Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2012

PERDÃO DE DEUS


Pergunta: Um dia, em nosso círculo de estudos filosóficos, falávamos sobre o perdão, quando veio à pergunta: Se Deus é um ser perfeito, superior a tudo e possui a onisciência, por que pedimos perdão a Ele?  

Resposta:

O perdão é uma atitude advinda de uma ofensa. Para oferecê-lo é preciso que a pessoa, primeiramente, se sinta ofendida. O perdão, no nosso meio de seres não evoluídos, que nos "permitimos" ser ofendidos, é de certa forma, uma virtude. Quando uso a expressão “de certa forma”, é porque se fôssemos seres evoluídos não nos sentiríamos ofendidos por ninguém, pois compreenderíamos as atitudes das pessoas e, portanto, não haveria necessidade de perdoar.

Como ainda não desenvolvemos a perfeição, sentimo-nos ofendidos (muitas vezes com atitudes pequenas de outras pessoas) e, depois de muito refletir, tentamos desenvolver essa “virtude”, qual seja, o perdão. Para o ato do perdão é necessário que se tenha a compreensão da outra pessoa a partir de nós mesmos, ou seja, que tal qual a nós mesmos, todas as pessoas podem cometer erros.

Considerando que a Lei de Deus está escrita em nossa consciência, quando sentimos que a transgredimos ficamos com um "drama" existencial e externamos esse drama no pedido de perdão a Deus. Entretanto, o que na verdade fazemos é pedir perdão a nós mesmos [à nossa consciência]. Por isso pedimos perdão a Deus, pois pela consciência do erro buscamos a compreensão [de Deus] a partir de nós mesmos.

Ao pedirmos perdão a Deus estamos fazendo um exercício de humildade, reconhecendo o erro cometido e abrindo um espaço para o equilíbrio de consciência. Temos necessidade de nos sentirmos perdoados e por ainda tratamos a consciência como algo abstrato, focamos, então, o pedido de perdão em Deus. Essa necessidade individual e pessoal de se sentir perdoado nos leva a ter para com os outros a atitude de perdoar, para conferir-lhes a sensação da reparação das faltas e de abrir-lhes novas oportunidades.

Você cita na sua pergunta a oração do “Pai Nosso”. Nessa oração, que nos foi ensinada pelo Cristo de Deus, o pedido de perdão a Deus está condicionado ao perdão que oferecermos aos outros ["perdoai as nossas ofensas (dívidas), assim como perdoamos aos nossos ofensores (devedores)"]. Isso não significa que será Deus a nos dar ou não o perdão, mas que nós mesmos nos sentiremos perdoados [em nossa consciência] se conseguirmos oferecer aos outros o mesmo perdão que buscamos. É tão significativo esse aspecto, que Jesus, conforme grafado no evangelho de Mateus, quando termina de expor o Pai Nosso, chama a atenção dos ouvintes para o perdão dizendo: "pois se não perdoardes ao vosso semelhante, vosso Pai que está nos céus também não vos perdoará”.

Essa frase não deve ser entendida de forma literal, mas sim de maneira figurada. Deus, por ser soberanamente justo e bom, por saber de nossas potencialidades e, por conseguinte, de nossas ações (já que Ele é onisciente), não se ofenderia conosco. Seria um contra-senso, então, Deus ter que oferecer o perdão, uma vez que Ele é inatingível. Vale lembrar que o perdão é fruto de uma ofensa e somente se ofende aquele que ainda guarda imperfeições. Deus é perfeito, portanto não pode se sentir ofendido.

Considerando que a Lei de Deus deve estar escrita em nossa consciência, é aí (na consciência) que buscaremos o perdão de Deus. De que forma? Arrependendo do ato praticado e reparando-o, se necessário e possível, junto à própria pessoa a quem ofendemos.

Assim sendo, o sentido da frase é: se não perdoarmos aos nossos semelhantes não teremos paz interior, uma vez que a nossa consciência apontará as nossas próprias faltas, para quais também buscamos, na verdade, o perdão.

Como conseguir o perdão para as nossas faltas se não estamos dispostos a dá-lo a outrem quando de suas faltas? Vale lembrar a passagem da “mulher adúltera” contida no evangelho de João. Como Jesus conseguiu que as pessoas a deixassem em paz? Concitando-as a se olharem. Disse Jesus: “aquele que estiver sem pecados que atire a primeira pedra”. Como acusar alguém se trazemos em nós, de certa forma, os mesmos erros? Como sentirmo-nos perdoados se não perdoamos aos outros? Essa é a questão primordial.

Bem escreveu o poeta Gibran Khalil Gibran: “o perdão é o perfume que as flores soltam quando são pisadas”.



Um carinhoso e fraternal abraço
Simão Pedro
Retirado do site www.amigoespirita.ning.com
PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 15:32

LINK DO POST | COMENTAR | favorito

.MAIS SOBRE MIM

.PESQUISAR NESTE BLOG

 

.Abril 2012

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27

.POSTS RECENTES

. FÉ RACIOCINADA

. COISAS TERRÍVEIS E INGÊNU...

. CAIM FUNDOU UMA CIDADE SE...

. OS HERÓIS DA ERA NOVA

. CONFLITOS E PERFEIÇOAMENT...

. GRATIDÃO: UM NOVO OLHAR S...

. PERDÃO DE DEUS

. A FÉ: MÃE DA ESPERANÇA E ...

. NO CRISTIANISMO RENASCENT...

. EM PAUTA – A TRISTE FESTA

.arquivos

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Outubro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

.tags

. todas as tags

blogs SAPO

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub