Sábado, 25 de Fevereiro de 2012

CONFLITOS E PERFEIÇOAMENTO INTERIOR

No processamento de aperfeiçoamento interior, defrontamo-nos muitas vezes com pensamentos, emoções e comportamentos negativos que nos geram conflitos, pois nos percebemos muito distantes do ideal de perfeição que almejamos para a nossa vida.

É como se vivêssemos em uma dualidade. Em uma parte está a pessoa nova que queremos ser, repleta de valores nobres, e em outra a pessoa velha, que ainda se compraz nos velhos hábitos. Muitos de nós, devido a essa questão, entramos em conflito entre esses dois “eu”. Alguns chegam inclusive a travar uma guerra surda entre as duas personalidades em busca da tão propagada reforma íntima

O resultado de tudo isso é a criação de um bloqueio que impede o próprio aperfeiçoamento interior.

É fundamental que reflitamos que a construção de um novo eu demanda tempo e deve ser um trabalho com suavidade e leveza, conforme nos recomenda Jesus quando nos fala do jugo suave e do fardo leve a ser carregado.

Façamos uma análise do processo de aperfeiçoamento interior conforme nos recomenda Jesus em seu Evangelho.

Comecemos com a passagem anotada por João em 8:32 “... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

Podemos refletir, a partir deste versículo, que existem duas verdades a ser conhecidas por nós para a nossa libertação.

A primeira é a Verdade Universal da qual o Evangelho de Jesus é a perfeita síntese, assim como tantas outras obras que nos orientam á verdade. Conhece-la é fundamental para o aperfeiçoamento interior, pois nos dá da diretriz segura para desenvolvermos o bem, o bom e o belo em nossas vidas. Essa verdade contida nos livros sagrados e em outras obras como as de Alan Kardec que dão base à Doutrina Espírita, bem como as complementares idôneas é a verdade que está fora de nós, nas obras que nos orientam para a prática da mudança interior.

Além dessa verdade que está fora, é necessário que conheçamos uma segunda verdade; a verdade que está dentro de nós, isto é, tudo que existe em nosso interior, pensamentos, sentimentos, emoções, comportamentos tanto os equilibrados, quanto os negativos.

Para conhecer a verdade só existe um caminho: o autoconhecimento, o mergulho interior conforme nos orienta Santo Agostinho na questão 919 e 919-A de O Livro dos Espíritos.

Muito de nós utilizamos o processo de conhecer essa verdade que está dentro para gerar conflitos, ao invés de nos libertamos deles, conforme deveria acontecer.

Por que isso acontece?

Porque queremos que a verdade que está dentro espelhe fielmente a Verdade Universal que está nas obras, especialmente no Evangelho. Por já conhecermos a verdade libertadora, queremos que esta verdade já seja sentida e vivenciada como num passe de mágica.

O resultado dessa atitude é a intensificação de conflitos desnecessários, pois não é possível nos auto decretarmos a mudança interior, simplesmente por já conhecermos a verdade.

Jesus diz de forma muita clara “... e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Percebamos que não é o conhecimento que liberta, mas a verdade. Para que possamos internalizar a verdade libertadora o caminho acontece em três etapas: a primeira é o conhecimento, isto é, estudar, refletir sobre a verdade existente no Evangelho e outras obras.

A partir desses estudos e reflexão somos convidados a iniciar a segunda etapa – internalizar, através do sentimento, a verdade estudada e refletida. Vejamos que é Jesus que nos oferece esse caminho: “e aprendei comigo, que manso e humilde de coração” (Mateus 11:29). Quando Ele nos diz que o aprendizado se faz com o coração, está nos demonstrado que não basta conhecer com o cérebro, é necessário sentir no coração, aprender com o cérebro é relativamente fácil, basta estudar e refletir, já sentir no coração é uma tarefa muito mais difícil e de demorada, requerendo muitos exercícios de mansidão e humildade.

A terceira etapa é a libertação pela verdade que se dá pelo vivenciamento. O ato de vivenciar é a síntese do saber e sentir. Ao fazermos exercícios para saber e sentir, vamos automaticamente vivenciando a verdade.

Portanto, quando nos exigimos sentir e vivenciar algo que apenas conhecemos, entraremos em conflitos desnecessários que não geram crescimento, apenas estagnação.

Como podemos evitar esses conflitos?

Recorramos novamente a Jesus quando diz: “vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mateus 26:41). Com a postura de auto exigência para viver uma perfeição da qual estamos ainda muito distantes, transformamos a vigilância em policiamento e repressão.

A vigilância, conforme proposta cristã é fruto de uma auto-observação amorosa de nós mesmos, realizada com suavidade e leveza, como recomenda Jesus: “porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. (Mateus 11:30).

Sempre teremos, em relação aos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos negativos, três escolhas para lidar com eles, duas desequilibradas e uma equilibrada.

Podemos dar guarida a essas negatividades e vivenciá-las, abdicando de todo conhecimento da verdade que já detemos. Ao escolhermos essa alternativa, entramos em conflitos, pois aquele que detém a verdade dentro de si, mesmo que apenas no cérebro, já tem despertada a consciência e, ao agir de forma contrária a esta, o resultado é um conflito interior.

A pessoa tenta abafara consciência da verdade que já possui para vivencia pensamentos, sentimentos e comportamentos negativos, mas como a consciência é a Lei de Deus ínsita em nós o resultado disso é o aprisionamento a conflitos, que já temos condição de transformar.

Podemos, como alternativa, escolher reprimir os pensamentos, sentimentos e comportamentos negativos, devido à auto exigência de se vivenciar a verdade que conhecemos no cérebro, a qualquer custo. Quando fazemos criamos pensamentos, sentimentos e comportamentos pseudopositivos. Desenvolvemos máscaras das virtudes e não as virtudes que libertam, pois a libertação somente ocorre quando a verdade conhecida é sentida no coração. O resultado é que ficamos aprisionados a uma atitude de pseudoperfeição que gera estagnação.

Só há uma alternativa equilibrada em relação às negatividades que trazemos - a transformação desses pensamentos, sentimentos e comportamentos negativos em amigos evolutivos, que estarão nos auxiliando o processo de amadurecimento e libertação pela verdade conhecida, sentida e vivenciada.

Novamente é Jesus que nos recomenda a maneira como nos libertaremos, quando diz: “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade de digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mateus 5:25 e 26).

Analisemos estes versículos, em uma perspectiva psicológica profunda, dentro da questão da libertação de conflitos e aperfeiçoamento interior.

Vimos que a única forma de nos libertarmos de nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos negativos, os nossos adversários internos, é a partir da transformação, evitando dar guarida a eles e reprimi-los. Isso somente acontecerá pela conciliação, transformando o adversário em amigo.

Vejamos que Jesus nos dá um caminho perfeitamente possível de ser seguido. Quando Ele nos diz “Concilia-te depressa com o teu adversário enquanto estás no caminho com ele” nos conclama a buscar a reconciliação, aqui e agora, já com a negatividade enquanto ela esta se manifestando para que não entremos na tentação de dar guarida ou reprimi-la, pois se o fizermos seremos colocados na prisão, seja do conflito de consequência por ter vivenciado a negatividade ou do mascaramento desta, que por mais que seja o caminho mais fácil sempre trará o desconforto de uma prisão sem grades.

