Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2009
MATEUS, 22º, 23 ao 33. — MARCOS, 12º, 18 ao 27. — LUCAS, 20º, 27 ao 40. Saduceus. — Ressurreição. — Imortalidade da alma. — Sua sobrevivência ao corpo. — Sua individualidade após a morte MATEUS: capítulo 22º, versículo 23. Naquele dia, vieram ter com ele alguns saduceus, que negam a ressurreição, e lhe propuseram a questão seguinte: — 24. Mestre, Moisés disse: Em morrendo algum homem sem deixar filho, case seu irmão com a viúva e dê sucessão a seu irmão. — 25. Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro casou e morreu sem descendência, deixando sua mulher a seu irmão. — 26. O mesmo sucedeu ao segundo, ao terceiro, a todos até ao sétimo. — 27. Por último, depois dos sete, morreu a mulher. — 28. Na ressurreição, de qual deles será ela, uma vez que todos a tiveram por esposa? — 29. Jesus lhes respondeu: Estais em erro, por não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus. — 30. Na ressurreição, nem os homens terão esposas, nem as mulheres maridos; umas e outros serão como os anjos de Deus no céu. — 31. Pelo que toca à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos disse: — 32. Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob. Ora, Deus não é o Deus dos mortos, mas dos vivos. — 33. Ouvindo isso, o povo se admirava da sua doutrina.
MARCOS: capítulo 12º, versículo 18. Vieram depois ter com ele alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram: — 19. Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer algum homem deixando a esposa sem filhos, o irmão do morto case com a viúva e dê sucessão àquele. — 20. Ora, havia sete irmãos: o primeiro casou e morreu sem deixar filhos. — 21. O segundo casou com a viúva do irmão e também morreu sem deixar filho, sucedendo o mesmo ao terceiro. — 22. E assim, sucessivamente, os sete a tiveram por esposa e nenhum deixou descendência. Por último, também a mulher morreu. — 23. Ao tempo da ressurreição, quando todos ressuscitarem, de qual deles será ela mulher, uma vez que os sete a tiveram por esposa? — 24. Respondeu Jesus: Não vedes que errais, por não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus? — 25. Porque, ao ressuscitarem dentre os mortos, nem os homens terão mulheres, nem as mulheres maridos: umas e outros serão como os anjos nos céus. — 26. Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés o que Deus lhe disse na sarça: “EU sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob?” — 27. Ora, Deus não o é dos mortos, mas dos vivos. Estais, pois, em grande erro.
LUCAS: capítulo 20º, versículo 27. Chegaram depois alguns dos saduceus, que negam a ressurreição, e lhe perguntaram: 28. Mestre, Moisés nos deixou escrito: Se algum homem casado morrer sem deixar filhos, case o irmão dele com a viúva e descendência dê ao irmão que morreu. — 29. Ora, sete Irmãos havia e o primeiro, que era casado, morreu sem deixar filhos. — 30. O segundo casou com a viúva e também morreu sem deixar filhos. 31. Desposou-a o terceiro e em seguida os outros quatro sucessivamente, sem que nenhum deixasse descendência. — 32. Por fim morreu também a mulher depois de todos eles. — 33. Quando for da ressurreição, de qual dos sete será ela mulher, uma vez que com todos foi casada? — 34. Jesus lhes respondeu: Os filhos deste século se casam e são dados em casamento; — 35, mas aqueles que forem julgados dignos do século vindouro e da ressurreição dos mortos, esses não casarão, nem serão dados em casamento, — 36, porqüanto, não mais poderão morrer, visto se terem tornado iguais aos anjos e serem filhos de Deus, porque são filhos da ressurreição. — 37. E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o mostrou quando, na sarça, chamou ao Senhor de Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob. — 38. Ora, Deus não O é dos mortos e sim dos vivos, pois que todos para ele são vivos. — 39. Tomando então a palavra, disseram alguns dos escribas: Mestre, respondeste bem. — 40. E, desde então, ninguém mais se atreveu a lhe fazer perguntas. (154)
A ressurreição é a volta definitiva do Espírito à sua pátria eterna. Verifica-se, quando ele chega a tal grau de elevação, que não mais se vê obrigado a habitar mundos onde a reencarnação se opera segundo as leis de reprodução, como ainda se dá na Terra. Aquele, que haja transposto essa fase de encarnações materiais, não mais pode morrer.
