra-se no egoísmo e no temperamento especial, que lhe constituem os grandes desafios a vencer durante a conjuntura reencarnacionista.
Na ordem direta que se destaca, ensoberbece-se mais, deixando de considerar as advertências que lhe chegam, por supor-se inatacável, distanciado da humildade que impõe a auto-reflexão, responsável doutrinariamente pela proposta de tomar para si as comunicações dos Espíritos antes que para os outros.
Imbuído da idéia de que é irreprochável o seu comportamento, passa a supor-se merecedor do contato com os Espíritos nobres e não analisa as comunicações que lhes são atribuídas, cujo conteúdo não vai além do trivial, do destituído de profundidade. São, invariavelmente, repetitivas, exaradas em chavões convencionais, às vezes pomposos, mas irrelevantes.
A obsessão por fascinação é um capítulo muito perturbador do exercício mediúnico.
Toda a trilha da vivência mediúnica é inçada de cardos e de perigos, impondo um trânsito cuidadoso, porque se trata de intercâmbio constante com seres inteligentes, que também se domiciliaram na Terra, continuando a manter as virtudes e os vícios que lhes eram freqüentes.
Vigilantes e contumazes, os ociosos e perversos rondam os médiuns com implacável insistência, aguardando oportunidade para os afligir, para interditar-lhes as mensagens, para entorpecer-lhes a faculdade...
A obsessão, em si mesma, é terrível flagelo que se manifesta epidêmico com periodicidade, mas que nunca esteve fora da convivência humana.
Em torno da mediunidade, particularmente, se movimentam os Espíritos infelizes, quais mariposas em volta da chama...
Aqueles que são elevados, sintonizam a distância, quando as circunstâncias o propiciam, enquanto que os desocupados permanecem com afã esperando fruir benefícios mórbidos como a absorção de energias do médium, a intromissão nas atividades humanas, gerando a perturbação em que se comprazem.
A terapia para a recuperação desse tormento se inicia na vigilância do médium, vivenciando a humildade real e tendo a coragem de bloquear e interromper a interferência nefasta, cuidando de livrar-se do seu maneirismo, descendo do pódio da superioridade que se credita para a planície das criaturas comuns e frágeis onde se deve situar.
Nenhum médium se encontra indene a esse transtorno obsessivo, e ele é muito mais habitual e constante do que se pode imaginar.
Multiplicam-se na sociedade humana as pessoas autofascinadas, e entre os
médiuns, muitos são aqueles que se apresentam com a ultrajante síndrome da obsessão por fascinação.
O Senhor dos Espíritos, sempre que libertava os obsessos, repreendia os seus algozes, admoestando-os e, ao mesmo tempo, lecionando às suas vítimas que Lhe seguissem as diretrizes, amando e servindo.
Ante obsessos de qualquer matiz, são necessários a paciência e a misericórdia, o esclarecimento e a perseverança, a fim de que tenham tempo para desapertar e romper os elos que os aprisionam aos seres perturbadores.
MANOEL P. DE MIRANDA
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 19-7-1999, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
Sexta-feira, 26 de Novembro de 2010
Para que os homens sejam felizes sobre a Terra, é necessário que ela não seja povoada senão por bons Espíritos, encarnados e desencarnados, que não quererão senão o bem. Tendo chegado esse tempo, uma grande emigração se cumprirá entre aqueles que a habitam; aqueles que fazem o mal pelo mal, e que o sentimento do bem não toca, não sendo mais dignos da Terra transformada, dela serão excluídos, porque lhe trariam de novo a perturbação e a confusão, e seriam um obstáculo ao progresso. Eles irão expiar o seu endurecimento, uns nos mundos inferiores, os outros entre as raças terrestres atrasadas, que serão o equivalente de mundos inferiores, onde levarão os seus conhecimentos adquiridos, e terão por missão fazê-las avançar. Serão substituídos por Espíritos melhores, que farão reinar, entre eles, a justiça, a paz, a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não deve ser transformada por um cataclismo que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas.
Tudo se passará, pois, exteriormente como de hábito, com esta única diferença, mas esta diferença é capital, que uma parte dos Espíritos que nela se encarnam não se encarnarão nela mais. Em uma criança que nasça, em lugar de um Espírito atrasado e levado ao mal, que se encarnaria, esse será um Espírito mais avançado e levado ao bem.
Trata-se, pois, bem menos de uma geração corpórea do que de uma nova geração de Espíritos, e é nesse sentido, sem dúvida, que o entendia Jesus quando dizia: "Eu vos digo, em verdade, que esta geração não passará sem que esses fatos tenham se cumprido." Assim, aqueles que esperarem ver a transformação se operar por efeitos sobrenaturais e maravilhosos, serão decepcionados.
A época atual é de transição; os elementos das duas gerações se confundem.
Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, e que cada uma se assinala já, no mundo, pelos caracteres que lhe são próprios.
As duas gerações que se sucedem têm ideias e vistas inteiramente opostas. À natureza das disposições morais, mas, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, se distingue por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, unidas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é o sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Ela não será composta, pois, exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, tendo já progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias progressistas, e aptos a secundar o movimento regenerador.
O que distingue, ao contrário, os Espíritos atrasados é primeiro, a revolta contra Deus pela recusa de reconhecer algum poder superior à Humanidade; a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternos do egoísmo, do orgulho, da inveja, do ciúme; enfim, o agarramento por tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
São esses vícios, dos quais a Terra deve ser purgada pelo afastamento daqueles que se recusam se emendar, porque são incompatíveis com o reino da fraternidade, e que os homens de bem sofrerão sempre por seu contato. Quando a Terra deles estiver livre, os homens caminharão sem entraves para um futuro melhor, que lhes está reservado neste mundo, por preço de seus esforços e de sua perseverança, esperando que uma depuração, ainda mais completa, lhes abra a entrada dos mundos superiores.
Por essa emigração dos Espíritos, não é necessário entender que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra, e relegados a mundos inferiores. Muitos, ao contrário, nele retornarão, porque muitos cederam ao arrastamento de circunstâncias e do exemplo; a aparência neles era pior do que o fundo. Uma vez subtraídos â influência da matéria e dos preconceitos do mundo corpóreo, a maioria verá as coisas de um modo muito diferente do que quando vivos, assim como temos disso numerosos exemplos.
Nisso, serão ajudados por Espíritos benevolentes que se interessam por eles, e que se apressam em esclarecê-los e mostrar-lhes o falso caminho que seguiram. Pelas nossas preces e nossas exortações, nós mesmos podemos contribuir para seu melhoramento, porque há solidariedade perpétua entre os mortos e os vivos.
A maneira pela qual se opera a transformação é muito simples, e, como se vê, ela é toda moral e em nada se desvia das leis da Natureza.