Não sairemos dali enquanto não tivermos a atitude de humildade de reconhecer que estamos muito distantes da perfeição e que tanto a identificação com uma negatividade, quanto o seu mascaramento, imposto pela repressão nos aprisiona em muitos conflitos desnecessários, que seriam perfeitamente evitados se buscássemos sempre a vigilância, a conciliação e a oração como instrumentos amorosos de aperfeiçoamento interior.

Quando nos dispomos a utilizar esses três instrumentos de transformação, estaremos sempre vigilantes às nossas tendências inferiores e ao perceber um pensamento, sentimento ou comportamento negativo faremos a conciliação no momento da sua manifestação (“enquanto estás no caminho com ele”), de modo a que utilizemos esse movimento egóico como um amigo evolutivo que está contra nós, mas que é apenas manifestação da ignorância que ainda existe em nós.

É importante que tratemos essa ignorância como adversária, mas como instrumento de aperfeiçoamento interior. A oração será sempre amiga que nos auxiliará no trabalho de conciliação, pois quando percebermos que as nossas forças fraquejam no sentido de dar guarida ou reprimir, lembremo-nos de Jesus e de Deus, e roguemos forças para que possamos conciliar com aquele adversário que se manifesta, transmutando-o num amigo e façamos esse exercício de conciliação, tantas vezes forem necessárias até a completa iluminação interior.



Retirado da revista Presença Espírita
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:57

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Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2012

GRATIDÃO: UM NOVO OLHAR SOBRE A VIDA

Vida, Natureza, família, semelhante, trabalho, chefe, prova, expiação, dor, sofrimento, enfermidade, saúde, amigo, inimigo, alegria, tristeza, situação financeira são alguns exemplos dos motivos de gratidão ou reclamação de nossa parte.

 Qualquer coisa pode ser razão para agradecer ou reclamar, a depender do ponto de vista.

 Costumamos reclamar de tudo.

 Quando chove, reclamamos do mau tempo; quando faz sol, reclamamos porque está quente; quando é noite, gostaríamos que fosse dia; quando é dia, nos incomodamos pelo desejo de que a noite chegue logo; se o tempo passa depressa, reclamamos sugerindo a ampliação do dia para 36 horas; se o tempo é vagaroso, lamentamos pela lerdeza do deus Cronos. Tudo, sem exceção, parece ser motivo para reclamar. Poderíamos continuar escrevendo uma página ou um livro inteiro elencando motivos de reclamação ou exemplos práticos de sua ocorrência.

Vamos fazer o contrário? Agradeçamos por tudo. Até pela dor que nos atinge profundamente. “Bendita a dor, ela é a grande sinfonia que acorda os corações humanos para a Vida Eterna”, já dizia meu pai e continua dizendo até hoje nos seus 80 anos, como informação colhida de fonte oral. Segundo Emmanuel, Guia Espiritual do cândido Chico Xavier, “a dor é um constante convite da vida, a fim de que aceitemos uma entrevista com Deus”. (1)

Quando tudo está bem, tendemos a nos esquecer do agradecimento. Mas, a misericórdia divina, reconhecendo nossas necessidades, oferece-nos a dor-expiação, a dor-evolução, a dor-auxílio (2) para que, humildemente, nos coloquemos diante do Senhor da Vida e, em definitivo, consigamos nos libertar de nosso passado infeliz, acordando o homem renovado para o novo mundo de regeneração.

Joanna de Ângelis, a psicóloga espiritual e guia do médium Divaldo Pereira Franco, alerta que a “reclamação é perda de tempo”. (3) Realmente, quem reclama está perdendo a oportunidade de agradecer, de fazer algo útil na existência Aquele momento de reclamação não nos leva a resultado efetivo, então, poderia ser absolutamente dispensado sem que fizesse falta alguma. Não estamos aqui cogitando da avaliação serena e necessária para determinadas situações, ocorrências e circunstâncias que vivenciamos fruto da nossa iniciativa ou decorrente da ação de terceiros. É importante, sim, avaliarmos para melhorar o que for indispensável à caminhada evolutiva.

 A reclamação, pelo contrário, não tem propósito útil. Apenas o da lamentação, que deixa transparecer nosso azedume. Seria melhor que nos silenciássemos, pois o silêncio na maioria das vezes se traduz na melhor das respostas. É como aquela expressão do ditado popular que nos exorta, quando não fomos felizes em alguma afirmação: “Você perdeu uma boa oportunidade de ficar calado”.



Vamos exercitar o silêncio quando a vontade de reclamar visitar os escaninhos da mente, provocando-nos para ações menos recomendáveis. Reclamar é feio, denota falta de educação, e, dependendo de como a atitude é manifestada, ausência de respeito para com o semelhante e, sobretudo, ingratidão para com Deus.

Gostaria de fazer um trato e assinar tacitamente um contrato com o prezado leitor. No dia, temos três períodos claramente delimitados: manhã, tarde e noite. Vamos assumir o compromisso de agradecer pelo menos uma vez em cada período do dia. Agradeceremos: pela manhã ao acordar – cada dia é como se fosse uma nova encarnação; à tarde, quando almoçarmos ou olharmos o crepúsculo ou, ainda, estivermos no trânsito que nos oferece o ensejo de desenvolver várias virtudes, tais como a paciência, a tolerância e a indulgência; e agradeçamos ao final da noite por mais um dia, repleto de oportunidades e desafios para o aprendizado constante. Amanhã, depois de amanhã, e depois... A atitude deverá ser mantida ao longo de todo o mês. Quando este findar, na noite do derradeiro dia, o número de agradecimentos chegará a pelo menos 90 vezes!

Acredito que, após esse período, já teremos adquirido o hábito do agradecimento. A partir daí, o comportamento será espontâneo, assegurando que começamos a exercitar um novo olhar sobre a vida.

A reclamação reflete postura de orgulho, ao passo que a gratidão é resultado de atitude humilde.

 A reclamação nos fecha para a sintonia com o auxílio superior; a gratidão facilita a sinergia com aqueles que aspiram à harmonia e ao equilíbrio dela decorrente. A gratidão é um ato que transparece a divindade existente em cada um de nós. Já a reclamação é de nossa responsabilidade, sobre a qual deveremos prestar as devidas contas no momento em que a lei de causa e efeito nos requisitar para uma entrevista com Deus.

Se analisarmos detidamente, chegaremos à conclusão de que a vida nos oferece muito mais motivos para agradecer do que para reclamar. Agradecer faz bem à saúde integral do indivíduo, que se sente mais aberto à sintonia com o Plano Superior da Vida, em contato com os amigos espirituais que podem ter o trabalho de inspiração facilitado pelas vias da nossa intuição a ser colocada, gradativamente, à disposição do serviço no bem.

Agradecer-nos tornas felizes, pois aprendemos a enxergar novos horizontes. Os nossos olhos brilham mais, identificando-se com o belo, o bom, o útil. Agradeçamos pelo bem e pela oportunidade de melhoria, pela prova e pela expiação, pela bênção do trabalho e da libertação. Na vida, é recomendável aprendermos a agradecer mais e a reclamar menos.



 REFORMADOR Fev.2012



Referências:

 1XAVIER, Francisco C.Material de construção. Pelo Espírito Emmanuel. São Paulo: Ideal, 1982.

 2______. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 19, p. 329.