Quando o Espírito, que chegou à condição de habitar os mundos superiores, se afasta daquele onde estiver habitando e retorna à vida espírita, o que então se verifica é apenas uma mudança de condição; já não se dá a morte no sentido humano em que Jesus falava e como ainda agora se entende na Terra. Se esse mesmo Espírito tem que fazer aparição num planeta inferior, qual o nosso, surge aí por incorporação fluídica, conforme se deu com o Mestre, que, portanto, não sofreu. “morte”, no significado que essa palavra tem entre nós.
As expressões — os anjos de Deus no céu — os anjos que estão nos céus — aos quais se assemelharão, se igualarão os mortos, uma vez ressuscitados, e os homens, uma vez julgados dignos de participar da “ressurreição dos mortos”, uma vez que se tenham tornado “filhos da ressurreição”, “filhos de Deus”, indicam não só os bons Espíritos, que galgaram as condições elevadas de que acabamos de falar, como os puros Espíritos. Por si mesmas se explicam estas palavras, que Jesus dirigiu aos Saduceus, com referência à ressurreição dos mortos: “Não lestes, no livro de Moisés, o que Deus lhe disse na sarça: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob? Ora, Deus não o é dos mortos, mas dos vivos, pois que todos para Ele são vivos. Fazendo que um Espírito superior dissesse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”, mostrou o Senhor onipotente que Abraão, Isaac e Jacob existiam, estavam vivos e não mortos. Assim, por aquelas palavras dirigidas a Moisés, Deus proclamara e Jesus, lembrando-as, proclamava de novo aos Saduceus, aos discípulos e a todos os homens — a sobrevivência da alma, sua imortalidade e sua individualidade, após a morte do corpo; proclamava a vida permanente e imortal dos Espíritos, que todos vivem, quer no estado corporal, quer no estado espírita, sob as vistas do Pai.
O Mestre preparava desse modo as gerações futuras a compreenderem que a vida espírita é a vida primordial e normal do Espírito; que o que chamamos “morte” não é mais do que a cessação, para o Espírito, de um exílio temporário, cujo termo chega quando o mesmo Espírito se despoja do corpo material que, para ele, não passa de uma vestidura de provações, de expiação, de progresso, vestidura que apenas determina uma modificação temporária na sua vida normal. De um modo como de outro, o Espírito vive sempre sob as vistas de Deus, pois que a morte mais não é do que um passo mediante o qual ele volta da vida corpórea à vida espírita.
Os Saduceus eram os materialistas da época. Consideravam Deus como o arquiteto que construiu o edifício: o homem como a pedra que a ação do tempo reduz a pó.
Não observamos na atualidade análogas inconseqüências? homens que admitem a crença em Deus e negam a existência da alma e sua imortalidade?
Com relação às palavras que, segundo o Êxodo, capítulo 3º, versículo 6), Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”, há a observar que Deus, conforme já temos ponderado, não se comunica diretamente com os homens. O que houve, no caso, foi uma manifestação espírita. Aliás, não se diz que Moisés viu a Deus, mas que o ouviu. O Espírito superior, incumbido da manifestação, tomou uma forma luminosa, não uma forma humana, e produziu uma luz deslumbrante.
Moisés era médium de efeitos físicos, audiente e vidente. Ainda quando, porém, não o fosse, as coisas necessariamente se teriam passado da mesma forma.
O Espírito superior, que chegou à perfeição, que se tornou puro Espírito, é senhor da natureza e de todos os fluídos, deles dispondo à sua vontade, de acordo com as necessidades e as circunstâncias. Foi com o auxílio de fluídos, de fluídos sônicos e outros, que aquele Espírito superior realizou a manifestação. Reunindo-os e concentrando-os, assimilando seu perispírito às regiões terrenas, ele produziu o som da palavra humana, articulada (155) e uma luminosidade ofuscante, com a aparência de fogueira, dando lugar aos fenômenos de que trata o Êxodo, capítulo 19º, versículos de 16 a 19, e capítulo 20º, versículo 19, fenômenos apropriados a causar forte impressão no povo hebreu, que ainda muito tempo teria que ser conduzido pelo terror, pois outra maneira não havia de fazê-lo observar a lei, o Decálogo, transmitido a Moisés no monte Sinai.