Que os Espíritos da nova geração sejam novos Espíritos melhores, ou os antigos Espíritos melhorados, o resultado é o mesmo; desde o instante que tragam melhores disposições, é sempre uma renovação. Os Espíritos encarnados formam, assim, duas categorias, segundo as disposições naturais: de uma parte, os Espíritos retardatários que partem, da outra os Espíritos progressistas que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará, pois, em um povo, em uma raça ou no mundo inteiro, em razão daquela das duas categorias que tiver a preponderância.
Uma comparação vulgar fará compreender melhor ainda o que se passa nesta circunstância. Suponhamos um regimento composto, em grande maioria, de homens turbulentos e indisciplinados: estes ali levarão sem cessar uma desordem que a severidade da lei penal terá frequentemente dificuldade para reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque serão os mais numerosos; eles se sustentam, se encorajam e se estimulam pelo exemplo. Os que sejam bons são sem influência; seus conselhos são desprezados; são escarnecidos, maltratados pelos outros, e sofrem com esse contato.
Não está aí a imagem da sociedade atual?
Suponhamos que são retirados esses homens do regimento um por um, dez por dez, cem por cem, e que sejam substituídos na mesma medida por um número igual de bons soldados, mesmo por aqueles que foram expulsos, mas que se emendaram seriamente, ao cabo de algum tempo, ter-se-á sempre o mesmo regimento, mas transformado; a boa ordem ali terá sucedido à desordem. Assim o será com a Humanidade regenerada.
As grandes partidas coletivas não têm somente por objetivo ativar as saídas, mas transformar mais rapidamente o Espírito da massa, desembaraçando-a das más influências e dando mais ascendência às ideias novas.
É porque muitos, apesar de suas imperfeições, estão maduros para essa transformação, que muitos partem a fim de irem se retemperar numa fonte mais pura. Ao passo que se tivessem permanecido no mesmo meio e sob as mesmas influências, teriam persistido em suas opiniões e na sua maneira de ver as coisas. Uma permanência no mundo dos Espíritos basta para lhes abrir os olhos, porque ali veem o que não podiam ver sobre a Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista poderão, pois, retornar com ideias inatas de fé, tolerância e de liberdade. Em seu retorno, encontrarão as coisas mudadas, e suportarão o ascendente do novo meio onde terão nascido. Em lugar de fazer oposição às ideias novas, delas serão os auxiliares.
A regeneração da Humanidade não tem, pois, absolutamente necessidade da renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação nas suas disposições morais; esta modificação se opera em todos aqueles que a ela estão predispostos, quando são subtraídos à influência perniciosa do mundo. Aqueles que retornam, então, não são sempre outros Espíritos, mas, frequentemente, os mesmos Espíritos pensando e sentindo de outro modo.
Quando esse melhoramento é isolado e individual, passa despercebido, e sem influência ostensiva sobre o mundo.
O efeito é diferente quando se opera simultaneamente em grandes massas; porque, então, segundo as proporções, em uma geração, as ideias de um povo ou de uma raça podem ser profundamente modificadas.
É o que se nota quase sempre depois dos grandes abalos que dizimam as populações. Os flagelos destruidores não destroem senão o corpo, mas não atingem o Espírito; eles ativam o movimento de vai-e-vem entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual, e por consequência um movimento progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados. É de notar-se que, em todas as épocas da história, as grandes crises sociais foram seguidas de uma era de progresso.
É um desses movimentos gerais que se opera neste momento, e que deve trazer o remanejamento da Humanidade. A multiplicidade das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porque elas devem apressar a eclosão de novo germes.
São folhas de outono que caem, e às quais sucederão novas folhas cheias de vida, porque a Humanidade tem suas estações, como os indivíduos têm suas idades. As folhas mortas da Humanidade caem levadas pelas rajadas e golpes de vento, mas para renascerem mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica.
Para um materialista, os flagelos destruidores são calamidades sem compensações, sem resultados úteis, uma vez que, segundo ele, aniquilam os seres sem retorno. Mas para aquele que sabe que a morte não destrói senão o envoltório, eles não têm as mesmas consequências, e não lhe causam o menor medo; compreende-lhe o objetivo, e sabe também que os homens não perdem mais morrendo em conjunto do que morrendo isoladamente, uma vez que, de uma forma ou de outra, é necessário sempre lá chegar.
Os incrédulos rirão dessas coisas, e as tratarão por quimeras; mas digam o que disserem, eles não escaparão à lei comum; cairão a seu turno, como os outros, e, então, o que será deles? Eles dizem: “Nada!” Mas viverão a despeito de si mesmos, e serão, um dia, forçados a abrir os olhos.
Se servir de compensação, no mundo inferior que espera os indiferentes e para onde já estão sendo levados, também haverá sexo, pirâmides, choro e ranger de dentes.
Que saibamos escolher, enquanto há tempo.
Afinal, não é por falta de esforço do Criador, do Cristo e dos Espíritos amigos que ainda existe tanta lágrima nos olhos e nos corações da humanidade. É por causa de suas escolhas erradas.
Assim, relembremos os ditos de Jesus,
"Misericórdia quero, não o sacrifício!"
Brilhe vossa Luz
Muita paz!
Lucius
Trecho do livro: Despedindo-se da Terra
Terça-feira, 23 de Novembro de 2010
Esta não é apenas uma questão material, mas, também, muito espiritualista. Antes de abordar o ponto principal, um há, do qual falaremos em primeiro lugar. Que é a guerra? A guerra, respondemos de saída, é permitida por Deus, pois que existe, existiu e existirá sempre. É erro na educação da inteligência não ver em César senão um conquistador, em Clóvis senão um bárbaro, em Carlos Magno senão um déspota, cujo sonho insensato queria fundar um imenso império. Ah! meu Deus! como geralmente se diz, os conquistadores são os próprios joguetes de Deus. Como sua audácia, seu gênio os fez chegar ao primeiro posto, viram em torno de si não só homens armados, mas ideais, progresso, civilizações que era necessário lançar às outras nações. Partiram, como César, para levar Roma a Lutécia; como Clóvis, para os germes de uma solidariedade monárquica; como Carlos Magno para fazer raiar o facho do cristianismo para os povos cegos, nas nações já corrompidas pelas heresias dos primeiros tempos da Igreja. Ora, eis o que aconteceu: César, o mais egoísta desses três grandes gênios, faz servir a tática militar, a disciplina, a lei, numa palavra, para os trazer às Gálias; na retaguarda do exército, seguia a idéia imortal e as reputações vencidas e indomáveis sofriam o jogo de Roma, é certo, mas se tornavam províncias romanas. A orgulhosa Marselha teria existido sem Roma? Lugdunum, e tantas outras cidades célebres nos anais, tornaram-se centros imensos, focos de luz para as ciências, as letras e as artes. César é, pois, um grande propagador, um desses homens universais, que se servem do homem para civilizar o homem, um desses homens que sacrificam homens em proveito da idéia.
