Domingo, 18 de Dezembro de 2011

NA GLÓRIA DO NATAL


Senhor – rei divino projetado às sombras da manjedoura -, diante do teu berço de palha recordo-me de todos os conquistadores que te antecederam na terra.
Em rápida digressão, vejo Sesóstris, em nome do Egito sábio, e Cambises, o rei dos persas, ocupando o vale do Nilo, antes poderoso e dominador. Recordo as lutas sanguinolentas dos assírios, disputando a hegemonia do seu império dividido e infeliz.
Nabopolassar e Nabucodonosor reaparecem à minha frente, arrasando Ninive e atacando Jerusalém, cercados de súditos a se banquetearem sobre presas misérrimas para desaparecerem, depois, num sudário de cinza.
Não observo, contudo, apenas o gentio, na pilhagem e na discórdia, expandindo a própria ambição; o povo escolhido, apesar dos desígnios celestes que lhes fulguram na Lei, entrega-se, de quando em quando, á sementeira de miséria e ruína; revoluções e conflitos ceifam as doze tribos e o orgulho desvairado compele irmãos ao extermínio de irmãos.
Revejo os medos, açoitados pelos cimerianos e citas.
Dario surge, ao meu olhar assombrado, envolvido nos esplendores de Persépolis para mergulhar-se em seguida, nos labirintos do túmulo.
Esparta e Atenas, entre códigos e espadas, se estraçalham mutuamente, no impulso de predomínio; numerosos tiranos, dentro de seus muros, manobram o cetro da governaça, fomentando a humilhação e o luto.
Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões, deixando um cortejo de lagrimas, atrás da fanfarra guerreira que lhe abre caminho à morte, em plena mocidade.
E os romanos, Senhor? Desde as alucinações dos descendentes de Príamo ao último dos imperadores, deposto por Odoacro, jamais esconderam a vocação do poder, arrojando povos livres ao despenhadeiro da destruição...
Todos os conquistadores vieram e dominaram, surgindo na condição de pirilampos barulhentos, confundidos, à pressa, num turbilhão de desencanto e poeira. Tu, porém, Soberano Senhor, Te contentou com o berço da estrebaria!
Ministros e sábios não te contemplaram, na hora primeira, mas humildes pastores se ajoelharam sorridentes, diante de Ti, buscando a luz de teus olhos angelicais...
Hinos de guerra não se fizeram ouvir à tua chegada libertadora; todavia, em sinal de reconhecimento, cânticos abençoados de louvor subiram ao Céu, dos corações singelos que te exaltavam a Estrela Gloriosa, a resplandecer nos constelados caminhos.
Os outros, Senhor, conquistaram à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exércitos e prisões, assassínio e tortura, traição e vingança, aviltamento e escravidão, títulos fantasiosos e araçás de ouro...
Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro.
Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; no entanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular...
E por fim, Mestre, longe de escolheres um trono de púrpura a fim de administrares o Reino Divino de que te fizeste embaixador e ordenador, preferiste o sólido da cruz, de cujos braços duros e tristes ainda nos envias compassivo olhar, convidando-nos à caridade e à harmonia, ao entendimento e ao perdão...
Conquistador das almas e governador do mundo, agora que os teus tutelados afiam as armas para novos duelos sangrentos, neste século de esplendores e trevas, de renovação e morticínio, de esperanças e desilusões, ajuda-nos a dobrar a cerviz orgulhosa, diante do teu singelo berço de palha!...
Mestre da Verdade e do Bem, da Humildade e do Amor, permite que o astro sublime de teu Natal brilhe, ainda, na noite de nossas almas e estende-nos caridosas mãos para que nos livremos de velhas feridas, marchando ao teu encontro na verdadeira senda de redenção.
Irmão X
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 17:39

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Segunda-feira, 19 de Setembro de 2011

OH! JERUSALÉM ... JERUSALÉM ...


11 de agosto de 1935

É possível a estranheza dos que vivem na Terra, com respeito à atitude dos desencarnados, esmiuçando-lhes as questões e opinando sobre os problemas que os inquietam.

É lógico, porém, que os recém-libertos do mundo falem mais com o seu cabedal de experiências de passado, do que com a sua ciência do presente adquirida à custa de faculdades novas, que o homem não está ainda à altura de compreender.

Podem imaginar-se, na Terra, determinadas condições da vida sobre a superfície de Marte; mas que interessam, por enquanto, ao mundo semelhantes descobertas, se os enigmas que o assoberbam ainda não foram decifrados? Para o exilado da Terra não vale a psicologia do homem desencarnado. Tateando na prisão escura da sua vida, seria quase um crime aumentar-lhe as preocupações e ansiedades. Eu teria muitas coisas novas a dizer; todavia, apraz-me, com o objeto de me fazer compreendido, debruçar nas bordas do abismo em que andei vacilando, subjugado nos tormentos, perquirindo os seus logogrifos inextricáveis, para arrancar as lições da sua inutilidade.

Também o homem nada tolera que venha infringir o metro da sua rotina.

Presumindo-se rei da Criação, não admite as verdades novas que esfacelam a sua coroa de argila.

Os mortos, para serem reconhecidos, deverão tanger a tecla da mesma vida que abandonaram. Isso é intuitivo.

O jornalista, para alinhavar os argumentos da sua crônica, busca os noticiários, aproveita-se dos acontecimentos do dia, tirando a sua ilação das ocorrências do momento.

E meu espírito volve a contemplar o espetáculo angustioso dessa Abissínia abandonada no seio dos povos, como o derradeiro reduto da liberdade de uma raça infeliz, cobiçada pelo imperialismo do século, lembrando-me de Castro Alves nas suas amarguradas “Vozes da África":

Deus, Ó Deus, onde estás que não respondes?

Em que mundo, em que estrela tu te escondes,

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito,

Que embalde, desde então, corre o infinito.