 3FRANCO, Divaldo P. Desperte e seja feliz. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6. ed. Salvador: LEAL, 2000
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 20:21

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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2012

PERDÃO DE DEUS


Pergunta: Um dia, em nosso círculo de estudos filosóficos, falávamos sobre o perdão, quando veio à pergunta: Se Deus é um ser perfeito, superior a tudo e possui a onisciência, por que pedimos perdão a Ele?  

Resposta:

O perdão é uma atitude advinda de uma ofensa. Para oferecê-lo é preciso que a pessoa, primeiramente, se sinta ofendida. O perdão, no nosso meio de seres não evoluídos, que nos "permitimos" ser ofendidos, é de certa forma, uma virtude. Quando uso a expressão “de certa forma”, é porque se fôssemos seres evoluídos não nos sentiríamos ofendidos por ninguém, pois compreenderíamos as atitudes das pessoas e, portanto, não haveria necessidade de perdoar.

Como ainda não desenvolvemos a perfeição, sentimo-nos ofendidos (muitas vezes com atitudes pequenas de outras pessoas) e, depois de muito refletir, tentamos desenvolver essa “virtude”, qual seja, o perdão. Para o ato do perdão é necessário que se tenha a compreensão da outra pessoa a partir de nós mesmos, ou seja, que tal qual a nós mesmos, todas as pessoas podem cometer erros.

Considerando que a Lei de Deus está escrita em nossa consciência, quando sentimos que a transgredimos ficamos com um "drama" existencial e externamos esse drama no pedido de perdão a Deus. Entretanto, o que na verdade fazemos é pedir perdão a nós mesmos [à nossa consciência]. Por isso pedimos perdão a Deus, pois pela consciência do erro buscamos a compreensão [de Deus] a partir de nós mesmos.

Ao pedirmos perdão a Deus estamos fazendo um exercício de humildade, reconhecendo o erro cometido e abrindo um espaço para o equilíbrio de consciência. Temos necessidade de nos sentirmos perdoados e por ainda tratamos a consciência como algo abstrato, focamos, então, o pedido de perdão em Deus. Essa necessidade individual e pessoal de se sentir perdoado nos leva a ter para com os outros a atitude de perdoar, para conferir-lhes a sensação da reparação das faltas e de abrir-lhes novas oportunidades.

Você cita na sua pergunta a oração do “Pai Nosso”. Nessa oração, que nos foi ensinada pelo Cristo de Deus, o pedido de perdão a Deus está condicionado ao perdão que oferecermos aos outros ["perdoai as nossas ofensas (dívidas), assim como perdoamos aos nossos ofensores (devedores)"]. Isso não significa que será Deus a nos dar ou não o perdão, mas que nós mesmos nos sentiremos perdoados [em nossa consciência] se conseguirmos oferecer aos outros o mesmo perdão que buscamos. É tão significativo esse aspecto, que Jesus, conforme grafado no evangelho de Mateus, quando termina de expor o Pai Nosso, chama a atenção dos ouvintes para o perdão dizendo: "pois se não perdoardes ao vosso semelhante, vosso Pai que está nos céus também não vos perdoará”.

Essa frase não deve ser entendida de forma literal, mas sim de maneira figurada. Deus, por ser soberanamente justo e bom, por saber de nossas potencialidades e, por conseguinte, de nossas ações (já que Ele é onisciente), não se ofenderia conosco. Seria um contra-senso, então, Deus ter que oferecer o perdão, uma vez que Ele é inatingível. Vale lembrar que o perdão é fruto de uma ofensa e somente se ofende aquele que ainda guarda imperfeições. Deus é perfeito, portanto não pode se sentir ofendido.

Considerando que a Lei de Deus deve estar escrita em nossa consciência, é aí (na consciência) que buscaremos o perdão de Deus. De que forma? Arrependendo do ato praticado e reparando-o, se necessário e possível, junto à própria pessoa a quem ofendemos.

Assim sendo, o sentido da frase é: se não perdoarmos aos nossos semelhantes não teremos paz interior, uma vez que a nossa consciência apontará as nossas próprias faltas, para quais também buscamos, na verdade, o perdão.

Como conseguir o perdão para as nossas faltas se não estamos dispostos a dá-lo a outrem quando de suas faltas? Vale lembrar a passagem da “mulher adúltera” contida no evangelho de João. Como Jesus conseguiu que as pessoas a deixassem em paz? Concitando-as a se olharem. Disse Jesus: “aquele que estiver sem pecados que atire a primeira pedra”. Como acusar alguém se trazemos em nós, de certa forma, os mesmos erros? Como sentirmo-nos perdoados se não perdoamos aos outros? Essa é a questão primordial.

Bem escreveu o poeta Gibran Khalil Gibran: “o perdão é o perfume que as flores soltam quando são pisadas”.



Um carinhoso e fraternal abraço
Simão Pedro
Retirado do site www.amigoespirita.ning.com
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 15:32

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Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2012

A FÉ: MÃE DA ESPERANÇA E DA CARIDADE.

Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.

A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?

Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar que será do edifício que sobre ela construirdes?

Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis. Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.

A fé sincera é empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não na tinham, ou, mesmo, não desejariam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma. ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras para lhes demonstrardes o merecimento da fé. Pregai pela vossa esperança firme, para lhes dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de enfrentar todas as vicissitudes da vida.

Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo porque acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do um que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé.



José, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)

Evangelho Segundo o Espiritismo
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 20:33

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Sábado, 18 de Fevereiro de 2012

NO CRISTIANISMO RENASCENTE

Meus amigos, muita paz.

Todos os comentários alusivos à evangelização constituem escasso material expositivo da verdade, à vista das angustiosas transições que o Planeta atravessa. Realmente, o progresso da inteligência atinge culminâncias.

Todavia, o sentimento do mundo permanece enregelado. Urge dilatarmos os setores do bem vivido e do amor aplicado com o Cristo, a fim de atendermos aos compromissos assumidas em época remota. O Espiritismo, pois, não consiste num sistema de pura indagação científica para que a filosofia se enriqueça de novos sofismas.

Necessário compreendermos em sua fonte não só o manancial de suprimento às convicções substanciais com relação à sobrevivência. Nosso intercâmbio pecaria na base se estivéssemos circunscritos ao campo de mera demonstração da realidade espiritual através dos jogos do raciocínio. Reduziríamos a doutrina que nos felicita a simples ministério de informações, sem programas redentores para a vida superior.

É por isto que jamais nos cansaremos no apelo ao nosso entendimento para que a Terceira Revelação represente para nós todos a gloriosa escola de reajustamento mundial no Cristianismo redivivo.

Somos nós mesmos os atares do milenário drama evolutivo. De século a século, revezamo-nos no trabalho retificador, intentando o empreendimento da salvação final. Inventamos mil sistemas científicos, filosóficos e religiosos para definir equações dos enigmas do destino e do ser; e, embora nossos conclaves políticos e acadêmicos a se repetirem anualmente através das eras rematamos sempre as iniciativas das dolorosas e sangrentas aventuras da guerra. Dominam-nos ainda, considerando coletivamente o problema, o ódio e o orgulho, a discórdia e a vaidade, com o seu velho cortejo de misérias, que permutam a máscara, de civilização em civilização.