Essas manifestações, como todas as que vêm referidas no Antigo e no Novo Testamento, foram qualificadas de “milagres”, porque, não tendo e não podendo ter conhecimento das causas de que derivavam, nem das leis que as regiam, a inteligência humana daquela época não lograva explicá-las. Hoje, têm que ser reconhecidas e aceitas como simples fenômenos espíritas, de natureza física, como fatos naturais, conseguintemente, por todos os que estudam a ciência espírita e experimentam no campo da sua fenomenologia.
Segue-se daí, e disso precisa o sacerdócio romano convencer-Se definitivamente, que, se o povo hebreu só pelo terror podia ser levado a crer em Deus, atualmente assim não é. Para que o povo tenha a crença no verdadeiro Deus, no Deus de amor, de justiça e de misericórdia, que Nosso Senhor Jesus Cristo revelou à Humanidade, basta que sacerdotes inteligentes e moralizados lhe ensinem e façam compreender o Evangelho em espírito e verdade, imitando por suas obras e exemplos o manso Cordeiro de Deus.
(154) Deuteronômio, 25º, 5. — Êxodo, 3º, 6, e 16. — JOÃO, 20º, 9. — Romanos, 6º, 10, e 11. — Hebreus, 11º, 16. — 1ª Epístola aos Coríntios, 15º, 42, e 49, e 52. — 1ª Epístola à João, 3º, 2. — Atos, 7º, 32.
(155) É o que presentemente ocorre com o fenômeno espírita chamado «voz direta”.
DO LIVRO ELUCIDAÇÕES EVANGÉLICAS
POR ANTONIO LUIZ SAIÃO
EDITADO PELA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
MATEUS, 22º, 23 ao 33. — MARCOS, 12º, 18 ao 27. — LUCAS, 20º, 27 ao 40. Saduceus. — Ressurreição. — Imortalidade da alma. — Sua sobrevivência ao corpo. — Sua individualidade após a morte MATEUS: capítulo 22º, versículo 23. Naquele dia, vieram ter com ele alguns saduceus, que negam a ressurreição, e lhe propuseram a questão seguinte: — 24. Mestre, Moisés disse: Em morrendo algum homem sem deixar filho, case seu irmão com a viúva e dê sucessão a seu irmão. — 25. Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro casou e morreu sem descendência, deixando sua mulher a seu irmão. — 26. O mesmo sucedeu ao segundo, ao terceiro, a todos até ao sétimo. — 27. Por último, depois dos sete, morreu a mulher. — 28. Na ressurreição, de qual deles será ela, uma vez que todos a tiveram por esposa? — 29. Jesus lhes respondeu: Estais em erro, por não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus. — 30. Na ressurreição, nem os homens terão esposas, nem as mulheres maridos; umas e outros serão como os anjos de Deus no céu. — 31. Pelo que toca à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos disse: — 32. Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob. Ora, Deus não é o Deus dos mortos, mas dos vivos. — 33. Ouvindo isso, o povo se admirava da sua doutrina.
MARCOS: capítulo 12º, versículo 18. Vieram depois ter com ele alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram: — 19. Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer algum homem deixando a esposa sem filhos, o irmão do morto case com a viúva e dê sucessão àquele. — 20. Ora, havia sete irmãos: o primeiro casou e morreu sem deixar filhos. — 21. O segundo casou com a viúva do irmão e também morreu sem deixar filho, sucedendo o mesmo ao terceiro. — 22. E assim, sucessivamente, os sete a tiveram por esposa e nenhum deixou descendência. Por último, também a mulher morreu. — 23. Ao tempo da ressurreição, quando todos ressuscitarem, de qual deles será ela mulher, uma vez que os sete a tiveram por esposa? — 24. Respondeu Jesus: Não vedes que errais, por não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus? — 25. Porque, ao ressuscitarem dentre os mortos, nem os homens terão mulheres, nem as mulheres maridos: umas e outros serão como os anjos nos céus. — 26. Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés o que Deus lhe disse na sarça: “EU sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob?” — 27. Ora, Deus não o é dos mortos, mas dos vivos. Estais, pois, em grande erro.