Onde estás, Senhor Deus?

Da Roma poderosa partem as caravanas de guerreiros. Cartago agoniza no seu desgraçado heroísmo. Públio Cornélio consegue a mais estrondosa das vitórias. Os cérebros dos patrícios ilustres embriagam-se no vinho do triunfo; e nas galeras suntuosas, onde as águias simbolizam ,o orgulhoso poder da Roma eterna, lamentam-se os escravos nos seus nefandos martírios.

Os Césares enchem a cidade das sabinas de troféus e glórias. Todos os deuses são venerados. Os países são submetidos e os povos entoam o hino da obediência à senhora do mundo.

Já não se ouve a melodiosa flauta de Pan nos bosques da Tessália, e nas margens do Nilo apagam-se as luzes dos mais suaves mistérios.

Vítima, porém, dos seus próprios excessos, o grande império vê apressar-se a sua decadência. No esboroamento dos séculos, a invencível potência dos Césares é um montão de ruínas. Sobre os seus mármores suntuosos crescem as destruições.

Roma dormiu o seu grande sono.

Ei-la, contudo, que desperta.

Mussolini deixa escapar um grito do seu peito de ferro e a Roma antiga acorda do letargo, reconhecendo a perda dos seus imensos domínios.

Urge, porém, recuperar o poderio, empenhando-se em alargar o seu império colonial.

Onde e como?

O mundo está cheio de leis, de tratados de amparo recíproco entre as nações.

A França já ocupou todos os territórios ao alcance das suas possibilidades, a Alemanha está fortificada para as suas aventuras, o Japão tem as suas vistas sobre a China e a Inglaterra, calculista e poderosa, não pode ceder um milímetro no terreno das suas conquistas.

Mas, Roma quer a expansão dá sua força econômica e prepara-se para roubar a derradeira ilusão de um povo desgraçado, ao qual não basta a lembrança amarga dos cativeiros multisseculares, julgando-se livre na obscura faixa de terra para onde recuou, batido pela crueldade das potências imperialistas.

Que mal fizeste à civilização corrompida dos brancos, ó pequena Abissínia, grande pela expressão resignada do teu ardente heroísmo?!

Como pudeste, das areias calcinantes do deserto, onde apuras o teu espírito de sacrifício, penetrar nas instituições européias, provocando a fúria das suas armas?

Deixa que passem sob o teu sol de fogo as hordas de vândalos, sedentas de chacina e de sangue.

Sobre as tuas esperanças malbaratadas derramará o Senhor o perfume da sua misericórdia.

Os humildes têm o seu dia de bem-aventurança e de glória.

Não importa sejas o joguete dos caprichos condenáveis dos teus verdugos, porque, sobre o mundo, todas as frontes orgulhosas desceram do pináculo da sua grandeza para o esterquilínio e para o pó.

Se tanto for preciso, recebe sobre os teus ombros a mortalha de sangue, porque, junto do maravilhoso império da Civilização apodrecida dos brancos, ouve-se a voz lamentosa de um novo Jeremias: - Oh! Jerusalém!... Jerusalém!...

Irmão X

Livro Crônicas de Além Túmulo
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 00:33

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Quarta-feira, 27 de Outubro de 2010

VENENO LIVRE

Pede você que os Espíritos desencarnados se manifestem sobre o álcool, sobre os arrasamentos do álcool.

Muito dificil, entretanto, enfileirar palavras e definir-lhe a influência. Basta lembrar que a cobra, nossa velha conhecida, cujo bote comumente não alcança mais que uma só pessoa, é combatida a vara de ferro, porrete, pedra, armadilha, borralho, água fervente e boca de fogo, vigiada de perto pela gritaria dos meninos, pela cautela das donas de casa e pela defesa do serviço municipal, mas o álcool, que destrói milhares de criaturas, é veneno livre, onde quer que vá, e, em muitos casos, quando se fantasia de champanha ou de uísque, chega a ser convidado de honra, consagrando eventos sociais. Escorrega na goela de ministros com a mesma sem-cerimônia com que desliza na garganta dos malandros encarapitados na rua. Endoidece artistas notáveis, desfibra o caráter de abnegados pais de família, favorece doenças e engrossa a estatística dos manicômios; no entanto, diga isso num banquete de luxo e tudo indica que você, a conselho dos amigos mais generosos, será conduzido ao psiquiatra, se não for parar no hospício.
Ninguém precisa escrever sobre a aguardente, tenha ela o nome de vodca ou suco de cana, rum ou conhaque, de vez que as crônicas vivas, escritas por ela mesma, estão nos próprios consumidores, largados à bebedeira, nos crimes que a imprensa recama de sensacionalismo, nos ataques da violência e nos lares destruídos. E se comentaristas de semelhantes demolições devem ser chamados à mesa redonda da opinião pública, é indispensável sejam trazidos à fala as vítimas de espancamento no recinto doméstico, os homens e as mulheres de vida respeitável que viram a loucura aparecer de chofre no ânimo de familiares queridos, as crianças transidas de horror ante o desvario de tutores inconscientes e, sobretudo, os médicos encanecidos no duro oficio de aliviar os sofrimentos humanos.
Qual! Não acredite que nós, pobres inteligências desencarnadas, possamos grafar com mais vigor os efeitos da calamidade terrível que escorre, de copinho a copinho.
É por isso talvez que as tragédias do alcoolismo são, quase sempre, tratadas a estilete de sarcasmo. E creia você que a ironia vem de longe. Consta do folclore israelita, numa história popular, fartamente anotada cm vários países por diversos autores, que Noé, o patriarca, depois do grande dilúvio, rematava aprestos para lançar à terra ainda molhada a primeira vinha, quando lhe apareceu o Espírito das Trevas, perguntando, insolente:
- Que desejas levantar, agora?
- Uma vinha - respondeu o ancião, sereno.
O sinistro visitante indagou quanto aos frutos esperados da plantação.
- Sim - esclareceu o bondoso velho -, serão frutos doces e capitosos. As criaturas poderão deliciar-se com eles, em qualquer tempo, depois de colhidos. Além disso, fornecerão milagroso caldo que se transformará facilmente em vinho, saboroso elixir capaz de adormecê-las em suaves delírios de felicidade e respouso...
- Exijo sociedade nessa lavoura! - gritou Satanás, arrogante.
Noé, submisso, concordou sem restrições e o Gênio do Mal encarregou-se de regar a terra e adubá-la, para o justo cultivo. Logo após, com a intenção de exaltar a crueldade, o parceiro maligno retirou quatro animais da arca enorme e passou a fazer adubagem e a rega com a saliva do bode, com o sangue do leão, com a gordura do porco e com excremento do macaco.
À vista disso, quantos se entregam ao vício da embriaguez apresentam os trejeitos e os berros sádicos do bode ou a agressividade do leão, quando não caem na estupidez do porco ou na momice dos macacos.
Esta é a lenda; entretanto, nós, meu amigo, integrados no conhecimento da reencarnação, estamos cientes de que o álcool, intoxicando temporariamente o corpo espiritual, arroja a mente humana em primitivos estados vibratórios, detendo-a, de maneira anormal, na condição de qualquer bicho.