Em verdade, porém, se temos sido tolerados pela Clemência l3ivina, no curso do tempo, é imperativo reconhecer que as leis universais não foram criadas inutilmente. Vivemos, em razão disso, torturante período de refazimento e restauração, dentro do qual nossos sentimentos são convocados automaticamente à percepção e aplicação do Cristianismo, nos mais comezinhos atas da experiência humana, obrigação essa que somos compelidos a cumprir, se não quisermos sossobrar nas tragédias coletivas de que o nosso século se represa. Em outras zonas da Terra, o Espiritismo ainda não conseguiu alcançar suas finalidades e objetivos. A curiosidade que é sempre benéfica quando se alia ao trabalho e ao respeito, mas que é sempre ociosa e perdulária quando não se submete aos impositivos do serviço nobre, converte-nos o movimento renovador em puro domínio de consulta indesejável a plano invisível, como se trouxéssemos a detestável tarefa de suprimir as experiências e lições aos aprendizes. A especulação é a única atividade que aí prevalece, eliminando-nos precioso ensejo de cooperação para o reajustamento que o Planeta reclama. Amargurosas surpresas, contudo, aguardam invariavelmente os companheiros que estimam a contemplação do fenômeno sem adesão ao esforço reconstrutivo. Nós, entretanto, tivemos a ventura de ambientar o Evangelho renascente, exumando-o das cinzas a que foi votado pelo sectarismo e fazendo reviver as manifestações abençoadas do Mestre Divino, quando a redenção vinha da humildade sofredora das catacumbas. Como outrora, o mundo se encontra num dos períodos mais críticos de sua evolução político-religiosa.

Antigamente, o patriciado romano se sentia suficientemente forte para afrontar a tormenta, mas, no fundo, não conseguiu forrar-se às conseqüências funestas do espírito odioso de dominação indébita. E hoje, enquanto poderosas nações da Terra presumem exercer funções de hegemonia, eis que a renovação compulsória do mundo exige o devotamento daqueles que se ligam a Deus através do caráter enobrecido pela fé e pela virtude. Com semelhante enunciação, não desejamos, de modo algum, invadir a seara de vossas ações, no campo evolutivo.

Não fomos, vós e nós outros, convocados à mordomia dos bens que se transferem de mão em mão, no tesouro perecível da Terra. Recebemos o ministério da luz espiritual e não podemos esquecer que, se milhões de irmãos nossos podem recorrer à palavra “direito” nos círculos do mundo, a nós todos cabe com Jesus o “dever”, simplesmente o dever, de servir em seu nome sem exigências. Estejamos, pois, atentos às obrigações que nos foram deferidas. Iniciemos, cada dia, novo trabalho de evangelização em nós mesmos, estendendo esta atividade aos que nos cercam.

A Doutrina abre-nos gloriosas portas de colaboração fraternal. Perdendo na esfera da posse transitória, ganharemos sempre nas possibilidades de conquistar a luz imperecível. Não duvideis. Movimentos enormes da discórdia humana se processam instante a instante, enquanto as armas descansam ensarilhadas. A guerra, com a sua corte de aflições e de angústias, não cedeu ainda um centímetro de terreno ao edifício da paz verdadeira, porquanto o ódio e a crueldade permanecem instalados no coração humano. Não esperemos o êxtase da Nova Aurora, mantendo-nos no círculo estreito da crença inoperante. Se o Senhor nos conferiu olhos para o deslumbramento e ouvidos para a harmonia, deu-nos igualmente coração para sentir, mãos para agir, mente para descortinar, obedecer e orientar. A obra da Criação Terrestre foi edificada, mas ainda não terminou.

Milhões de missionários do progresso humano em si laboram ativamente nos campos diversos em que se subdivide a prosperidade do conhecimento. Nós outros, contudo, fomos conduzidos ao santuário para a preservação da luz divina. Mantenhamos, pois, novas lâmpadas acesas e acima da perquirição coloquemos a consciência.

A hora é significativa e impõe tremenda luta. Só os filhos da renúncia poderão atender, tanto quanto é preciso, à expectativa da esfera superior.

Não convertamos nosso esforço, todavia, em coro de lágrimas. Entendamos a gravidade do minuto, entretanto, elevemos o coração ao sol da confiança em Cristo. Sejamos fiéis trabalhadores de sua causa na

Terra. Traços que saís de intercâmbio entre os dois planos, não vos prendais excessivamente ao vale escuro que nos prende os pés. Fixai a mente nos círculos sublimes onde se localizam as fontes que vos suprem de energia.

E, irmanados uns aos outros, no mesmo labor santificante, marcharemos para a frente, identificados n’Aquele que ainda e sempre repete para nossos ouvidos frágeis – “eu sou o caminho, a verdade e a vida.

Ninguém vai ao Pai senão por mim”.
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 19:07

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Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2012

EM PAUTA – A TRISTE FESTA


Fevereiro é o mês do carnaval, que se constitui em uma série de folguedos populares, promovidos habitualmente nos três dias que antecedem o início da quaresma.

Em torno do mesmo centro de interesse - o disfarce, a dança, o canto e o gozo de certas liberdades de comunicação humana, inexistentes ou muito refreadas durante o resto do ano - a folia carnavalesca se apresenta com características distintas nos diferentes lugares em que se popularizou, vindo da Itália, especialmente de Roma, o modelo mais famoso.

De origem obscura, o mais provável é que se assente em raízes de festividades primitivas, de caráter religioso, em honra à volta da primavera. Mais concretamente, é possível se localizem suas origens em celebrações da Antigüidade, de caráter orgíaco, a exemplo das "bacanalia" da Grécia, festa em honra ao deus Dionísio.

Contudo, antes disso, os trácios se entregavam aos prazeres coletivos, como quase todos os povos antigos. E, em Roma, vamos encontrar estas festas como "saturnalia", quando se imolava uma vítima humana. Era uma festa de infeliz caráter pagão.

No Antigo Testamento, encontramos referências no Livro de Ester, especialmente no capítulo IX, que descreve como, graças à intervenção da rainha Ester junto ao rei Assuero os judeus acabam por massacrar os seus inimigos, atividade que durou dois dias inteiros, 13 e 14 do mês de Adar, cessando no dia quinze. Por essa razão, se estabeleceu que se solenizasse a data com banquetes e regozijos, conforme se lê no versículo 19: "Os Judeus, porém, que habitavam nas cidades sem muros e nas aldeias, destinaram o dia catorze do mês de Adar para banquetes e regozijos, de modo que neste dia fazem grandes divertimentos, e mandam uns aos outros alguma coisa dos seus banquetes e iguarias."

A data ficou assinalada como dias de Furim, isto é, das sortes, referindo-se ao Fur, a sorte que fora lançada e da qual eles, os Judeus, haviam saído vitoriosos.

Na Idade Média , já era aceito o Carnaval com naturalidade, configurando o enlouquecimento lícito uma vez por ano. As relações dos carnavalescos com a Igreja não foram cordiais, tendo se pronunciado doutores e Papas contra os tantos desregramentos da festividade. Contudo, o que prevaleceu foi uma atitude geral de tolerância, ficando inclusive por conta da Igreja a fixação da data do período momesco. O carnaval antecede a Quaresma, finalizando-se num dia de penitência, com a tristeza das cinzas.

A festa tem vestígios bárbaros e do primitivismo reinantes ainda na terra. No Brasil colonial e monárquico a forma mais generalizada de brincar o carnaval era o entrudo português.

Consistia em atirar contra as pessoas, não apenas água, mas provisões de pós ou cal. Mais tarde, água perfumada com limões, vinagre, groselha ou vinho. O objetivo sempre era sujar o passante desprevenido. Como se vê, uma brincadeira perigosa e grosseira.

A morte definitiva do entrudo se deu com o aparecimento do confete, a serpentina e o lança-perfume.

O que se observa nestes três dias de loucura, em que a carne nada vale, é o afloramento das paixões.

Observam-se foliões que se afadigam por longos meses na confecção das fantasias. Tudo para viver a psicosfera da ilusão. Perseguem vitórias vazias que esperam alcançar nestes dias. Diversos se mostram exaustos, física e emocionalmente. Alguns recorrem a fortes estimulantes para o instante definitivo do desfile. Consomem tempo e dinheiro, que poderiam ser aplicados na manutenção da vida e salvação de muitas vidas.

Mergulham em um fantástico mundo de sonhos. Anseiam por dar autenticidade a cada gesto, a toda atitude. Usando vestimentas de reis e rainhas, nobres e conquistadores, personagens de contos, artistas, fariam inveja a todos a quem copiam. Isso se as vestes e as coroas, os cetros, os mantos e as posturas não fossem todos falsos, exatamente como falsas são as expressões e vitórias que ostentam.

Diversos desses foliões nem se dão conta que poderão estar a representar a própria personalidade de vidas passadas.

Uma grande perda de tempo, pois de um modo geral conquistadores, reis, rainhas e generais que foram, se ainda permanecem na terra, é porque naquelas vidas faliram. E faliram feio.

Em toda essa festa de loucura, que deixa marcas profundas, pergunta-se se será mesmo manifestação de alegria, de descontração.

Que alegria é esta que exige fantasias, embriaguez e toda sorte de desregramentos para se manifestar?

Por isso, face às graves conseqüências do carnaval e suas origens de orgia e loucura, reflexionemos na exortação do espírito Thereza de Brito: "Numa sociedade em que a vida familiar tem sido tão difícil, tão escassa, por que não aproveitar os dias carnavalescos para conviverem bem mais juntos, seja no lar, num sítio arborizado, nas paisagens refazentes do mar ou da montanha, estreitando os vínculos do carinho, prestando atenção a tantos lances importantes da vida dos nossos queridos, antes inobservados?

Não se permitam poluir, pais terrestres, e lutem por preservar os seus filhos dessa ilusão passageira.

O imediatismo de Momo, os gozos das folias, as alegrias do carnaval tudo isso se desvanecerá, como todo fogo fátuo, e deixará os que neles se locupletaram nas valas da frustração e do arrependimento, mais cedo ou mais tarde.

Vocês, pai e mãe, atentos à nobre tarefa de educar seus rebentos, envolvam-nos com seu amor e sua assistência para que eles amadureçam assim, e a harmonia atinja mais rapidamente os arraiais do mundo, transformando as paixões inferiores em prazer renovador e são."



 Reformador


Fontes:
1.                Nas fronteiras da loucura - Divaldo P. Franco/Manoel P. de Miranda - cap. 6 e 15.
2.                Vereda familiar - J. Raul Teixeira/Thereza de Brito - cap. 14.
3.                Enciclopédia Mirador Internacional, volume 5 - verbete: Carnaval 
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 22:41

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Sábado, 11 de Fevereiro de 2012

A INDULGÊNCIA


José – Espírito Protetor – fala-nos dessa nobre virtude (...) “sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso. A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los.” (1)

É claro que quando se visa a prestar um serviço à coletividade, os próprios Espíritos advertem que os maus atos de outrem devem ser apontados, mas mesmo neste caso, ter o cuidado de os atenuar tanto quanto possível, não se esquecendo de ser caridoso...

Conta-se que um rapaz procurou Sócrates – sábio da Grécia Antiga – e lhe disse que precisava contar algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:

- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

– Três peneiras? Indagou o jovem assustado.

Continuando disse Sócrates:

- Sim. A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer por aí mesmo.

Suponhamos então, que seja verdade. Deve passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer me contar é verdade, é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

E arremata Sócrates:

- Se passar pelas três peneiras, conte. Tanto eu, quanto você e seu irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo.

Será uma intriga a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.

Ainda com relação aos comentários de José – Espírito Protetor – (op. cit.) diz o mesmo: “Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros”.

Há ditos populares que nos advertem quanto aos reproches, como por exemplo: “Nunca digas dessa água não beberei”, “Fulano pagou com a língua”...

A verdade é que ninguém se encontra indene para bater no peito e dizer:

“Isso, eu nunca farei...”

Não conhecemos as nossas fraquezas mais íntimas, Jesus, referindo-se a essa questão, disse a Pedro: (...) “Mas vais aprender, ainda hoje, que o homem do mundo é mais frágil do que perverso.” (2) E tão logo se consumou a prisão de Jesus, Pedro ataca com a espada um dos soldados que veio prender o Mestre, cortando-lhe uma das orelhas... Parece, neste momento, ter esquecido as lições de amor do Mestre Jesus. E mais adiante, nega-o por três vezes, lembrando-se de imediato, após a terceira negação, das palavras sábias de Jesus a dizer-lhe o quanto o homem no mundo é frágil.

Jesus nos deu mostras em diversas passagens do Evangelho da indulgência para com as imperfeições alheias, como no caso da mulher adúltera, dos soldados que o crucificaram, do próprio Judas que o traiu. E nos advertiu da severidade do julgamento do Pai para conosco, na mesma proporção com que julgarmos os outros. (Mateus, 7:1-2).

Óbvio está que a falta de indulgência para com o próximo demonstra o nosso esquecimento dos ensinos de Jesus – prova inequívoca da nossa fraqueza espiritual.

Exorta o Espírito Dufêtre: (3)

“Caros amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas dos outros. É esta uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas observam. Todos vós tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos tendes um fardo mais ou mesmos pesado a alijar (...)

Por que, então, haveis de mostrar-vos tão clarividentes com relação ao próximo e tão cego com relação a vós mesmos?”

Tanto tempo temos estudado a Doutrina Espírita. É preciso, pois, que nós, os espíritas, adotemos os ensinos morais, como este, aplicando-os, sobretudo dentro das nossas Casas Espíritas. Entendendo a individualidade espiritual de cada um, deixando de tentar submeter consciência às “nossas verdades”. Sabendo implementar os conhecimentos doutrinários de acordo com a capacidade de aprendizado de cada um. Acabando com as rusgas, maledicências, comentários infelizes acerca do próximo, que demonstram a nossa falta de indulgência e de evangelho no coração.

Busquemos primeiro, acender a nossa luz interior, para depois começarmos a iluminar as trevas que nos cercam. .


Reformador set99


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: S

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 16. 111. ed. FEB.

2. XAVIER, F. C., Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos, cap. 26, pág. 173, 20 ed. FEB.

3. KARDEC, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 18. 111. Ed. FEB.
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 16:04

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Domingo, 5 de Fevereiro de 2012

ENCHENTES: LIÇÃO OU CASTIGO?