LUCAS: capítulo 20º, versículo 27. Chegaram depois alguns dos saduceus, que negam a ressurreição, e lhe perguntaram: 28. Mestre, Moisés nos deixou escrito: Se algum homem casado morrer sem deixar filhos, case o irmão dele com a viúva e descendência dê ao irmão que morreu. — 29. Ora, sete Irmãos havia e o primeiro, que era casado, morreu sem deixar filhos. — 30. O segundo casou com a viúva e também morreu sem deixar filhos. 31. Desposou-a o terceiro e em seguida os outros quatro sucessivamente, sem que nenhum deixasse descendência. — 32. Por fim morreu também a mulher depois de todos eles. — 33. Quando for da ressurreição, de qual dos sete será ela mulher, uma vez que com todos foi casada? — 34. Jesus lhes respondeu: Os filhos deste século se casam e são dados em casamento; — 35, mas aqueles que forem julgados dignos do século vindouro e da ressurreição dos mortos, esses não casarão, nem serão dados em casamento, — 36, porqüanto, não mais poderão morrer, visto se terem tornado iguais aos anjos e serem filhos de Deus, porque são filhos da ressurreição. — 37. E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o mostrou quando, na sarça, chamou ao Senhor de Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob. — 38. Ora, Deus não O é dos mortos e sim dos vivos, pois que todos para ele são vivos. — 39. Tomando então a palavra, disseram alguns dos escribas: Mestre, respondeste bem. — 40. E, desde então, ninguém mais se atreveu a lhe fazer perguntas. (154)
A ressurreição é a volta definitiva do Espírito à sua pátria eterna. Verifica-se, quando ele chega a tal grau de elevação, que não mais se vê obrigado a habitar mundos onde a reencarnação se opera segundo as leis de reprodução, como ainda se dá na Terra. Aquele, que haja transposto essa fase de encarnações materiais, não mais pode morrer.
Quando o Espírito, que chegou à condição de habitar os mundos superiores, se afasta daquele onde estiver habitando e retorna à vida espírita, o que então se verifica é apenas uma mudança de condição; já não se dá a morte no sentido humano em que Jesus falava e como ainda agora se entende na Terra. Se esse mesmo Espírito tem que fazer aparição num planeta inferior, qual o nosso, surge aí por incorporação fluídica, conforme se deu com o Mestre, que, portanto, não sofreu. “morte”, no significado que essa palavra tem entre nós.
As expressões — os anjos de Deus no céu — os anjos que estão nos céus — aos quais se assemelharão, se igualarão os mortos, uma vez ressuscitados, e os homens, uma vez julgados dignos de participar da “ressurreição dos mortos”, uma vez que se tenham tornado “filhos da ressurreição”, “filhos de Deus”, indicam não só os bons Espíritos, que galgaram as condições elevadas de que acabamos de falar, como os puros Espíritos. Por si mesmas se explicam estas palavras, que Jesus dirigiu aos Saduceus, com referência à ressurreição dos mortos: “Não lestes, no livro de Moisés, o que Deus lhe disse na sarça: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob? Ora, Deus não o é dos mortos, mas dos vivos, pois que todos para Ele são vivos. Fazendo que um Espírito superior dissesse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”, mostrou o Senhor onipotente que Abraão, Isaac e Jacob existiam, estavam vivos e não mortos. Assim, por aquelas palavras dirigidas a Moisés, Deus proclamara e Jesus, lembrando-as, proclamava de novo aos Saduceus, aos discípulos e a todos os homens — a sobrevivência da alma, sua imortalidade e sua individualidade, após a morte do corpo; proclamava a vida permanente e imortal dos Espíritos, que todos vivem, quer no estado corporal, quer no estado espírita, sob as vistas do Pai.