Francisco Cândido Xavier. Ditado pelo Espírito Irmão X.
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 13:00

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Sábado, 23 de Outubro de 2010

A DIFERENÇA

A reunião alcançava a parte final. E, na organização mediúnica, Bezerra de Menezes retinha a palavra.
O benfeitor desencarnado distribuía consolações, quando um companheiro o alvejou com azedume:
- Bezerra, não concordo com tanta máscara no ambiente espírita. Estou cansado de tartufismo. Falo contra mim mesmo. Posso, acaso, dizer que sou espírita-cristão? Vejo-me fustigado por egoísmo e intolerância, avareza e ciúme; cometo desatenções e disparates; reconheço-me freqüentemente caído em maledicência e cobiça; ainda não venci a desconfiança, nem a propensão para ressentir-me; quando menos espero, chafurdo-me nos erros da vaidade e do orgulho; involuntariamente, articulo ofensas contra o próximo; a ambição mora comigo e, por isso, agrido os meus semelhantes com toda a força de minha brutalidade; a crítica, o despeito, a maldade e a imperfeição me seguem constantemente. Posso declarar-me espírita com tantos defeitos?
O venerável orientador espiritual respondeu, sereno:
- Eu também, meu amigo, ainda estou em meio de todas essas mazelas e sou espírita-cristão...
- Como assim? - revidou o consulente agitado.
- Perfeitamente - concluiu Bezerra, sem alterar-se. - Todas essas qualidades negativas ainda me acompanham... Só existe, porém, um ponto, meu caro, que não posso esquecer. É que, antes de ser espírita-cristão, eu fazia força para correr atrás de todas elas e agora, que sou cristão e espírita, faço força para fugir delas todas...
E, sorrindo:
- Como vê, há muita diferença.
 
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Momentos de Ouro. Ditado pelo Espírito Irmão X.
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 09:22

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Segunda-feira, 22 de Junho de 2009

CRISTO E VIDA






Meu amigo. Compreendendo a importância do Evangelho na seara espírita, você pergunta:
- “Já que os amigos espirituais não acreditam na salvação pela fé e sim pelas obras, sem as quais a fé se revestiria de quase nenhum valor, diga-nos, Irmão X, sem muitas palavras, que significa a influência de Jesus no mundo?”
Antes de tudo, queremos afirmar que o Cristo de Deus, sob qualquer ângulo em que seja visto, é e será sempre o Excelso Modelo da Humanidade. Mas, a pouco e pouco, o homeme compreenderá que, se precisamos de Jesus sentido e crido, não podemos dispensar Jesus compreendido e aplicado. E já que você nos pede uma síntese, dar-lhe-ei uma série de vinte definições do Senhor na experiência terrestre, por nós recolhidas em aula rápida de um instrutor da Espiritualidade Maior.
Cristo na Existência: Caridade.
Cristo no Lar: Harmonia.
Cristo no Templo: Discernimento.
Cristo na Escola: Educação.
Cristo na Palavra: Brandura.
Cristo na Justiça: Misericórdia.
Cristo na Inteligência: Proveito.
Cristo no Estudo: Orientação.
Cristo no Sexo: Responsabilidade.
Cristo no Trabalho: Eficiência.
Cristo na Profissão: Idoneidade.
Cristo na Alegria: Continência.
Cristo dna Dor: Resignação.
Cristo nas Relações: Solidariedade.
Cristo na Obrigação: Diligência.
Cristo no Cansaço: Refazimento.
Cristo no Repouso: Disciplina.
Cristo no Compromisso: Lealdade.
Cristo no Tempo: Serviço.
Cristo na Morte: Vida Eterna.
Aqui estão resultados da presença de Jesus em apenas alguns aspectos de nossos movimentos na Terra.
Você, contudo, provavelmente voltará à carga, indagando se nós, os espíritas desencarnados e encarnados, já atingimos semelhantes equações, e antecipo a resposta, informando a você que Jesus em nossa fraqueza é luz de esperança e, por isso mesmo, confiantes nele – o Mestre e Senhor -, estamos certos de que, um dia, nós todos faremos do evangelho o que devemos fazer.