Graças aos ensinamentos da Doutrina Espírita, trazendo-nos o Cristo redivivo em toda a sua originalidade e grandeza, sabemos que nosso Criador se posiciona como “Pai Nosso” e não carrasco da Humanidade, capaz de castigar e exigir os mais horrorosos sacrifícios animais e humanos que lhe aplacassem a ira.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 737, Kardec indaga com que objetivo Deus atinge a Humanidade por meio de flagelos destruidores. Respondem os Espíritos Superiores que é com a intenção de fazer avançar mais depressa essa mesma Humanidade, alcançando através dos flagelos uma ordem melhor das coisas em apenas alguns anos em aspectos que demandariam séculos.

Consultar a questão de número 728 do livro citado.

Vão mais além os Espíritos participantes da Codificação quando na questão de número 739 de “O Livro dos Espíritos”, explicam que os flagelos modificam o estado físico de uma região para melhor, mudança essa que só é percebido pelas gerações futuras.

Dessa maneira, podemos entender que não somente o progresso moral é apressado pela dor da perda presente, mas também o progresso no seu sentido material, que na maioria das vezes escapa de nossa compreensão extremamente limitada pela visão da vida contida nos estreitos limites do berço ao túmulo.

Com a tragédia do Rio de Janeiro, atingidos por tal calamidade.

Foi preciso a dor, a perda momentânea de tantas vidas no seu sentido material, para que a fraternidade aflorasse acima dos sentimentos de orgulho e vaidade.

Na questão de número 738, pergunta Kardec em “O Livro dos Espíritos” se Deus não poderia empregar, para o aprimoramento da Humanidade, outros meios senão os flagelos destruidores.

Respondem os Espíritos: “Sim, e o emprega todos os dias, visto que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É que o homem não o aproveita; é preciso castigá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir sua fraqueza.”

Creio que com os conhecimentos proporcionados pela própria Doutrina, em nossos dias o termo “castigá-lo” poderia ser traduzido por “educá-lo”.

De posse do livre arbítrio e com os meios de distinguir o certo do errado, o mal do bem, o que temos feito em nossa política que deveria sempre governar pelo bem da maioria; com as crianças vítimas dos abusos sexuais; com os crimes impunes; com a desonestidade; com a corrupção; com a convivência no lar; com as nossas esposas e filhos; no trânsito, e vai por aí a fora até onde a imaginação de cada um queira questionar.

Apesar de dois mil anos de cristianismo, continuamos como maus alunos que necessitam aprender a lição da jornada evolutiva, e se teimamos em não ouvir a professora chamada amor, que convida, sofremos a visita da professora chamada dor, que intima à renovação.

Não fosse pelos ensinamentos proporcionados pela Doutrina dos Espíritos e seríamos arrastados à indignação pelas explicações absurdas de que Deus salvou alguns dos deslizamentos de terra e deixou milhares morrerem, como se houvessem preferidos e esquecidos perante o Pai de Amor que não faz distinção, mas dá a cada um segundo as suas obras.
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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Sábado, 4 de Fevereiro de 2012

PARA AFASTAR OS MAUS ESPÍRITOS

 

A intromissão dos Espíritos enganadores nas comunicações escritas é uma das maiores dificuldades do Espiritismo. Sabe-se, por experiência, que eles não têm nenhum escrúpulo em tomar nomes supostos e até mesmo nomes respeitáveis. Há meios de os afastar? Eis a questão. Para isto, certas pessoas empregam aquilo que poderíamos chamar processos, isto é, fórmulas particulares de evocação, ou espécies de exorcismo, como por exemplo, faze-los jurar em nome de Deus que dizem a verdade, fazê-los escrever alguma coisa, etc. Conhecemos alguém que, a cada frase, obriga um Espírito a assinar o nome. Se este é o verdadeiro, escreve-o sem dificuldade, se não o é, pára ao meio, sem poder concluí-lo. Vimos essa pessoa receber comunicações as mais ridículas, de Espíritos que assinavam um nome falso com grande aprumo. Outras pessoas pensam que um meio eficaz é fazer confessar Jesus encarnado ou outros princípios da religião.

Pois bem, declaramos que se alguns Espíritos um pouco mais escrupulosos se detêm ante a idéia de um perjúrio ou de uma profanação, outros juram tudo o que quisermos, assinam todos os nomes, riem-se de tudo e afrontam a presença dos mais venerados signos, de onde se conclui que entre as coisas que podem ser chamadas processos não há nenhuma fórmula e nenhum expediente material que possa servir de preservativo eficaz.

Neste caso dir-se-á que nada há a fazer, senão deixar de escrever.  Este meio não seria melhor.  Longe disto, em muitos casos seria pior. Dissemos, e nunca seria demais repeti-lo, que a ação dos Espíritos sobre nós é incessante e não é menos real pelo fato de ser oculta. Se ela deve ser má, será ainda mais perniciosa, por isso que o inimigo estará escondido. Pelas comunicações escritas este se revela, se desmascara, ficamos sabendo com quem tratamos e podemos combate-lo.

Mas, se não há nenhum meio de o desalojar, que então? Não dissemos que não haja nenhum meio, mas unicamente que a maior parte dos meios empregados são inoperantes. Eis a tese que nos propomos desenvolver.

É preciso não perder de vista que os Espíritos constituem todo um mundo, toda uma população que enche o espaço, circula ao nosso lado, mistura-se em tudo quanto fazemos. Se se viesse a levantar o véu que no-los oculta, vê-los-íamos em redor de nós, indo e vindo, seguindo-nos, ou nos evitando, segundo o grau de simpatia. Uns indiferentes, verdadeiros vagabundos do mundo oculto, outros muito ocupados, quer consigo mesmos, que com os homens aos quais se ligam, com um propósito mais ou menos louvável, segundo as qualidades que os distinguem. Numa palavra, veríamos uma réplica do gênero humano, com suas boas e más qualidades, com suas virtudes e seus vícios. Esse acompanhamento, ao qual não podemos escapar, porque não há recanto bastante oculto para se tornar inacessível aos Espíritos, exerce sobre nós, malgrado nosso, uma influência permanente. Uns nos impelem para o bem, outros para o mal. Muitas vezes as nossas determinações são resultado de sua sugestão. Felizes de nós, quando temos juízo bastante para discernir o bom e o mau caminho por onde nos procuram arrastar.

Dado que os Espíritos são apenas os próprios homens despojados do seu invólucro grosseiro, ou almas que sobrevivem aos corpos, segue-se que há Espíritos desde que há seres humanos no Universo. São uma das forças da Natureza e não esperaram que houvesse médiuns escreventes para agir. A prova disso é que, em todos os tempos, os homens cometeram inconseqüências, razão por que dizemos que sua influência independe da faculdade de escrever. Esta faculdade é um meio de conhecer aquela influência; de saber quais são os que vagueiam em redor de nós, que se ligam a nós. Pensar que nos podemos subtrair a isto, abstendo-nos de escrever, é fazer como as crianças que fechando os olhos pensam escapar a um perigo. Ao nos revelar aqueles que temos por companheiros, como amigos ou inimigos, a escrita nos oferece, por isso mesmo, uma arma para os combater, pelo que devemos agradecer a Deus. Em falta da visão para reconhecer os Espíritos, temos as comunicações escritas, pelas quais eles mostram o que são. Isto é para nós um sentido que nos permite julgá-los. Repelir esse sentido é comprazer-se em ficar cego e exposto ao engano sem controle.