O sonho de Clóvis foi estabelecer uma monarquia, bases, uma regra para o seu povo. Mas como a graça do cristianismo não o iluminava ainda, foi propagador bárbaro. Devemos encará-lo na sua conversão: imaginação ativa, febril, belicosa, viu na vitória sobre os Visigodos um prêmio da proteção de Deus; e, daí por diante, certo de estar sempre com ele, fez-se batizar. Eis que o batismo se propaga nas Gálias e o cristianismo que se expande cada vez mais. É o momento de dizer, com Corneille, Roma não era mais Roma. Os bárbaros invadiam o mundo romano.
Depois do abalo de todas as civilizações esboçadas pelos Romanos, eis que um homem sonha espalhar pelo mundo, não mais os mistérios e o prestígio do Capitólio, mas as crenças formidáveis de Aix-la-Chapelle; eis um homem que está ou se julga com Deus. Um culto odioso, rival do cristianismo, ainda ocupa os bárbaros: Carlos Magno cai sobre essa gente e Witikind, depois de lutas e de vitórias alternadas, se submete, por fim, humildemente, e recebe o batismo.
Eis aí, por certo, um quadro imenso, onde se desenrolam tantos fatos, tantos golpes da Providência, tantas quedas e tantas vitórias. Mas qual a conclusão? A idéia, universalizando-se, propagando-se de mais a mais, não esbarrando nem nos desmembramentos das famílias, nem no desânimo dos povos, e tendo por objetivo, por toda a parte, a implantação da cruz do Cristo em todos os pontos da Terra, não é um imenso fato espiritualista? É necessário, pois, encarar esses três homens como grandes propagadores que, por ambição ou por crença, avançaram a luz no Ocidente, quando o Oriente sucumbia na enervante preguiça e na sua inatividade. Ora, a Terra não é um mundo em que o progresso se faça rapidamente e por via da persuasão e da mansuetude. Não vos admireis, pois, que muitas vezes seja preciso tomar da espada, em vez da cruz. (Espírito de Lamennais).
Pergunta: Dissestes que existirá sempre a guerra. Contudo, parece que o progresso moral, destruindo as suas causas, a fará cessar.
Resposta: Ela existirá sempre, no sentido em que sempre haverá lutas. Mas as lutas mudarão de forma. É verdade que o Espiritismo deve espalhar no mundo a paz e a fraternidade. Mas, bem o sabeis, se o bem triunfa, nada obstante sempre haverá luta. Evidentemente o Espiritismo cada vez mais fará compreender a necessidade da paz; mas o mal vela sempre. Ainda será necessário muito tempo, na Terra, lutar pelo bem. Apenas as lutas se irão tornando mais raras. (Espírito de Lamennais - R. E. 1862)
Domingo, 21 de Novembro de 2010
O Espiritismo é o mais revolucionário projeto filosófico-científico, com conseqüência religiosa, que o mundo já conheceu.
Nenhum acontecimento social, histórico, filosófico, científico, religioso pode se comparar, em termos de importância, com o advento do Espiritismo.
Alguém até poderia dizer: “A vinda de Cristo foi um advento mais importante do que o surgimento do Espiritismo”.
Será?
Será que para um construtor de prédios, a base sólida de sua obra, isto é, a estrutura de concreto que vai sustentar o edifício, é mais importante do que a obra final?
Será que se esse mesmo construtor, só assentar a sólida base, mas não concluir o edifício, este teria serventia?
Será que para nosso Mestre Jesus, a fundamental obra básica que Ele construiu com sua presença na Terra, é mais importante que Sua obra teórica completa, que é o Espiritismo?
Todos os adventos religiosos, filosóficos e científicos que implicaram numa maior compreensão da vinda de Jesus à Terra, foram importantes. Não vou tirar aqui o mérito de nenhum deles. A vinda de Jesus, por exemplo, foi um momento inesquecivelmente memorável para o nosso planeta. Mas a vinda de Jesus foi o necessário anteparo para o futuro surgimento da Terceira Revelação, pelo surgimento do Espírito Consolador, que é o Espiritismo. Em nada esta realidade tira méritos de Jesus, pois para quem no momento desta leitura começa a conjeturar conceitos ou preconceitos discordantes ao que estou dizendo, vale a pena relembrar: o Espiritismo é obra de Jesus.
O Espiritismo não é obra de Allan Kardec.
Kardec foi o eficiente e afinado instrumento da bondade e da vontade de Jesus.
Kardec foi o codificador do Espiritismo, não o criador.
Jesus é o Mestre.
Portanto, caro leitor, acredito que agora ficamos de bem, pois você percebeu que não estou desvalorizando Jesus, pelo contrário, estou reforçando a amplitude de Suas obras terrenas.
Mas a síntese dessa reflexão, é conscientizarmo-nos que o Espiritismo é o mais revolucionário projeto filosófico-científico, com conseqüência religiosa, que o mundo já conheceu.
Terça-feira, 16 de Novembro de 2010
É muito natural, hoje em dia, a discussão acerca do abortamento. Um assunto como esse não poderia merecer menor atenção das pessoas, pela seriedade com que se apresenta.
Quando tratamos dessas questões, poderíamos ir um pouco mais fundo em nosso raciocínio, perguntando-nos se, em algum momento de nossas vidas, já não cometemos algum tipo de abortamento.
Talvez a primeira resposta que nos venha à mente é a de que nunca cometemos um abortamento. Pelo menos, não no que se refira à interrupção da gestação de um corpo.
Mas se pensarmos de forma mais abrangente, podemos dizer que provocamos um aborto toda vez que, por um motivo ou outro, impedimos que boas idéias se manifestem.
Quando impedimos que uma pessoa expresse seus sentimentos, suas opiniões.
Ou se não contribuímos com o que temos de bom para alguém, estamos abortando as oportunidades que as situações nos oferecem.
Se pensarmos bem, esses fatos ocorrem com freqüência em nossas vidas.
Se estamos ceifando idéias, reprimindo fatos, matando bons pensamentos, estamos provocando o abortamento das boas coisas.
Quando, no lar, não permitimos que as idéias dos demais familiares sejam expressadas; quando não permitimos que um filho ou irmão nos conte algum fato; quando não damos a devida atenção às suas conversas, podemos estar cometendo um abortamento dos mais sérios, porque impedimos que a boa desenvoltura, o interesse, a confiança da criança se manifeste.
Talvez esses fatos não nos pareçam importantes, mas se não colaboramos para o bom entendimento familiar, através do diálogo, valorizando as boas idéias, as opiniões, andamos pelas vias do egoísmo, praticando o abortamento das oportunidades de crescimento e harmonia.
Devemos meditar acerca do assunto, e examinar se não estamos cometendo muitos abortamentos desse tipo.