Livro Estante da Vida – Pelo Espírito “Irmão X” - Psicografia Francisco C. Xavier
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 18:38

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CRISTO E VIDA






Meu amigo. Compreendendo a importância do Evangelho na seara espírita, você pergunta:
- “Já que os amigos espirituais não acreditam na salvação pela fé e sim pelas obras, sem as quais a fé se revestiria de quase nenhum valor, diga-nos, Irmão X, sem muitas palavras, que significa a influência de Jesus no mundo?”
Antes de tudo, queremos afirmar que o Cristo de Deus, sob qualquer ângulo em que seja visto, é e será sempre o Excelso Modelo da Humanidade. Mas, a pouco e pouco, o homeme compreenderá que, se precisamos de Jesus sentido e crido, não podemos dispensar Jesus compreendido e aplicado. E já que você nos pede uma síntese, dar-lhe-ei uma série de vinte definições do Senhor na experiência terrestre, por nós recolhidas em aula rápida de um instrutor da Espiritualidade Maior.
Cristo na Existência: Caridade.
Cristo no Lar: Harmonia.
Cristo no Templo: Discernimento.
Cristo na Escola: Educação.
Cristo na Palavra: Brandura.
Cristo na Justiça: Misericórdia.
Cristo na Inteligência: Proveito.
Cristo no Estudo: Orientação.
Cristo no Sexo: Responsabilidade.
Cristo no Trabalho: Eficiência.
Cristo na Profissão: Idoneidade.
Cristo na Alegria: Continência.
Cristo dna Dor: Resignação.
Cristo nas Relações: Solidariedade.
Cristo na Obrigação: Diligência.
Cristo no Cansaço: Refazimento.
Cristo no Repouso: Disciplina.
Cristo no Compromisso: Lealdade.
Cristo no Tempo: Serviço.
Cristo na Morte: Vida Eterna.
Aqui estão resultados da presença de Jesus em apenas alguns aspectos de nossos movimentos na Terra.
Você, contudo, provavelmente voltará à carga, indagando se nós, os espíritas desencarnados e encarnados, já atingimos semelhantes equações, e antecipo a resposta, informando a você que Jesus em nossa fraqueza é luz de esperança e, por isso mesmo, confiantes nele – o Mestre e Senhor -, estamos certos de que, um dia, nós todos faremos do evangelho o que devemos fazer.

Livro Estante da Vida – Pelo Espírito “Irmão X” - Psicografia Francisco C. Xavier
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 18:38

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Domingo, 7 de Junho de 2009

NOS DOMÍNIOS DA SOMBRA


Espírito Irmão X

Em completa assembléia do reino das sombras, um poderoso soberano das trevas, diante de milhares de falangistas da miséria e da ignorância, explicava o motivo da grande reunião.
O Espiritismo com Jesus, aclarando a mente humana, prejudicava os planos infernais.
Em toda parte da Terra, as criaturas começavam a raciocinar menos superficialmente!
Indagavam, com segurança, quanto aos enigmas do sofrimento e da morte e aprendiam, sem maior dificuldade, as lições da Justiça Divina. Compreendiam, sem cadeias dogmáticas, os ensinamentos do Evangelho. Oravam com fervor. Meditavam na reencarnação e passavam a interpretar com mais inteligência os deveres que lhes cabiam no Planeta. Muita gente entregava-se aos livros nobres, à caridade e à compaixão, iluminando a paisagem social do mundo e, por isso, todas as atividades da sombra surgiam ameaçadas....
Que fazer para conjurar o perigo?
E pediu para que os seus assessores apresentassem sugestões.
Depois de alguns momentos de expectativa, ergueu-se o comandante das legiões da incredulidade e falou:
Procuremos veicular a crença de que Deus não existe e de que as criaturas viventes estão entregues a forças cruéis e fatais da Natureza....
O maioral das trevas, porém, objetou, desencantado:
O argumento não serve. Quanto mais avança nos trilhos da inteligência mais reconhece o homem a Paternidade de Deus, sendo atraído inelutavelmente ardente e pura.
Levantou-se, no entanto, o orientador das legiões da vaidade e opinou:
Espalharemos a notícia de que Jesus nada tem que ver com o Espiritismo, que as manifestações dos desencarnados se resumem num caso fisiológico para as conclusões da Ciência, e, desnorteando os profitentes da Renovadora Doutrina, faremos com que gozem a vida no mundo, como melhor lhe pareça, sem qualquer obrigação para com o Evangelho e, assim, serão colhidos no túmulo, com as mesmas lacunas morais que trouxeram do berço....
O rei das sombras anuiu, complacente:
Sim, essa ilusão já foi muito importante, contudo, há milhares de pessoas despertando para a verdade, na certeza de que as portas do sepulcro não se abririam para os vivos da Terra, sem a intervenção de Jesus.
Nesse ponto, o diretor das falanges da discórdia pôs-se de pé e conclamou:
- Sabemos que a força dos espíritos nasce das reuniões em que se congregam para a oração e para o aprendizado da Vida Espiritual, e nas quais tomam contacto com os Mensageiros da Luz.... Assim sendo, assopraremos a cizânia entre os seguidores dessa bandeira transformadora, exagerando-lhes a noção da dignidade própria. Separá-los-emos uns dos outros com o invisível bastão da maledicência. Chamaremos em nosso auxílio os polemistas, os discutidores, os carregadores de lixo social, os fiscais do próximo e os examinadores de consciências alheias para que os seus templos se povoem de feridas e mágoas incuráveis e, assim, os irmãos em Cristo saberão detestar-se uns aos outros, com sorrisos nos lábios, inutilizando-se para as obras do bem.
O chefe satânico, todavia, considerou:
Isso é medida louvável, contudo necessitamos de providência de efeito mais profundo, porque sempre aparece um dia em que as brigas e os desacordos terminam com os remédios da humildade e com o socorro da oração.
A essa altura, ergueu-se o condutor das falanges da desordem e ponderou:
- Se o problema é de reuniões, conseguiremos liquidá-lo em três tempos. Buscaremos sugerir aos membros dessas instituições que o lugar dos conclaves é muito longe e que não lhes convém afrontar as surpresas desagradáveis da via pública. Faremos que o horário das reuniões coincida com o lançamento de filmes especiais ou com festividades domésticas de data fixa. Improvisaremos tentações determinadas para os companheiros que possuam maiores deveres e responsabilidades junto às assembléias, a fim de que os iniciantes não venham a perseverar no trabalho da própria elevação. Organizaremos dificuldades para as conduções e atrairemos visitas afetuosas que cheguem no momento exato da saída para os cultos espíritas-cristãos. Tumultuaremos o ambiente nos lares, escondendo chapéus e bolsas, carteiras e chaves para que os crentes se tomem de mau humor, desistindo do serviço espiritual e desacreditando a própria fé.
O soberano das trevas mostrou larga satisfação no semblante e ajuntou:
Sim, isso é precioso trabalho de rotina que não podemos menosprezar. Entretanto, carecemos de recursos diferente.....
O responsável pelas falanges da dúvida ergueu-se e disse:
As reuniões referidas são sempre valiosas com o auxílio de médiuns competentes. Buscaremos desalentá-los e dispersá-los, penetrando a onda mental em que se comunicam com os Benfeitores Celestes, fazendo-lhes crer que a palavra do Além resulta de um engano deles próprios, obrigando-os a se sentirem mentirosos, palhaços, embusteiros e mistificadores ,sem qualquer confiança em si mesmos, para que as assembléias se vejam incapazes e desmoralizadas....
O mentor do recinto aprovou a alegação, mas considerou:
Indiscutivelmente, o combate aos médiuns não pode esmorecer, entretanto, precisamos de providência mais viva, mais penetrante...
Foi então que o orientador das falanges da preguiça se levantou, tomou a palavra, e falou respeitoso:
- Ilustre chefe, creio que a melhor medida será recordar ao pensamento de todos os membros da agremiações espíritas que Deus existe, que Jesus é o Guia da Humanidade, que a alma é imortal, que a Justiça Divina é indefectível, que a reencarnação é uma verdade inconteste e que a oração é uma escada solar, reunindo a Terra ao Céu....
O soberano das sombras, porém, entre o espanto e a ira, cortou-lhe a palavra, exclamando:
- Onde pretende chegar com semelhantes afirmações?
O comandante dos exércitos preguiçosos acrescentou, sem perturbar-se:
Sim, diremos que o Espiritismo com Jesus, pedindo às almas encarnadas para que se regenerem, buscando o conhecimento superior e servindo à caridade, é, de fato, o roteiro da luz, mas que há tempo bastante para a redenção, que ninguém precisa incomodar-se, que as realizações edificantes não efetuadas numa existência podem ser atendidas em outras, que tudo deve permanecer agora como está no íntimo de cada criatura na carne para vermos como ficarão depois da morte, que a liberdade do Senhor é incomensurável e que todos os serviços e reformas da consciência, marcados para hoje, podem ser transferidos para amanhã...Desse modo, tanto vale viverem no Espiritismo com fora dele, com fé ou sem fé, porque o salário de inutilidade será sempre o mesmo....
O rei das sombras sorriu, feliz, e concordou:
- Oh! Até que enfim descobrimos a solução!...
De todos os lados ouviam-se risonhas exclamações:
- Bravos! Muito bem! Muito bem!
O argumento do astucioso condutor das falanges da inércia havia vencido.
Livro- Contos e Apólogos - Francisco Cândido Xavier
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 02:23