A intromissão dos maus Espíritos nas comunicações escritas não é, portanto, um perigo do Espiritismo, pois, se perigo há, não depende dele e é permanente. Nunca estaríamos suficientemente persuadidos desta verdade. Há apenas uma dificuldade, da qual, entretanto, fácil é triunfar, se a isto nos dedicarmos de maneira conveniente.

Podemos estabelecer como principio que os maus Espíritos aparecem onde alguma coisa os atrai. Assim, quando se intrometem nas comunicações, é que encontram simpatias no meio onde se apresentam ou, pelo menos, lados fracos que esperam aproveitar. Em todo caso está visto que não encontram uma força moral suficiente para repeli-los. Entre as causas que os atraem devemos colocar, em primeiro lugar, as imperfeições morais de toda espécie, porque o mal sempre simpatiza com o mal. E em segundo lugar, a demasiada confiança com que são acolhidas as suas palavras.

Quando uma comunicação denota uma origem má, seria ilógico inferir daí uma paridade necessária entre o Espírito e os evocadores. Freqüentemente vemos pessoas muito honestas expostas às velhacarias dos Espíritos enganadores, como acontece no mundo com as pessoas decentes, enganadas pelos patifes. Mas quando tomamos precauções, os patifes nada têm a fazer; é o que acontece também com os Espíritos. Quando uma pessoa honesta é por eles enganada, pode sê-lo por duas causas. A primeira é uma confiança absoluta, que a leva a prescindir de todo exame. A segunda é que as melhores qualidades não excluem certos lados fracos, e dão entrada aos maus Espíritos desejosos de descobrir as menores falhas da couraça.  Não falamos do orgulho e da ambição, que são mais do que entraves: falamos de uma certa fraqueza de caráter e, sobretudo, dos preconceitos que esses Espíritos sabem explorar com habilidade, lisonjeando-os. É por isto que eles usam todas as máscaras, a fim de inspirar mais confiança.

As comunicações francamente grosseiras são as menos perigosas, pois a ninguém podem enganar. As que mais enganam são as que têm uma falsa aparência de sabedoria ou de seriedade, numa palavra, a dos Espíritos hipócritas e pseudo-sábios. Uns podem enganar de boa-fé, por ignorância, ou por fatuidade; outros só agem por astúcia. Vejamos qual o meio de nos desembaraçarmos deles.

A primeira coisa é não os atrair e evitar tudo quanto lhes possa dar acesso. Como vimos, as disposições morais são uma causa preponderante. Entretanto, abstração feita dessa causa, o modo empregado não deixa de ter influência. Há pessoas que têm por princípio jamais fazer evocações e esperar, a primeira comunicação espontânea saída do lápis do médium. Ora, se nos recordamos daquilo que ficou dito sobre a massa muito variada dos Espíritos que nos cercam, compreendemos sem dificuldade que isso é colocar-se à disposição do primeiro que vier bom ou mau. E como nesta multidão os maus predominam em número sobre os bons, há mais oportunidade para os maus. É exatamente como se abríssemos a porta a todos os que passam pela rua, ao passo que pela evocação fazemos a escolha e, cercando-nos de bons Espíritos, impomos silêncio aos maus, que poderão, apesar disto, procurar por vezes insinuar-se. Os bons chegam mesmo a permiti-lo a fim de exercitar a nossa sagacidade em reconhecê-los. Neste caso sua influência será nula.

As comunicações espontâneas têm uma grande utilidade quando temos a certeza da qualidade dos nossos acompanhantes. Então freqüentemente nos devemos felicitar pela iniciativa deixada aos Espíritos. O inconveniente está apenas no sistema absoluto, que consiste em nos abstermos do apelo direto e das perguntas.

Entre as causas que influem poderosamente sobre a qualidade dos Espíritos que freqüentam os Centros, não deve ser omitida a natureza das coisas de que ali se trata.  Aqueles que se propõem um fim sério e útil atraem por isso mesmo Espíritos sérios. Os que não visam senão a satisfazer uma vã curiosidade ou seus interesses pessoais, expõem-se pelo menos a mistificações, senão a algo pior. Em resumo, das comunicações espíritas podemos tirar os mais sublimes e os mais úteis ensinamentos, desde que os saibamos dirigir. Toda a questão está em não nos deixarmos levar pela astúcia dos Espíritos zombadores ou malévolos. Ora, para isto o essencial é saber com quem tratamos. Para começar, ouçamos a respeito os conselhos que o Espírito de São Luís dava à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, através do Sr. R..., um dos seus bons médiuns. Trata-se de uma comunicação espontânea, recebida em sua casa, com a missão de transmiti-la à Sociedade:

"Por maior que seja a legítima confiança que vos inspiram os Espíritos que presidem aos vossos trabalhos, é recomendação nunca por demais repetida que deveis ter sempre presente em vossa mente, quando aos entregardes aos vossos estudos: pesai e refleti; submetei ao controle da razão a mais severa todas as comunicações que receberdes; desde que uma resposta vos pareça duvidosa ou obscura, não vos esqueçais de pedir os necessários esclarecimentos para vos orientardes.

"Sabeis que a revelação existiu desde os tempos mais remotos, mas foi sempre apropriada ao grau de adiantamento dos que a recebiam. Hoje não se trata de vos falar por imagens, e parábolas: deveis receber nossos ensinamentos de uma maneira clara, precisa, e sem ambigüidades. Seria, entretanto, muito cômodo nada ter que perguntar para esclarecer; aliás, isto seria fugir às leis do progresso, que presidem a evolução universal. Não vos admireis, pois, se, para vos deixar o mérito da escolha e do trabalho, e também para punir as infrações que possais cometer aos nossos conselhos, seja por vezes permitido que certos Espíritos, mais ignorantes que mal intencionados, venham responder, em certos casos, às vossas perguntas. Em vez de ser isto um motivo de desencorajamento, deve ser um poderoso excitante para que procureis ardentemente a verdade. Ficai, pois, bem convictos de que, seguindo este caminho, não podereis deixar de chegar a resultados felizes. Sede unidos de coração e de intenção; trabalhai todos; procurai, procurai sempre e achareis".



Revista Espírita, setembro de 1859.
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2012

A RAIVA DESTRUIDORA


O homem aprende à custa de muita dor e sofrimento a cuidar do corpo, após conhecer (ou ignorar) a variedade, podemos afirmar, infinita de vermes, bactérias, vírus e micróbios infelicitadores da sua vestimenta carnal.

Desconhece, no entanto, tudo quanto infelicita a alma, os “bacilos” pestilenciais, causadores de tantos males e distúrbios, cuja patogênese se acha nela própria.

Nesta oportunidade, iremos deter-nos, um pouco que seja, nesse “bacilo” que é tão nosso conhecido, encontrado com tanta freqüência nas camadas nervosas mais sutis do psiquismo humano. Está alojado lá, e resiste a todos os apelos do bom senso, da medicina terrena e espiritual, malgrado seja a causa de tantas experiências dolorosas que infelicitam a condição somática do ser. Queremos referir--nos à raiva.

Antes de prosseguirmos, notemos onde ela, raiva, se estriba para intoxicar todo o cosmo neurológico da criatura. A raiva somente assoma à periferia da criatura porque o orgulho, instalado no seu interior, foi atingido duramente. Fosse ela humilde, a raiva não teria como se plantar e espraiar-se por toda a sua estrutura.