As boas idéias, as grandes realizações sempre exigiram um tempo para acontecer, um tempo que se faz natural para que as coisas amadureçam e venham a frutificar no tempo certo.
É assim que se dá com a formação da vida física, que requer um tempo determinado para que o corpo se forme e possa vir à luz.
Dê uma chance às boas idéias, às opiniões construtivas, para que a vida se faça pelas boas realizações de cada dia, na construção conjunta de um futuro melhor, como Deus que nos renova a cada dia a certeza de que viver é para sempre.
*
Amar ao próximo como a si mesmo, e fazer pelos outros o que gostaríamos que os outros fizessem por nós é a expressão máxima da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo.
Não podemos encontrar guia mais seguro a tal respeito do que fazer ao próximo aquilo que para nós desejamos.
Quando permitimos e respeitamos o espaço das pessoas que convivem conosco, ouvindo com atenção as suas idéias e respeitando suas opiniões, estamos no rumo certo para a destruição do egoísmo.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita. Texto baseado no item 4 do cap. XI, de O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 11.04.2008
Segunda-feira, 15 de Novembro de 2010
Há criaturas que perguntam quais são as conquistas novas que devemos ao Espiritismo. Desde que não dotou o mundo com uma nova industria produtiva, como o vapor, concluem que nada produziu. A maior parte dos que fazem tal pergunta, não se tendo dado ao trabalho de o estudar, só conhecem o Espiritismo de fantasia, criado para as necessidades da crítica, e que nada tem de comum com o Espiritismo sério. Não é, pois, de admirar que perguntem qual pode ser o seu lado útil e prático. Teriam tido que o buscar em sua fonte, e não nas caricaturas que dele fizeram os que só têm interesse em denegri-lo.
Numa outra ordem de idéias, alguns acham, ao contrário, a marcha do Espiritismo muito lenta para o grau de sua impaciência. Admiram-se de que não tenha ainda sondado todos os mistérios da natureza, nem abordado todas as questões que parecem ser de sua alçada; quereria vê-lo diariamente ensinar coisas novas, ou enriquecer-se com alguma descoberta. E, desde que ainda não resolveu a questão da origem dos seres, do princípio e do fim de todas as coisas, da essência divina e de algumas outras do mesmo porte, concluem que não saiu do á-bê-cê e que ainda não entrou na verdadeira via filosófica e se arrasta nos lugares comuns, porque prega incessantemente a humildade e a caridade. Dizem eles: “até hoje nada novo nos ensinaram, porque a reencarnação, a negação das penas eternas, a imortalidade da alma, a gradação através de períodos da vitalidade intelectual, o perispírito não são descobertas espíritas propriamente ditas; então é preciso marchar para descobertas mais verdadeiras e mais sólidas.”
A tal respeito julgamos dever apresentar algumas observações, que também não serão novidades; mas há coisas que devem ser repetidas sob diversas formas.
É verdade que o Espiritismo nada inventou de tudo isto, porque não há verdades verdadeiras senão as que são eternas e que, por isto mesmo, devem ter germinado em todas as épocas. Mas não é alguma coisa havê-las tirado, senão do nada, ao menos do esquecimento; de um germe ter feito uma planta vivaz; de uma idéia individual, perdida na noite dos tempos, ou abafada pelos preconceitos, ter feito uma crença geral; ter provado o que estava em estado de hipótese; ter demonstrado a existência de uma lei no que parecia excepcional e fortuito; de uma teoria vaga ter feito uma coisa prática; de uma idéia improdutiva ter tirado aplicações úteis? Nada é mais verdadeiro que o provérbio: "Nada de novo debaixo do sol." E esta verdade, ela mesma não é nova. Assim, não há uma descoberta da qual não se encontrem, nalguma parte, vestígios e o princípio. Por conta disto Copérnico não teria o mérito de seu sistema, porque o movimento da Terra tinha sido suspeitado antes da era cristã. Se era coisa tão simples, então era preciso encontrá-la. A história do ovo de Colombo será sempre uma eterna verdade.
Além disso, é incontestável que o Espiritismo ainda tem muito a nos ensinar. É o que não temos cessado de repetir, pois jamais pretendemos que ele tenha dito a última palavra. Mas do que ainda resta a fazer segue-se que não tenha ainda saído do á-bê-cê? Seu á-bê-cê foram as mesas girantes; e desde então, ao que nos parece, tem dado alguns passos; parece mesmo que tais passos foram grandes em alguns anos, se o compararmos às outras ciências que levaram séculos para chegar ao ponto em que estão. Nenhuma chegou ao apogeu num primeiro impulso; elas avançam, não pela vontade dos homens, mas à medida que as circunstâncias põem na via de novas descobertas. Ora, ninguém tem poder para comandar as circunstâncias e a prova é que, todas as vezes que uma idéia é prematura, aborta, para reaparecer mais tarde, em tempo oportuno.
Mas em falta de novas descobertas, os homens de ciência nada terão que fazer? A química não será mais a química se diariamente não descobrir novos corpos? Os astrônomos serão condenados a cruzar os braços por não encontrarem novos planetas? E assim em todos os outros ramos das ciências e da indústria. Antes de procurar coisas novas, não se tem que fazer aplicação daquilo que se sabe? É precisamente para dar aos homens tempo de assimilar, aplicar e vulgarizar o que sabem, que a Providência põe um compasso de espera na marcha para a frente. Aí está a história para nos mostrar que as ciências não seguem uma marcha ascendente contínua, ao menos ostensivamente. Os grandes movimentos que revolucionam uma idéia só se operam em intervalos mais ou menos distanciados. Por isto não há estagnação, mas elaboração, aplicação e frutificação daquilo que se sabe, o que sempre é progresso. Poderia o Espírito humano absorver incessantemente novas idéias? A própria terra não necessita de um tempo de repouso antes de reproduzir? Que diriam de um professor que diariamente ensinasse novas regras aos seus alunos, sem lhes dar tempo para se exercitar nas que aprenderam, de com elas se identificar e de as aplicar? Então Deus seria menos previdente e menos hábil que um professor? Em todas as coisas as idéias novas devem encaixar-se nas idéias adquiridas. Se estas não forem suficientemente elaboradas e consolidadas no cérebro, se o espírito não as assimilou, as que aí se querem implantar não criam raízes: semeias-se no vazio.
Dá-se o mesmo em relação ao Espiritismo. Os adeptos de tal modo aproveitaram o que ele até hoje ensinou, que nada mais tenham a fazer? São de tal modo caridosos, desprovidos de orgulho, desinteressados, benevolentes para os seus semelhantes; moderaram tanto as suas paixões, abjuraram o ódio, a inveja e o ciúme; enfim são tão perfeitos que de agora em diante seja supérfluo pregar-lhes a caridade, a humildade, a abnegação, numa palavra, a moral? Essa pretensão, por si só, provaria quanto ainda necessitam dessas lições elementares, que alguns consideram fastidiosas e pueris. É, entretanto, só com o auxílio dessas instruções, se as aproveitarem, que poderão elevar-se bastante para se tornarem dignos de receber um ensinamento superior.
O Espiritismo tende para a regeneração da humanidade: isto é um fato adquirido. Ora, não podendo essa regeneração operar-se senão pelo progresso moral, daí resulta que seu objetivo essencial, providencial, é o melhoramento de cada um; os mistérios que nos pode revelar são o acessório, porque nos abre o santuário de todos os conhecimentos e não estaríamos mais adiantados para o nosso estado futuro, se não formos melhores. Para admitir ao banquete da suprema felicidade, Deus não pergunta o que se sabe, nem o que se possui, mas o que se vale e o bem que se terá feito. É, pois, no seu melhoramento individual que todo Espírita sincero deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações aproveitou realmente o Espiritismo e receberá a sua recompensa. É por isto que os bons Espíritos, por ordem de Deus, multiplicam suas instruções e as repetem à sociedade; só um orgulho insensato pode dizer: Não preciso de mais. Só Deus sabe quando aquelas serão inúteis e só a ele cabe dirigir o ensino de seus mensageiros e de o proporcionar ao nosso adiantamento.
Vejamos, entretanto, se fora do ensinamento puramente moral, os resultados do Espiritismo são tão estéreis quanto pretendem alguns.
1 - Inicialmente ele dá, como sabem todos, a prova patente da existência e da imortalidade da alma. É verdade que não é uma descoberta, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que ele triunfa sobre o materialismo e evita as funestas conseqüências deste sobre a sociedade. Tendo mudado em certeza a dúvida sobre o futuro, é toda uma revolução nas idéias, cujas conseqüências são incalculáveis. Se aí, se limitassem os resultados das manifestações, esses resultados seriam imensos.
2 - Pela firme crença que desenvolve, exerce uma ação poderosa sobre o moral do homem; leva-o ao bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e o desvia do pensamento do suicídio.
3 - Retifica todas as idéias falsas que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno, as penas e as recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, descobre-nos a vida futura e no-la mostra racional e conforme à justiça de Deus. É ainda uma coisa de muito valor.
4 - Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenômeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa passagem tão temida são hoje conhecidas; ora, como todo o mundo morre, tal conhecimento interessa a todo o mundo.
5 - Pela lei da pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe de onde vem, para onde vai; com que objetivo está na Terra. Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais; dá as mesmas leis da natureza para base dos princípios de solidariedade universal, de fraternidade, de igualdade e de liberdade, que só se assentavam na teoria. Enfim, lança a luz sobre as questões mais árduas da metafísica, da psicologia e da moral.
6 - Pela teoria dos fluidos perispirituais, dá a conhecer o mecanismo das sensações e das percepções da alma; explica os fenômenos da dupla vista, da visão à distância, do sonambulismo, do êxtase, dos sonhos, das visões, das aparições, etc.; abre um novo campo à fisiologia e à patologia.
7 - Provando as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, mostra neste último uma das forças ativas da natureza, um poder inteligente e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, e que alimentaram a maioria das idéias supersticiosas.
8 - Revelando o fato das obsessões, faz conhecer a causa, até aqui desconhecida, de numerosas afecções, sobre as quais a ciência se havia equivocado, em detrimento dos doentes, e dá os meios de os curar.
9 - Dando-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação; revelando-nos a influência recíproca dos Espíritos encarnados e desencarnados, ensina-nos o poder do homem sobre os Espíritos imperfeitos para os moralizar e os arrancar aos sofrimentos inerentes à sua inferioridade.
10 - Dando a conhecer a magnetização espiritual, que era desconhecida, abre ao magnetismo uma nova via e lhe trás um novo e poderoso elemento de cura.
O mérito de uma invenção não está na descoberta de um princípio, quase sempre anteriormente conhecido, mas na aplicação desse princípio. A reencarnação não é uma idéia nova, sem a menor contradita, como não é o perispírito, descrito por São Paulo sob o nome de corpo espiritual, nem mesmo a comunicação com os Espíritos. O Espiritismo, que não se gaba de haver descoberto a natureza, procura cuidadosamente todos os traços, que pode encontrar, da anterioridade de suas idéias, e, quando os encontra, apressa-se em o proclamar, como prova em apoio ao que avança. Aqueles, pois, que invocam essa anterioridade visando depreciar o que ele faz, vão contra o seu objetivo, e agem incorretamente, pois isto poderia fazer suspeitar uma idéia preconcebida.
A descoberta da reencarnação e do perispírito não pertence, pois, ao Espiritismo. É coisa sabida. Mas, até ele, que proveito a ciência, a moral, a religião haviam tirado desses dois princípios, ignorados pelas massas, em estado de letra morta? Ele não só os pôs à luz, os provou e faz reconhecer como leis da natureza, mas os desenvolveu e faz frutificar; deles já fez saírem numerosos e fecundos resultados, sem os quais não se poderia compreender uma infinidade de coisas; diariamente compreendemos outras novas e estamos longe de esgotar a mina. Desde que esses dois princípios eram conhecidos, porque ficaram tanto tempo improdutivos? Porque, durante tantos séculos, todas as filosofias se chocaram contra tantos problemas insolúveis? É que eram diamantes brutos, que deviam ser lapidados: é o que faz o Espiritismo. Ele abriu uma nova via à filosofia ou, por outras palavras, criou uma nova filosofia que, diariamente, ocupa seu lugar no mundo. Então estes são resultados de tal modo nulos que devamos apressar-nos para descobertas mais verdadeiras e mais sólidas?
Em resumo, um certo número de verdades fundamentais, esboçadas por alguns cérebros de escol, e conservadas, em sua maioria, como que em estado latente, uma vez que foram estudadas, elaboradas e provadas, de estéreis que eram, tornam-se uma mina fecunda, de onde saíram inúmeros princípios secundários e aplicações, e abriram um vasto campo à exploração, novos horizontes às ciências, à filosofia, à moral, à religião e à economia social.
Tais são, até hoje, as principais conquistas devidas ao Espiritismo e não temos feito mais do que indicar os pontos culminantes. Supondo que devessem limitar-se a isto, já nos poderíamos dar por satisfeitos, e dizer que uma ciência nova, que dá tais resultados em menos de dez anos, não é acusada de nulidade, porque toca em todas as questões vitais da humanidade e trás aos conhecimentos humanos um contingente que não é para desdenhar. Até que esses únicos pontos tenham recebido todas as aplicações de que são susceptíveis, e que os homens os tenham aproveitado, ainda se passará muito tempo, e os espíritas que os quiserem pôr em prática para si próprios e para o bem de todos, não ficarão desocupados.
Esses pontos são outros tantos focos de onde irradiarão inumeráveis verdades secundárias, que se trata de desenvolver e aplicar, o que se faz diariamente; porque diariamente se revelam fatos que levantam uma nova ponta do véu. O Espiritismo deu sucessivamente e em alguns anos todas as bases fundamentais do novo edifício. Cabe agora a seus adeptos pôr em obra esses materiais, antes de os pedir novos. Deus saberá bem lhos fornecer, quando tiverem completado sua tarefa.
Dizem que os espíritas só sabem o á-bê-cê do Espiritismo. Seja. Para começar, então, aprendamos a soletrar esse alfabeto, o que não é problema de um dia, porque, reduzido mesmo a só estas proporções, passará muito tempo antes de haver esgotado todas as combinações e recolhido todos os frutos. Não restam mais fatos a explicar? Aliás os espíritas não têm que ensinar esse alfabeto aos que o ignoram? Já lançaram a semente em toda a parte onde poderiam fazê-lo? Não resta mais incrédulos a converter, obsedados a curar, consolações a dar, lágrimas a enxugar? Há razão para dizer que se não tem mais nada a fazer quando ainda não se terminou a tarefa, quando ainda restam tantas chagas a fechar? Aí estão nobres ocupações que valem bem a vã satisfação de as saber um pouco mais e um pouco mais cedo que os outros.
Saibamos, pois, soletrar o nosso alfabeto antes de querer ler correntemente no grande livro da natureza. Deus saberá bem no-lo abrir, à medida em que avançarmos, mas não depende de nenhum mortal forçar sua vontade, antecipando o tempo para cada coisa. Se a árvore da ciência é muito alta para que possamos atingi-la, esperemos para voar sobre ela quando as nossas asas estiverem crescidas e solidamente pregadas, para não ter a sorte de Ícaro.
(Allan Kardec - Revista Espírita de 1865).
A questão da pluralidade das existências, desde longa data preocupou os filósofos, e muitos deles viram na anterioridade da alma a única solução possível dos mais importantes problemas de psicologia. Sem este princípio, viram-se detidos a cada passo e barrados por uma dificuldade de que não podiam sair senão com o auxílio da hipótese da pluralidade das existências.
A maior objeção que se pode fazer a esta teoria é a da ausência de lembrança das existências anteriores. Com efeito, uma sucessão de existências, inconscientes umas das outras; deixar um corpo para em breve retomar outro, sem a memória do passado, eqüivaleria ao nada, porque seria o nada do pensamento; seriam outros tantos novos pontos de partida, sem ligação com os precedentes; seria uma ruptura incessante de todas as afeições que fazem o encanto da vida presente e a mais doce esperança, a mais consoladora para o futuro; seria enfim, a negação de toda a responsabilidade moral. Uma tal doutrina seria tão inadmissível e tão incompatível com a justiça e a bondade de Deus, quanto a de uma única existência com a perspectiva de uma eternidade absoluta de penas para algumas faltas temporárias. Compreende-se, pois, que aqueles que fazem semelhante idéia da reencarnação a repilam. Mas não é assim que o Espiritismo no-la apresenta.
A existência espiritual da alma, diz-nos ele, é a sua existência normal, com lembrança retrospectiva indefinida; as existências corpóreas não passam de intervalos, de curtas estações na existência espiritual; e a soma de todas essas estações não passa de uma parte mínima da existência normal, exatamente como se, numa viagem de vários anos, a gente parasse, de vez em quando, por algumas horas. Se, durante as existências corpóreas, parece haver uma solução de continuidade, pela ausência da lembrança, a ligação se estabelece durante a vida espiritual, que não sofre interrupção; a solução de continuidade realmente só existe para a vida corpórea exterior e de relação; e aqui, a ausência da lembrança prova a sabedoria da Providência, não querendo que o homem fosse muito desviado da vida real em que tem deveres a cumprir; mas, no estado de repouso do corpo, no sono, a alma retoma em parte o seu vôo e então se restabelece a cadeia, interrompida apenas durante a vigília.
A isto se pode ainda fazer uma objeção e perguntar que proveito pode tirar de suas existências anteriores para seu melhoramento, se não se lembra das faltas que cometeu. O Espiritismo responde, inicialmente, que a lembrança das existências infelizes, juntando-se às misérias da vida presente, tornariam esta ainda mais penosa; é, pois, um acréscimo de sofrimentos, que Deus nos quis evitar; sem isto, qual não seria, por vezes, a nossa humilhação, ao pensarmos naquilo que fomos! Quanto ao nosso melhoramento, essa lembrança seria inútil. Durante cada existência damos alguns passos à frente: adquirimos algumas qualidades e despojamo-nos de algumas imperfeições; cada uma delas é, assim, um novo ponto de partida, no qual somos aquilo que nos fizemos, onde nos tomamos pelo que somos, sem termos que nos inquietar com aquilo que fomos. Se numa existência anterior fomos antropófagos, que é que isto importa, se não mais o somos? Se tivemos um defeito qualquer, do qual já não restam traços, é uma conta liquidada, com a qual não temos mais de nos preocupar. Suponhamos, ao contrário, um defeito do qual só nos corrigimos pela metade; o restante iremos encontrar na vida seguinte, e é na sua correção que nos devemos aplicar. Tomemos um exemplo: um homem foi assassino e ladrão; foi castigado na vida corporal ou na vida espiritual; arrepende-se e se corrige da primeira tendência, mas não da segunda; na existência seguinte será apenas ladrão; talvez um grande ladrão, mas não mais assassino; ainda um passo à frente e será apenas um pequeno ladrão; um pouco mais tarde e não mais roubará, mas poderá ter a veleidade de roubar, o que a sua consciência neutralizará; depois desse último esforço todo traço da doença moral terá desaparecido, ele será um modelo de probidade. Que lhe importa, então, aquilo que foi? A lembrança de ter morrido no cadafalso não seria uma tortura e uma humilhação perpétuas? Aplicai este raciocínio a todos os vícios, a todos os erros, e podereis ver como a alma progride, passando e repassando pelos crivos da encarnação. Deus não é mais justo por tornar o homem o árbitro de sua própria sorte, pelos esforços que pode fazer para se melhorar, do que por fazer sua alma nascer ao mesmo tempo que seu corpo e condená-la a tormentos perpétuos por erros passageiros, sem lhe dar os meios de se purificar de suas imperfeições? Pela pluralidade das existências, seu futuro está em suas mãos; se levar muito tempo para progredir, sofre as conseqüências: é a suprema justiça; mas a esperança jamais lhe é negada.
A comparação seguinte pode ajudar a compreender as peripécias da vida da alma.
Suponhamos uma longa estrada, em cujo percurso se acham, de distância em distância, mas a intervalos desiguais, florestas que devem ser atravessadas; à entrada de cada floresta a estrada larga e bela é interrompida e só retomada à saída. Um viajante segue essa rota e entra na primeira floresta; mas aí não há trilha batida; é um dédalo inextricável em cujo meio se perde; a luz do Sol desapareceu sob a espessa copa das árvores; ele erra, sem saber para onde vai; enfim, após fadigas incríveis, chega aos confins da floresta, mas, extenuado, rasgado pelos espinhos, magoado pelas pedras. Ali reencontra a estrada e a luz e prossegue seu caminho, procurando curar suas feridas.
Mais longe encontra uma segunda floresta, onde o esperam as mesmas dificuldades; mas já tem alguma experiência; sabe evitá-las em parte e delas sai com menos contusões. Numa encontra o lenhador que lhe indica a direção a seguir e que o impede de se perder. Em cada nova travessia sua habilidade aumenta, pois os obstáculos são transpostos cada vez mais facilmente; certo de encontrar a bela estrada à saída, essa confiança o anima; depois, sabe orientar-se para a encontrar mais facilmente. A estrada conduz ao topo de uma alta montanha, de onde descobre todo o percurso, desde o ponto de partida; também vê as várias florestas que atravessou e se recorda das vicissitudes que experimentou; mas a lembrança não é penosa porque chegou ao fim; é como o velho soldado que, na calma do lar, lembra-se das batalhas a que assistiu; essas florestas disseminadas pela estrada são para ele como pontos negros numa fita branca. Diz ele: “Quando eu estava nessas florestas, sobretudo nas primeiras, como me pareciam longas para atravessar! Parecia-me que jamais chegaria ao fim; tudo se afigurava gigantesco e intransponível em volta de mim. E quando penso que, sem esse bravo lenhador que me pôs no bom caminho, eu talvez ainda lá estivesse! Agora, que considero essas mesmas florestas do ponto em que me encontro, como me parecem pequenas! Parece que as teria transposto com um passo; ainda mais, minha vista as penetra e distingo seus menores detalhes; vejo até os passos errados que dei.”
Então lhe diz um velho: - Meu filho, estás no fim da viagem; mas um repouso indefinido logo te causaria um aborrecimento mortal e te porias a lamentar as vicissitudes que experimentaste e que davam atividade aos teus membros e ao teu espírito. Daqui vês um grande número de viajantes na estrada que percorreste e que, como tu, correm o risco de se perderem no caminho; tens a experiência e nada mais temes; vai ao seu encontro e, por teus conselhos, trata de os guiar, para que cheguem mais depressa.
- Eu lá vou com alegria, responde o nosso homem. Mas, acrescenta ele, por que não há uma estrada direta, desde o ponto de partida até aqui? Isto evitaria que os viajantes passassem por estas florestas abomináveis.
- Meu filho, retoma o velho, olha bem e verás que há muitos que evitam certo número delas; são os que, tendo adquirido mais cedo a experiência necessária, sabem tomar um caminho mais direto e mais curto para chegar; mas tal experiência é fruto do trabalho exigido pelas primeiras travessias, de tal sorte que aqui somente chegam em razão de seu mérito. O que saberias tu mesmo, se por elas não tivesses passado? A atividade que tiveste de desenvolver, os recursos da imaginação que te foram necessários para abrir caminho, aumentaram teus conhecimentos e desenvolveram tua inteligência; sem isto, serias tão inexperiente quanto em tua partida. E depois, procurando sair do embaraço, tu mesmo contribuíste para melhorar as florestas que atravessaste; o que fizeste é pouco, é imperceptível; pensa, porém, nos milhares de viajantes que fazem outro tanto, e que, trabalhando para si mesmos, sem o suspeitar trabalham para o bem comum. Não é justo que recebam o salário de seu esforço, pelo repouso que aqui desfrutam? Que direito teriam a este repouso, se nada houvessem feito?
- Meu pai, responde o viajante, numa dessas florestas encontrei um homem que me disse: “Na ourela há um imenso abismo que deve ser transposto de um salto; mas em mil, apenas um o consegue; todos os outros caem no fundo de uma fornalha ardente e se perdem sem remissão. Eu não vi esse abismo.”
- Meu filho, é que ele não existe; do contrário, seria uma armadilha abominável, preparada para todos os viajantes que vêm a minha casa. Bem sei que lhes é necessário vencer dificuldades, mas também sei que mais cedo ou mais tarde eles as vencerão. Se eu tivesse criado impossibilidades para um só, sabendo que deveria sucumbir, teria sido uma crueldade, com mais forte razão se o tivesse feito para um grande número. Esse abismo é uma alegoria, cuja explicação vais ver. Olha a estrada, no intervalo das florestas; entre os viajantes, vês alguns que andam lentamente, com ar jovial; vês esses amigos que se perderam de vista no labirinto da floresta, como são felizes por se reencontrarem à saída; mas ao lado deles há outros que se arrastam penosamente; estão estropiados e imploram a piedade dos transeuntes, porque sofrem cruelmente das feridas que, por própria culpa, fizeram nos espinheiros. Mas curar-se-ão e isso para eles será uma lição que devem aproveitar na nova floresta a atravessar, da qual sairão menos combalidos. O abismo é a imagem dos males que sofrerão, e dizendo que em mil só um o transporá, aquele homem teve razão, porque o número dos imprudentes é muito grande; mas não estava certo ao dizer que, uma vez caído nele, não mais sairá. Há sempre uma saída para chegar a mim. Vai, meu filho, vai mostrar essa saída aos que estão no fundo do abismo; vai sustentar os feridos da estrada e mostrar o caminho aos que atravessam as florestas.
A estrada é a imagem da vida espiritual da alma, em cujo percurso somos mais ou menos felizes; as florestas são as existências corporais, nas quais trabalhamos pelo próprio avanço, ao mesmo tempo que na obra geral; o viajante, chegando ao fim e voltando para ajudar os que estão atrasados, é a imagem dos anjos guardiães, missionários de Deus, que encontram sua felicidade na visão da Divindade, mas também na atividade que desenvolvem para fazer o bem e obedecer ao Supremo Senhor.
Nota: Esta mensagem foi ditada pelo Espírito de Allan Kardec, pouco depois de sua morte.
Domingo, 14 de Novembro de 2010
A História nos aponta que, em 1650, James Usher, arcebispo de Armagh, na Irlanda, grande autoridade em estudos bíblicos, sobretudo em numerologia, proclamou o resultado de suas pesquisas sobre a idade do Universo. Em seu entendimento, a Criação teria acontecido no ano 4004 a.C.
Tal afirmativa recebeu o aplauso dos religiosos e foi aceita, ou imposta, à Ciência da época. Lembre-se, caro leitor, que Giordano Bruno, grande filósofo italiano, havia morrido na fogueira, condenado pela Santa Inquisição, apenas 50 anos antes, em 1600, por ter afirmado que o Sol era o centro do sistema planetário, que a Terra se movia e por outras heresias, como existirem outros planetas habitados.
As afirmativas de Usher foram posteriormente confirmadas por John Lightfoot, Mestre do St. Catherine's College, de Cambridge. Para o ilustre religioso, a Criação teria ocorrido no dia 23 de outubro, precisamente às 9 horas da manhã do ano de 4004 a.C.
Estariam certos esses teólogos? O Universo teria sido criado há cerca de 6.000 anos, como querem, até hoje, muitos religiosos? Seria realmente esta a verdade? Ou, mais uma vez, os homens concluíram iludidos pela letra, impulsionados por interesses às vezes mesquinhos, sem levarem em conta o espírito da letra?
Qual a realidade? Teria o Universo apenas 6.000 anos, como queriam Usher e Litghtfoot ou como entende a Ciência atual, que estabelece a criação do Universo há 20 bilhões de anos, quando um átomo, uma partícula de energia extremamente concentrada, explodiu, dando origem ao Universo? Esta é a teoria da "Grande Explosão" ("Big Bang") proposta pelo astrônomo belga Georges Lemaître.
A "Grande Explosão" teria arremessado a imensidão de partículas que, no decorrer dos milênios, deu origem às galáxias e a todos os objetos celestes.
Segundo a Cosmologia mais moderna, a imensidão de poeira cósmica, resultante do Big Bang, espalhada no espaço, determinou o aparecimento dos corpos celestes: galáxias, nebulosas, estrelas, planetas, asteróides, cometas, quasar e outros corpos siderais.
As galáxias são grandes conjuntos de estrelas, separadas umas das outras por grandes distâncias. Existem mais de 100 bilhões de galáxias no Universo e cada uma delas é formada por dezenas, centenas de bilhões de estrelas.
Nosso sistema solar pertence a uma galáxia: a Via Láctea, que surgiu há 14 bilhões de anos, com o nascimento das estrelas pela condensação de grandes nuvens de poeira cósmica resultante da Grande Explosão. Os astrônomos calculam que ela possui mais de 100 bilhões de estrelas.
Sabe-se hoje que há 4,5 bilhões de anos uma imensa nuvem, existente em nossa galáxia, começou a se concentrar e, por ação da força da gravidade, principiou a girar, concentrando-se no centro e ficando cada vez mais quente e brilhante. Pontos de maior condensação formaram-se em vários locais do disco de nuvem que envolvia o núcleo, constituindo os chamados protoplanetas. Com o desenvolvimento do processo de reações químicas e termonucleares, o centro da nuvem deu origem a uma estrela denominada Sol e os núcleos ao seu redor formam os planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão, compondo o Sistema Solar.
Nossa Terra, assim formada, era há 3,5 bilhões de anos uma enorme esfera incandescente - verdadeira bola de fogo girando em torno do Sol. Aos poucos, com o passar dos milênios, a superfície da Terra foi esfriando, de tal sorte, que, há 3 bilhões de anos, se formou a crosta terrestre, com terras e mares, continuando a parte interna a mais profunda como matéria efervescente.
O Universo é tão grandioso, que os cientistas determinam as distâncias com uma medida chamada ano-luz. Um ano-luz corresponde ao espaço percorrido pela luz em um ano. Sabe-se que a luz se move à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo; portanto, em um segundo, a luz percorre 300 mil km; em um minuto 19 milhões de km; em 1 hora, 1 bilhão e 80 milhões de km; e, em um ano percorre 9 trilhões e 461 bilhões de km.
Voltemos à nossa galáxia, para melhor a conhecermos: A Via Láctea tem forma espiral. Tem 180 mil anos-luz de diâmetro e 16 mil anos-luz de altura. Movimenta-se continuamente no espaço sideral, girando em torno de si mesma, a uma velocidade de 280 km por segundo, e leva 200 milhões de anos para dar um giro completo sobre si mesma.
Para termos uma idéia da grandiosidade da Criação Divina, lembremos que a estrela mais próxima do nosso Sol, a Alpha Centauri, está distante cerca de 4 anos-luz (37 trilhões de quilômetros) e o "objeto" mais distante, que é um "quasar" (objeto de aparência estelar), está a 17 bilhões de anos-luz (17 bilhões x 9 trilhões e 461 bilhões de quilômetros).
(Obra: Tire suas dúvidas - Grandes Temas Espíritas - autor: Homero Moraes Barros - edição março de 2.000 - Visite: www.mariadenazare.com.br).
A ocupação dos Espíritos de segunda ordem consiste em se prepararem para as provas que terão de passar, por meditações sobre suas vidas passadas e por observações sobre os destinos humanos, seus vícios, suas virtudes, e o que os pode aperfeiçoar ou levar a falir. Os que, como eu, têm a felicidade de ter uma missão, dela se ocupam com tanto zelo e amor, quanto o progresso das almas que lhes são confiadas lhes é contado como mérito. Assim, esforçam-se por lhes sugerir bons pensamentos, ajudar os seus bons impulsos, afastar os Espíritos maus, opondo sua suave influência às influências nocivas. Essa ocupação interessante, sobretudo quando se é bastante feliz para dirigir um médium e ter comunicações diretas, não desvia o cuidado e o dever de aperfeiçoar-se.
Não creia que o tédio possa atingir um ser que não vive senão pelo espírito e cujas faculdades todas tendem para um objetivo, que sabe afastado, mas certo. O tédio não resulta senão do vazio da alma e da esterilidade do pensamento. O tempo, tão pesado para vós, que o medis por vossos temores pueris ou as vossas frívolas esperanças, não faz sentir sua marcha aos que não estão sujeitos nem às agitações da alma, nem às necessidades do corpo. Ela passa ainda mais depressa para os Espíritos puros e superiores, que Deus encarrega da execução de suas ordens e que percorrem as esferas num vôo rápido.
Quanto aos Espíritos inferiores, sobretudo os que têm pesadas faltas a expiar, o tempo se mede por seus pesares, seus remorsos e seus sofrimentos. Os mais perversos dentre eles procuram subtrair-se fazendo o mal, isto é, sugerindo-o. Então experimentam essa áspera e fugidia satisfação do doente que coça a sua ferida e que não faz senão aumentar a sua dor. Assim, seus sofrimentos aumentam de tal modo que acabam fatalmente por lhes ministrar o remédio, que não é senão a volta ao bem.
Os pobres Espíritos, que não foram culpados senão pela fraqueza ou pela ignorância sofrem a sua inabilidade, o seu isolamento. Lamentam o seu envoltório terreno, seja qual for a dor que lhes tenha causado; revoltam-se e se desesperam até o momento em que percebem que só a resignação e uma vontade firme de voltar ao bem podem aliviá-los. Acalmam-se e compreendem que Deus não abandona nenhum de suas criaturas.
Espírito de Marcillac - Revista Espírita de 1861.