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NOS DOMÍNIOS DA SOMBRA


Espírito Irmão X

Em completa assembléia do reino das sombras, um poderoso soberano das trevas, diante de milhares de falangistas da miséria e da ignorância, explicava o motivo da grande reunião.
O Espiritismo com Jesus, aclarando a mente humana, prejudicava os planos infernais.
Em toda parte da Terra, as criaturas começavam a raciocinar menos superficialmente!
Indagavam, com segurança, quanto aos enigmas do sofrimento e da morte e aprendiam, sem maior dificuldade, as lições da Justiça Divina. Compreendiam, sem cadeias dogmáticas, os ensinamentos do Evangelho. Oravam com fervor. Meditavam na reencarnação e passavam a interpretar com mais inteligência os deveres que lhes cabiam no Planeta. Muita gente entregava-se aos livros nobres, à caridade e à compaixão, iluminando a paisagem social do mundo e, por isso, todas as atividades da sombra surgiam ameaçadas....
Que fazer para conjurar o perigo?
E pediu para que os seus assessores apresentassem sugestões.
Depois de alguns momentos de expectativa, ergueu-se o comandante das legiões da incredulidade e falou:
Procuremos veicular a crença de que Deus não existe e de que as criaturas viventes estão entregues a forças cruéis e fatais da Natureza....
O maioral das trevas, porém, objetou, desencantado:
O argumento não serve. Quanto mais avança nos trilhos da inteligência mais reconhece o homem a Paternidade de Deus, sendo atraído inelutavelmente ardente e pura.
Levantou-se, no entanto, o orientador das legiões da vaidade e opinou:
Espalharemos a notícia de que Jesus nada tem que ver com o Espiritismo, que as manifestações dos desencarnados se resumem num caso fisiológico para as conclusões da Ciência, e, desnorteando os profitentes da Renovadora Doutrina, faremos com que gozem a vida no mundo, como melhor lhe pareça, sem qualquer obrigação para com o Evangelho e, assim, serão colhidos no túmulo, com as mesmas lacunas morais que trouxeram do berço....
O rei das sombras anuiu, complacente:
Sim, essa ilusão já foi muito importante, contudo, há milhares de pessoas despertando para a verdade, na certeza de que as portas do sepulcro não se abririam para os vivos da Terra, sem a intervenção de Jesus.
Nesse ponto, o diretor das falanges da discórdia pôs-se de pé e conclamou:
- Sabemos que a força dos espíritos nasce das reuniões em que se congregam para a oração e para o aprendizado da Vida Espiritual, e nas quais tomam contacto com os Mensageiros da Luz.... Assim sendo, assopraremos a cizânia entre os seguidores dessa bandeira transformadora, exagerando-lhes a noção da dignidade própria. Separá-los-emos uns dos outros com o invisível bastão da maledicência. Chamaremos em nosso auxílio os polemistas, os discutidores, os carregadores de lixo social, os fiscais do próximo e os examinadores de consciências alheias para que os seus templos se povoem de feridas e mágoas incuráveis e, assim, os irmãos em Cristo saberão detestar-se uns aos outros, com sorrisos nos lábios, inutilizando-se para as obras do bem.
O chefe satânico, todavia, considerou:
Isso é medida louvável, contudo necessitamos de providência de efeito mais profundo, porque sempre aparece um dia em que as brigas e os desacordos terminam com os remédios da humildade e com o socorro da oração.
A essa altura, ergueu-se o condutor das falanges da desordem e ponderou:
- Se o problema é de reuniões, conseguiremos liquidá-lo em três tempos. Buscaremos sugerir aos membros dessas instituições que o lugar dos conclaves é muito longe e que não lhes convém afrontar as surpresas desagradáveis da via pública. Faremos que o horário das reuniões coincida com o lançamento de filmes especiais ou com festividades domésticas de data fixa. Improvisaremos tentações determinadas para os companheiros que possuam maiores deveres e responsabilidades junto às assembléias, a fim de que os iniciantes não venham a perseverar no trabalho da própria elevação. Organizaremos dificuldades para as conduções e atrairemos visitas afetuosas que cheguem no momento exato da saída para os cultos espíritas-cristãos. Tumultuaremos o ambiente nos lares, escondendo chapéus e bolsas, carteiras e chaves para que os crentes se tomem de mau humor, desistindo do serviço espiritual e desacreditando a própria fé.
O soberano das trevas mostrou larga satisfação no semblante e ajuntou:
Sim, isso é precioso trabalho de rotina que não podemos menosprezar. Entretanto, carecemos de recursos diferente.....
O responsável pelas falanges da dúvida ergueu-se e disse:
As reuniões referidas são sempre valiosas com o auxílio de médiuns competentes. Buscaremos desalentá-los e dispersá-los, penetrando a onda mental em que se comunicam com os Benfeitores Celestes, fazendo-lhes crer que a palavra do Além resulta de um engano deles próprios, obrigando-os a se sentirem mentirosos, palhaços, embusteiros e mistificadores ,sem qualquer confiança em si mesmos, para que as assembléias se vejam incapazes e desmoralizadas....
O mentor do recinto aprovou a alegação, mas considerou:
Indiscutivelmente, o combate aos médiuns não pode esmorecer, entretanto, precisamos de providência mais viva, mais penetrante...
Foi então que o orientador das falanges da preguiça se levantou, tomou a palavra, e falou respeitoso:
- Ilustre chefe, creio que a melhor medida será recordar ao pensamento de todos os membros da agremiações espíritas que Deus existe, que Jesus é o Guia da Humanidade, que a alma é imortal, que a Justiça Divina é indefectível, que a reencarnação é uma verdade inconteste e que a oração é uma escada solar, reunindo a Terra ao Céu....
O soberano das sombras, porém, entre o espanto e a ira, cortou-lhe a palavra, exclamando:
- Onde pretende chegar com semelhantes afirmações?
O comandante dos exércitos preguiçosos acrescentou, sem perturbar-se:
Sim, diremos que o Espiritismo com Jesus, pedindo às almas encarnadas para que se regenerem, buscando o conhecimento superior e servindo à caridade, é, de fato, o roteiro da luz, mas que há tempo bastante para a redenção, que ninguém precisa incomodar-se, que as realizações edificantes não efetuadas numa existência podem ser atendidas em outras, que tudo deve permanecer agora como está no íntimo de cada criatura na carne para vermos como ficarão depois da morte, que a liberdade do Senhor é incomensurável e que todos os serviços e reformas da consciência, marcados para hoje, podem ser transferidos para amanhã...Desse modo, tanto vale viverem no Espiritismo com fora dele, com fé ou sem fé, porque o salário de inutilidade será sempre o mesmo....
O rei das sombras sorriu, feliz, e concordou:
- Oh! Até que enfim descobrimos a solução!...
De todos os lados ouviam-se risonhas exclamações:
- Bravos! Muito bem! Muito bem!
O argumento do astucioso condutor das falanges da inércia havia vencido.
Livro- Contos e Apólogos - Francisco Cândido Xavier
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 02:23

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Sábado, 6 de Junho de 2009

DEUS SEJA LOUVADO



No recinto ataviado, aqueles dezenove companheiros da prece conversavam animadamente, embora a noite gélida.
Comentava-se o devotamento de muitos, dos africanos -desencarnados que, não obstante libertos do vaso físico, prosseguem nas mais nobres - tarefas de auxilio.
E, enquanto aguardavam o horário fixado para o início da sessão mediúnica, todas as opiniões mantinham estreita afinidade nos pontos de vista.
- Realmente - afirmava Dona Celeste -, jamais pagarei o que devo a esses heróis anônimos da humildade. Há muitos anos venho recebendo de todos eles os mais amplos testemunhos de amor.
- Lembram-se daquela entidade que se fazia conhecer por "mãe Felícia"? - perguntou Dona Ernestina ao grupo atento. - Desde que ela me administrou passes aos pulmões enfermos, minha recuperação foi completa.
- E o nosso adorável Benedito? - considerou Félix, o fervoroso padeiro que dirigiria o culto da noite - ainda não recorri a ele sem resultado. Em todas as circunstâncias é o mesmo admirável amigo. Abnegado, diligente, sincero.. .
- Eu - aclarava Dona Adélia -, tenho como generoso protetor um ,velho africano que se dá a conhecer por "pai Amâncio". É um modelo de paciência, ternura e bondade. Parece ter trazido da escravidão todo um tesouro de sabedoria e carinho...
- Isso mesmo - ajuntou Fernandes, companheiro atencioso do círculo' -, é indispensável saibamos que muitas dessas entidades, aparentemente apagadas e simples, são grandes almas de escol no progresso da inteligência, que se vestiram de escravos, ao tempo do cativeiro, conquistando a grandeza do coração. Quantos sábios de outrora surgem por trás desses nomes humildes, lavando as nossas mazelas e curando as nossas chagas?
- Sim, sim... - ponderava Ernesto, caloroso defensor da caridade na pequena assembléia - e, sobretudo, devemos aprender com eles a ciência do amor desinteressado e puro. Nunca os vi desesperar à frente de nossos petitórios incessantes... Como lhes negar a nossa admiração e respeito Incondicionais?
A conversa prosseguia, no mesmo tom, até que as oito pancadas do relógio fizeram que Félix convocasse o pessoal ao silêncio e à oração.
Os dezenove amigos consagraram-se a alguns minutos de leitura e comentário de precioso livro evangelizante e, em seguida, Dona Amália, a médium mais experiente da equipe, albergou o irmão Benedito, denodado benfeitor do agrupamento, que, ao se apresentar, foi logo interpelado de maneiras diversas pelos circunstantes.
Dona Celeste rogou-lhe amparo em favor de um mano desempregado, Dona Adélia pediu ajuda para a solução de velha pendência que lhe levara o nome a um tribunal, Ernesto solicitou concurso para deteml1nado tio, portador de úlcera gástrica... .
E não houve quem não formulasse requisições e perguntas.
O velho africano respondeu a todos com invariável benevolência e, afinal, encerrando a reunião, falou, emocionado, pela médium:
- Meus amigos, há longos anos estamos juntos...
Para nós, os irmãos desencarnados, esse largo convívio tem sido uma bênção...
Hoje, invocamos nossa amizade para suplicar-lhes sublime favor...
Com muita alegria, sentimo-nos ainda felizes escravos de vocês todos... Em todos vocês, encontramos filhos do coração cujas dificuldades e dores nos pertencem... Ah! meus filhos, mas, em verdade, temos também nossos descendentes na Terra! Nossos rebentos, nossos netos... Quantos deles vagueiam sem rumo! Quantos suspiram pela graça do alfabeto! Quantos se perdem nos morros de sofrimento ou nos vales de treva, entre a ignorância e a miséria, a enfermidade e a viciação! Não seria melhor fossem eles cativos nas senzalas do trabalho que prisioneiros nos charcos do crime?
É por isso que vimos rogar a vocês caridade para eles.. .
São milhares de criancinhas abandonadas, assim como folhas de arvoredo no vendaval!...
Peço-lhes, de joelhos, para que venhamos a iniciar uma cruzada de amor, na solução de problema assim tão grave...
Se cada um de nossos amigos abrigar um só de nossos pequeninos, na intimidade do templo doméstico, ofertando-lhes o nível de experiência em que sustentam a própria família, decerto que, em pouco tempo, teremos resolvido o enigma doloroso...
Não lhes rogo a fundação de abrigos para meninos de pele escura. .. Isso seria alimentar a discórdia de raça e dilatar a separação. Suplico-lhes um pedaço de lar para eles, um pouco de carinho que nasça, puro, do coração.
Se vocês iniciarem semelhante trabalho, o bom exemplo estará vicejando e produzindo frutos de educação e luz na prática fraterna...
O amigo espiritual entregou-se a longa pausa, como quem observava o efeito de suas palavras; entretanto, como ninguém rompesse a quietude, insistiu, generoso: - Quem de vocês desejará começar?
Constrangidos, assim, à resposta direta todos os companheiros se revelaram entre a evasiva e a negação.
Dona Celeste alegou a condição de esposa sacrificada por marido exigente.
Dona Ernestina acusou-se velha demais para ser útil numa iniciativa de tão elevado alcance.
Dona Josefa explicou que tinha a existência presa aos caprichos de uma filha que lhe não concedia o menor prazer.
Ernesto clamou que o tempo lhe fugia em carreira desabalada. . .
Ninguém poderia corresponder favoravelmente à petição. .
Estavam todos doentes, fatigados, velhos, sacrificados ou sem horário suficiente para a lavoura do bem.
E o próprio Félix, a quem cabia o governo da casa, explicou em voz sumida:
- Quem sou eu, pequenino e miserável servo do Senhor, para encetar um empreendimento assim tão grande?
Foi então que o benfeitor espiritual, sentindo talvez o frio ambiente, encerrou o assunto, dizendo, resignado:
- Benedito compreende, meus irmãos! Sabemos que vocês nos ajudarão, quanto seja possível..
Até a semana próxima, quando estaremos novamente aqui, aprendendo com vocês as lições do Evangelho de Nosso Senhor...
E, sorrindo desapontado, despediu-se afirmando como sempre:
- Que Deus seja louvado!
Livro- Contos e Apólogos - Psicografia Francisco Cândido Xavier - Espírito Irmão X
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PUBLICADO POR SÉRGIO RIBEIRO às 01:42

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DEUS SEJA LOUVADO



No recinto ataviado, aqueles dezenove companheiros da prece conversavam animadamente, embora a noite gélida.
Comentava-se o devotamento de muitos, dos africanos -desencarnados que, não obstante libertos do vaso físico, prosseguem nas mais nobres - tarefas de auxilio.
E, enquanto aguardavam o horário fixado para o início da sessão mediúnica, todas as opiniões mantinham estreita afinidade nos pontos de vista.
- Realmente - afirmava Dona Celeste -, jamais pagarei o que devo a esses heróis anônimos da humildade. Há muitos anos venho recebendo de todos eles os mais amplos testemunhos de amor.
- Lembram-se daquela entidade que se fazia conhecer por "mãe Felícia"? - perguntou Dona Ernestina ao grupo atento. - Desde que ela me administrou passes aos pulmões enfermos, minha recuperação foi completa.
- E o nosso adorável Benedito? - considerou Félix, o fervoroso padeiro que dirigiria o culto da noite - ainda não recorri a ele sem resultado. Em todas as circunstâncias é o mesmo admirável amigo. Abnegado, diligente, sincero.. .
- Eu - aclarava Dona Adélia -, tenho como generoso protetor um ,velho africano que se dá a conhecer por "pai Amâncio". É um modelo de paciência, ternura e bondade. Parece ter trazido da escravidão todo um tesouro de sabedoria e carinho...
- Isso mesmo - ajuntou Fernandes, companheiro atencioso do círculo' -, é indispensável saibamos que muitas dessas entidades, aparentemente apagadas e simples, são grandes almas de escol no progresso da inteligência, que se vestiram de escravos, ao tempo do cativeiro, conquistando a grandeza do coração. Quantos sábios de outrora surgem por trás desses nomes humildes, lavando as nossas mazelas e curando as nossas chagas?
- Sim, sim... - ponderava Ernesto, caloroso defensor da caridade na pequena assembléia - e, sobretudo, devemos aprender com eles a ciência do amor desinteressado e puro. Nunca os vi desesperar à frente de nossos petitórios incessantes... Como lhes negar a nossa admiração e respeito Incondicionais?
A conversa prosseguia, no mesmo tom, até que as oito pancadas do relógio fizeram que Félix convocasse o pessoal ao silêncio e à oração.
Os dezenove amigos consagraram-se a alguns minutos de leitura e comentário de precioso livro evangelizante e, em seguida, Dona Amália, a médium mais experiente da equipe, albergou o irmão Benedito, denodado benfeitor do agrupamento, que, ao se apresentar, foi logo interpelado de maneiras diversas pelos circunstantes.
Dona Celeste rogou-lhe amparo em favor de um mano desempregado, Dona Adélia pediu ajuda para a solução de velha pendência que lhe levara o nome a um tribunal, Ernesto solicitou concurso para deteml1nado tio, portador de úlcera gástrica... .
E não houve quem não formulasse requisições e perguntas.
O velho africano respondeu a todos com invariável benevolência e, afinal, encerrando a reunião, falou, emocionado, pela médium:
- Meus amigos, há longos anos estamos juntos...
Para nós, os irmãos desencarnados, esse largo convívio tem sido uma bênção...
Hoje, invocamos nossa amizade para suplicar-lhes sublime favor...
Com muita alegria, sentimo-nos ainda felizes escravos de vocês todos... Em todos vocês, encontramos filhos do coração cujas dificuldades e dores nos pertencem... Ah! meus filhos, mas, em verdade, temos também nossos descendentes na Terra! Nossos rebentos, nossos netos... Quantos deles vagueiam sem rumo! Quantos suspiram pela graça do alfabeto! Quantos se perdem nos morros de sofrimento ou nos vales de treva, entre a ignorância e a miséria, a enfermidade e a viciação! Não seria melhor fossem eles cativos nas senzalas do trabalho que prisioneiros nos charcos do crime?
É por isso que vimos rogar a vocês caridade para eles.. .
São milhares de criancinhas abandonadas, assim como folhas de arvoredo no vendaval!...
Peço-lhes, de joelhos, para que venhamos a iniciar uma cruzada de amor, na solução de problema assim tão grave...
Se cada um de nossos amigos abrigar um só de nossos pequeninos, na intimidade do templo doméstico, ofertando-lhes o nível de experiência em que sustentam a própria família, decerto que, em pouco tempo, teremos resolvido o enigma doloroso...
Não lhes rogo a fundação de abrigos para meninos de pele escura. .. Isso seria alimentar a discórdia de raça e dilatar a separação. Suplico-lhes um pedaço de lar para eles, um pouco de carinho que nasça, puro, do coração.
Se vocês iniciarem semelhante trabalho, o bom exemplo estará vicejando e produzindo frutos de educação e luz na prática fraterna...
O amigo espiritual entregou-se a longa pausa, como quem observava o efeito de suas palavras; entretanto, como ninguém rompesse a quietude, insistiu, generoso: - Quem de vocês desejará começar?
Constrangidos, assim, à resposta direta todos os companheiros se revelaram entre a evasiva e a negação.
Dona Celeste alegou a condição de esposa sacrificada por marido exigente.
Dona Ernestina acusou-se velha demais para ser útil numa iniciativa de tão elevado alcance.
Dona Josefa explicou que tinha a existência presa aos caprichos de uma filha que lhe não concedia o menor prazer.
Ernesto clamou que o tempo lhe fugia em carreira desabalada. . .
Ninguém poderia corresponder favoravelmente à petição. .
Estavam todos doentes, fatigados, velhos, sacrificados ou sem horário suficiente para a lavoura do bem.
E o próprio Félix, a quem cabia o governo da casa, explicou em voz sumida:
- Quem sou eu, pequenino e miserável servo do Senhor, para encetar um empreendimento assim tão grande?
Foi então que o benfeitor espiritual, sentindo talvez o frio ambiente, encerrou o assunto, dizendo, resignado:
- Benedito compreende, meus irmãos! Sabemos que vocês nos ajudarão, quanto seja possível..
Até a semana próxima, quando estaremos novamente aqui, aprendendo com vocês as lições do Evangelho de Nosso Senhor...
E, sorrindo desapontado, despediu-se afirmando como sempre:
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