A raiva tem a sua raiz na forma de julgar as situações e os fatos. Escolhemos, impomos e também fantasiamos determinado padrão de comportamento, modelando o de acordo com o nosso ponto de vista. Se a pessoa tem ou não conhecimento desse padrão, para nós pouco importa.

Não corresponder às expectativas das pessoas é motivo para terem raiva de nós, malgrado sejam as expectativas irreais e irrealizáveis.

A mãe de uma menina tinha-lhe raiva por ela não ser loura, e um pai exigia que a filha relatasse, com minúcias, grandes tragédias sem mexer as mãos e sem alterar o tom de voz. Não ser atendido em seu desejo o deixava raivoso. Estes dois casos foram relatados pelo Dr. Brian Weiss no seu livro A Divina Sabedoria dos Mestres, da GMT Editores Ltda. Dois relatos que mostram até onde chega a doença espiritual motivada pela raiva.

É bem verdade que os casos acima são mais raros, ou pelo menos somente nos consultórios de psicanalistas, psiquiatras, psicoterapeutas eles chegam ao conhecimento.

Os demais motivos de provocação da raiva vividos pelo ser humano são bem conhecidos de todos. A irritação é o estopim. Aceso, fica incontrolável.

Voltando ao “relacionamento pais e filhos”, importa que possa existir um reconhecimento recíproco de que alguém incorreu em erro após se agredirem verbalmente.

Consertar a atitude errada é próprio de almas enobrecidas pela humildade.

Os pais que são cultivadores de motivos para sentir raiva, costumam exigir demasiadamente dos filhos, provocando trauma nestes, mais cedo ou mais tarde. É costume os pais exigirem de seus filhos que sejam produtivos e inteligentes como eles são, ou, em outros casos, gostariam de ter sido. Nessas horas, os pais se realizam em cima dos filhos. É um grande erro porque sabemos, segundo a Doutrina Espírita e a reencarnação, que nossos filhos são herdeiros de si mesmos, trazem para o hoje o que foram ontem. Exigir dos filhos o que eles não possuem traumatiza-os, torna-os insatisfeitos e daí para o conflito no relacionamento é um passo.

Conhecemos certo pai que chegou ao absurdo de não ir ao casamento da filha, não ajudou nada nas despesas desse evento, e culminou o seu despreparo paternal quando, ao ser indagado por alguém da família se iria ao casamento, respondeu com outra pergunta: “Mas que casamento”? Outro pai obriga o filho de vinte anos a ser tão diligente e entendido de negócios como ele próprio, chegando ao absurdo de despedir

o filho como se ele fora um empregado qualquer, deixando-o desempregado e tendo que se sustentar. O salário que pagava ao filho era um minguado salário mínimo de R$ 130,00.

Espíritas que somos, é muito importante que olhemos os filhos como Espíritos que na verdade são, estejam em qualquer fase de crescimento.

Outro motivo de raiva é a preocupação com o que pensam de nós. Não nos importemos com isso, desde que estejamos fazendo o que nos parece certo, agindo sem prejudicar ninguém. Assim procedendo evitamos a instalação da raiva em nós.

Culpar-nos e ficar girando mentalmente em torno da raiva por havermos errado é uma forma trágica de ter raiva de nós mesmos. Nunca nos culpemos, doentiamente.

Uma coisa é reconhecer o erro, prometer não incidir nele; outra, bem diferente, é permitir encharcar-se do sentimento de culpa, da monoidéia culposa e cultivá-la. A criatura está sujeitando-se a todas as suas seqüelas; uma delas a obsessão, a participação perniciosa, infecciosa de mentes doentias na casa mental do raivoso.

O desapontamento leva à raiva de nós mesmos. Duas atitudes existem para o desapontamento: perseverar ou desistir. Cabe analisar a causa do desapontamento e de forma detalhada, consciente, sem paixão.

A raiva, como vamos percebendo, é perniciosa, inútil, destrutiva. Somente pode ser dissolvida pela compreensão e pelo amor.

O Dr. Brian Weiss narra outro caso de muita beleza, no livro supracitado, que lhe foi contado por uma avó. A neta de quatro anos era sistematicamente agredida pela outra mais velha. Reagia, no entanto, assim: “Não faz isso comigo, não. Eu sou sua irmãzinha e fico triste com seu modo de me tratar!” Afirmou a avó que, passado algum tempo, a mais velha de suas netas mudou o comportamento diante da reação amorosa da mais nova.

Quando sentirmos raiva, perguntemos se ela resolve a questão que nos aborrece. Veremos sempre que não. Pelo contrário, sempre prejudica. Por quê? Ora, a raiva é sintoma de estresse que provoca uma mudança do nosso ritmo cardíaco, da pressão sangüínea e dos níveis de açúcar no sangue, ocasionando desequilíbrio fisiológico.

É aconselhável que, ao sentirmos raiva, respiremos profundamente, tentemos descobrir os motivos que a desencadearam e busquemos como resolver a questão.

Com toda a certeza desaparecerá o apego à raiva. Isto tem a sua razão de ser porque existem criaturas que são verdadeiras fomentadoras da raiva, cultivam-na, só sabem viver sob a sua influência. Agem e falam sempre com raiva. Nestas criaturas a doença não demora a instalar-se.

Quem ama não sente raiva, porque o amor é o seu antídoto. A raiva somente se apropria de quem não ama. O ritmo vibratório de quem ama é eficaz eliminador de qualquer emoção nociva desequilibrante. Dissolve-a, antes dela instalar-se.

É difícil um sistema imunológico resistir por muito tempo a quem constantemente se irrita, se enraivece. A desarmonia vibratória logo explode nas paredes do estômago, nos vasos sangüíneos do coração e da cabeça e vai por aí afora destruindo toda reserva de resistência interior do organismo. O ser humano não sabe que é o seu emocional em desequilíbrio que lhe provoca tanta dor e sofrimento, tanta desarmonia para viver em paz.

É notório o papel desempenhado pela mídia: o de projetar para o homem modelos de pessoas vencedoras, verdadeiros heróis possuidores da “raiva justa”. São eles os Rambos, os Exterminadores do Futuro, os Ninjas, os Policiais imbatíveis, os Heróis de Ficção e toda uma gama de falsos modelos. São figuras que se vão tornando arquetípicas e forjam cada vez mais a raiva, o ódio, a frieza dos sentimentos diante da dor alheia.

São imagens em desserviço para a nossa sociedade, principalmente por impressionarem fortemente a formação das crianças, as quais, em boa maioria, não encontram em seus lares, com raras exceções, os bons exemplos de amor ao próximo.

No fundo, a raiva só possui uma função: destruir-nos pelo funcionamento destrambelhado da química do nosso sistema imunológico ou pela bala disparada por quem for alvo de nossa raiva.

Compreensão e amor, vamos repetir, destroem a raiva, trazem-nos saúde e bem-estar físico, emocional, psicológico e espiritual.

O amor é sempre um alívio para todo e qualquer tipo de dor. Ele vivido, sentido em plenitude imuniza, cria barreiras intransponíveis contra as causas e os efeitos da raiva.

Amemo-nos muito, mais um pouco, em nome e por amor a Jesus, Ele que fez do que poderia ser a sua dor, a sua raiva, um hino de Amor para a Humanidade.
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:01

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