O Mestre preparava desse modo as gerações futuras a compreenderem que a vida espírita é a vida primordial e normal do Espírito; que o que chamamos “morte” não é mais do que a cessação, para o Espírito, de um exílio temporário, cujo termo chega quando o mesmo Espírito se despoja do corpo material que, para ele, não passa de uma vestidura de provações, de expiação, de progresso, vestidura que apenas determina uma modificação temporária na sua vida normal. De um modo como de outro, o Espírito vive sempre sob as vistas de Deus, pois que a morte mais não é do que um passo mediante o qual ele volta da vida corpórea à vida espírita.
Os Saduceus eram os materialistas da época. Consideravam Deus como o arquiteto que construiu o edifício: o homem como a pedra que a ação do tempo reduz a pó.
Não observamos na atualidade análogas inconseqüências? homens que admitem a crença em Deus e negam a existência da alma e sua imortalidade?
Com relação às palavras que, segundo o Êxodo, capítulo 3º, versículo 6), Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”, há a observar que Deus, conforme já temos ponderado, não se comunica diretamente com os homens. O que houve, no caso, foi uma manifestação espírita. Aliás, não se diz que Moisés viu a Deus, mas que o ouviu. O Espírito superior, incumbido da manifestação, tomou uma forma luminosa, não uma forma humana, e produziu uma luz deslumbrante.
Moisés era médium de efeitos físicos, audiente e vidente. Ainda quando, porém, não o fosse, as coisas necessariamente se teriam passado da mesma forma.
O Espírito superior, que chegou à perfeição, que se tornou puro Espírito, é senhor da natureza e de todos os fluídos, deles dispondo à sua vontade, de acordo com as necessidades e as circunstâncias. Foi com o auxílio de fluídos, de fluídos sônicos e outros, que aquele Espírito superior realizou a manifestação. Reunindo-os e concentrando-os, assimilando seu perispírito às regiões terrenas, ele produziu o som da palavra humana, articulada (155) e uma luminosidade ofuscante, com a aparência de fogueira, dando lugar aos fenômenos de que trata o Êxodo, capítulo 19º, versículos de 16 a 19, e capítulo 20º, versículo 19, fenômenos apropriados a causar forte impressão no povo hebreu, que ainda muito tempo teria que ser conduzido pelo terror, pois outra maneira não havia de fazê-lo observar a lei, o Decálogo, transmitido a Moisés no monte Sinai.
Essas manifestações, como todas as que vêm referidas no Antigo e no Novo Testamento, foram qualificadas de “milagres”, porque, não tendo e não podendo ter conhecimento das causas de que derivavam, nem das leis que as regiam, a inteligência humana daquela época não lograva explicá-las. Hoje, têm que ser reconhecidas e aceitas como simples fenômenos espíritas, de natureza física, como fatos naturais, conseguintemente, por todos os que estudam a ciência espírita e experimentam no campo da sua fenomenologia.
Segue-se daí, e disso precisa o sacerdócio romano convencer-Se definitivamente, que, se o povo hebreu só pelo terror podia ser levado a crer em Deus, atualmente assim não é. Para que o povo tenha a crença no verdadeiro Deus, no Deus de amor, de justiça e de misericórdia, que Nosso Senhor Jesus Cristo revelou à Humanidade, basta que sacerdotes inteligentes e moralizados lhe ensinem e façam compreender o Evangelho em espírito e verdade, imitando por suas obras e exemplos o manso Cordeiro de Deus.
(154) Deuteronômio, 25º, 5. — Êxodo, 3º, 6, e 16. — JOÃO, 20º, 9. — Romanos, 6º, 10, e 11. — Hebreus, 11º, 16. — 1ª Epístola aos Coríntios, 15º, 42, e 49, e 52. — 1ª Epístola à João, 3º, 2. — Atos, 7º, 32.
(155) É o que presentemente ocorre com o fenômeno espírita chamado «voz direta”.
DO LIVRO ELUCIDAÇÕES EVANGÉLICAS
POR ANTONIO LUIZ SAIÃO
EDITADO PELA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA